<Cap 23 - Do you >

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(Obs: Capitulo não revisado)

Contudo, havia algumas lembranças que nunca se apagavam. Imagens explodiam como flashes por trás de suas pálpebras quando ele fechava os olhos. Sangue e corpos, terra pesada, um pódio branco manchado de vermelho. O choro dos moribundos. O verde e os campos de Idris e o infinito céu azul, espetados pelas torres da Cidade de Vidro. A dor da perda inflava nele como uma onda; ele cerrou o punho, e Hugo, com as asas batendo, bicou os dedos de Hodge com força, tirando sangue. Abrindo a mão, ele soltou a ave, que circulou sua cabeça enquanto subia pelo céu noturno e desaparecia.

Sacudindo-se para espantar a sensação de que alguma coisa terrível estava prestes a acontecer, Hodge alcançou outro pedaço de papel, sem notar as gotas de sangue que marcavam o papel enquanto ele escrevia...

A sala das armas parecia exatamente como alguma coisa chamada "sala das armas" deveria parecer. Paredes metálicas cobertas por todo tipo de espada, adaga, ponta de ferro, lança, baioneta, chicote, bastão, gancho e arco. Bolsas macias de couro cheias de flechas penduradas em ganchos, e havia prateleiras de botas, protetores de perna e armaduras para pulsos e braços. A sala cheirava a metal e couro e material de limpeza de aço. Boat e Mew, que não estava mais descalço, estavam sentados a uma longa mesa no centro da sala, com as cabeças curvadas sobre um objeto entre eles, Mew levantou o olhar assim que a porta se fechou atrás de Gulf.

- Onde está Hodge? - Mew disse.

-Escrevendo para os Irmãos do Silêncio,

Boat retraiu um movimento desdenhoso de ombros.

Gulf se aproximou lentamente da mesa, consciente do olhar de Boat.

-O que vocês estão fazendo?

-Dando os toques finais nesses aqui. - Mew chegou para o lado para que Gulf pudesse ver o que estava sobre a mesa: três longas varinhas finas com um brilho prateado oco. Elas não pareciam afiadas ou particularmente perigosas

.- Sanvi, Sansanvi e Semangelaf, São lâminas serafim.

(Obs: Lâminas Serafim são as principais armas dos Caçadores de Sombras. Elas são feitas de adamas e forjadas pelas Irmãs de Ferro. Seus usuários invocam os nomes de anjos para ter acesso aos poderes das lâminas.)

- Elas não se parecem com facas. Como você as fez? Mágica?

Boat pareceu horrorizado, como se Gulf tivesse solicitado que ele vestisse um tutu e executasse uma pirueta perfeita.

- O mais engraçado nos mundanos – disse Mew, para ninguém especificamente - É o quão obcecados por mágica eles são, considerando que são pessoas que nem conhecem o significado dessa palavra.

- Eu sei o que significa - disparou Gulf.

- Não, você não sabe só pensa que sabe. Mágica é uma força escura e elementar, não só um monte de varinhas brilhantes, bolas de cristal e peixinhos dourados falantes.

- Eu nunca disse que era um monte de peixinhos dourados falantes, você... Mew balançou a varinha, interrompendo-o.

-Só porque você chama uma enguia elétrica de patinho de borracha, isso não faz dela um patinho de borracha, faz? E Deus proteja o idiota que resolver tomar um banho com esse pato.

- Você está delirando - disse Gulf.

- Não estou não - Disse Mew, com muita dignidade.

-Está sim - disse Boat, inesperadamente. - Preste atenção, nós não fazemos mágica, entendeu? - ele acrescentou, sem olhar para Gulf. - E isso é tudo que você precisa saber sobre o assunto.

Gulf queria estapeá-lo, mas se conteve. Boat já parecia não gostar dele não adiantaria nada agravar tanta hostilidade. Gulf se virou para Mew.

-Hodge disse que eu posso ir para casa. Mew quase derrubou a lâmina que estava segurando.

- Ele disse o quê?

-Que posso ir ver as coisas da minha mãe- Gulf suavizou. - Se você for comigo.

-Mew - bufou Boat, mas Mew o ignorou.

-Se você realmente quiser provar que minha mãe ou meu pai eram Caçadores de Sombra, deveríamos verificar as coisas dela. Ou o que tiver sobrado.

-Na mosca. - Mew sorriu um sorriso torto. - Boa ideia, se formos agora, teremos mais três ou quatro horas de luz do dia.

- Você quer que eu vá junto?-perguntou Boat, enquanto Gulf e Mew dirigiam-se para a porta. Gulf olhou para ele. Boat já estava quase de pé, com o olhar cheio de expectativa.

- Não. - Mew nem virou as costas. - Não precisa. Eu e Gulf damos conta.

O olhar que Boat lançou a Gulf foi tão amargo quanto veneno. Gulf ficou feliz quando a porta se fechou atrás de si. Mew conduziu o trajeto pelo corredor e Gulf estava praticamente correndo para acompanhá-lo.

- Você está com as chaves da sua casa?

Gulf olhou para baixo, para os próprios sapatos.

- Estou.

-Ótimo. Não que não pudéssemos invadir, mas correríamos o risco de incomodar qualquer guarda que estivesse acordado.

- Se você está dizendo. - O corredor se alargou em um saguão com o chão de mármore, um portão de metal preto em uma das paredes. Foi só quando Mew apertou um botão ao lado do portão e ele se acendeu que Gulf percebeu que se tratava de um elevador. Ele rangeu rugiu enquanto subia ao encontro deles.

- Mew?

-O que?

-Como você sabia que eu tinha sangue de Caçador de Sombras? Tinha alguma coisa que fizesse você perceber?

O elevador chegou com um ronco final. Mew soltou o portão e ele se abriu. O interior lembrava uma gaiola, toda de metal preto, e alguns pedaços dourados decorativos.

-Eu supus - ele disse, selando a porta atrás. - Parecia a explicação mais lógica.

- Você supôs? Você devia ter muita certeza, considerando que poderia ter me matado.

Ele apertou um botão na parede e o elevador entrou em ação com um ronco vibrante que Gulf sentiu por todos os ossos e os pés.

-Eu tinha noventa por cento de certeza.

- Entendo- disse Gulf...

!¿Where it all began?!Where stories live. Discover now