<Cap 35 - Here we go >

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<Capitulo não revisado>

- Lá vamos nós - disse Mew, colocando a estela de volta no bolso. Gulf viu a Marca na porta, logo acima de sua cabeça, desbotar enquanto a atravessavam. A porta dos fundos se abriu em um pequeno armazém, as paredes nuas com tinta descascando. Caixas de papelão empilhadas por todos os lados, o conteúdo de cada uma assinalado com marcadores: "Ficção", "Poesia", "Culinária", "Interesse local", "Romance".

- O apartamento é por ali – Gulf caminhou em direção à porta para a qual apontou no lado oposto da sala. Mew o pegou pelo braço.

- Espere.

Gulf olhou nervosa para ele. - Alguma coisa errada?

-Não sei. Ele se colocou entre duas fileiras de caixas e assobiou.

- Gulf, acho que você deveria vir até aqui ver isso. Ele olhou em volta. O armazém estava pouco iluminado e a única luz que entrava pela janela era a da varanda.

- Está tão escuro...

Acendeu-se uma luz, iluminando toda a sala com fulgor brilhante. Namjoon virou a cabeça para o lado, piscando os olhos.

- Ai.

Mew sorriu. Ele estava no topo de uma caixa selada, com a mão levantada. Alguma coisa brilhava na palma de sua mão, a luz escapava por entre os dedos curvados.

- Pedra enfeitiçada - Mew disse.

Namjoon murmurou alguma coisa para si. Gulf já estava passando pelas caixas, indo em direção a Mew. Ele estava atrás de uma pilha de livros misteriosos e a pedra enfeitiçada emitia um brilho estranho sobre o rosto dele.

-Veja isso - disse Mew, indicando um espaço mais alto na parede. Inicialmente, Gulf pensou que ele estivesse apontando para um par de arandelas ornamentais. Enquanto seus olhos se ajustavam, ele percebeu que eram rodelas de metal presas a correntes curtas, cujas pontas estavam fincadas na parede.

- Por acaso são...

- Algemas - disse Namjoon, passando pelas caixas. - Isso é...

-Não diga "pervertido". Estamos falando de Luke. - Gulf lançou-lhe um olhar de aviso.

Mew levantou a mão para passar os dedos na parte interior de uma das rodelas de metal. Ao abaixá-la, os dedos estavam sujos com um pó vermelho-amarronzado.

- Sangue. E vejam. - Ele apontou para a parede ao lado da qual as correntes estavam fincadas; o papel de parede parecia saltar para fora. -Alguém tentou arrancar da parede. E com muita força, ao que tudo indica.

O coração de Gulf começou a bater forte no peito.

- Você acha que está tudo bem com Luke? Mew abaixou a pedra enfeitiçada.

-Acho melhor descobrirmos.

A porta do apartamento estava destrancada. Levava à sala de Luke Apesar das centenas de livros na loja, havia outras centenas na casa. Prateleiras de livros iam até o teto. "Nelas, os volumes ficavam em duas filas", uma bloqueando a outra. A maioria era de poesia ou alguns de fantasia e mistério no meio. Gulf se lembrou de ter devorado toda a coleção (As Aventuras de Prydain), deitado na cadeira abaixo da janela de Luke enquanto o sol se punha sobre o rio.

-Acho que ele ainda está por aqui - disse Namjoon, na porta pequena cozinha de Luke. - A cafeteira está ligada e tem café nela. Quente ainda.

Gulf espiou pela porta da cozinha. As louças estavam empilhadas na pia. Os casacos de Luke, cuidadosamente pendurados nos cabides do armário de casacos. Ele seguiu pelo corredor e abriu a porta do quarto. Parecia o mesmo de sempre, a cama desarrumada com a colcha cinza e os travesseiros, a mesa de cabeceira cheia de trocados. Ele virou de costas. Uma parte dele tinha certeza de que entraria e encontraria o lugar devastado, e Luke amarrado ou coisa pior. Agora ele não sabia o que pensar.

Entorpecido, ele atravessou o corredor até o quarto de hóspedes, onde havia ficado tantas vezes quando Jocelyn viajava a trabalho. Eles ficavam acordados até tarde vendo filmes de terror antigos na televi são em preto e branco. Ele até deixava uma mochila com coisas extras ali para não ter de ficar levando e trazendo roupas toda vez que voltasse para casa.

Ajoelhando-se, ele puxou a mochila de debaixo da cama pela alça verde-azeitona. Era coberta de broches, a maioria presente de Namjoon. Dentro, havia algumas roupas dobradas, algumas cuecas extras, uma escova de cabelo e até shampoo. Graças a Deus, ele pensou, e fechou a porta do quarto. Rapidamente, ele saiu das roupas grandes demais - e agora sujas de grama e suor de Mild, colocando uma de suas velhas calças, uma camiseta azul com um desenho de personagens chineses na frente. Ele jogou as roupas de Mild na mochila, puxou a cordinha e saiu do quarto, com a bolsa sacudindo de modo familiar entre os ombros. Era bom voltar a ter alguma coisa que pertencia a ele.

Ele encontrou Mew no escritório abarrotado de livros, examinando uma mochila verde aberta sobre a mesa. Estava como Namjoon dissera, cheia de armas - facas, um chicote e algo que parecia um disco de metal afiado.

- É um chakhram - disse Mew, levantando o olhar enquanto Gulf entrava na sala. - Uma arma sique. Você enrola no dedo indicador antes de soltar. São muito raras e difíceis de usar. É estranho Luke ter uma. Era a arma de escolha de Hodge antigamente. Pelo menos é o que ele diz.

- Luke coleciona coisas. Objetos de arte. Você sabe. -Disse Gulf apontando para a prateleira atrás da mesa, cheia de estátuas indígenas e ícones russos. Seu favorito era uma estatueta da deusa indiana da destruição, Kali, representada com uma espada e uma cabeça decepada enquanto dançava com a cabeça para trás com os olhos fechados. Ao lado da mesa, havia uma antiga tela chinesa, esculpida em madeira jacarandá brilhante.

- Coisas bonitas.

Mew moveu o chakhram cautelosamente para o lado. Um punhado de roupas saiu da mochila desamarrada de Luke, como se tivessem sido acrescentadas em um segundo momento.

- Aliás, acho que isso é seu.

Ele pegou um objeto retangular escondido junto com as roupas: um porta-retratos de madeira com uma rachadura vertical no vidro. A rachadura se ampliava em linhas que pareciam teias de aranha sobre os rostos sorridentes de Gulf, Luke e Jocelyn.

- Isso é meu - disse Gulf, tirando da mão dele.

- Está quebrado - observou Mew.

-Eu sei. Fui eu que fiz isso. Eu quebrei. Quando atirei no demônio Ravener. - Ele olhou para Mew, vendo a percepção que surgia no rosto dele. - Isso significa que Luke esteve no apartamento depois do ataque. Talvez hoje mesmo...

!¿Where it all began?!Where stories live. Discover now