Part 14

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M.

Após a ceia nos reunimos na sala, onde Andrew passou a dedilhar seus dedos sobre as cordas do violão enquanto o tio Celso cansava uma canção antiga, porém com uma letra bem bonita fazendo todos se emocionarem. Passamos sei lá quantos  minutos sentados ali perdidos em meio a canção.

Meus olhos sempre se perdiam em Carina sentada no outro sofá ao lado de Kelly, enquanto eu estava ao lado de minha mãe com a cabeça em seu peito, sentindo uma carícia gostosa de suas mãos em meu couro cabeludo.

O olhar da jovem italiana sempre me prendia, seu lindos pares de olhos castanhos que pareciam querer sugar minha alma, me passavam tantas coisas boas, mas nunca iria me olhar do jeito que eu desejava... Acabo soltando um sorriso quando sou pega encarando a dona dos meus pensamentos.

Céus, sou tão boiola por essa italiana.

Quando o relógio aponta ser meia-noite, todos nos abraçamos desejando feliz natal uns para os outros.

- Feliz natal minha pessoa favorita. -sussurro com os lábios colados na orelha de Carina, sentindo seu corpo se agarrar mais ao meu.

-Feliz natal fresca. -sorrio sentindo seus lábios tocaram a pontinha do meu nariz, e eu logo faço o mesmo com ela.

Nossos olhares ficam presos um no outro, sentindo meu coração se acelerar sem conseguir controlar sua batidas. Era tão difícil amar, e não ser correspondido, e metade da poupança passa ou já passou por isso.

- Seu celular esta tocando. -avisa Carina me acordando do transe. Retiro rapidamente o aparelho do meu bolso e acabo sorrindo ao ver o nome da Gal aparecer na tela. -Estava demorando.

- Não seja implicante. -sorrio apertando suas bochechas. -vou atendê-la. -aviso começando a sair da sala, passo pela cozinha indo até os fundos da casa, onde fica a piscina e uma área de lazer com churrasqueira.

- Ei feliz natal morena. -é a primeira coisa que digo ao atender, Gal sorrir do outro lado da linha. Estavamos cada dia mais próximas, as trocas de mensagens tinha se tornado algo rotineiro. Não falávamos apenas sacanagem uma para outra, mas sim coisas do nosso dia a dia, um diálogo muito bom. Ficamos um bom tempo ali conversando por ligação, rindo e contando como estava sendo a nossa noite. Encerrei a ligação com um sorriso capaz de rasgar o meu rosto.

[…] Passava um pouco mais das duas da manhã quando os pais de Carina, e minha mãe foram se deitar juntamente do resto do pessoal, restando somente a minha italiana e eu sentadas na beira da piscina com uma taça de vinho na mão, e a garrafa próximo de nós, além de alguns salgados.

- Definitivamente esse é o melhor vinho do mundo. -disse a morena enchendo mais uma vez sua taça.

- Seu pai sempre teve bom gosto para vinhos.-saboreie mais um pouco do líquido passando a pontinha da minha língua sobre meus lábios. Tive a impressão de ter os olhos da morena fixos nele me fazendo sorrir, com certeza estava na hora deu eu parar com o álcool.

- Tudo bem? -perguntou a italiana depois de alguns segundos de silêncio.

- Acho que está na hora de pararmos. -avisei tentando ser a sensata ali, na última vez que Carina e eu nos embebedamos acabou acontecendo coisas, que só fizeram meu coração ficar ainda mais trouxa por ela, e a mesma nem se lembrou no dia seguinte.

- Qual é, acabamos de abrir essa garrafa. -protestou com a sua voz embolada. Balancei meus pés dentro da água aceitando aquela desculpa, pois na verdade nem eu queria subir. -No que tanto pensa?

- Na vida. No ano que esta se acabando, no que me aguarda no futuro. Será que ainda estaremos juntas? Mesmo que você se case com o Joe?

- Claro que estaremos juntas. Você vai sempre ser a minha melhor amiga, a pessoa que mais amo nesse mundo, Maya. -sentia vontade de chorar toda vez que ela dizia a palavra amiga.-E o futuro deve estar guardando coisas muito boas pra você. E a questão do Joe eu não sei se chegaremos a nos casar.

- Você o ama certo?

- Sim, mas não sei se é ao lado dele que quero acordar a todas as manhãs. -assenti sentindo seus dedos brincarem em minha coxa que agora estava exposta. Tínhamos trocado nossas roupas elegantes por roupas velhas e confortáveis.

- Você se ver casada com algumas dessas garotas que você transa? -sua pergunta me pegou de surpresa.

- Realmente nunca parei para pensar nisso. Então não posso te dar uma resposta. -sorri deixando minha taça de lado, estava começando a me sentir tonta pelo álcool.

- Acho que você tem a resposta, apenas não quer me dar.

- Eu posso te dar, mas você vai me dar?! -brinquei passando lentamente a língua sobre meus lábios.

- Você só pensa em sexo. -sua risada me fez rir juntamente enquanto eu arrastava o meu corpo para ficar mais próximo ao seu.

- Mas eu não estou falando em sexo meu bem.

- Diz isso de novo meu bem.-pediu em um tom roco fazendo meus pelinhos se arrepiarem. Essa mulher ainda iria me matar um dia.

- M.e.u b e.m. -respondi pausadamente com os nossos narizes se tocando, podia sentir sua respiração encostando na minha.

Estava prestes a grudar nossos lábios quando escutamos a voz do tio Celso vindo da porta de correr da cozinha.

- Meninas, vocês ainda estão ai?!

- Sim, pai. -respondeu Deluca bebendo de uma vez só o resto do liquido da minha taça.

- Ai estão vocês. A porta da cozinha tava emperrada. -avisou com um sorriso gentil como sempre. Sua camiseta regata parecia apertando em sua pança que eu achava uma graça. -Chega de beber né? Amanhã as duas vão estar com um ressaca das bravas.

- Eu vou indo então. -avisei sem jeito me pondo em pé, dei a mão a morena a ajudando fazer o mesmo.

- Dorme aqui, podemos dividir a cama. -sussurrou a mais velha enquanto caminhávamos para dentro da casa. Meu tio estava um pouco a frente.

- Melhor não. Amanhã nos vemos novamente. -disse deixando um beijo em sua bochecha, e me despedi do mais velho. Tinha sido a minha melhor escolha.

[…]Na manhã seguinte acordei com um pouco de ressaca, tomei um remédio dado por minha mãe e fizemos nosso desjejum, aproveitando apenas o momento de mãe e filha. Eu tinha saudades da minha velha e queria aproveitar o máximo de tempo ao seu lado. Depois assistimos um filme de drama, tendo minha mãe se desitratando em meus ombros quando o principal do filme faleceu deixando sua amada em prantos, e eu apenas cocei os meus olhos que ardiam. Mas não chorei.

- Esses filmes tristes fazem a gente pensar na vida né minha filha. -disse dona Kate desligando a televisão.

- Sim. A lição da vez é que todos um dia vamos morrer. -sorri fechado fazendo a matriarca revirar os olhos enquanto apertava minhas bochechas. -Isso dói mãe.

- Palhaça! Como anda no trabalho? -enguli em seco diante da sua pergunta, ninguém ainda sabia de minha demissão. Nem mesmo Carina que sempre era a primeira a saber a cada passo de minha vida.

- Bem. Eu estou pensando em procurar um outro trabalho, algo que tenha a ver com o meu curso, que posso me ajudar futuramente. Que me faça crescer sabe?!

- Gosto de ver essa Maya, Maya que pensa grande. Sabe que qualquer coisa estarei aqui,nem que seja para te ajudar financeiramente.

- Você já me ajuda demais, mãe.

- Apenas estou investindo no futuro da minha pequena, que será uma grande mulher de negócios. -sorri diante de sua frase.

- Obrigada por ser essa mãe maravilhosa. -a abracei fortemente.

Depois disso acabei saindo um pouco de casa para caminhar pelo bairro que me acolheu também. Evitei falar  com Carina, eu me sentia confusa com suas atitudes quando a mesma ficava bêbada. Ela sempre estava ali flertando comigo, querendo me beijar me tocar, isso me deixa acessa e feliz, mas ao mesmo tempo triste pois no dia seguinte tudo era esquecido pela mais velha.

Eu só queria poder mandar em meus sentimentos.




I love my best friend | Marina Where stories live. Discover now