Part 12

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M.

Duas horas depois eu acordei me perguntando onde eu estava, e achando que era de madrugada. Quando caiu a fixa finalmente desci para ficar um pouquinho com a minha mãe. A ajudei a preparar uma lasanha(mais atrapalhei, como Carina costuma dizer) e fomos até a casa dos Deluca, os velhos hábitos ainda se mantinham. O almoço seria coletivo. Por ser sexta o tio Celso não estava presente, o mesmo estava no trabalho. Era ele que estava tomando conta da floricultura naquele dia, juntamente de outro funcionário, tia Yolanda estava de "férias" por causa das festas de fim de ano, e tendo Carlotta e Kelly em casa.

Eu ainda não tinha entendido de fato como Carlotta surgiu na família. Uma traição? Uma noite de sexo na juventude sem compromisso? Eu só queria tentar entender aquele fato. Mas seja qual tenha sido o lance, tia Yolanda tratava a enteada, e sua noiva muito bem, e vice e versa. Elas pareciam que conviviam a anos. E a garota não parecia culpar o pai por não ter feito parte do seu crescimento. Eu cresci sem o meu, desde que saímos do Canadá, nunca mais vi o meu, e nem sei se serei capaz de perdoá-lo por me tratar feito um lixo, por eu ter nascido diferente de outras meninas.

A tarde foi bem agradável. Depois de Andrew e eu, perdemos várias partidas no vídeo game para a nova Deluca, fomos dar uma volta pelas praias de Miami. Segundo Charlotte, eu deveria tomar um sol. Depois voltamos pra casa e pedimos pizza, elas ficaram até tarde da noite sentados em meu sofá jogando conversa fora. Carlotta contava de seu trabalho, e Kelly parecia orgulhosa de sua noiva, as duas estavam a quase 3 anos juntas, e noivaram no começo desse ano.

Antes de dormir fiz uma chamada de vídeo  com Emmett passamos praticamente a noite toda fofocando. Claro que houve piadinhas sobre Carina e eu, para tomar cuidado quando Deluca estivesse bêbada e não transarmos. (Isso com certeza eu iria notar). Na manhã seguinte acordei com o meu despertador tocando, o sol estava dando de invadir o meu quarto. Tomei um rápido banho, e desci para o café da manhã. Dona Kate falou a maior parte do tempo enquanto eu a ouvia, assunto Carina não faltou na mesa.

- Sempre deixei claro que meu sonho é ter a menina Carina como nora. Vocês fazem um casal tão bonitinho. -a mais velha juntou as mãos com um sorriso apaixonado.

- A senhora sempre diz isso, mamãe. -tomo um gole do meu café amargo. -Carina apenas me ver como amiga.

- E você,a vê apenas como amiga? -arqueou suas sobrancelhas expressivas.

- Ela tem um namorado. -fugi de seu olhar colocando um grande pedaço de bolo na boca.

- Não foi isso que eu perguntei. -suas mãos se seguraram nas minhas, me obrigando a olhá-la. -Sabe que pode me contar tudo não é filha? Somos uma família, e sempre nos apoiamos, sempre foi eu e você.

- Só não quero falar sobre isso, mãe. Pelo menos não hoje, não agora. -falei com paciência fazendo um carinho no dorso de sua mão.

- Eu já tenho a minha resposta, Maya. Mas estarei aqui quando se sentir preparada para conversar. -avisou levando minha mão até os lábios.

- Te amo! -sussurrei.

[...] Carina chegou na cidade por volta das 2horas da tarde, e acabamos não nos vendo, quando fui procurá-la na casa de seus pais, ela estava descansando em seu antigo quarto. Acabei ficando por ai mesmo escutando as histórias dos meus tios. As de sempre.

- Não aguentou a saudade, e já veio me cheirar, Bishop? -brincou Carina passando os braços por meu pescoço, logo deixando um estalado beijo em minha bochecha, que por sorte não pegou em meus lábios quando me virei.

Sorri sem jeito quando Carlotta me lançou um olhar cheio de malícia. Como eu sabia? Era o mesmo que as meninas e o Emmett me lançavam quando a italiana e eu trocavamos afeto.

- Estou aqui para ver meus tios. Nem sabia de sua chegada, srta exibida. -brinquei tentando ignorar o olhar da meia irmã da Carina.

- Uhum. Faz de conta. Mãe, cadê meu pai? -perguntou se sentando no braço do sofá que eu estava, automaticamente minha mão foi para sua perna, iniciado uma carícia ali. A morena estava de calça legging preta, e um cropped branco com um desenho de arco-íris no peito. Seus cachos estavam presos apenas a parte de cima, deixando o resto caindo por suas costas.

- Na cozinha fazendo um lanchinho pra gente. Meninas fiquem à vontade, vou ver se o Celso esta precisando de ajuda.

- Posso dizer uma coisa?! -perguntou Carlotta, sua noiva soltou um "lá vamos nós" e antes que pudéssemos respondê-la a ruiva continuou. -Se Andrew não tivesse contado que Carina namora a um carinha japonês, eu poderia jurar que ela era gay, e que vocês duas namoravam. -a mesma apontou para nós duas.

Senti minhas bochechas queimarem. E Carina começar a tossir logo se recuperando.

- Meu namorado é Coreano e não japonês.

- Não é tudo a mesma coisa? -Devolveu a nova Deluca. -brincadeira Carina, eu sei que há uma diferença entre esses dois países. -sorriu.- Essa camiseta gay, não ajuda em nadinha em sua heterossexualidade.

- Estava tão feliz sendo a irmã mais velha. -murmurou Carina saindo da sala.

- Ela gostou de você. -sorri para o casal de mãos dadas no sofázinho de 2lugares.

C.

Tirando o fato de Carlotta ficar fazendo piadinhas sobre minha sexualidade, eu até que tinha gostado dela. E tentarei faze-la sentir parte da família, sendo que nada do que aconteceu no passado foi culpa dela, ou de nosso pai.

Quando eu cheguei em casa (casa dos meus pais), eu dei um jeitinho de ficar sozinha com eles, e os interroguei sobre a aparição repentina da nova irmã. Segundo meu pai ele namorou a Scar (mãe da Carlotta) na época da escola, ficaram poucos meses juntos, até descobrirem que a americana, que estava morando um tempo na Itália voltaria para o seu país. Os dois sofreram, mas Scar ainda era menor de idade e nada poderiam fazer. 3 meses depois Scar descobriu esta grávida de meu pai, porém seus pais sendo rígidos não permitiu que a mulher procurasse meu pai(Celso). Anos depois do nascimento da Carlotta que ela foi descobrir sobre seu pai verdadeiro, e o verdadeiro motivo de ter crescido sem um pai presente. Ela o procurou na Itália até descobrir que o mesmo se habitava em Miami, conversaram e aqui esta ela, tentando criar laços com o meu velho.

Confesso que as vezes me bate um ciúmes ao ver meu pai dando tanto atenção a outra. Eu sei que ele esta tentando recuperar o laço perdido, mas eu não consigo controlar. Até então eu era a sua menininha.

À noite estava quente, a mesa cheia de comidas natalinas. A casa toda enfeitada com árvore de natal, pisca-pisca, e muitos presentes. Eu observa a cena de meu pai, e Carlotta, quando senti os braços quentes me envolverem em um abraço, nem precisei olhar para saber de quem se tratava. Conhecia bem aquele cheiro.

- Você esta muito linda. -me elogiou. Eu estava com um vestido vermelho de seda, ele ia até um pouco abaixo dos meus joelhos, com uma fenda do lado direito indo até a metade da minha coxa, as alças eram finas, e nos pés uma rasteirinha, mais tarde u colocaria um salto. Nas orelhas um par de argolas, e os meus cachos rebeldes soltos.

- Obrigada, bella. Você também esta muito linda. -sorri entrelaçando nossos dedos. Olhando para eles se encaixando tão bem, que eu cai na real. Eu estava tendo sentimentos por minha melhor amiga. A voz da Carlotta ecoava por minha cabeça.

"...eu poderia jurar que ela era gay, e que vocês duas namoravam."


I love my best friend | Marina Where stories live. Discover now