— Elle não mente pra mim, quem mais morreu? — Perguntou desesperado mais tentando ficar calmo. — Elle... — Rudy me chamou mais uma vez e quando olhei pra ele não consegui parar de chorar. A expressão de Rudy mudou e parecia que ele tinha entendido tudo quando olhou para onde eu olhava antes. — Então era real? — Seus olhos começaram a lacrimejar.

— Sim. — Respondi engolindo o choro e limpando o nariz antes de pegar o papel na minha bolsa e entregar para ele. — Quando chegamos ao hospital os médicos me deram calmantes mas perceberam os meus enjoos repentinos, por isso fizeram exames rápidos e... — Não consegui terminar de falar.

— O mini nós! Ele existe. Ele tá ai mesmo! — Rudy riu ainda com os olhos lacrimejados e neguei. — Elle...  — Rudy engoliu em seco e desmanchou o sorriso.

— Por favor não fica bravo Rudy, eu não sabia... Eu... E-eu não sabia que estava grávida de um mês, se eu soubesse, se eu não tivesse passado por tudo isso, o mini nós ia estar bem aqui. — Apontei para a minha barriga.

O médico disse que o estresse e o trauma mataram a criança. Rudy deixou uma lágrima cair.

— Elle eu não vou ficar bravo com você. A culpa não é sua, nada disso é culpa sua. Mas... — Rudy não parava de chorar mas tentava disfarçar. — Como você tá se sentindo? Droga, eu devia estar do seu lado quando aconteceu e... Meu deus, como que aconteceu? — Perguntou e um arrepio subiu pelo meu corpo quando me lembrei das cenas.

— Eu comecei a sangrar muito. Como se eu estivesse menstruada. E a sentir uma dor forte no útero. Mas depois eu não vi mais nada quando me deram os calmantes. — Respondi lembrando do sufoco. — Rudy eu não sei se eu queria ter o bebê agora mas eu não queria ter o matado. — Tentei explicar e ele assentiu limpando as lágrimas.

— Eu entendo amor. Eu te entendo tá? — Rudy segurou meu queixo para eu olha-lo nos olhos. — Um dia ainda teremos o mini nós. Agora precisamos cuidar de você okay? — Neguei chorando.

— Era pra ter sido eu. Aquela maldita adaga devia ter entrado no meu peito, devia...

— Shiii Elle! — Rudy pediu agoniado. — Tire esses pensamentos de sua cabeça. Deus sabe o que faz, se o que aconteceu, aconteceu, já estava no destino. Eu sinto muito que Jaden tenha morrido. Ele se tornou meu amigo e foi dificíl ouvir ele pedindo para eu cuidar de você depois de ter me empurrado. Arthur errou o cara e foi no próprio filho. Na verdade ia em mim mas Jaden percebeu. — Rudy contou e imaginei aquela cena. Até nas últimas Jaden pensou em todos menos nele. — Como está as coisas?

— Jaden já foi enterrado no mesmo cemitério que a mãe. Infelizmente não teve cerimônia porque a única família dele era o pai que assim que chegou na prisão e foi espancado pelos presídiarios foi obrigado a se suicidar por um companheiro de cela, e nós que estamos presos no hospital. — Só de pensar que nem um velório digno meu amigo teve, eu queria morrer. — Richards está bem, terá que ficar com o ombro enfaixado por um tempo mas não pegou em nenhuma veia séria.

— Que bom agora... — Rudy me puxou para um abraço. — Eu vou cuidar de você e principalmente dessa cabecinha que precisa de muito carinho. Não vou deixar você ficar mal, vou cuidar de você, muito, muito bem tá? — Rudy sussurrou no meu ouvido beijando a curva de meu pescoço e ombro.

— Mais quem precisa ser cuidado é você Ru....

— Nada em mim se compara ao que aconteceu com você. Elle você é a que mais precisa de cuidados.

Não é legal quando no mesmo dia você perde um amigo que amava, quase perde seu pai adotivo e seu namorado, e além de tudo, descobre que estava grávida mas matou seu próprio filho por alto estresse e ainda tem um aborto espontâneo extremamente doloroso.

𝐀𝐥𝐞́𝐦 𝐝𝐚𝐬 𝐎𝐧𝐝𝐚𝐬 - 𝐑𝐮𝐝𝐲 𝐏𝐚𝐧𝐤𝐨𝐰 Where stories live. Discover now