Part 40

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C.

A cirurgia de Maya pareceu durar mais que doutor Webber pareceu dizer. Pois eu desci para almoçar com meus pais e minha sogra, mesmo preocupada eu estava com uma fome dos infernos. Gravidez. Tomamos um cafézinho, e ainda caminhei pelo hospital com o meu pai

E como uma grávida qualquer, e uma pessoa sem dormir direito há uma noite, eu estava com muito sono, piscando duro e tirando cochilos no peito do meu pai, esse que tinha um braço em volta do meu ombro. Como eu amo cheirinho de hortelã dele, o cheiro de pai. Claro que todos ali presentes eram contra eu ficar ali estando grávida, e ainda mais depois de ter tido um sangramento mais cedo, porém nada e nem ninguém me tiraria dali sem antes ver novamente a outra mãe do meu filho.

-Quer ir pra casa pelo menos tomar um banho, filha e descansar um pouquinho? -perguntou minha mãe colocando a mão em minha barriga que nem era evidente ainda, ainda mais agora coberta por um sobretudo negro.

-Não -neguei. -Quero ver Maya novamente. Só saio quando ver com os próprios olhos que ela realmente esta bem.

- Ok! -foi tudo que minha mãe disse voltando a entrelaçar seus braços com minha sogra. Ela me conhecia bem, e sabia o quão teimosa eu podia ser quando queria.

Bom, Gal Gadot acabou indo embora assim que acabamos nossa oração, a mesma disse que tinha um ensaio com a sua turma de teatro, e que realmente não podia faltar por ser a principal, e eu compreendia e estava grata pelo momento que esteve ao nosso lado, principal quando eu fiquei ali sozinha e ela cuidou de mim como nunca imaginei que fosse acontecer, e eu precisar. Fiquei responsável em lhe dar notícia assim que minha noiva saísse da centro cirúrgico.

Quase dei um pulo na cadeira quando ouvi a voz do doutor que dizia que a cirurgia tinha chegado ao fim, e que Maya já estava no quarto, porém sedada e iria demorar algumas horas para acordar. Apenas pude entrar para dar um beijo em seus lábios branquisados. E com uma tristeza no coração a deixei ali sozinha em seu leito tão abatida e machucada.

[…] Na noite daquele dia fui ver Maya, assim como nos outros dois dias, ela parecia mais magra -já que ela não se alimentava direito por odiar a comida do hospital-, o rosto pálido, e os arranhões ainda estavam ali. Conversávamos sobre tudo o tempo que eu, e minha sogra ficávamos ao seu lado. Meus tinham voltado pra Miami hoje pela manhã, eles tinham que cuidar da floricultura, além de ter o Andrew menor de idade sozinho em casa.

Ainda não tinhamos falado sobre como ocorreu o acidente, e nem era o momento. Como eu sabia? Bom além dela estar ainda se recuperando de um acidente recente, de sua cara de assustada, e de minha sogra ter apenas citado "Carro, e acidente"em uma só frase seus olhos se apertaram enquanto negava. Nosso instinto foi segurar em sua mão, e dizer com gestos que estava tudo bem.

-Como esta seu braço? Consegue senti-lo já? -perguntei quando ficamos sozinha. Com cuidado coloquei um pouco de água em sua boca, e me afastei.

Na tarde de ontem o doutor tinha dito que o braço da loira ficaria dormente por algumas horas -que ele não disse exatamente -, quando minha noiva disse que não estava sentindo seu braço. Mas que aquilo era normal, que com as horas ela ia sentindo os formigamentos e sucessivamente.

- Ainda não. -a canadense bufou irritada.

-Você esta tomando muitos remédios para dor, seu braço normalmente fica dormente. Você conversou com o doutor Webber? -ela assentiu me pedindo mais água. -E o que ele disse?

-Pra mim ter paciência. Eu não aguento mais, tudo que me pedem desde que entrei nesse inferno é "tenha paciência", eu estou tentando, mais não esta dando. Eu estou toda ferrada, fudida amor. Meu peito dói tanto, que eu só quero dormir e dormir, porque aquela cena não sai da minha cabeça, aquelas frases que há tempos não escutava. Pensei que eu era forte, mas não sou, não passo de uma garotinha fracassada. Uma aberração que acabou com o casamento dos meus pais.

I love my best friend | Marina Where stories live. Discover now