<Cap 82 - Not Today>

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(...CAPITULO NÃO REVISADO...)

O cheiro os atingiu assim que atravessaram a porta da frente. Era quase indescritível, como ovos podres, carne estragada e algas apodrecendo na praia. Mild torceu o nariz e Boat ficou verde, mas Mew parecia estar inalando um perfume raro.

- Demônios passaram por aqui. – Ele anunciou seco, mas com deleite. - E recentemente, por sinal.

Gulf olhou ansioso para ele.

- Mas eles não estão...

-Não. - Ele balançou a cabeça. - Teríamos sentido. Ainda – ele apontou com o queixo para a porta de Dorothea, completamente fechada, sem qualquer feixe de luz emitido por baixo. - Ela pode ter algumas satisfações a dar para a Clave se descobrirem que anda recebendo demônios.

- Duvido que a Clave queira saber disso - disse Mild. – Em média, ela provavelmente vai se sair melhor do que nós.

- Eles não vão se importar, contanto que a gente acabe com o Cálice nas mãos. - Alec estava olhando em volta, seus olhos azuis estavam absorvendo o saguão, a escadaria curvada que dava lá em cima, as manchas na parede. - Principalmente se mutilarmos alguns Renegados no processo.

Mew balançou a cabeça.

- Eles estão no apartamento de cima. Meu palpite é que eles não vão nos incomodar, a não ser que tentemos entrar.

Mild tirou uma pequena mecha de cabelos da face e franziu o rosto para Gulf.

- O que você está esperando?

Gulf olhou involuntariamente para Mew, que lhe lançou um sorriso de lado. Vá em frente, a expressão dele dizia.

Gulf atravessou o saguão em direção à porta de Dorothea, caminhando cuidadosamente. Com a claraboia escurecida com sujeira e a lâmpada da entrada ainda apagada, a única luminosidade provinha da pedra enfeitiçada de Mew. O ar estava quente e pesado, e as sombras pareciam se erguer diante dele como plantas que crescem magicamente em uma floresta de pesadelo. Gulf estendeu a mão para bater à porta de Dorothea, primeiro levemente, depois com mais força.

A porta se abriu, entornando uma onda de luz dourada no saguão. Dorothea estava lá, grande e imponente, em tons de verde e laranja. Hoje, o turbante que usava era amarelo brilhante, adornado com um canarinho empalhado e aba de penas. Brincos de candelabro batiam nos cabelos, e os pés estavam descalços. Gulf se surpreendeu - ele jamais vira Dorothea descalça, nem calçando algo que não fossem chinelos desbotados.

As unhas dos pés estavam pintadas em um tom de rosa-claro de muito bom gosto. Gulf a exclamou, e tomou-a em um forte abraço. Por um instante, Gulf se debateu sufocado por um mar de perfume, veludo e as pontas do xale de Dorothea.

- Por Deus, menino - disse a bruxa, balançando a cabeça de modo que os brincos sacudiram como moinhos de vento em uma tempestade. - Da última vez em que o vi, você estava desaparecendo pelo meu Portal. Onde você foi parar?

- Em Williamsburg - disse Gulf, recuperando o ar. As sobrancelhas de Dorothea se ergueram alto.

- E ainda dizem que não há transporte público eficiente no Brooklyn. - Ela abriu a porta e gesticulou para os outros entrarem. O local parecia inalterado desde a última vez em que Gulf o tinha visto: as mesmas cartas de tarô e bola de cristal sobre a mesa. Seus dedos coçaram para alcançar as cartas, pegá-las e ver o que poderia estar escondido sob as superfícies pintadas.

Dorothea sentou-se agradecida em uma poltrona e olhou para os Caçadores de Sombras com um olhar tão certeiro quanto os olhos do canarinho empalhado do chapéu. Velas aromáticas queimavam em pratos em ambos os lados da mesa, o que não adiantava muito para conter o cheiro horrível que impregnava o restante da casa.

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