Lucky: e o Coelho da Sorte

By taemeetevil

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[CONCLUÍDO] Taehyung nasceu sob uma maldição. Pelo menos era isso que sua avó dizia desde que ele fora capaz... More

Episódio Um: Loteria
Episódio dois: Vidente
Episódio Três: Trem
Episódio Quatro: Sem sorte
Episódio Cinco: Salvo
Episódio Seis: Ano Novo
Episódio Sete: Namorado
Episódio Oito: O filho do CEO
Episódio Nove: Problemas no Paraíso pt.1
Episódio Dez: Problemas no Paraíso pt. 2
Episódio Onze: Beijos e Curativos
Episódio Doze: Lucky Magazine
Episódio Treze: Mútuo
Episódio Catorze: Acampamento pt.1
Episódio Quinze: Acampamento pt.2
Episódio Dezesseis: Purple Heart Tour
Episódio Dezessete: Sete cores
Episódio Dezoito: Passado e Presente pt.1
Episódio Vinte: Galinhas e Celeiros
Episódio Vinte e um: Uma constatação óbvia
Filler: Eu sonhei um sonho
Episódio Vinte e três: Daegu
Episódio Vinte e quatro: Ainda com você
Episódio Vinte e Cinco: Dejavu
Season Finale: Maldição
Episódio Bônus: Casamento da Sorte
Episódio especial: bebê da sorte

Episódio Dezenove: Passado e Presente pt.2

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By taemeetevil

[NOTAS] oooi!

Eu sei que demorei, mas esse mês vai ter mais de uma atualização e se tiver sorte, podem ser 3!!! Por enquanto eu prometo mais um capítulo pra esse mês ainda!

Esse capítulo é meio tenso, tem uma parte bem séria, na verdade duas, que vão interferir diretamente em todo o seguimento da história.

Enfim, espero que vocês gostem do capítulo!!!

+++++++++++++

JEONGGUK

Aquela manhã, enquanto tinha de esperar Jaejoong aparecer e fingir que estava tudo bem com isso, liguei para alguém que me devia uma explicação há um bom tempo, mas que não tinha se manifestado e nem eu mesmo tinha percebido até aquela manhã. Eu não fazia ideia de que horas eram na Coreia, mas com sorte ele estaria acordado o suficiente pra ouvir minhas queixas.

Olá, Jeongguk.

— Sabia que ele estava aqui, não sabia, Jimin-shi? — ele riu baixo — Não tem graça! Eu não estava pronto par-

Você está pronto. Precisa deixar ir, nunca teve a chance de confrontar a situação, e não existe momento melhor. Você é uma pessoa boa, Jeongguk, mas tem medo. Você sempre, sempre tem dúvidas de que qualquer um pode te amar somente pelo que é, e por isso se enganou por tanto tempo com Yoongi-ah. Sempre achou que ele era o único que poderia.

— Obrigado pela sessão de análise. Foi de graça?

100 dólares. Não fiquei rico fazendo as coisas de graça — eu ri dessa vez, mas fiquei preocupado dele cobrar de verdade — Se eu dissesse sobre Jaejoong, não teria ido.

— Como sabe tudo isso? É tão... — suspirei, apoiando a costas na parede e deslizei dramaticamente até sentar no chão. Jiji pulou da cama e se aninhou em meu colo.

Eu só sinto. As coisas vão aparecendo, tipo peças de quebra-cabeças. É difícil mexer com o futuro, mas você está onde deveria. Sério. Dê um ponto final de verdade com esse idiota e vá aproveitar os dias com Taehyung na fazenda, bem longe do nosso mundo. Todo mundo é mais feliz sem uma câmera gravando tudo, o tempo todo.

— Ok — dei um suspiro mais alto, afagando os pêlos de Jiji que começou a ronronar.

Agora eu preciso fazer uma nova matéria sobre o álbum do Tae. Comece a gravar algo pra Winter Bear na viagem e não esqueça o prazo do Grammy — como se eu pudesse esquecer, CEO Park mandava mensagens todos os dias - todos os dias mesmo! -, por que o Vendetta seria nosso maior lançamento do ano — Ah, e considere algo com Tomorrow e Together. Eu gosto de como soa.

— Sobre o que? Do que cê' tá falando?

Tchau, Jeongguk — e desligou.

É... eu teria de esperar pra ver. Talvez fosse uma sugestão de nome para alguma música.

Batidas soaram na porta, Jiji pulou pra fora do meu colo e crispou os dentes, Tannie abriu um único olho e rosnou baixinho, então eu sabia bem quem era. O que não deixava de ser assustador, principalmente por ele ter uma presença tão forte a ponto de incomodar os animais. Levantei, indo até a porta e Jaejoong sequer me deu tempo de raciocinar antes de apontar para um pedaço de papel em sua mão.

— Entrevista hoje — era um convite direcionado a ele, como produtor Lee, vindo de uma rádio da cidade — Taehyung vai apresentar Winter Bear e anunciar as datas da pré-venda do Vendetta.

— Que? Não! — rebati quase de imediato — Não é assim que trabalhamos, a equipe não fechou o design nem aprovou todas as fotos, o MV da faixa principal nem foi gravado! Não podemos chegar dando informações assim.

— Não precisa de uma data fixa. Apenas o mês de lançamento. Ele pode falar das expectativas pro Grammy, talvez indicar interesse para alguma performance também. A rádio toca em toda Costa Oeste e o horário que colocarão Taehyung-shi é o melhor. Vocês querem lançá-lo ao Ocidente com a mesma lógica da Ásia, isso não funciona aqui, ele é "carne nova".

— Ele lota estádios. No mundo todo. E aqui já foram mais de dez, não é como se Taehyung fosse um iniciante.

— Não é, mas pro Grammy, ele chegou agora! — Jiji crispou os dentes pra ele de novo quando falou um tantinho mais alto comigo. Eu entendia bem o sentimento, mas infelizmente não podia deixá-la arranhar a não-tão preciosa cara de Jaejoong, então o fiz afastar pro corredor e sai do quarto, fechando a porta para que ela não saísse — Eu vi o que o CEO Park tá tentando fazer, seus produtores principais podem receber uma indicação além de outros da equipe técnica. Ele quer usar o Vendetta e a sua sorte como ponta de lança para conseguir prêmios e entrar no mercado ocidental. E é uma estratégia muito esperta, mas Taehyung precisa crescer em vendas dentro dos Estados Unidos e divulgá-lo melhor, vai ajudar.

Parei um momento, tinha que ignorar a parte de mim que odiava tudo que ele dizia somente por ser ele dizendo e pensar de forma técnica. Taehyung vendia muito bem, principalmente a nível mundial, mas dentro dos Estados Unidos ainda não tínhamos passado das 100 mil cópias puras. Nós precisávamos mesmo crescer nisso.

— Eu não tô dizendo que tem razão! — eu odiava ficar sem argumentos com alguém que não gostava, me fazia sentir agitado, eu mexia minhas mãos como se não as controlasse — Mas talvez pode ser uma b-

Não terminei a frase, porque suas mãos estavam em meu rosto e nem tive tempo de reagir antes de sentir pressionar um beijo em meus lábios. Foi rápido, o momento exato que segurei seus pulsos para afastá-lo de mim, Jaejoong o fez antes, recuando um passo, se livrando das minhas mãos facilmente. O sinal sonoro do elevador soou, virei um segundo para as portas já fechadas e depois pra ele, com a cara cínica de sempre.

— É... desculpe? — ele pediu, ainda com a expressão de quem estava se divertindo muito em brincar comigo de novo.

Até minha tolerância tinha limites.

— Tá demitido. Se sair agora ainda dá tempo de eu não rasgar a porra do seu contrato e ainda consegue o pagamento do mês — limpei a boca com o dorso da mão.

— Não precisa drama, s-

— Se eu ver você com a equipe no almoço, te processo por assédio e é seu strike 3. Caso não lembre você foi condenado por "Revenge Porn" e extorsão quando tentou negociar com secretário Chan pelas minhas fotos. Com certeza você foi muito bom em enganar a CF Entertainment e conseguir esse emprego, mas teve  sua chance e acabou de jogar pela janela — peguei o cartão-chave do bolso, me virando para voltar ao meu quarto. Se Jimin-shi me mandou pra cá pra lidar com o assunto, isso era eu lidando com o assunto.

— Não, não... calma — colocou a mão no leitor do cartão-chave pra me impedir de entrar — Eu saio, numa boa. Mas depois da entrevista.

— Sem chance — tentei empurrá-lo, mas ele conseguiu forçar o corpo e eu devia só resolver isso a moda antiga e enfiar a mão na cara dele.

— Eu consegui a entrevista, não a empresa. As cinco da tarde, quando acabar, eu pego minhas coisas e vou embora, nunca mais vai ter de me ver de novo. Não vou falar do namoro estranho de vocês ou da tal maldição — eu tinha esquecido que ele sabia disso, suspirei alto — Só a entrevista, eu encerro com Taehyung sem grandes problemas e ele ainda sai ganhando.

— Eu posso resolver isso com sorte — rebati.

— Se sua sorte funcionasse tão bem, eu não estaria aqui.

Eu odiava que ele tivesse razão. Eu realmente nunca soube até onde podia fazer a minha sorte funcionar, o universo gostava de mim pra caramba, mas não tanto quanto eu gostaria, e parecia gostar bem menos agora que Taehyung era uma constante na minha vida. E depois dessa situação, o universo com certeza não gostava de mim o suficiente para me poupar de um quase ex namorado maluco.

— As cinco, você some daqui. E espero, pro seu próprio bem, que nada errado aconteça nessa entrevista.

+++

TAEHYUNG

— Então... O gerente Lee beijou o Jeongguk — assenti, sentindo minha cabeça doer como nunca tinha acontecido antes. Talvez fosse estresse combinado com a raiva — E o Jeongguk beijou por que queria? Ou ele agarrou o Jeon? Porque se for o caso, a gente tem que demitir esse cara, tipo agora — eu assenti, depois neguei. Não sabia com certeza. Mas eu esperava que não, pelo menos não depois do que houve ontem. Mas talvez fosse justamente por ontem que ele podia estar preferindo o Gerente Lee? Se eu era tão complicado em me envolver sexualmente, Jeongguk tinha todo o direito de buscar isso em outro lugar. Era uma das condições do relacionamento, inclusive.

— O que eu devia fazer, hyung? — perguntei, esperando alguma solução.

— Falar com ele?

— E como eu faço isso?!

— Que tal um "Jeongguk, eu vi você beijando o Gerente Lee... Você tá dormindo com ele ou eu posso demiti-lo por justa causa?". Pra mim é um bom começo — ele não podia estar falando sério, podia? Eu não teria coragem de confrontá-lo assim! — O que você espera? Seu namorado foi beijado por outro homem! Acho que não tem nada possessivo ou controlador em perguntar o porquê dele trocar saliva com seu gerente.

— Por que quando você fala a situação parece pior?

— Eu não tenho outra solução além do diálogo. Você só precisa ter coragem, Taetae — ele parou um momento — Isso é um ótimo conselho, acho que podia servir pra minha história. Diálogo... Por que ninguém se abre em fanfic?

— Ninguém se abre na vida. Se fosse você, não ia ter coragem de confrontar — rebati.

— Provavelmente. Por que as pessoas são tão covardes com os próprios sentimentos?

— Porque lidar com seres humanos é terrível? — respondi, deitando a cara na mesa, olhando pra xícara vazia do meu lado — Ou porque... ser sincero emocionalmente soa como humilhação.

— Isso foi muito inteligente — ri soprado, mas eu me senti esperto mesmo assim — É... isso vai pra minha fic.

— Vai me creditar como co-autor? — ele não estava dando atenção, já estava digitando algo no seu bloco de notas do celular, só desviando o olhar quando JiSoo se aproximou de nós dois  e sentou-se junto à mesa ao meu lado.

— Gerente Lee conseguiu uma entrevista pra você, Taetae. Hoje à tarde. E porque tá com a cara na mesa?

— Tô pensando...

Será que dava pra considerar como traição sendo um namoro falso? Por que ele iria querer beijar Jaejoong-shi? Ele tinha cara que beijava mal... os lábios eram feios. Eu sou todo bonito. Por que ele iria preferir outra boca além da minha? Será que Jeongguk gostava de bocas feias?

— Taetae, tá me ouvindo? — a noona perguntou, ergui o rosto de má vontade — Ah, e consegui um jato pra visitar o avô do Jeon, a empresa disse que não cobra a locação se você e Jeongguk postarem uma foto juntos de frente pro avião.

Fotos juntos... viagem de graça... Sorri. Boca feia do Jaejoong-shi... os chifres na minha cabeça...

— Paga a locação — falei.

— Vocês nunca postam fotos, eu nem tenho mais foto nova pra fazer post — Jin-hyung reclamou.

— Ninguém mandou ser autor de fanfic.

— Enfim! — a noona falou mais alto — Passamos só mais um dia aqui — ela deu um sorriso empolgado enquanto verificava algo no tablet — Vai ser sua primeira entrevista já podendo falar sobre o Vendetta. Tente focar nas músicas que você mesmo compôs ou teve de trabalhar mais duro, ok? Composição é muito valorizado.

— Gerente Lee vai comigo? — questionei.

— Sim, ele e Jeongguk. Pediram muito que Jeon fosse com você.

Claro que pediram pelo coelho da sorte. E claro que Jaejoong-hyung também iria. Isso podia significar que eles estavam se encontrando? Eu era um neurótico com sexo e agora ele tinha ido atrás de alguém que não era como eu? Será que Jeon estava dormindo com ele? Não, nós dormimos juntos todas as noites... mas se ele escapou da cama no meio da noite? Ele até deu um Cooky de pelúcia parecido com o que tinha em casa.

— Vocês vão ao estúdio depois do almoço, é uma entrevista pra uma rádio muito importante, vai ser ótimo pro álbum. Como está seu inglês?

— Péssimo?

— Não está péssimo, você tava gritando pelo Jeongguk na parada com um inglês perfeito! — Jin-hyung lembrou. É... não estava tão ruim assim, eu até consegui passar vergonha em inglês com a velhinha da farmácia — Não acha que devia falar com seu namorado?

— Não tenho o que falar — eu não ia ter coragem. Eu não tinha direito de lhe cobrar explicações, Jeongguk já fazia muito por mim, que razão eu tinha de pedir exclusividade? Eu já tinha tirado a liberdade dele de estar com alguém que realmente queria pra me manter à salvo... não tinha direito de pedir nada mais.

— Tudo bem, então — Jin-hyung continuou ocupado com sua fanfic, digitando freneticamente no bloco de notas, mas sua expressão não estava nada feliz pela minha covardia em evitar o confronto — Você que sabe o que fazer com a sua sorte.

(...)

— Você almoçou? — Jeongguk entrou no quarto enquanto terminava de me trocar. E não, eu não tinha almoçado. Tentei. Três colheradas foi o máximo que me obriguei a engolir — Desculpa essa entrevista do nada, mas vai ser bom pro álbum.

— Foi ideia do Jaejoong-shi? — perguntei puxando as mangas do brazer, estava quente lá fora, mas o estúdio teria um ar-condicionado mais forte que o do quarto, provavelmente. Jeongguk pareceu perdido antes de assentir — Ele é... Um cara inteligente — ele nem concordou ou negou. Parecia incomodado.

Será que ele sabia que eu sabia? Estava com vergonha por estar com outro cara? Ele estava mesmo com outra pessoa? Ele ficou com outros quando estava na Coreia?

— Ele não vai pra Europa com vocês. Secretário Chan já achou uma gerente ótima para substituí-lo — isso tinha sido ideia de Jeon? Ou Jaejoong que não queria mais trabalhar comigo depois de tudo? Minha cabeça estava doendo muito mais agora do que antes, eu não conseguia sequer pensar direito — Pedi pra não filmarem no caminho pra entrevista, a equipe está de folga oficialmente — assenti — E vamos poder visitar o vovô em paz — assenti mais um vez — Tae, o que houve?

Olhei nos olhos dele. Eu podia perguntar, mas que direito eu tinha? Se não demitiu gerente Lee logo de cara, provavelmente o beijo não foi sem consentimento. Substituí-lo é diferente de chutá-lo da equipe depois de fazer algo errado. E se Jeon aceitou o beijo, eu não tinha por que ficar bravo. Ou magoado. Mas eu não ia fingir que estava feliz, mesmo não tendo direito de ficar triste.

— Nada, eu só... descansar uns dias vai ser ótimo — dei o melhor sorriso que pude e aparentemente convenceu, porque ele sorriu de volta — Podemos ir — Jeon chegou mais perto, como se fosse me beijar, mas eu afastei o rosto para o lado. Não conseguia fingir tão bem assim, mas não queria dar brecha pra mais questionamentos — Eu acordei com uma afta — menti — Tá doendo um pouco...

— Ah... Eu vou pedir pra JiSoo-noona passar na farmácia — sorrimos um pro outro, mas pareceu doloroso de ambas as partes — Vamos, então.

+++

JEONGGUK

A entrevista não era somente para a rádio, estava sendo transmitida pro resto do mundo pela internet, o que era bom, já que podíamos alcançar muito mais gente, ao mesmo tempo que me deixava mais nervoso. Taehyung parecia aéreo enquanto falava, mesmo que conseguisse explicar bem sobre como o álbum foi um trabalho mais orgânico, ao mesmo tempo que houve um acampamento de produção e como tinha expectativas altas, ele esquecia coisas básicas até nas menções em coreano das músicas. O inglês dele felizmente estava bom o bastante e o sotaque não atrapalhava. Ainda assim, ele parecia acuado.

— Eles querem falar sobre o namoro de vocês — Jaejoong estava atrás de mim, enquanto víamos de fora do estúdio, e falou num sussurro, se inclinando pra perto — Contatei o CEO Park pra saber mais. Ele disse pra manter a imagem — não olhei para trás, meus olhos ainda estavam em Taehyung, que mesmo sorrindo pro radialista, ainda tinha os olhos em mim — Gay, tudo bem. Exageros, não.

— O que é exagero? — murmurei entre dentes.

— O beijo na parada, digno de um comercial da Coca Cola, foi um exagero.

— Vá a merda — funguei, dando um passo pra frente porque não queria ele do meu lado.

— Vocês se veem mesmo como um símbolo pró-LGBTQs? Mesmo mentindo pra todo mundo? — não respondi, só lancei um olhar incisivo pra ele que ergueu as mãos, como se rendesse, recuando vários passos pra trás. Não havia muita gente em volta e quem estava não reparou em nós, estavam ocupados com a transmissão simultânea da rádio e da live.

— Então, Taehy- Taehyung? Acertei dessa vez? — o radialista tinha finalmente acertado o nome dele, Taehyung riu antes de assentir — Eu não podia deixar passar o que houve na Parada. Foi aqui em São Francisco, e isso foi muito grande. Vocês souberam da Times Square? — o homem apontou pra mim e neguei, Taehyung parecia perdido antes de negar também — A foto de vocês estava em quase todos os grandes telões da Times Square dia 31. Seus fãs pagaram por isso.

— É... Meu Deus. É incrível. Purples sempre tão... tão incríveis — eu não sabia dizer se Taehyung estava em choque ou realmente com dificuldades de achar as palavras.

— E você tem tanto amor e apoio, sua turnê tem mais demanda depois que se assumiu do que antes. Como você vê sua posição como um ídolo e um homem abertamente bissexual? — era uma pergunta difícil, uma garota da produção me trouxe um tablet, um rapaz fez o mesmo por Taehyung, para que pudéssemos ver as fotos da Times Square, enquanto nosso beijo era exibido pro mundo. A foto replicada em telas simultâneas, havia uma maior que era um vídeo, o sorriso depois do beijo. Se repetindo varias e varias vezes. Ergui os olhos e Taehyung estava olhando pra mim.

— Eu... não estaria aqui agora se não fosse por Jeongguk. Ele... ele salvou a minha vida. E graças a ele, nosso país nos apoia. Sou grato aos purples, sem meus fãs eu não seria ninguém, mas eu só... só tive uma chance graças ao Jeongguk. Ele... ele me deu a chance. De... de ser o que sou agora.

A câmera da transmissão virou pra mim enquanto eu só olhava para Taehyung, sem saber direito o que fazer. Ele falava sorrindo, mas não alcançava seus olhos. Estavam realmente tristes.

— Ficar ao lado dele, as coisas funcionam. Eu nunca melhor. Nunca... nunca estive melhor — ele riu envergonhado por ter esquecido a palavra. Eu ainda só olhava pra ele, e ainda via algo errado em seus olhos. Ele parecia pálido também, mas talvez fossem as luzes brancas do estúdio.

— E eu soube que estão trabalhando em algo juntos?

— Ele vai gravar cenas para Winter Bear. É uma música simples, como uma canção de ninar. E Jeongguk faz ótimos vídeos.

— Eu esperava algo como um dueto, você canta, certo? — o radialista apontou pra mim e a câmera da transmissão voltou pra minha cara. Dueto? Alguém da produção carregou um microfone pra mim.

— É... — o som da minha voz projetada parecia estranho — Olá, eu sou o Coelho da Sorte — por que me apresentei assim? Era só ter respondido de uma vez! — E não, nenhum dueto por enquanto. Preciso me... me esforçar mais. Eu não sou... Vamos pensar sobre isso, aguardem ansiosamente pelo dueto. Mas eu penso em fazer minha própria música em algum momento. Talvez eu até... lance uma mixtape! — ri baixo, duvidava muito que teria tanta coragem, mas era melhor dar a resposta que eles esperavam ouvir.

— Ah, mas com certeza tem alguma música que os dois conhecem que podem cantar agora — eu já estava devidamente arrependido de ter aceitado essa entrevista.

A produtora acenou pra que eu entrasse no estúdio e dei um sorriso pequeno antes de realmente o fazer, dando uma porção de reverências como se houvesse um número grande de pessoas lá dentro, quando só havia o tal Dylan, o radialista, os três operadores de câmera e Taehyung. Sentei no encosto da poltrona que Tae estava.

— Então, Taehyung, você começa — o apresentador pediu

"Por favor, Taehyung. Não comece", implorei em meus pensamentos.

— É... John Legend? John Legend. Cause all of me... — ele simplesmente começou a cantar do nada a primeira música que veio à mente — Loves all of you, love your... Jeongguk-ah! — reclamou quando não comecei a cantar junto.

Love your curves and all your edges, all your perfect imperfections — começamos a cantar juntos, eu fazendo minha voz soar mais baixa de propósito — Give your all to me, I'll give my all to you...

— Jeongguk-ah! — ele reclamou como uma criança quando percebeu minha voz sumindo abaixo da sua e ri baixo — Voce tem que cantar também! — assenti, eu cantaria um bocadinho mais alto só por ele.

You're my end and my beginning, even when I lose I'm winning, cause I give you all ... — minha voz soava mais aguda comparada a de Taehyung, mas ainda grave e semelhante em parte. Como a mesma voz cantando em tons diferentes. Um dueto real seria realmente bonito, tínhamos timbres completares.

— É, acho que é o suficiente — falei, sentindo meu rosto ficar vermelho. Taehyung estava rindo baixo e sorria pra mim, o que era bom. Eu estava preocupado com ele desde que saímos do hotel.

— Isso foi incrível, sua vozes são perfeitas juntas — tudo bem que podia ser só um elogio padrão de comunicador, não algo sincero, mas Taehyung ainda estava sorrindo, então eu tentei sorrir de volta. Fazia muito tempo mesmo desde que cantei na frente de alguém — E Taehyung ainda vai nos mostrar Winter Bear hoje. Incrível. Vamos com o intervalo, enquanto isso vocês podem ouvir Spring Day, é sua maior música? — Tae riu baixo e assentiu.

— Não sei dizer se é a maior música, mas ela se recusa a sair dos charts.

Eles riram juntos, Spring Day começou a tocar na transmissão e pelos alto-falantes do estúdio da rádio. A câmera da transmissão mudou de luz verde pra vermelha e era o meu momento de ir. Eu sentia falta de cantar, mas eu nunca fui muito confiante antes e depois que veio a sorte, tudo parecia fácil demais... Eu não queria ser um cantor que conquistou o mundo por ser a pessoa mais sortuda que existe. Não há mérito em vencer dessa forma. Yoongi-hyung e Soyeon sempre acharam isso besteira.

— Você foi muito bem, Jeongguk-ah — Taehyung disse, antes que eu realmente voltasse para os bastidores. Eu gostava de como o programa era gravado, parecia um daqueles podcasts famosos, ainda tinha as mesas de som tradicionais da rádio, mas tinha esse estúdio de entrevistas adjacente. O programa era realmente popular, o que fazia a minha vergonha pelo dueto valer a pena —  Mesmo usando minha voz pra se esconder, foi incrível. Vai cantar mais vezes?

— Eu vou pensar no assunto — ele ainda parecia meio triste. Ou incomodado. Não dava mais para ignorar — Tae, o que-

— Ele está chamando — apontou pra fora do estúdio, na direção de Jaejoong que acenava para que eu fosse até onde estava. Taehyung parecia mais incomodado agora. Ele estava com ciúmes?

— Eu tenho algo pra te dizer quando sairmos daqui — disse, e beijei o seu rosto antes de deixar o estúdio, Taehyung pareceu confuso, mas não perguntou nada. Caminhei até Jaejoong — O que você quer?

— Estou deixando meu presente de despedida. Eu não sou tão rancoroso — me entregou o tablet da produção, seu crachá e abriu um arquivo em pdf na tela — Isso são os mapas das estruturas de palco, eu adicionei os prompts com as letras, fora do alcance de câmeras de fansites e não há nada sobre isso no material dos DVDs. E ah...—  tirou dois pins do bolso, o do Cooky e o Tata e meu e de Taehyung juntos, da coleção Taegguk lançada em maio — O hotel achou seu presente.

— O que tinha acontecido com ele?

— Eu... tinha jogado fora — suspirei alto, por que a informação não tinha me surpreendido?

— Por que fez tudo isso? Qual era o grande plano?

— Nunca teve um grande plano. Eu queria conhecer Taehyung, ver quem era o cara por quem o "Coelho da Sorte" arriscou tudo. Eu fiquei um pouquinho ressentido e sabotei vocês,  principalmente depois de descobrir como vocês estão mentindo pra todo mundo, mas, qual é?! Não foi nada tão grave.

— Você devia procurar um psiquiatra. Terapia intensiva. Você precisa mesmo de ajuda, Jaejoong — suspirei a milésima vez só aquele dia — Nunca mais chegar perto de mim e do meu namorado...

— É fascinante como vocês se tratam como namorados de verdade — não respondi, não tinha mais o que falar — Enfim, eu te odeio, mas não vou pra cadeia por sua causa, estou oficialmente fora da sua vida e de Kim Taehyung — eu estava quase acreditando que ele não era tão ruim assim — Que tal um beijo de despedida?

E ficou mesmo no quase.

— Vai pro inferno.

— Não devia tratar melhor alguém que sabe o que sei, Jeongguk-ah?! — ele estava tentando me chantagear mesmo acabando de dizer que não arriscaria ir pra cadeia? Algumas pessoas realmente não tinham conserto — Ok, ok! Eu realmente não quero ir pra cadeia. Mas e se você me indicass- — ele se calou quando varios pedidos de ajuda soaram ao mesmo tempo, Spring day já estava no final, havia mais uma música pra tocar e fiquei perdido por um segundo, tentando entender o que havia de errado, até ver Taehyung apagado na poltrona. O rosto dele tão pálido que parecia uma folha de papel. Abri caminho por entre as pessoas em volta dele, me ajoelhando ao seu lado.

— Tae... Tae... seria... seria muita sorte você acordar — eu não tinha percebido meu próprio nervosismo até estar gaguejando as palavras. Nada aconteceu, ele não esboçou qualquer reação — Seria muita, muita sorte você acordar agora... Eu vou... Vamos Tae, acorda. Acorda, por favor acorda — por que nada estava acontecendo? Me virei para a pessoa ao lado, era uma das produtoras, ela já estava ao telefone, chamando por socorro — Onde fica o hospital mais próximo?

(...)

— Eu posso ir embora? — suspirei, sentado na sala de espera onde nos colocaram, olhando para a expressão impaciente de Jaejoong.

— Não pedi pra você vir.

— Minha maior sede de trabalho é em São Francisco, se eu largo meu maior cliente no hospital sem ele ter tido alta, isso pode prejudicar minha reputação — grunhi entredentes. Tinha quase cinco horas que levaram Taehyung pra dentro. Ninguém disse nada, na rádio falaram ser um problema técnico que impossibilitou o resto da entrevista e eu estava deliberadamente ignorando as ligações de JiSoo desde então.

— Que reputação? Você postou as minhas fotos na sua conta pessoal e profissional do Twitter, lembra?

— Pra que tanto drama? Você é homem! Ok, você é famoso e tem de ter a imagem de ídolo perfeita mesmo não sendo um, mas não é como se fosse um grande sofrimento.

— Ninguém sabia que eu era gay! — rebati — Eu não tava pronto!

— E estava quando Taehyung te tirou do armário numa coletiva de imprensa pro país inteiro? — eu queria mesmo ter uma resposta, mas eu não tinha, porque eu só aceitei perdoar Taehyung. Nada realmente apagava o que ele fez — Eu acho que agiria até pior se estivesse com a faca no pescoço igual a ele, mas Kim Taehyung não é um anjo. Você é muito bom em dar segundas chances a quem não merecia nem a primeira.

— Tipo eu fiz com você te mantendo no emprego mesmo sabendo a pessoa aproveitadora e cínica que você sempre foi? — ele deu de ombros.

— Talvez. E tipo vai ser com ele quando o "vocalista da nação" te largar e esquecer magicamente que é bissexual. Você morre de medo disso, não é? De ser usado de novo. Eu quebrei seu coração. Min Yoongi quebrou, só que menos eu acho. E agora vem Kim Taehyung... e você espera que não seja igual, mas no fundo sabe que vai — eu ainda não conseguia dizer nada pra ele — Parte de mim tem pena de você, Jeongguk. Ele vai te ferrar bem mais do que eu jamais conseguiria.

— Senhor Jeon? — a voz do médico soou de trás de mim, e demorei pra me virar na direção dele. O homem conseguia falar em coreano até que muito bem, era sorte ele estar de plantão justamente naquela noite, mas eu ainda estava meio atordoado. Tudo que Jaejoong disse era como um turbilhão na minha mente — Desculpem fazê-los esperar tanto, mas queria fazer todos os exames que pediu e falei com o senhor Kim antes — ele fez uma pausa longa — Ele... está ótimo. Foi uma queda de pressão, ele disse que não comeu bem. Mas eu quero falar com o médico da empresa.

— Não é o primeiro desmaio que ele tem.

— Eu entendo. Mas os exames não indicam nada... preocupante. Talvez um reforço nas vitaminas — a pausa ao falar me chamou atenção, mas talvez fosse o esforço em manter-se falando em uma língua que não era a sua — Ele pode ir hoje mesmo. E está liberado para pegar voos também, ele disse algo sobre uma viagem em família.

— Nós vamos ao Texas.

— Taehyung pode ir sem problemas, não se preocupe. Eu vou assinar a alta dele e... pode me passar o contato do médico responsável? — mesmo que dissesse que Taehyung estava bem, aquilo não parecia um bom sinal. Mas eu daria um jeito de descobrir caso o doutor... Connor? - era o que dizia no jaleco -, estivesse me escondendo algo.

— Claro. Vou pedir a nossa gerente para enviar o número — o médico acenou com a cabeça antes de voltar pelo mesmo corredor que veio, me virei pra Jaejoong antes de seguir na mesma direção — Volte pro hotel, pegue suas coisas e desapareça antes que eu chegue lá.

— Vai me bater se eu estiver? — falou um pouco mais alto pra que eu pudesse ouvir, respondi sem olhar pra trás.

— Apanhar você vai, mas provavelmente não de mim.

+++

TAEHYUNG

— Senhor Kim, eu nunca vi um caso como o seu antes — o médico ainda não tinha ido falar com Jeongguk, eu pedi pra que ele viesse me ver antes, especialmente depois de ser a terceira ou quarta vez que eu acabava no hospital em quase seis meses. Tinha que ter algo a mais. Ele falava coreano até muito bem, claramente foi a sorte de Jeongguk pra justamente ele ser o plantonista, coreano não é muito comum fora da Ásia, ainda mais nos Estados Unidos — Por enquanto é uma suposição, mas acredito que exista um coágulo em seu cérebro.

Ok, talvez eu não esperasse algo tão sério assim.

— Só que o que é realmente estranho, ou talvez não, é que ele é... mutável. É como se o sangue acumulasse e de uma hora pra outra desaparecesse. Podemos comparar como se seu corpo acionasse uma bomba no início de um dia e desligasse no final. O senhor fez duas tomografias quando chegou por insistência do seu namorado — assenti, Jeongguk estava paranoico com meus exames e insistiu que as tomografias fossem feitas e o médico acompanhasse as duas — O coágulo estava lá na primeira. Na segunda, tinha quase que desaparecido totalmente. Num intervalo de 4 horas de um para outro.

Então era isso? O Universo não estava sendo feito de idiota afinal de contas. Ele colocou uma "garantia" em mim. Talvez por isso as dores de cabeça e minha memória que já não era boa, estar cada vez pior. Eu podia falar com Jeongguk sobre isso, mas o que poderia dizer? Ele já estava fazendo o máximo que podia. Estava comigo, me desejava sorte, e essa sorte que estava me mantendo vivo no momento.

— Eu quero conversar com seus médicos. Monitorar o que está havendo com seu cérebro. Mesmo que o Coelho da Sorte ajude, parece que sorte não é o suficiente — era estranho como as pessoas falavam de Jeongguk porque todo mundo sabia quem ele era. E o médico rapidamente deduziu que era sua sorte que estava interferindo a meu favor. Mas sorte não era o suficiente, Yoongi-hyung já tinha dito isso. Jeon não me amava o bastante pra me salvar — Isso pode começar a afetar seu desempenho nos palcos, especialmente pela área. A região do hipocampo é muito sensível.

— Não vai afetar — dei um sorriso quase confiante demais — Eu já sobrevivi há muita coisa, o senhor nem ia acreditar. O problema aparece de manhã, some a noite — dei de ombros como se não fosse nada demais — Dá pra lidar! Eu tô há seis meses tendo o ano mais louco da minha vida e namoro Jeongguk há cinco. E todos os dias parecem o último, mas... não é assim pra todo mundo? Quem tem garantia de alguma coisa? — uma risada nervosa escapou, mas ao menos eu não gaguejei enquanto falava. Meu discurso até parecia confiante — Eu vou poder viajar com ele pro Texas?

— Senhor Kim...

— E seguir com a turnê? As purples... é a maior turnê da minha carreira. São estádios. A apresentação final é agora em julho, no estádio olímpico de Seul. E... e tem as promoções do álbum. Jeongguk fez parte dele. E meus... meus amigos também. Eu só quero que diga que não vou precisar tomar remédios. Ou qualquer coisa com radiação que me impeça de cantar.

— Não vai. Mas eu quero manter contato. Uma vez no mês pelo menos, você vai fazer todos os exames de novo, principalmente a tomografia, e mandar pra mim.

— Eu posso seguir minha vida normalmente? — assentiu, mesmo que pela expressão ele com certeza escolheria me internar numa ala especial pra casos super raros — Não fale a Jeongguk sobre isso.

— Mas-

— Sério... Do que adiantaria? Eu recebo uma "sentença de morte" todo dia e rasgo toda noite. E isso só acontece, porque ele tá comigo. Dizer que ele não consegue impedir que as sentenças cheguem só arruinaria tudo.

— Senhor Kim- — ele falou em inglês dessa vez.

— Não argumente comigo em outra língua, eu não vou entender.

— Mas-

— Pode me dar alta? Eu quero ir pro hotel — insisti.

— O senhor não está levando a situação a sério.

— Eu estou. Muito a sério. Se eu contasse tudo que me aconteceu desde o começo desse ano até agora, ia entender. Só que é difícil explicar — tentei levantar da maca, se tinha vantagem naquela situação, eu só coloquei roupa hospitalar para fazer os exames, então já estava pronto pra ir embora — E eu também não quero explicar. Eu só quero ir pro hotel. E dormir. Diga pro Jeongguk que tive uma queda de pressão, é uma desculpa convincente, eu não almocei direito hoje.

— Tudo bem, o senhor é o paciente, tem a palavra final. Vou assinar sua alta — ele deixou a enfermeira que tinha apenas eu, fiquei uns bons minutos totalmente sozinho. Com certeza me colocaram numa ala vazia por ser famoso, a maioria dos hospitais grandes tinha lugares assim, quartos especiais e caros pra quem podia pagar. Meu plano de saúde devia estar muito feliz com os gastos ou com muita raiva de liberar internamentos um milhão de vezes.

— Taehyung-shi! Por que você não comeu! Você disse que tinha almoçado! — eu comecei a rir porque além de Jeongguk estar me tratando formalmente, estava falando com um sotaque que normalmente não tinha — Não tem graça! Você não acordava, hyung! Isso... isso- podia ser algo grave! Para de rir!

Eu parei, porque ele estava mesmo chateado.

— Sinto muito. Tá tudo bem, eu vou me alimentar melhor e vamos poder descansar quando estivermos com seu avô — ele cruzou os braços, parecia tentar conter a expressão emburrada, mas o bico era quase involuntário — Tá, tudo bem! Ok... eu não comi porque...

— Espera. Eu tenho algo pra contar — fez uma pausa — É sobre Lee Jaejoong-shi — ele ia mesmo falar antes de mim sobre o assunto? Ia falar mesmo sobre o beijo? — Lembra que... teve esse cara...  Que postou fotos minhas na internet, contando vantagem de ter dormido comigo, e que eu consegui dar um jeito com a sorte e sumir com tudo? — assenti, a memória era ruim, mas aquela história era difícil de esquecer — Esse cara é o Jaejoong-shi.

Minha mente pareceu desligar e ligar de novo em um segundo. Como que... O que? Eu tava trabalhando com esse desgraçado o tempo todo?

— E por que você não disse nada?! — eu falei alto o bastante pro hospital inteiro escutar — Por que não falou isso antes?

— Por que ele já tinha respondido a dívida com a justiça e eu achei talvez ele merecesse uma segunda chance! Ele podia ter mudado!

— Ele te beijou! — eu tinha dito que não ia cobrar nada dele, mas depois de saber quem Jaejoong-shi realmente era, eu tinha que entender aquele beijo.

— Você viu? — assenti freneticamente — Ele segurou meu rosto e beijou, foi muito rápido. Eu o demiti logo em seguida, ele abusou da minha boa vontade, mas a entrevista era importante e conseguimos graças a ele... fiquei com medo que isso pudesse te prejudicar, então adiei até depois dela. Jaejoong ia embora um pouco antes de você desmaiar.

— Devia ter me dito...

— Eu sei.

— Ele estava sabotando a gente. A noona tava certa. Eu tava certo! Eu sempre tô certo. Você socou ele? — negou com um aceno — Pois devia! Ele é um otário sabotador de namoros, eu vou encher a cara dele de tapa. Deixar a Jiji arrancar o olho dele na unha!

Eu quase esqueci que tinha recebido um diagnóstico fatalista dez minutos atrás. A vida  tinha momentos interessantes, não é mesmo?

— Taehyung, você não tem que defender a minha honra, tá? Eu já protejo o suficiente, obrigado. Não tenho mais o que falar a ele, Jaejoong não trabalha mais com você. Tá tudo bem. Ele não vai tentar mais nada contra nós porque se tentar, ele vai pra cadeia e eu faço questão de chorar pro governador e fazer ele pegar uns 5 anos no mínimo.

Eu não estava levando isso muito a sério porque Jeongguk tinha o maior coração-mole que existia no planeta, ele com certeza ficaria com pena de Jaejoong-shi e talvez até o livrasse da punição. Por que era o que ele fazia. Por isso o universo o escolheu, ele era bom demais pra esse mundo. Se ele fosse um bocadinho mais egoísta nem estaria comigo pra começo de conversa.

— Com licença, sua alta já foi assinada, senhor Kim. Já podem ir — a enfermeira disse a mim, mas entregou meus documentos a Jeongguk. Ele era quase meu responsável legal de qualquer forma.

— Quando estivermos com o vovô tudo isso vai ser só um dia longo e ruim como qualquer outro — Jeongguk disse, eu não estava tão certo disso, mas não ia estragar seu momento otimista. Meu plano no momento era um pouco menos pacífico, especialmente quando saímos da enfermaria e ele devolveu meu celular.

De Taehyung para JiSoo-noona:
Noona!
Jaejoong-sei está aí?

De JiSoo-noona para Taehyung:
Ele não chegou ainda.
Onde vocês estão?

De Taehyung para JiSoo-noona:
Quando ele chegar, segura ele aí!
Não deixa ele ir embora.

De JiSoo-noona para Taehyung:
O que houve? Ele fez alguma coisa?

Essa última mensagem eu vi apenas pela notificação. Ela ia me manter atualizado mesmo sem resposta e eu ia adiar até estarmos perto do hotel para dizer o que estava acontecendo. Eu era um santo? Não mesmo. Mas se eu merecia uns tapas - que teoricamente o universo já estava me dando -, então aquele sabotador de namoros também merecia.

Jeongguk estava em silêncio no carro, eu não queria forçá-lo a falar mais do que já tinha feito, provavelmente a discussão com Jaejoong-shi já tinha sido esgotante o suficiente, mas estava começando a me preocupar, principalmente por vê-lo usando o kakao, por que ele odiava responder mensagens, então se estava conversando com alguém - provavelmente Soyeon ou Yoongi-hyung - por vontade própria, alguma coisa estava o incomodando muito. E eu queria que ele falasse comigo. Mas comunicação parecia um grande problema pra nós, e continuaria a ser por um tempo.

De JiSoo-noona para Taehyung:
Ele tá no quarto, fazendo as malas.
Falou com Jin sobre rescindir o contrato.
O que houve?

Esperei até que o carro subisse a rampa da garagem do hotel antes de responder.

De Taehyung para JiSoo-noona:
É ele, noona!
O quase ex nojento do Jeongguk-ah! É o Jaejoong-shi!

Ela demorou um minuto pra responder, eu tinha mencionado a história somente uma vez, mas era um relato difícil de esquecer. O carro estacionou na vaga e a resposta veio.

De JiSoo-noona para Taehyung:
Eu jogo ele da escada. E você confirma que foi um acidente.

De Taehyung para JiSoo-noona:
Fechado!
Não deixa ele sair do andar. Leva reforço!
Ele não vai ir embora fácil assim.

Parecia que eu tinha um plano, mas não tinha. Jogar ele da escada não podia ser considerado uma opção de verdade, porém era completamente injusto que ele saísse numa boa depois de tudo! Ainda estava pensando no que dizer quando apertei o botão do elevador para o andar dele depois de Jeongguk apertar para o nosso.

— Tae... não. Eu sei que tá com raiva, conviveu com ele mais do que eu, mas você nem sabia quem era.

— Ele sumiu com seus presentes de propósito. Eu sei que aquela história do meu número de telefone com a sasaeng foi porque ele vendeu e também o staff trocar meu chip sem avisar foi por ordem dele. Ele sabotou nosso contato por semanas e-

— Ele sabe da maldição — Jeon concluiu e esse ponto eu não estava preparado — Ele ouviu JiSoo-noona e Jin-hyung falando sobre isso. Sabe que nosso namoro não é real.

— Ele...

— Não vai falar. Só... não acerta a cara dele, ok?! Deixa ele ir embora, não tem mais o que discutir sobre isso — não era o que eu queria, mas entendia o porquê do receio. Provavelmente Jaejoong não tinha prova alguma, mas até uma declaração pública podia trazer consequências. E eu já estava ferrado, não é? Era melhor não piorar. As portas do elevador abriram no andar de Jaejoong-shi.

Ele estava mesmo lá, parado no corredor. E a noona também. E o reforço dela, que era literalmente Jiji, Tannie e Jin-hyung. Aquela era, com certeza, uma das cenas mais esquisitas do mundo. Jiji atacava a perna direita de Jaejoong-shi que tentava soltar as garrinhas dela de sua calça, Tannie estava muito empenhado em arrancar o cadarço da bota e a noona... Estava batendo nas costas dele com um caderno. Só Deus sabia de onde ela o arranjou, mas talvez fosse o das fanfics do Jin porque ele parecia tentar salvar o objeto enquanto... fingia golpes ninja?

— Que porra é isso aqui... — Jeongguk conseguiu verbalizar bem o que eu estava pensando.

— Da pra parar?! — Jaejoong gritou enquanto a noona seguia empenhada em acertá-lo com o caderno e Jin-hyung fingia ajudar — Por que você tá me batendo?

Pelo menos nenhum hóspede saiu pra ver o que tava acontecendo. E o gerente do hotel não tinha aparecido, nem ninguém chamou a polícia. Ainda. Jeongguk me puxou pra fora do elevador porque as portas já iam fechar de novo e estávamos chocados demais pra reagir antes.

— Voce é uma vergonha pra comunidade! — JiSoo-noona berrou de volta.

— Do que cê' tá falando? Vocês são malucos! — eles finalmente pareceram notar nós dois, talvez pelo sinal sonoro do elevador atrás de nós quando fechou as portas — Tira essa gata daqui!

Meeow! — foi a resposta de Jiji que cravou as unhas na coxa dele e nem uma boa calça conseguia salvar alguém das garras de Jiji quando ela estava com raiva. Me senti tão orgulhoso...

— Eu vou matar essa gata!

— Voce não mexe com minha Jiji, seu gerente desgraçado! Sabotador de namoros! — tentei tirar Jiji da perna dele, mas ela estava empenhada em acabar com ele — Jiji, larga! Larga ele, Jiji!

Meeeow!

— Sai gata maldita — Jaejoong-shi começou a sacudir a perna tentando fazê-la soltar.

— Não fala assim dela! — JiSoo-noona chutou a outra perna dele e Jaejoong quase caiu, talvez mais pelo susto que pela força — Jin, ajuda aqui!

— Tannie! — falei quando consegui fazer Jiji soltar a perna finalmente, mas ela continuava sacudindo as patas como se pudesse arranhar a cara de Jaejoong-shi se eu a soltasse — Jin-hyung, pega o Tannie!

— Manda essa maluca parar de me bater!

— Vergonha! Vergonha! Vergonha! — a noona acertava uma cadernada a cada palavra.

— Tannie, larga a bota, Tannie! — Jin-hyung tentava puxar a bolinha de pêlos que estava dando mais trabalho que Jiji pra largar Jaejoong — A Dispatch mandou você? Você é um espião?

— Você queria sabotar o Taetae! — JiSoo-noona grunhiu, agora sem Jiji e Tannie, Jaejoong-shi desviava melhor das pancadas — Depois de tudo que fez, você tem coragem de voltar pra vida do Jeongguk-shi!

Quando ela falou isso, finalmente olhei pra Jeongguk. Ele estava parado dois passos atrás de mim, incapaz de esboçar qualquer reação, apenas olhando a cena como se estivesse muito chocado pra dizer ou fazer alguma coisa. Se fosse o caso eu entendia totalmente o sentimento, principalmente porque Jiji no meu colo queria mesmo pular de volta em Jaejoong-shi e arrancar o olho dele de verdade.

— Jeongguk já me demitiu! — desviou do golpe do caderno indo pra trás de Jin-hyung que foi pro lado da noona, não estava disposto a ser escudo de ninguém — E que direito vocês têm de me julgar quando o falso bissexual tirou o Jeon do armário pra Coreia inteira? — isso fez a noona parar de tentar acertá-lo. Até Tannie ficou quieto, Jin-hyung o colocou no chão e ele ficou paradinho, olhando tudo. O argumento funcionava bem, porque era exatamente o que eu usei contra mim mesmo assim que comecei a conhecer Jeongguk melhor.

— Estávamos desesperados — ela disse, sem fôlego.

— Não justifica. Vocês dizem isso a si mesmos pra se sentirem melhor, mas não se importam com os sentimentos dele tanto quando eu.

— Jaejoong, chega. Vai embora — Jeongguk pediu, não dava pra saber se ele estava com raiva ou tentando disfarçar o que tava sentindo com uma voz monótona, mas ele foi firme o suficiente pra ninguém argumentar — Seu contrato vai ser cancelado, ainda vai receber um pagamento e ainda tem a chance de não ter a carreira manchada nem ir pra cadeia, agora vai embora. E se tentar prejudicar o Taeh-

— Por que tá protegendo tanto esse cara? É só a maldição? — ninguém disse nada, nem Jeongguk. Eu queria falar alguma coisa, me sentia estupido por não dizer nada, mas eu não sabia o que dizer. Eu não podia ficar só calado e escutar. Precisava rebater — Eu não vou pedir desculpas pelo que fiz, já fui penalizado o suficiente, mas você sabe que tá se ferrando de novo enquanto tá dando pra esse cara!

— Olha aqui, ele não me deu nada ainda não! — gritei de volta e pela cara de Jin-hyung e JiSoo-noona, era melhor eu ter ficado quieto. Jaejoong-shi deu uma risada incrédula, me olhando como se eu fosse idiota. Eu me sentia bem assim  — Não foi... quer dizer-

Era melhor desistir de tentar dar uma resposta.

— Ok, já deu desse circo. Como disse antes, Jeongguk, boa sorte. E adeus. Eu termino com as minhas coisas amanhã bem cedo pra não encontrar nenhum de vocês — ele olhou pra todos nós uma última vez — Bando de lunaticos.

— Vai pro inferno — Jin-hyung disse, Jaejoong virou pra ele na intenção de revidar e Jin-hyung assumiu sua pose de ninja como se ele pudesse mesmo dar um golpe de verdade sem quebrar todos os dedos na tentativa. Jaejoong-shi resmungou qualquer coisa antes de passar por nós em direção ao elevador — É! Melhor ir embora mesmo! — apertou o botão do elevador, mas ainda tinha uns 10 andares pra descer até onde estávamos, então foi um longo momento constrangedor com o "inimigo" parado à três metros de distância, com todos nós olhando para ele, esperando que pudesse ir embora — É...!

Eu quase suspirei aliviado quando o elevador abriu as portas e ele entrou.

— E se voltar aqui- — a tentativa de ameaça de Jin-hyung acabou logo que as portas do elevador fecharam novamente. Ele conseguiu ficar incríveis trinta segundos em silêncio — Nossa, isso foi emocionante! Acho que vou fazer uma cena assim. Mas você, Taetae, vai saber lutar e Jaejoong-shi pode ser um ex noivo psicótico. Ele pode... ser um mafioso. E no último segundo, quando você vai perder a luta, Jeongguk-ah te salva.

— Você tá mesmo fazendo cena de fanfic do que acabou de acontecer? — JiSoo-noona devolveu o caderno dele, Jiji pulou do meu colo, correndo até Tannie, lambendo os pêlos do topo da cabeça do filhote — Aí, quer saber? O dia foi bem longo, vamos dormir — ela não tinha ideia do quão longo estava sendo, especialmente porque nem sabia da parte do hospital. E eu estava mesmo tentando não pensar muito no assunto. Não tinha muito o que pensar na verdade. A "sentença" sempre existiu, só era mais real agora. Eu podia lidar com isso.

Jeongguk apertou o botão do elevador, ele continuava em silêncio e queria de verdade saber o que estava na mente dele naquele momento. Provavelmente tinha Jaejoong-shi. Tinha eu. Tinha toda essa sucessão de problemas. Se não fosse por mim, talvez ele nunca tivesse encontrado Jaejoong de novo. Eu era um imã de problemas que atraía coisas ruins pra ele também. Era injusto.

Jiji e Tannie entraram obedientes quando o elevador abriu as portas de novo, quase guiando nós quatro. Um à um nós fomos entrando também, subindo de volta ao nosso andar. Estava todo mundo quieto, até Jin-hyung, e eu pensei se essa não seria uma daquelas histórias que iríamos contar dali um tempo e começar a rir. Então pensei se Jeongguk conseguiria rir realmente ou só daria uma risada educada pra não chatear ninguém.

— Só uma coisa antes de todo mundo ir dormir — Seokjin-hyung pediu, erguendo a mão quando saímos do elevador. Todos paramos pra ouvir, até Yeontan e Jiji pararam também, olhando pra ele com curiosidade — Como Taehyung soube que Jaejoong-shi era o quase ex otário do Jeongguk?

— Jeongguk me disse — expliquei, cortando a parte de ter dito no hospital.

— E por que Jeongguk-shi não disse antes pro Taehyung que Jaejoong-shi era o ex otário dele?

— Eu... sabia que Tae ia se irritar. E achei que podia dar uma segunda chance ao... Gerente Lee. Ele não era ruim no trabalho, não parecia justo — Jeongguk disse em voz baixa, enfiando as mãos nos bolsos como se estivesse envergonhado por ter sido ingênuo — Mas eu devia ter tentado... sei lá, falar antes. E poupar tudo o que aconteceu.

Todos ficamos em silêncio por alguns segundos antes de Jin-hyung quebrá-lo.

— Viu? Diálogo! — disse mais alto que o necessário — Conversar! Tudo teria se resolvido bem antes se vocês abrissem essas bocas pra além de chup-

— Hyung! — o repreendi antes que terminasse, ele acenou com a mão como se não fosse dizer nada demais.

— Toda vez que vocês não conversam dá alguma coisa errado. Toda vez! Já estamos a quase sete meses nessa merda de situação e vocês não entenderam ainda. Burros! Quantas vezes eu tenho de repetir? — suspirou dramaticamente, pressionando os dedos entre as sobrancelhas, JiSoo-noona parecia querer rir da cara dele — Agora vão dormir os dois!

Meow! — Jiji miou aos pés dele como se endossasse o discurso.

— Isso mesmo, Jiji. Vamos, crianças — Jin-hyung se abaixou, pegando um filhote em cada braço e saiu como se estivesse no mínimo indo pra outro andar, não literalmente no quarto ao lado — JiSoo, a porta — acenou pra ela com as duas mãos ocupadas com Jiji e Tannie, a noona foi até ele destrancar o quarto.

— Boa noite pra vocês — ela disse, fechando a porta da suíte do hyung e indo pra própria, o que ficava à frente. Jeongguk não disse nada, eu menos ainda, então peguei sua mão e o puxei até o nosso quarto. Eu iria dormir abraçado com meu amuleto, não fazer nada o dia inteiro na manhã seguinte e depois pegar um voo pra passar uns dias com a família de Jeongguk. Nada ia estragar isso.

— É... — Jeongguk começou a falar enquanto terminava de vestir o pijama depois do banho, ele me fez tomar primeiro então estava sentado na cama, vendo-o se vestir. No momento eu terminava a segunda garrafinha de água pra tirar o contraste do sangue — Se algo assim acontecer de novo. A gente precisa falar o que tá havendo. Você tem alguma ex que deva me preocupar? — ri baixo.

— Acho que não. Nada de plano diabólico pra sabotar relacionamentos ou algo assim. Elas eram normais — ele assentiu num gesto automático — Como você achou esse cara?

— Ele era legal. Antes. Mas eu fui idiota, antes e agora também. Eu só... As pessoas podem mudar. Ele podia estar diferente também e ele nem foi tão ruim com você... Eu acho. Não sei — Jeongguk fungou, ainda chateado consigo mesmo. Sabia que ele estava se culpando por causar um problema por não ter me dito nada antes, mas o erro dele provavelmente era ser legal demais com quem não merecia, tipo Jaejoong-shi.

E tipo... eu.

— Da próxima vez, eu vou dar ouvidos às minhas paranóias. Eu tinha certeza que ele era apaixonado por você. Eu sempre tô certo — me deitei no lado direito da cama, batendo no espaço vazio pra que ele viesse logo. Jeongguk deitou ao meu lado e rolei por cima dele, ao menos isso o fez rir alto.

— Sai, hyung! — me fez rolar mais uma vez pra sair de cima — Ok. A partir de hoje, nós vamos conversar de verdade sobre qualquer informação séria que possa afetar nossa relação. Acho que Jaejoong era minha única dor de cabeça... E você? Alguma coisa séria pra contar?

"Sim. Eu tô doente, ao que parece. Doente e amaldiçoado. Mas eu só tô doente por estar amaldiçoado então teoricamente é a mesma coisa. Eu posso viver com isso... Vamos ter dias bons e felizes a partir de agora. Eu vou ser melhor pra você. O melhor namorado falso do mundo"

— Não... nada. Ah! Eu tenho algo pra te contar, na verdade — ele me olhou assustado — Então, quando eu nasci... Eu fui amaldiçoado e-

— Idiota — ri, passando um braço em volta da cintura dele. Era como se estivesse tudo bem, ele estava sorrindo com os olhos de novo, então era um bom sinal — Tae?

— Hum... — escondi o rosto na curva de seu pescoço. Sabia que ele tinha tomado banho há minutos atrás, mas o cheiro dele era maravilhoso e não parecia ser só o sabonete.

— Você não é como ele — senti seus dedos em meus cabelos, afagando devagar. Jeon fez um bom tempo, até que eu estivesse bem sonolento — Tae... Você ouviu?

— Hum... — eu não sabia o que dizer, porque não era assim que me sentia. Que mérito eu tinha sobre Jaejoong-shi? Não ser um pseudo sociopata igual a ele?

— Vamos continuar amigos, não é? — perguntou  com a voz tão baixa que quase não pude ouvir — Mesmo quando tudo isso acabar. Você vai continuar na minha vida, não é?

— Nunca vai se livrar de mim — sorri, mesmo que não pudesse ver, fechando os olhos e o abracei com mais força. Esperava mesmo que aquilo acabasse bem. Que a "bomba" na minha cabeça continuasse ligando e desligando todos os dias até meu aniversário. E quando contássemos sobre isso, houvesse um sorriso real em seu rosto — Nós vamos ficar bem. Prometo.

+++++++++

[NOTAS] eu fiquei pensando bastante em como o Tae reagiria sobre saber que está doente, que o universo meio que passou os taekook pra trás. E eu acho que foi coerente? Tipo o Tae não é do tipo chorar e se desesperar. E ele tem o Jeon, então meio que nada mudou, ele precisava de sorte todos os dias antes e vai precisar de sorte todos os dias por causa do problema, então meio que tá tudo igual.

Mas óbvio que isso vai afetar no futuro, especialmente esses problemas de comunicação. Jin reizinho sábio, porque ninguém escuta o ícone???

Deve ter mais um capítulo daqui quinze dias? Como eu vou passar muito tempo de internet precária, eu quero escrever bastante nesse meio tempo, então talvez até saia antes.

Comentem, votem, digam se gostaram! Mandem algo no Twitter na tag #coelhodasorte se acharem que eu mereço o biscoito kkkkk se não, tudo bem. Eu amo vocês mesmo assim <3

Até o próximo!!!

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