Capítulo 19

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Hoje é o penúltimo dia de shows de Barretos, tá acabando, ô tristeza! Sexta-feira então é dia de ficar até a última música, até o sol nascer, dia de levar óculos de sol.

Eu já tinha levantado e tomado meu banho como de rotina, e Caio ainda estava na cama, mas assim que sai do banheiro ele foi. Fui no quarto da Pam ver se ela estava melhor ou acordada, espero não encontrar ela com a cara inchada de chorar.

Bato na porta e alguns segundos depois ela abre com uma toalha na cabeça e uma máscara de argila no rosto

– Fazendo spa day e nem me chama?! - digo

– Tô apenas seguindo seu conselho de pensar mais em mim

– Mentira que você ouviu um conselho meu? - um milagre aconteceu, tudo que eu falo pra ela, normalmente, ela traduz pro grego e não entende nada

– Não fica se gabando não - ela fala e eu entro no quarto - só acho, que dessa vez, o que você falou foi um tapa na minha cara pra parar de pensar nos outros e me priorizar mais

– Tô muito orgulhosa do cê viu? - falo pra ela e puxo ela pra um abraço

– Viu, que roupa cê vai hoje? Tô sem ideia nenhuma

– Hoje vou trabalhada no brilho, Alok né vida - o único eletrônico que escuto - Vou tentar brilhar mais que aquelas luzes dele

– Desiste então fioti, impossível

– Nada é impossível nessa vida Pampam

– Então tá né, se você diz - ela ergue as mãos em forma de rendição - agora me ajuda a escolher uma roupa, ou melhor vamo no seu quarto cê deve ter mais coisa de rodeio do que eu

– A não, vamo ver os suas aqui, deve ter alguma coisa sim - digo tentando tirar essa ideia dela ir pro meu quarto, que nos últimos dias não tem sido ocupado apenas por mim

– Tem nada, para de frescura vamo logo - ela levanta do sofá e vai indo em direção a porta, moiou família

– Pam peraí - começo - sabe que que é, como posso dizer

– Desembucha - super delicada, graças a Deus

– É que eu... vamos dizer assim....

– Fala logo menina, credo

– Meuquartonãotávazio - falo o mais rápido que consigo

– É claro que não, tem móveis lá dentro, tá parecendo besta

– Não Pam, eu não tô sozinha no quarto

– O QUÊ? Porque não? - ela fica indignada - o hotel tá fazendo alguém estranho dividir o mesmo quarto que você? - as vezes eu odeio essa lerdice da Pamela

– Não criatura, eu tô com alguém, que eu trouxe pro meu quarto, por livre espontânea vontade - digo da forma mais clara possível

– Ahhhhh - finalmente entendeu - e quem é o ser? Posso saber? É algum macho que cê achou na piscina por acaso? - sério que o povo ainda tá nisso?

– Não, não é ninguém que eu achei na piscina, dona Pamela

– Bom mesmo, depois a sem juízo sou eu né

– Aí quanto drama por causa daquilo

– Drama nada, eu me preocupo com você, e se fosse um marginal, tivesse te sequestrado, como eu ia viver?

– Pamela, pelo amor de Deus, pode parar

– Cê não me falou quem é ainda, que está me impedindo de ir no seu quarto

– O Caio - dou um sorrisinho amarelo

– Meu Deus, ceis tão ficando mesmo? - eu afirmo com a cabeça, apenas - pode me falar tudo querida, vem cá - ela me puxa pro sofá novamente - conte me tudo

– Não tem muito o que contar não flor, eu e ele estamos só ficando

– Então se vocês tão ficando já dormiram juntos

– Dormimos, mas não aconteceu nada além de beijo

– Como não? Impossível, te conhecendo cê já ia dar no primeiro beijo

– É esse seu juízo de mim? - fico indignada - mas não aconteceu nada porque ele não quis

– ELE NÃO QUIS???

– Aham - respondo - e nas horas tentativas fomos interrompidos de um jeito ou de outro

– Não é pra vocês dois transarem

– Vira essa boca pra lá - digo rindo e Pam ri junto - isso vai acontecer ainda sim, tá? Pode não ser hoje nem amanhã

– Vão transar no domingo então, já que vai acabar a festa

– Ou não - ela me olha com uma cara de interrogação - chamei ele pra ir pra fazenda comigo e ele aceitou, então vamos juntar o útil ao agradável

– Garota? Cê tá sem noção é? - ela me diz rindo

– Talvez, só um pouquinho - entro na brincadeira

– Aí que bonitinha, minha fioti tá apaixonadaaaa - sinto minhas bochechas corarem

– Vamos falar de você, que estava só o pó da rabiola ontem

– Eu tô bem, Amanda, relaxa - ela diz numa calmaria - hoje Barretos vai conhecer a Pamela de verdade, vou ficar amarrada em homem nenhum não

– Isso aí, só não bebe que eu não aguento mais cuidar de gente bêbada

– Eu não vou beber, vou é beijar na boca

– Só não pega sapinho então - rio, ela é mestre nisso

– Relaxa bem, tô zero bala

– Aham... tá bom, vou ir pro meu quarto me arrumar, cê vai ir comigo né?

– Claro

– Então tá, quando tiver pronta me manda mensagem

– Tá, fioti, agora vai lá tirar uma casquinha do seu peguete vai

Ô meu Deus, vou ser zoada até por causa disso, mas foda-se que tô seguindo conselhos da vida de viver demais e criar muitas histórias por aí

Abro a porta do quarto, e vejo Caio na varanda mexendo no celular, tento chegar de fininho pra dar um susto nele mas ele me vê antes

– Tava querendo me assustar é fia

– Eu? Magina, não faço essas coisas com as pessoas

– Aham... sei

– Já tomou banho? - pergunto

– Acabei de sair na verdade, cê foi aonde?

– Fui ver se a Pam tava ainda na deprê

– Ela tá?

– Por incrível que pareça não, ela tava bem, pelo menos parecia, falou que hoje Barretos ia conhecer a verdadeira Pamela

– Nossa senhora, a menina vai aprontar hoje

– Com muita certeza, e ó hoje é dia do inimigo do fim hein, não quero nem saber, a gente vai ficar até a última música que tocar

– Mas é claro, aproveitar o penúltimo dia né

– Vamo se ajeitar agora, pra depois irmos, e a Pamela vai com a gente hoje

– Hoje não tem nada no estacionamento então? - ele me olha com cara de cachorro pidão, eu apenas dou risada da cara dele.

Lembrança BoaWhere stories live. Discover now