- Pensei que pessoas que estão tentando salvar o mundo bruxo tivessem o privilégio de aparecer nos jornais, no mínimo - respirou fundo e focou seu olhar em uma mulher de sobretudo preto e roupas da mesma cor ônix, que passava em passos acelerados pela rua quase vazia de Godric ́s Hollow - Eu já os conheci uma vez e garanto para o senhor que eles não são como o senhor pensa que são. Fazem jus a todos os elogios que falam deles. São dias difíceis para não termos esperanças, afinal, almas tão puras quanto as deles só nos podem trazer a luz, certo?

A mulher terminou de atravessar a rua, não era possível ver suas feições por inteiro, a única coisa que era palpável de se ver eram seus leves cachos escuros que vazavam pelo capuz e o ar destinado que rondava sua aura misteriosa. Passando pelos dois, ela disse simples palavras que carregadas pela voz profunda e salpicada com doce, fez com que os dois arrepiassem:

- Com licença senhores - e continuou seu caminho.

- Que merlin nos ajude - Friedrich sussurrou e logo depois aparatou.

A misteriosa mulher continuou seu caminho até o final da rua, onde nem uma alma viva estava por lá, sem errar nenhum passo, que apesar de direto não era pesado, saboreando a dor leve que o frio proporcionava em contato com sua pele quente. Arrastando o olhar pelas casas antigas e de vez em quando olhava para trás tendo a certeza que não estavam seguindo-a. Ao final da cidade, parou em frente a uma portinha arqueada de madeira e a empurrou ouvindo um rangir leve. Antes de entrar no terreno deu uma olhada para cima e leu as letras desenhadas na grande madeira: Cemitério de Godric's Hollow.

Soltou o ar pelo nariz devagar e espantou qualquer pensamento desistente que houvesse em sua mente e então passou pela porta indo diretamente para o caminho cheio de lápides. Leu cada um dos nomes de cada pessoa falecida e sentindo o estômago embrulhar, nunca pensou que estaria nesse lugar, mas precisava fazer isso. Passando mais ou menos cinco minutos parou em frente de uma que estava escrito James e Lilian Potter. Seus olhos se encheram de lágrimas, de repente estava tão cansada e mais criança que nunca, só queria um abraço.
Se ajoelhou sem se preocupar em sujar o vestido preto feito com medida e mais um tecido caro. Vendo as lágrimas pingarem nas lápides de metal juntamente com a chuva, passou os dedos levemente pelo material frio, contornando os nomes.

- Ah, como queria vocês aqui comigo- sussurrou fechando os olhos e inclinando a cabeça para o céu nublado - Mãe me dê forças para essa guerra, não tenho bons pressentimentos... e estou tão cansada, não posso quebrar agora - abriu os olhos verdes como esmeraldas e encarou a tempestade frente a frente, afinal ela também era uma. Voltou a fechá-los e sentindo uma angústia tão grande que parecia rasgar sua alma, gritou em plenos pulmões para o céu. Era o grito de uma fênix machucada, mas também pronta para a luta.



Rose entrou na aula de duelar pressentindo que algo naquele local estava estranho, naturalmente uma sala onde alunos entram para brigar entre si tem uma nuvem bizarra pairando sob, mas especificamente naquela manhã parecia diferente.

- Vai ficar parada na frente da porta? - alguém perguntou atrás dela e ainda estando hipnotizada com um mau pressentimento ela não se moveu, o que rendeu várias vozes logo atrás gritando com ela.

- Rose! - Desirée exclamou empurrando a amiga pela porta até dentro da sala, onde os alunos se reuniam em um círculo - Você está estranha, tenta agir normalmente.

- Eu estou normal - respondeu com os olhos arregalados olhando para cada canto da sala esperando um comensal sair e jogar um feitiço nela.

- Parece que você está com a calcinha enfiada na bunda - Lavínia respondeu atrás delas, levando um tapa de Desirée.

- Sinto que algo ruim vai acontecer - Rose respondeu levando o dedão a boca e mordendo a unha.

- Claro que sim, esta é a aula da professora Artemis- Lavínia disse com cara de boba, como se fosse óbvio.

𝐑𝐎𝐒𝐄 𝐏𝐎𝐓𝐓𝐄𝐑, 𝐚 𝐢𝐫𝐦𝐚 𝐧𝐚𝐨 𝐭𝐚𝐨 𝐩𝐞𝐫𝐝𝐢𝐝𝐚 Onde histórias criam vida. Descubra agora