<Cap 19 - Why that>

73 14 2
                                    

(...Obs: Capitulo não revisado, desculpa caso haja erros de escrita...)

Gulf deu uma risadinha e apertou a mão esticada de Hodge.

-Gulf Kanawut.

- Honrado em conhecê-lo - ele disse. - Ficaria honrado em conhecer qualquer pessoa capaz de matar um Ravener apenas com as próprias mãos...

- Não foram só as mãos. - Ainda parecia estranho ser exaltado por ter matado alguma coisa. - Foi àquela coisa do Mew, bem, não me lembro do nome, mas...

- Ele está falando do meu Sensor- disse Mew. Ele o enfiou na garganta do bicho. Os símbolos devem tê-lo sufocado. Acho que vou precisar de um novo - ele acrescentou, quase como se só tivesse pensado nisso agora. - Deveria ter dito isso antes.

- Temos vários outros na sala das armas- disse Hodge. Quando ele sorriu para Gulf, milhares de pequenas linhas saíam de seus olhos, como rachaduras em um quadro antigo. - Você pensou rápido. Como teve a ideia de usar o Sensor como uma arma?

Antes que Gulf pudesse responder, uma risada aguda ecoou pela sala. Gulf estivera tão enfeitiçado pelos livros e distraído por Hodge que não havia notado Boat espalhado em uma poltrona vermelha ao lado da lareira vazia.

- Não acredito que você vá cair nessa história, Hodge - Boat disse. Inicialmente, Gulf nem sequer registrou as palavras dele. Estava ocupado demais o encarando. Sendo filho único, Gulf ficara fascinado pela semelhança entre irmãos, e agora sob a clara luz do dia, podia notar o quão parecido com o irmão Boat era. Eles tinham o mesmo cabelo preto, as mesmas sobrancelhas finas curvadas nos cantos, a mesma pele branquinha quase bronzeada. Mas, enquanto Mild era pura arrogância, Boat se acomodava na cadeira, como se esperasse não ser notado por ninguém. Tinha cílios longos e escuros como os do irmão, mas Mild tinha olhos negros e ele tinha olhos azul-escuros, como uma garrafa de vidro. Encaravam Gulf com uma hostilidade tão pura e concentrada quanto ácido.

- Não estou entendendo muito bem o que você quer dizer, Boat-Hodge ergueu uma sobrancelha. Gulf ficou imaginando qual seria a idade dele; havia algo angelical a seu respeito, apesar da cor grisalha dos cabelos. Ele trajava um terno cinza impecável, perfeitamente passado. Ele poderia se passar por um professor universitário gentil se não fosse pela cicatriz grossa que marcava o lado direito do rosto. Gulf ficou imaginando onde ele teria arrumado aquela marca.

- Você está sugerindo que Gulf não matou aquele demônio?

- É claro que não matou. Olhe para ele: ele é mundano, Hodge. Além disso, não passa de uma criança. É claro que ele não matou o Ravener.

- Eu não sou uma criança - interrompeu Gulf. - Eu tenho 16 anos, bem, vou fazer 16 no domingo.

- A mesma idade de Mild disse Hodge. - Você diria que Mild é uma criança?

- Mild faz parte de uma das maiores dinastias de Caçadores de Sombras da História - disse Mew secamente. E esse menino vem de Nova Jersey.

-Eu sou do Brooklyn! - Gulf estava enfurecido. - E dai? Acabei de matar um demônio na minha própria casa, e você vai ficar se comportando como um babaca porque não sou um riquinho mimado feito você e a sue irmão?

Boat espantou-se.

- Do que você me chamou?

Mew riu.

-Ele tem razão, Boat - disse Mew. - São esses demônios de ponte e túnel que você realmente tem que observar...

- Não tem graça, Mew - interrompeu Boat, olhando os próprios pés. - Você vai ficar aí parado, simplesmente, permitindo que ele me ofenda?

- Vou - disse Mew calmamente. - Vai fazer bem a você, pense nisso como um treinamento de resistência.

- Podemos ser parabatai - Boat disse severamente. Mas a sua impertinência está esgotando a minha paciência. 

(Obs: Parabatai é um par de guerreiros que lutam juntos como parceiros ao longo da vida, unidos por juramento, independentemente do seu gênero. Seu vínculo não se reflete apenas em sua proximidade e vontade de dar a vida uns pelos outros, mas também no juramento — um juramento em frente ao concelho. Nem todos os Caçadores de Sombras são obrigados a ter um parabatai; na verdade não é muito comum eles possuírem um. Um Caçador de Sombras tem apenas 18 anos para encontrar e escolher um parabatai; uma vez mais velho que isso, o ritual não é mais aberto ao Caçador de Sombras.)

- E a sua pertinácia está esgotando a minha. Quando o encontrei ele estava caído no chão, em uma poça de sangue e um demônio moribundo praticamente em cima dele. Eu vi quando ele se dissolveu. Se ele não o matou, quem foi?

- Raveners são burros. Talvez ele tenha picado o próprio pescoço com o ferrão. Já aconteceu antes...

- Agora você está sugerindo que o demônio se suicidou?

A boca de Boat enrijeceu.

- Não é certo que ele esteja aqui. Mundanos não são permitidos no Instituto, e existem boas razões para isso. Se alguém soubesse disso, poderíamos ser reportados à Clave.

-Isso não é totalmente verdade - disse Hodge. - A Lei permite que ofereçamos santuário a alguns mundanos em certas circunstâncias. Um Ravener já tinha atacado a mãe de Gulf, e ele poderia ser o próximo.

Atacou. Gulf imaginou se isso seria um eufemismo para "assassinou". O corvo no ombro de Hodge se mexeu suavemente.

- Raveners são máquinas de busca e destruição - disse Boat. - Eles agem por ordem de feiticeiros ou poderosos lordes demoníacos. Agora, que interesse um feiticeiro ou um lorde demoníaco teria em uma casa mundana ordinária? - Os olhos dele brilhavam com desgosto ao olhar para Gulf. - Alguma ideia?

- Deve ter sido algum engano. Gulf disse.

- Demônios não cometem esse tipo de engano. Se eles foram atrás da sua mãe, devem ter tido algum motivo para isso. Se ela fosse inocente...

- O que você quer dizer com "inocente"? - A voz de Gulf soava tranquila.

Boat parecia espantado.

- Eu...

- O que ele quer dizer. Disse Hodge - É que é extremamente incomum que um demônio poderoso, do tipo que controla um exército de menores, fosse interessar-se por seres humanos. Nenhum mundano consegue invocar um demônio, eles não têm esse poder, mas existem alguns, tolos e que encontraram feiticeiros ou bruxas que o fizessem para eles.

- Minha mãe não conhece nenhum bruxo. Ela não acredita em mágica. - Um pensamento ocorreu a Gulf. - Madame Dorothea, que mora no andar debaixo, é uma bruxa. Talvez os demônios estivessem atrás dela e tenham pegado minha mãe por engano...

As sobrancelhas de Hodge se ergueram subitamente.

- Uma bruxa mora no andar abaixo do seu?

!¿Where it all began?!Where stories live. Discover now