<Cap 30 - I understand>

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(...CAPITULO NÃO REVISADO...)

- Chega de falar de anjos - disse Dorothea, subitamente prática - É verdade que feiticeiros não podem ter filhos. Minha mãe me adotou porque queria se certificar de que haveria alguém para cuidar deste lugar depois que ela se fosse. Não preciso fazer mágica. Devo apenas vigiar e guardar.

-Guardar o quê? - perguntou Gulf.

- De fato, o quê? - Com uma piscadela, a senhora alcançou um sanduiche no prato, mas este estava vazio. Gulf havia comido tudo Dorothea sorriu.

- E bom ver um menino comendo bem. Na minha época, os meninos eram criaturas fortes e robustas, não os gravetos que são hoje em dia.

-Obrigado - disse Gulf. Ele pensou na cinturinha de Mild e de repente se sentiu enorme. Ele repousou a xícara vazia de chá com um ruído.

Instantaneamente, Madame Dorothea pegou a xícara e olhou fixamente para ele, uma linha aparecendo entre as sobrancelhas pinceladas.

- O quê? - disse Gulf nervoso. - Eu rachei a xícara ou alguma coisa assim?

-Ela está lendo suas folhas de chá - disse Mew, soando entediado, mas ele se inclinou para frente junto com Gulf, enquanto Dorothea girava a xícara, com dedos grossos, franzindo o rosto.

- É ruim? - perguntou Gulf.

- Não é ruim nem bom. É confuso - Dorothea olhou para Mew.

- Me dê a sua xicara - ordenou.

Mew pareceu afrontado. – Mas ainda não acabei o meu... A senhora arrancou a xícara da mão dele e jogou o excesso do chá de volta no bule. Franzindo o rosto, ela olhou fixamente para o que restava.

- Vejo violência no seu futuro, uma grande quantidade de sangue derramado por você e por outros. Você vai se apaixonar pela pessoa errada. E também tem um inimigo.

- Só um? Isso é uma boa notícia. - Mew recostou-se novamente na cadeira enquanto Dorothea guardava a xícara dele e pegava a de Gulf outra vez. Ela balançou a cabeça.

- Não há nada para ler aqui. As imagens estão confusas, sem qualquer significado. - Ela olhou para Gulf. - Sua mente está bloqueada?

Gulf estava perplexo.

- Como?

-Algum feitiço que possa ocultar uma memória, ou que possa ter bloqueado sua Visão.

Gulf balançou a cabeça. - Não, é claro que não.

Mew se inclinou para frente em alerta.

- Não se precipite - Mew disse. -Gulf alega não se lembrar de ter possuído a Visão antes dessa semana. Talvez...

- Talvez eu tenha me desenvolvido tardiamente - disse Gulf. - E não me olhe assim só porque eu disse isso. Mew assumiu um ar de ofendido.

- Eu não ia fazer isso.

- Você estava se preparando para um olhar malicioso, dava para ter certeza disso.

- Talvez - reconheceu Mew - Mas isso não significa que eu não tenha razão. Alguma coisa está bloqueando suas lembranças, tenho perceber.

- Muito bem, vamos tentar outra coisa - Dorothea repousou a xícara e alcançou as cartas de tarô envolvidas pela seda. Ela ventilou as cartas e as entregou a Gulf. - Passe a mão nelas até sentir alguma que seja quente ou fria, ou que pareça se agarrar aos seus dedos. Em seguida, retire uma e me mostre.

Obediente, Gulf passou os dedos pelas cartas. Elas eram frescas e escorregadias, mas nenhuma parecia particularmente quente ou fria, e nenhuma se agarrou a ele. Finalmente, escolheu a mesma, e a levantou.

- O Ás de Copas - disse Dorothea, parecendo estupefata. - A carta do amor.

Gulf virou e olhou a carta, que pesava em sua mão. A imagem na frente era grossa, com tinta verdadeira. Mostrava uma mão segurando um cálice na frente de um sol pintado de dourado. O cálice era feito de ouro, marcado com sóis menores e cravejado de rubis. O estilo artístico lhe era tão familiar quanto sua própria respiração.

- É uma carta boa, não é?

-Não necessariamente. As coisas mais terríveis que os homens fazem são em nome do amor - disse Madame Dorothea, com os olhos brilhando. - Mas é uma carta poderosa. O que ela significa para você?

-Que foi pintada pela minha mãe - disse Gulf, e colocou a carta na mesa. - Foi ela quem pintou, não foi?

Dorothea assentiu, com um olhar de satisfação estampado no rosto. - Ela pintou todas as cartas. Um presente para mim.

- É o que você diz - disse Mew com os olhos frios. -Você conhecia a mãe de Gulf? O quanto?

Gulf esticou a cabeça para olhar para ele.

-Mew, você não precisa...

Dorothea sentou-se de volta na cadeira, com as cartas abertas em forma de leque sobre o peito.

- Jocelyn sabia o que eu era, e eu sabia o que ela era. Não conversávamos muito a respeito. Às vezes ela me fazia favores, como pintar esse baralho, e, em troca, eu contava algumas fofocas do Submundo. Havia um nome ao qual ela me pediu para prestar atenção, e eu o fiz.

Era impossível interpretar a expressão de Mew.

- Que nome era esse?

-Valentim.

Gulf sentou-se reto.

- Mas esse...

- E quando você diz que sabe o que Jocelyn era, o que quer dizer? O que ela era? - perguntou Mew.

- Jocelyn era o que era- disse Dorothea. - Mas no passado ela foi como você. Uma Caçadora de Sombras. Parte da Clave.

- Não - sussurrou Gulf.

Dorothea olhou para Gulf com olhos tristes, quase gentis.

- É verdade. Ela escolheu morar nesta casa precisamente por que...

- Porque isso é um Santuário - Mew disse a Dorothea. - Não é?

-Sua mãe era um Controle. Ela criou este espaço, escondido, protegido, perfeito para habitantes foragidos do Submundo se esconderem.

- É isso que você faz, não é? Você esconde criminosos aqui.

- Você os chamaria assim - disse Dorothea. - Você está familiarizado com o lema do Pacto?

- Dura lex sed lex - disse Mew, automaticamente. - A Lei é dura, mas é a Lei.

- Às vezes a Lei é dura demais. Eu sei que a Clave teria me tirado da minha mãe se pudesse. Você quer que eu permita que façam o mesmo com os outros?

!¿Where it all began?!Where stories live. Discover now