Capítulo 8

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"Parei, pensei, quase travei" opa que dei uma travada aqui, porém quando olhei pro lado bateu um alívio, nada mais nada menos que meu fã encubado, Caio.

Dei uma assustada, tô sozinha, numa festa DE PEÃO, em outra cidade e ainda sou mulher. Vai que alguém quer me sequestrar pra pedir recompensa? E parando pra pensar quanto será que pediriam por mim? E será que minha família pagaria?

– Onde cê tá indo? - ele me pergunta

– Tô indo guarda essa jossa na camionete - digo e mostro a minha digníssima jaqueta

– Cê sabe que se sair cê não entra mais né? - ele fala

– Como assim?

– Não vão te deixar entrar de novo por causa do sistema que só pode coisar o ingresso uma única vez

– Humm, relaxa fi que eu dou um jeito pera lá

Chegamos na saída e falei com um dos seguranças, que mandaram eu falar com outros seguranças da entrada, corrigindo A segurança que estava na entrada. Expliquei pra ela tudo certinho que ia só guardar minha linda jaqueta e já voltava. Ela tirou uma foto minha e do Caio, pra identificar a gente quando voltasse e nos deu 30 minutos pra ir e voltar, bem de boa, já que a camionete não tava tão longe no estacionamento.

Até chegar na camionete eu fui falando sobre o quanto é bom ter pessoas que se preocupam com a gente, ainda mais quando é da família. Sim eu estava falando só um pouquinho mal da Bet, mas sei que ela não vai levar pro coração.

– Mas parando pra pensar isso pode ser vingança sabia? - digo enquanto me lembrava de algo extremamente marcante na minha infância

– E porque ela se vingaria de você?

– Teve uma vez quando tinha uns 5 anos que eu, meu irmão e outra prima colocamos fogo nela, quer dizer foi acidente

– Meu Deus cês são louco

– Mas não teria porque ela ficar brava comigo, eu fiquei preocupada com ela e a culpa foi dela de ter passado em cima da fogueira - o Caio me olhava com uma cara de tipo "talvez seja melhor eu sair daqui e rápido"

– Não precisa ficar com medo de mim, eu só tinha 5 anos e tinha mais gente comigo - digo e a expressão dele só aumentou - melhor eu calar a minha boca

– Eu é que não queria estar na pele da Betina - ele diz e eu apenas sorrio amarelo

Chegamos na camionete e eu pego a chave que estava no meu bolso e destranco. Abro a porta de trás, jogo a jaqueta no banco e aproveito pra dar uma relaxada nos pés, porque a bota é linda pra caralho, mas da uma dor no pé incrível, não comprem bota com solado de madeira, nem de bico fino.

Tiro as botas ali, enquanto eu e Caio ficamos conversando e não, não falei mais nada das tentativas de homicídio de ninguém.

– Então você tem irmão também? - ele pergunta e afirmo com a cabeça - Mais novo?

– Não, mais velho - digo - sou a caçula

– Cê é a mimada então

– São os boatos né, eu discordo

– Não vem não, irmão mais velho é o que sempre sofre mais

– É claro, ninguém mandou nascer primeiro

– Como se eu tivesse tido escolha - eu apenas rio

– Sabe a melhor parte de ser a mais nova?

– Diga

– Eu não levo culpa de QUASE nada, cê deveria experimentar

– A claro e minha mãe vai acreditar no marmanjo aqui ou no bebê dela

– É cê não sabe o quanto é bom

– Fica tranquila, eu pelo menos sei o quanto é ruim - ele diz - mas sabe uma coisa que eu ainda não sei se é ruim ou bom? - ele fala e vai se aproximando e fica entre as minhas pernas bem na minha frente

– O que? - repondo

– Aquela pizza de cone

– Sabe que eu também não sei

– Vamo comer pizza de cone amanhã então

– Tô fora, sei lá, mas só de ver aquilo me dá enjoo, não gosto nem um pouquinho

– Aí ó certeza que cê é mais enjoada que seu irmão - eu olho incrédula pra ele

– Eu posso ser qualquer coisa mais que meu irmão menos enjoada, isso daí ele ganha disparado - ele ri da minha indignação, eu hein cadê o respeito gente?

– Vem cá, mas deixa eu te falar uma coisa

– Diga

– Desde que eu te vi tô esperando pra isso acontecer

– O que? A gente rindo igual duas hienas no estacionamento?

– Não, cê é lerda ou se faz? - hum agora eu entendi, e dei corda claro, bora viver o presente né galera, obrigado Deus por esse momento.

– Vamos dizer que as vezes eu me faço - digo enquanto entrelaço meus braços por volta de sua nuca e ele se aproxima cada vez mais juntando nossos lábios, puta merda, demorou mas aconteceu hein.

E que beijo gostoso, calmo e cheio de fogo ao mesmo tempo. Eu que estou meio que pilhada em viver o presente desci minhas mãos para os primeiros botões da camisa dele, mas ele logo trava meus dedos e finaliza o beijo com dois selinhos. Fiquei com cara de tacho agora com muita certeza.

– Calma lá minha filha - ele diz - pode ter certeza que isso vai acontecer depois e não vai ser no estacionamento - talvez eu tenha me esquecido disso, obrigada por me lembrar

– Verdade, e a gente que voltar né, só 30 minutos - digo um pouco decepcionada de não ter acontecido mais nada, as vezes é bom andar com alguém que tem juízo ou não.

Vesti minhas botas, retoquei meu batom e fomos rumo até entrada do parque, chegando lá a segurança nos deixa passar e fomos procurar aquele bando de corno, quer dizer povinho lindo do meu coração. As vezes tem um corno pro meio também né? Eu, por exemplo, é rir pra não chorar.

Tanta coisa que já me aconteceu que nem sei como ainda tô aqui, mas é bola pra frente que a vida não para e ainda tenho que viver muita coisa pra contar e muita coisa pra construir. E no momento bora criar história, vamos ver gente bêbada passado vexame, que é muito engraçado.

Lembrança BoaWhere stories live. Discover now