<Cap 02 - Our first date>

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Ele não parecia tanto alguém que estivesse refletindo sobre poderes obscuros, mas sim uma pessoa a caminho de um clube de xadrez.

- A-hã. - Gulf sabia perfeitamente bem que ele só tinha ido para o Discomania porque ele gostava, e que na verdade Namjoon achava chato. Ele nem sabia por que gostava - as roupas, a música, tudo fazia aquele lugar parecer um sonho, a vida de outra pessoa, nada como sua verdadeira vida monótona. Mas Gulf era sempre tímida demais para falar com qualquer outra pessoa que não fosse Namjoon.

O menino de cabelo verde estava saindo da pista de dança. Ele parecia um pouco perdido, como se não tivesse encontrado a pessoa que estava procurando. Gulf imaginou o que aconteceria se ele fosse até ele e se apresentasse, e se oferecesse para mostrar o lugar. Talvez ele só ficasse olhando para ele. Ou talvez fosse tímido demais. Talvez se sentisse grato e gostasse, e então tentasse não demonstrar, como os meninos faziam - mas ele saberia. Talvez...

De repente o menino de cabelo verde se recompôs, evitando atenção, como um cão de caça preparado. Gulf seguiu o olhar dele, e viu um garoto com um vestido branco.

Fazer o quê? Pensou Gulf, tentando não se sentir como um balão de festa murcho. Acho que é isso. O garoto era lindo, o tipo de menino que Gulf gostaria de ter desenhado alto e esbelto, com cabelos negros. Mesmo a essa distância, Gulf podia ver a joia vermelha em volta de seu pescoço. Pulsava sob as luzes da boate como um coração fora do peito.

Eu acho que - continuou Namjoon o DJ Luke está fazendo um trabalho particularmente excepcional esta noite. Você não acha?

Gulf revirou os olhos e não respondeu; Namjoon detestava música trance. Ele estava com a atenção voltada para o menino de branco. Através da escuridão, da fumaça e da neblina artificial, o vestido claro brilhava como um farol. Não era de se estranhar que o menino de cabelo verde estivesse o seguindo como que enfeitiçado, distraído demais para perceber qualquer outra coisa ao redor sombrias até mesmo as duas criaturas que o seguiam, atravessando a multidão.

Gulf diminuiu o ritmo da dança e encarou as criaturas. Ela só conseguia identificar que eram meninos altos e que usavam roupas escuras. Ela não sabia dizer como percebera que estavam seguindo o outro garoto, mas tinha certeza disso. Dava para perceber pela maneira como acompanhavam o ritmo dele, pelo cuidado com que observavam tudo, pela graciosidade de seus movimentos sinuosos. Uma leve apreensão começou a tomar conta de seu peito.
Enquanto isso acrescentou Namjoon - Eu queria te dizer que ultimamente tenho me vestido de mulher. Além disso, estou transando com a sua mãe. Achei que você deveria saber.

O menino chegou à parede e estava abrindo uma porta que dizia ENTRADA PROIBIDA. Ele deu uma olhada para o menino de cabelo verde atrás dele, e eles entraram. Não era nada que Gulf nunca tivesse visto, um casal entrando sorrateiramente em um dos cantos escuros da boate para dar uns amassos, mas isso só fazia o fato de estarem sendo seguidos parecer ainda mais estranho.

Ele ficou na ponta dos pés, tentando enxergar por cima da multidão. Os dois rapazes tinham parado na porta e pareciam estar consultando um ao outro. Um deles era moreno, enquanto o outro tinha cabelos platinados. O platinado colocou a mão no casaco e alcançou um objeto longo e afiado que brilhava sob as luzes estroboscópicas. Uma faca.

- Namjoon! Gulf gritou, e agarrou o braço dele.

-O quê? - Namjoon parecia alarmado. - Eu não estou transando com a sua mãe de verdade. Só estava tentando chamar sua atenção. Não que sua mãe não seja uma mulher muito atraente para a idade dela.

- Você está vendo aqueles caras? Ele apontou fervorosamente, quase atingindo uma curvilínea menina negra que estava dançando ali perto. A menina lançou um olhar furioso a Gulf. - Desculpe, desculpe! - Gulf voltou à atenção para Namjoon. -Você está vendo aqueles dois caras ali? Perto da porta?
Namjoon cerrou os olhos, depois deu de ombros.

- Não estou vendo nada.

- Aqueles dois. Eles estavam seguindo o garoto do cabelo verde...

- O que você achou bonitinho?

- E, mas a questão não é essa. O platinado pegou uma faca,

- Você tem certeza? - Namjoon estreitou o olhar para enxergar melhor, balançando a cabeça. - Continuo não vendo nada.

-Tenho certeza.

Repentinamente sério Namjoon alargou os ombros. - Vou chamar um daqueles seguranças. Você fica aqui - afastou, empurrando a multidão.

Gulf virou bem a tempo de ver o menino platinado entrar sorrateira mente pela porta que dizia ENTRADA PROIBIDA, com o amigo logo atrás. Ele olhou em volta; Namjoon ainda estava tentando atravessar a pista de dança, mas sem muito êxito. Mesmo que ele gritasse agora, ninguém escutaria, e até que Namjoon voltasse alguma coisa horrível já poderia ter acontecido. Mordendo o lábio inferior com força, Gulf começou a correr pela multidão.

- Qual é o seu nome?

Ele se virou e sorriu. A pouca luz que havia no depósito entrava pelas grandes janelas com grades completamente sujas. Pilhas de cabos elétricos, juntamente com pedacinhos de bolas de discoteca espelhadas e latas vazias de tinta sujavam o chão.

- Mild.

- É um nome bonito. Ele caminhou em sua direção, passando cuidadosamente pelos fios, caso algum deles estivesse ativo. Sob a fraca luz, o garoto parecia semitransparente, desprovida de cor, envolta em branco como um anjo. Seria um prazer derrubá-lo... - Eu nunca te vi por aqui.

- Você está me perguntando se eu venho aqui sempre? - o garoto chamado Mild sorriu, cobrindo a boca com a mão.

Mild tinha uma espécie de pulseira em torno do pulso; dava para ver pela renda do vestido. Então, ao se aproximar de Mild, ele viu que não era uma pulseira, mas um desenho marcado na pele, um emaranha do de linhas entrelaçadas.
Ele congelou.

- Você...

!¿Where it all began?!Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt