Capítulo 21

903 49 4
                                    

Um beijo totalmente cheio de fogo, e, principalmente, mãos bobas. Ele puxa meu lábio inferior, e termina o beijo com dois selinhos. Devolvo o chapéu dele, colocando na cabeça do mesmo.

– Cê não quer mesmo vir comigo? - ele me pergunta, mais uma vez

– Não vou - digo

– Ó que cê vai se arrepender hein - ele lê diz num tom de brincadeira

– Que nada

– Tô te avisando hein, oportunidade única

– Fica tranquilo peão, cê não vai morrer sem mim - digo e dou um tapinha no ombro dele, em seguida vou saio e vou esperar Betina perto das escadas.

[...]

– Meu Deus que demora! Não volto mais contigo não

– Ah paro de drama, vai voltar sim

– Quero ver é quem vai me arrastar

– Os cowboy que cê anda pegando te arrasta - faço minha cara de deboche - Você e o Caio não tavam ficando sério?

– Não... acho que não, a gente não conversou sobre isso... a gente não tem nada, eu acho

– Como não?! - Betina diz indignada - é nítido que vocês se gostam, todo mundo vê, o jeito que vocês se olham, seus olhos brilham só de falar dele Amanda

– Não Betina, eu mal conheço ele, faz nem uma semana que a gente sabe da existência de um e outro

– Amanda, você odeia gente lerda, então por favor, pare de ser uma, vem cá - ela me puxa pra um lado onde não há muitas pessoas em movimento retilíneo pudéssemos conversar mais tranquilamente - Me fala o que você pensa, sente quando você ouve o nome dele

– Eu não vou falar nada nem pra você nem pra ninguém

– Vai desembucha - faço que não com a cabeça - Amanda!! - ela diz me repreendendo

– Não, não sinto nada, é isso

– Pare de ser teimosa uma vez na sua vida

– Betina, a gente não tem nada é só fogo no rabo, que depois passa, como sempre acontece comigo, já aceitei isso

– Você precisa parar de pensar no que você viveu, aquilo não vai acontecer de novo, enfia isso na sua cabeça

– É fácil falar né, não foi você que viveu toda aquela merda e saiu com a cabeça pior que chiqueiro, eu vou ficar só, por enquanto, não quero me envolver com ninguém

– Mas você já se envolveu! - ela fala como se fosse óbvio - cê tem que entender que ele também tem sentimentos

– Eu também tenho, e não quero me machucar, não de novo

– Você não vai se machucar

– Cê não sabe, só eu sei o que eu senti quando tudo aquilo aconteceu, tudo que sofri e me traz insegurança, traumas até hoje, eu nunca mais consegui ser a mesma pessoa que eu era, eu vivo desconfiada de todo mundo! - digo enquanto eu começava a lagrimejar - E eu não aguento viver desse jeito! Por mais que eu queira mudar vai muito mais além da minha força de vontade! Eu não quero e não vou fazer nada que eu não queira, porque antes eu preferia ser magoada, do que magoar alguém, mas eu mudei isso, por mais que a minha consciência fique pesada, hoje, eu prefiro magoar alguém a sair machucada de qualquer história! - eu odeio ter que fazer isso, mas sei que é o melhor pra mim - Então por favor Bet me deixa, deixa eu fazer as minhas escolhas, deixa EU decidir a minha vida - Betina me abraça

– Desculpa, não vou falar mais nada, só não machuca ninguém, nem ele nem você merecem sair feridos dessa história

– Bet, não tem eu e ele - ela me olha com cara de deboche, mas não diz nada - Vamo voltar?

– Vamo, mas antes pode me falar quem que era aqueles cowboy que cê tava

– Sabe aquele lá do hotel, que a Fabi ficou me enchendo o saco?

– O que cê deu fora?

– Esse mesmo, sei lá porque veio falar comigo, depois um amigo dele apareceu, jogou verde e colheu maduro

– Ficou com o amigo dele? - ela me olha com uma cara de surpresa e ao mesmo tempo reprovação, enquanto eu afirmava com a cabeça e sorria

– Eu não tô parecendo um palhaço né? - pergunto e ela nega com a cabeça, logo saímos dali e fomos até onde a turma estava.

– Cês demoraram hein - Caio me fala

– A Betina enrolou demais lá - digo, o que não é mentira

Ele passa seu braço por cima do meu ombro e encosto minha cabeça perto de seu peito, ele tira meu chapéu, ficando com ele em seu colo, ficamos ali por um tempo assistindo o rodeio abraçados. Confesso que, talvez, minha consciência esteja pesando, ele realmente não merece ser machucado. É perceptível que ele sente algo por mim, assim como eu sinto por ele, mas eu não vou admitir isso, por um medo de acontecer tudo de novo, e eu sair com mais traumas ainda, não quero me machucar, mas também não quero magoar o Caio, ele é um ser humano incrível, e não merece isso de jeito algum.

[...]

O rodeio termina e logo começa o show de intervalo, o apresentador vai sortear pra um casal um camarote Super Bull e pra outro casal um camarote Brahma. Por sorte, ou azar, a gente não chama atenção dele é um casal que estava atrás de nós vai passar pelo "desafio", que basicamente o casal que tiver o melhor beijo, leva um lugar no camarote e o público, da arena, que vota.

Enfim não ganhei camarote, não fui no camarote de graça, mas tô aqui e tenho certeza que é o melhor lugar da festa, porque tô com meus amigos e feliz pra caralho, realizando um sonho, só isso que importa!

E é agora que começa a entortação de caneco, só quero ver como essa noite vai terminar. E nada melhor do que um Bruno e Marrone pra beber com respeito, sofrer por ninguém e cantar muitos modões. Que show turma! Que show! Incrível demais, não sabia muitas músicas, mas é só entrar na vibe de corno apaixonado que você curte que é uma beleza.

[...]

Depois de uma baita de uma sofrência, hora de um eletrônico com Alok, show top pra caramba, tudo bem que não curto muito música eletrônica, mas pro Alok eu passo um paninho, minha parte favorita do show dele com certeza foi os remixes de funk e o jogo de luzes, é algo surreal.

E agora último show da arena principal, Ícaro e Gilmar, fechar a noite com chave de ouro e ainda gravação de DVD, top demais, teve de tudo um pouco, modão, sofrência, músicas nostálgicas foi tudo incrível, eu amei cada segundo, cumprimos o objetivo de ficar até a última música, tô morta, mas tô feliz!

Lembrança BoaWhere stories live. Discover now