Lucky: e o Coelho da Sorte

By taemeetevil

671K 85.2K 276K

[CONCLUÍDO] Taehyung nasceu sob uma maldição. Pelo menos era isso que sua avó dizia desde que ele fora capaz... More

Episódio Um: Loteria
Episódio dois: Vidente
Episódio Três: Trem
Episódio Quatro: Sem sorte
Episódio Cinco: Salvo
Episódio Seis: Ano Novo
Episódio Sete: Namorado
Episódio Oito: O filho do CEO
Episódio Nove: Problemas no Paraíso pt.1
Episódio Dez: Problemas no Paraíso pt. 2
Episódio Onze: Beijos e Curativos
Episódio Doze: Lucky Magazine
Episódio Treze: Mútuo
Episódio Catorze: Acampamento pt.1
Episódio Dezesseis: Purple Heart Tour
Episódio Dezessete: Sete cores
Episódio Dezoito: Passado e Presente pt.1
Episódio Dezenove: Passado e Presente pt.2
Episódio Vinte: Galinhas e Celeiros
Episódio Vinte e um: Uma constatação óbvia
Filler: Eu sonhei um sonho
Episódio Vinte e três: Daegu
Episódio Vinte e quatro: Ainda com você
Episódio Vinte e Cinco: Dejavu
Season Finale: Maldição
Episódio Bônus: Casamento da Sorte
Episódio especial: bebê da sorte

Episódio Quinze: Acampamento pt.2

23.9K 3.1K 12.5K
By taemeetevil

[NOTAS] Eu tô muito feliz sobre esse capitulo, é um daqueles que vai ligando vários pontos que vão ser amarrados logo mais, até pq falta bem pouco pra fic acabar. Acho que de seis capítulos, oito no máximo se precisar dividir. Mas eu tô animada com as possibilidades. Ah, e pra quem quiser saber, eu to realmente melhorando <3

Tem uma cena +18!!! Eu fiz o mais simples que podia, até porque a fic não é muito pesada, então as cenas também não devem ser. Pra quem não quer ler, da pra pular. Tá e negrito na primeira e na última linha, ai dá pra saber onde começa e onde termina.

Obrigada por tudo, espero que gostem <3

++++++++++++++++++++++++++++++++++++

JEONGGUK

DIA 7 NO ACAMPAMENTO DE COMPOSIÇÃO


Eu não falei pra Taehyung sobre a cama. Eu não falei pra ninguém além do secretário Chan e agora que estávamos voltando pra casa, depois de ter enrolado todo mundo por horas até passar das oito da noite, não que tenha sido tão difícil, ninguém queria trabalhar depois da ressaca de qualquer modo, eu estava realmente repensando minhas atitudes. Devia falar com Taehyung sobre ter me livrado da cama? Quer dizer... ele podia não gostar. Apesar de que por ele teríamos dividido desde o primeiro dia. Mas talvez não quisesse mais. Por que eu fiz isso mesmo? Não sou tão desesperado!

Talvez eu seja...

Será que era por isso que eu nunca consegui ninguém mesmo com uma sorte sobrenatural? Fazia sentido agora parando pra pensar.

— Tá fazendo de novo — Taehyung disse e me assustei com a voz dele. Estávamos sozinhos no carro, Jiji e Tannie dormiam nas bolsas de viagem e Tae estava cochilando até um minuto atrás — Você é bem expressivo. Pode me falar se... sei lá.

— Sei lá? — ri, olhando para a divisória de vidro entre nós e o motorista. Era o Lee número 8. Por que mesmo todos os seguranças de Taehyung eram chamados assim? Eles até falavam como se fossem seus nomes. Apesar de que não parecia má vontade de Taehyung, parecia que ele simplesmente não conseguia se lembrar, por mais que tentasse. A memória dele era bem ruim.

— Não sou bom com isso. Mas você pode falar comigo, sabe? Qualquer coisa. Um casal devia poder falar sobre qualquer coisa — nem parecia a mesma pessoa que disse ser meu namorado falso quando pedi apoio contra a festa.

— Você só fala de nós como casal quando é conveniente.

— Culpado — ele riu num sopro, erguendo as mãos — Mas tudo sobre nós juntos é conveniente. Muito mais pra mim do que pra você.

Onde ele estava querendo chegar com esse papo?

— Eu sei de tudo isso. E vou continuar com você ainda assim. Já passamos dessa fase. — suspirei, olhando para a janela. Eu tinha dado dicas o dia inteiro sobre nossa conversa na noite anterior, mas nada tinha adiantado. Ele simplesmente esqueceu de tudo. Talvez isso tivesse me deixado irritado, mesmo que não fosse mesmo sua culpa. A culpa é minha de falar coisas importantes com meu namorado falso quando ele está morto de bêbado.

— Eu só quero ser seu amigo. E amigos conversam — Tannie colocou a cabeça pra fora da bolsa de viagem, olhando pros lados e depois voltou pra dentro, ri, isso ao menos me poupou do peso do silêncio — Você mal falou o dia todo.

— Ressaca — murmurei.

— Você bebeu menos de duas garrafas.

— Lembra disso? — isso foi realmente tão marcante pra ele lembrar disso e não da nossa conversa? Eu estava tentando não pensar que ele estava fingindo que esqueceu. Ia me fazer sentir idiota pela cama... e por todo o resto. Talvez eu devesse desistir.

— Eu não tenho a memória tão ruim assim... Eu só... Deixa pra lá — não foi uma discussão, mas eu senti como se tivesse sido. O carro parou diante da nossa casa um minuto depois, talvez até menos — Jeongguk — chamou, me virei, sentindo sua mão se fechar em volta da gola da minha camisa e travei tendo seus lábios pressionando nos meus. Foi um selinho longo e desajeitado, já que estávamos a duas bolsas de distância e nós dois estávamos meio caídos na direção um do outro, mas foi o bastante pra tirar meu fôlego — Desculpa.

Então pegou as duas bolsas de viagem com nossas praguinhas e pulou pra fora do carro, sem me dar tempo de reagir.

Ok, talvez valesse a tentativa.


(...)


— Certo... nada de pânico — falei pra mim mesmo, diante do espelho, enquanto Taehyung, Namjoon e Yoongi-hyung estavam na sala, já que os outros tinham ido dormir. Tae ainda não tinha entrado no quarto e consequentemente visto que a cama dele sumiu. Pra quem foi jurado de morte pelo universo, uma cama não era uma grande preocupação, ele provavelmente nem se incomodaria e iria encarar como mais proteção estar dividindo comigo — É só uma cama...

Já tinha encarado elevadores assassinos e carros desgovernados. Isso não era nada.

Sai do banheiro, sentei na cama e esperei, olhando no celular. No dia seguinte Soyeon deixaria o acampamento para se dedicar ao seu solo e havia o show da HFC Family, que era no fim de semana que também haveria o lançamento da coleção de bonequinhos do Cooky e Tata. Claro que o dia não foi escolhido à toa, CEO Park queria o máximo de aparições públicas que pudéssemos fornecer para impulsionar as vendas.

Quando Taehyung começou a demorar muito, decidi que era melhor tomar banho e me trocar. Água realmente me ajuda a pensar. Ou na atual situação, ajuda a fugir do inevitável. Eu me sentia um caso perdido.

— Cadê minha cama? — Taehyung perguntou assim que vesti a calça do moletom depois do banho, sai, jogando a toalha na direção do gancho na parede, pendurando perfeitamente. Sorte.

Ok, era o momento... Eu devia falar a verdade ou inventar uma desculpa?

— Quebrou — disse, rindo nervoso — Eu esqueci totalmente de falar... o secretário Chan veio aqui e... disse que tinha algo errado com a madeira. Eu... fiquei preocupado, sabe? Você podia se machucar.

Meu rosto estava tão vermelho quanto eu sentia que estava?

— E ele levou até o colchão?

— Pois é né? Mas você pode ficar dormindo na minha. Até a sua voltar. — Deus pode me levar. A hora é essa.

— Eu acho que... Uma só pra nós dois tá tudo bem. Não fazia sentido duas camas já que... somos um casal. Mas só se você não se incomodar. — Ok, o céu pode esperar.

— Não, não... claro que não.

— A gente já dividiu cama antes, né? — ele deu uma risada trêmula que retribui. Pelo menos não era somente eu a estar constrangido nessa história — Ok, eu vou tomar banho enquanto você termina de se trocar.

— Eu já me troquei.

Taehyung olhou pra mim de cima a baixo, especialmente para o fato inédito que eu estava sem camisa. Eu não dormia sem camisa. Estava usando pijamas só nos últimos dias porque tinha visitas, mas geralmente eu dormia com moletom e uma camisa antiga. Eu nunca, nunca mesmo, dormi sem camisa. Mas Yoongi-hyung disse pra deixar as coisas favoráveis.

Isso era eu sendo favorável.

— Você vai... Dormir assim?

— É, algum problema? — ele me olhou de novo e tinha algo meio obsceno em olhar alguém do jeito que ele me olhava, a cabeça inclinada para o lado, os olhos parecendo mais escuros pelo modo como as sobrancelhas faziam sombra em seu rosto. Como ele fazia isso? Do cara fofo para um tipo de sexy symbol em dois segundos?

Isso era tão real, que a expressão fofa voltou logo em seguida, como se aquele olhar intimidador tivesse sido uma alucinação.

— Nenhum problema, Jeonggukie. — disse, entrando no banheiro e fechando a porta.

O que eu devia fazer agora? Me deitar? Esperar por ele? Insinuar alguma coisa?

Sentei-me na cama, sentindo meu rosto realmente quente, quase febril. Sabe aquela cena do último filme da saga Crepúsculo que a Bella usa lingeries para fazer o Edward tomar uma atitude? Era exatamente assim que eu estava me sentindo.

— Meu Deus... Eu sou a Bella.

— Eu não poderia descrever melhor — uma risada esganiçada soou junto à porta. Que estava aberta. Porque é claro que Taehyung nem se deu ao trabalho de fechar quando entrou e eu sequer percebi. Yoongi-hyung estava com o ombro apoiado na moldura da porta, ainda rindo da minha cara — Acho que não tem nada mais favorável que isso...

— Você ouviu tudo?

— Quase — escondi o rosto nas mãos, esperava que o chuveiro estivesse abafando a conversa. Com sorte, faria isso.

— Namjoon?

— Foi dormir. Você tá salvo — eu não estava me sentindo tão salvo assim — Tem certeza que não gosta dele?

— Sim. — olhei na direção dele.

— Sabe que... ai, Jeongguk... você sente demais — tentei rebater, mas ele me calou com um olhar — Sempre sentiu demais. Por isso que é um cara tão bom e por isso que me preocupo. Geralmente você pondera muito antes de dar um passo, mas sobre o que sente, você não pensa antes de pular. Você só pula. E às vezes nem percebe o que tá fazendo.

— Vai me fazer uma sessão de terapia agora?

— Não... só tenha alguma garantia que se resolver ter mais do que algo favorável — dava pra ver a sombra de riso em seu rosto — E se quiser mesmo "pular" nisso com o Taehyung, esteja usando um paraquedas. Eu não quero te ver quebrar de novo.

— Você que me fez quebrar, Yoongi! Pelo amor de Deus!

— Eu sei. E sinto muito, eu devia ter parado quando você estava se envolvendo demais e a gente com certeza pode conversar sobre isso, outra hora, quando seu namorado falso não estiver tomando banho na porta ao lado.

— Olha... eu sobrevivi a você, sobrevivi ao JaeJoong. Vou sobreviver a Kim Taehyung também. E ao contrário do que foi com vocês, não tem nada real aqui.

— Se visse como olha pra ele, não teria tanta certeza.

— Tá! Entendi! Vai embora! — falei, mais alto do que gostaria.

Yoongi saiu, fechando a porta por mim e quis ter jogado alguma coisa nele. Ele veio só pra colocar mais bobagem na minha cabeça? Tá, eu desejava Taehyung, e daí? Eu já tive outros caras e já desejei outros antes, o que tem de errado nisso? Não tem porque transformar essa história em algo maior. Taehyung saiu do banheiro, passando para o closet e fui atrás dele, não pra dizer ou tentar alguma coisa, só puxei uma camisa e vesti, voltando pra cama e deitei virado pra parede, de costas para onde ele estava.

— Tudo bem? — Taehyung perguntou, deitando ao meu lado, virei o rosto o suficiente para vê-lo, estava de costas pra mim — Eu fiz alguma coisa? — abracei o travesseiro, afundando meu rosto nele, querendo só apagar de vez — Foi sobre o beij-

— Não... você não fez nada. — senti-o se mover na cama, o colchão afundar sob seu peso quando chegou mais perto. Senti quando sua mão aproximou de meu ombro, mesmo que nem tivesse me tocado. Eu queria que ele me tocasse. Queria que me abraçasse. E isso provava que Yoongi-hyung tinha razão, mas nós já tínhamos passado por tanta coisa. É normal fica confuso. Eu achava que sim, pelo menos.

— Boa noite... — ele murmurou, virando de costas de novo, sentia-o bem mais perto agora, mas não como eu queria. Eu não devia querer nada. "Puta merda..."

— Boa noite, Tae.


+++


TAEHYUNG


DIA 9 NO ACAMPAMENTO DE COMPOSIÇÃO


Fazer música sempre pareceu algo rico e classudo até eu produzir meu primeiro álbum, num apartamento de 5 metros quadrados, com dois computadores, um violão, meia dúzia de samples e sete pessoas lá dentro tentando entregar nove músicas no prazo, orando a todos os deuses disponíveis para que não desse prejuízo e os produtores fossem pagos e eu não aumentasse minha dívida de trainee, que já era enorme.

As coisas não eram tão diferentes assim agora que tínhamos orçamentos gigantes, especialmente a parte do processo de criação. Ainda era tudo bem orgânico. O plano de Yoongi-hyung e Jeongguk, era fazer um álbum com um bom número de singles - 3 já era além da média - que não estivesse preso num único gênero, mas também não houvesse um abismo de uma música pra outra. Soyeon e Hoseok foram os únicos desfalques na equipe, ela tinha seu comeback pra se preocupar e Hoseok iria ensaiar os trainees para a performance dali alguns dias, mas íamos ficar bem. Eu também tinha de me preparar para o show da HFC Family, mas as coreografias estavam bem frescas em minha mente.

— Tae, repete o "Us" numa nota longa no microfone, eu quero ele no refrão — Bogum pediu, apontando para o microfone colocado no meio da sala.

— Pra fazer coro? — Yoongi perguntou.

— Sim, no refrão final. Algo épico, mais puxado pra um som mais country. Aumenta a guitarra, o coro acompanha enquanto o Tae canta o refrão. Fecha num fade.

— Não. É melhor repetir o "Forget about" e acaba. Sem fade. Segura mais dois segundos de silêncio. — Bogum parou para murmurar a música, tentando encaixar o que Yoongi disse, acenando em concordância — Perfeito, né? — Bogum não respondeu, apenas acenou para que eu colocasse o fone, encaixei na cabeça, mas afastei de um ouvido.

— A letra é do Jeongguk? — Namjoon perguntou.

— Sim, ele nunca terminou, mas deixou a gente finalizar — Yoongi disse e percebi quando me lançou um olhar de lado — Taehyung-shi, o melhor "us" que seu fôlego puder aguentar — coloquei o outro lado do fone e cantei o "Us" pelo menos três vezes até a nota ser tão longa quanto ele queria.

— Por que Jeongguk-shi não grava as próprias músicas? — Adora que perguntou dessa vez, quando afastei os fones de novo.

— Ele tem medo de palco. E de não ser bom o suficiente. O que pode dar numa coisa só, não sei. Quando estávamos como um trio antes, bem antes mesmo, até da sorte aparecer... ele desafinou numa apresentação para o CEO e chorou o dia todo. Foi um único erro numa apresentação incrível. E ele desabou — enquanto Yoongi falava, todos nós prestávamos atenção — Melhorou um pouco depois, mas aí veio a sorte. E agora ele acha que nada que conseguir vai ser por mérito.

— Isso é besteira, sorte não torna ninguém talentoso. — Adora disse, e Namjoon concordou.

— Sim, dá pra conseguir vendas e prêmios, mas não dá pra forjar qualidade com sorte.

— Então bom sorte à vocês se quiserem convencer o Jeongguk... — Yoongi suspirou, voltando a se concentrar em seu computador. Jeongguk tinha saído com JiSoo e Jin-hyung para uma reunião com CEO Park e a equipe da CF Entertainment sobre as novas datas da turnê.

— Tae, você pode sussurrar "Vendetta" no microfone? — Bogum pediu.

— Isso é pra "Forget"? — perguntei.

— Não, eu quero fazer uma intro pro álbum com cellos e violinos, tipo um tango urban.

— E por que Vendetta? — Namjoon perguntou.

— Pela HQ — Adora que respondeu — V for Vendetta. V for Taehyung — ela e Bogum deram um high five por compartilhar os mesmos neurônios.

— Eu não votei nisso não — Yoongi reclamou — Taehyung esquece o Vendetta.

— Tae, ignora ele. — Bogum disse.

— De novo, não... — Namjoon suspirou quando Yoongi-shi se voltou para Bogum movido á puro ódio.

— Escuta bem seu capitalista degenerado, se-

— Acham que o Jeongguk gravaria um dueto comigo? — falei, foi mais um pensamento alto na verdade, mas todos eles se calaram.

— Que? — todos falaram, não exatamente ao mesmo tempo, mas quase.

Meow? — Jiji acordou somente pra miar e voltou a se enrolar em Tannie.

— Sei lá... podia ser legal. Talvez um cover público no concerto da HFC — eles me olhavam como se eu fosse burro. Eu ouvi que Jeongguk tinha medo de palco e era inseguro, mas isso foi antes de mim! Eu podia ajudar, mesmo que um pouco. Não o bastante pra ele gravar músicas ou se pendurar em cordas e voar pela plateia, mas o suficiente para um cover de 1 minuto?! Talvez dois? Com um primeiro empurrão pra algo positivo, talvez ele conseguisse sair cantando e voando pelo palco em algum tempo, no futuro.

Eu não ia tentar consertá-lo, mas talvez ajudar a querer fazer isso por si mesmo.

— Por que não? Pode ser legal.

— Ele não vai cantar com você pra promover Taegguk. — Bogum disse.

— Não para promover Taegguk. Ele queria ser um idol, era o sonho dele, não tem porque desistir disso. E nosso dueto pode ser um começo.

— Você acha que pode tudo, não é? — Yoongi resmungou.

— Posso sim, eu sou Kim Taehyung.

— Grande coisa — resmungou de volta.

— É grande coisa, sim. Não tenho porque me ver menos do que sou — antes que Yoongi me lançasse um de seus olhares mortais, Adora-noona ergueu as mãos, pedindo a palavra.

— A confiança dele costumava ser chata, muito chata mesmo... mas agora eu acho que ele tem até um pouco de razão — Adora disse.

— Obrigado, noona.

— Um dueto, sem pretensão... — ela disse, Namjoon e Bogum concordaram dessa vez — Ele convenceu o Jeongguk a namorar com ele, não tem como ser mais persuasivo que isso — Yoongi maneou a cabeça.

— Fale com ele, acho que se tem alguém que pode conseguir... É você.

Eu nem tinha noção que tinha tanto crédito assim, mas se no fim das contas fizesse Jeongguk cantar comigo, isso era uma coisa boa. Cantar com mais alguém sempre era melhor que sozinho, e não precisava ser um anúncio grandioso, podia ser uma dinâmica com fãs ou algo iterativo. Talvez chamar um MC! Que não fosse um idiota que ia sugar minha boa vontade fazendo piadas ruins e comentários maldosos sobre nosso relacionamento.

Talvez eu pudesse chamar...

— Jimin-shi!

— O que tem ele? — Yoongi perguntou, incrível como os olhos dele dobraram de tamanho só com a menção do nome.

— Eu lembrei dele pra uma coisa que vou tentar — se era possível, os olhos dele pareciam maiores. Eu realmente não entendia Yoongi-hyung.

O melhor amigo dele era gay que estava vivendo um relacionamento público - muito público mesmo! - comigo. Ninguém na equipe nos tratava diferente, talvez só o CEO Park, mas ele não contava muito. Se Yoongi era gay. Ou bi. Ou qualquer outro nome que indique gostar de caras... E se ele estava com Jimin, como eu achava que estava... Por que esconder? Eu entendia esconder da mídia, mas de nós?

— Fala com ele, não custa tentar — Namjoon me incentivou.

— Eu vou fazer isso.

— Ótimo, agora murmura um "uuuuh, uh", bem baixo no microfone, naquela melodia inicial que te mostrei, quero ver como fica com essa linha de base que fiz — Yoongi pediu, já voltado ao trabalho.


+++


JEONGGUK


Taehyung e eu não conversamos direito desde o dia que me livrei da cama. Não porque não quiséssemos, só que havia tanto a fazer para ao menos ter um bom número de demos para apresentar a diretoria que quando terminávamos tudo, já passava das quatro da manhã e nem eu e ele menos ainda, conseguiamos falar nada sem querer só dormir. Eu não saberia o que dizer se Taehyung quisesse conversar, de qualquer jeito. A menos que ele dissesse que se lembrava do que disse depois da festa.

— Eu me lembro — ele disse, quando entrei no quarto depois do jantar.

Ok... foi mais rápido do que eu esperava.

Fechei a porta, quase todo mundo tinha ido dormir - apesar de que ainda conseguia ouvir Namjoon e Bogum rindo e Yoongi reclamando com os dois no andar de cima. JiSoo e Heejin era as primeiras a dormir porque eram as únicas que acordam às seis da manhã na casa e Jin-hyung ficava no quarto escrevendo até tarde. Jiji e Tannie estavam no quarto de Adora-noona, já que ela perdeu a colega de quarto e as duas praguinhas adoravam dormir em camas grandes. No fim, era a primeira vez em quase 3 dias que tínhamos um tempo sozinhos e sem estar muito cansados.

— Por que não disse antes? — ele estava sentado na borda da cama e me olhava como Tannie fazia quando era pego fazendo alguma coisa errada — Você se arrependeu do que disse, não é?

— Não, não foi isso. Eu não achei que fosse aceitar. E quando aceitou, eu não sabia o que fazer. Pareceu louco que você realmente quisesse... testar comigo. Nunca tive isso.

— Uma... — tentei achar o melhor termo possível — Amizade colorida?

Dava mesmo pra chamar assim? Mas acho que era o único termo que cabia.

— Meus namoros sempre foram um fracasso. Meus únicos amigos são as pessoas que eu trabalho... Sou bem sociável quando eu quero, mas fazer laços é diferente de ser legal. E não quero só ser legal com você. Quero te dar mais — ele parou um segundo — Essa frase soou errado?

— Não, mas você pensou errado depois de dizer — ri baixo quando seu rosto começou a ficar vermelho.

— É talvez... — ele lambeu os lábios — Não que eu tenha algum preconceito com a ideia de da-

— Não tenta consertar.

— Ok. — ele olhou pra mim e comecei a rir. Meu peito estava quente de novo. Igual sempre ficava quando ele me olhava por um segundo a mais que o necessário. Yoongi estava certo. Eu sempre "só pulava". Mas eu realmente, realmente, não queria dar de cara no chão como sempre. Taehyung se levantou e dessa vez foi impossível fazer meu coração reagir da forma certa, especialmente quando ele veio caminhando para mais perto.

— Amizade colorida... — murmurei.

— Isso. — fez silêncio no andar de cima, os garotos provavelmente foram dormir. Eu não sabia se isso era bom ou ruim, porque Taehyung parecia querer testar nossa amizade colorida ainda aquela noite. Ok... eu não era tão barulhento.

— Você quer... — deixei a pergunta subentendida. Ele assentiu, o rosto ficando vermelho — Tudo bem.

— Tudo bem — ele repetiu. Respirou fundo e puxou a camiseta de mangas compridas por sobre a cabeça, meio desesperado demais. Prendeu na sua cabeça primeiro. Depois em seu pulso — É o relógio...

— Pra que 'cê usa relógio? Nem sabe ler as horas — Taehyung me olhou, ofendidíssimo.

— Eu sei, sim — puxei seu braço, soltando a fivela do relógio por ele para que conseguisse se livrar da peça — Dá isso aqui — pegou o relógio de volta. Ele parecia ridículo com a camisa ainda presa no braço e olhando para o relógio com a expressão confusa — Isso é um vinte e cinco? Onze e vinte e... isso não é um cinco.

— 'Cê não sabe mesmo ler horas?

— Não tem marcadores!

— E por que você comprou então?

— Porque era bonito!

Olhei bem pra cara dele. E comecei a rir descontroladamente.

— Eu sou um fracasso... — ele resmungou, respirei fundo uma porção de vezes, tentando parar de rir antes que começasse a soluçar. Segurei a camisa ainda presa em seu braço, puxando de vez, enrolando no relógio e joguei na outra ponta do quarto, o som do objeto caindo no chão não pareceu um bom sinal da integridade dele — Jeongguk!

— Com sorte não quebrou — falei, Taehyung sorriu — Quer continuar? — ele só assentiu. Era o bastante.

Eu me sentia como um adolescente enquanto tirava minhas próprias roupas e tentava não olhar para Taehyung se livrando da calça que sempre prendia em seus joelhos. Ele queria rir, dava pra notar na expressão, mas estava se esforçando pra não fazer e estragar tudo. Não ia estragar. Mas dizer isso a ele provavelmente o deixaria mais nervoso.

— Tudo bem? — perguntei a ele quando ficou de pé de novo. Seu corpo chegou mais perto, as mãos pairavam sobre meu peito e meus braços como se tivesse medo de tocar. Então as colocou sobre meus ombros, como se sentisse que era a área mais segura que conseguia pensar — Tae... — ele fechou os olhos, pressionando sua testa contra a minha. Não ia transar com ele, não hoje, mas ele estava tenso como eu estava na minha primeira vez. Lembrar da minha primeira vez nunca era uma boa ideia, mas era o único paralelo que conseguia pensar.

— Eu... eu nunca. Sei lá — ele riu, nervoso — E se fizer alguma coisa errado? — disse, num sussurro baixo.

— Já disse, não é tão diferente.

Suas mãos seguraram meu rosto quando me beijou, elas estavam tremendo um pouco. Eu queria mesmo dizer algo para tranquilizá-lo, mas minha tentativa foi esquecida quando ele foi me guiando para a cama e tive de afastar antes que nós dois caíssemos. E aí ele começou a rir.

— O que foi? — perguntei, já rindo também.

— Eu tô nervoso — e riu mais, me sentei melhor, enquanto ele estava de joelhos no colchão, ainda rindo e me fazendo rir também — Eu sou um desastre. E se eu... quebrar seu pau?

— Você não vai quebrar meu pau, Taehyung! — tive que cobrir a boca quando o riso soou como uma gargalhada.

— Eu sou o cara mais azarado do mundo, pode acontecer!

— E eu o mais sortudo, não vai! — ele parou um segundo pra pensar.

— E se você quebrar o meu pau? — ri mais alto ainda. Meu Deus, íamos acordar a casa inteira antes de realmente fazer qualquer coisa.

— E como eu faria isso, Taehyung?

— Eu não sei... mas podia acontecer. — ri um pouco mais, deitando-me na cama e ele deitou ao meu lado, bem mais perto do que fazia normalmente, podia sentir seus joelhos encostarem nos meus e o calor de seu peito — Tô sendo idiota, não é?

— Sim.

— Era pra você dizer que não, Ggukie... — fez uma careta, choramingando como um bebê. Eu gostava quando ele me chamava de Ggukie. Soava fofo quando dizia. Então sua mão alcançou meu rosto novamente, a língua invadindo minha boca e corpo se impôs sobre o meu, a postura me pegando de surpresa. Taehyung suspirou contra meus lábios quando aprofundou o beijo, e afundei os dedos em seus cabelos, puxando-o para mais perto como se isso fosse possível.

Seus lábios afastaram, mas continuaram pairando perto o bastante para sentir seu hálito quente, havia algo nos olhos dele e o modo como seu corpo estava pressionando sobre o meu agora, como se tivesse ligado um botão e virado outra pessoa. Talvez ele só não estivesse pensando demais. Ergui o rosto para beijá-lo de novo, seus lábios afastaram até eu cair de volta no travesseiro, então aproximaram de novo, pressionando um selinho no canto da boca, descendo pelo queixo até o pescoço. Um arrepio desceu pelas minhas costas quando senti sua língua contra minha pele, os lábios tomando o lugar em seguida, pressionando beijos curtos até minha orelha, lambendo a ponta antes prender entre os dentes. Um riso soprado escapou da minha boca.

— O que deu em você? — murmurei.

— Não é o que você quer? — devia ser um crime ter a voz como a dele e ainda sussurrar em meu ouvido daquela forma. Seu rosto voltou para acima do meu — Não é tão diferente... lembra? — ele disse, sorrindo pra mim e sorri de volta, porque agora era eu que estava inseguro. Seu rosto chegou mais perto e separei os lábios quando senti sua língua abrir espaço para dentro da minha boca, minhas mãos estavam em suas costas, minha perna direita pressionando entre as suas. E ele estava duro. Havia uma estranha satisfação em meu peito por sentir que ele me queria. Realmente me queria. O beijo veio mais firme e por Deus, era tão bom. Tão malditamente bom. Queria que ele me beijasse até que não fosse capaz de lembrar meu próprio nome.

Minhas mãos desceram pelas suas costas. Eu queria tocá-lo. Queria que ele me tocasse. Sua mão alcançou minha cintura, me fazendo erguer o suficiente pra me ajustá-lo entre minhas pernas e pressionar seu pau contra o meu, e algo no fundo da minha mente estava esperando que ele tivesse um gay panic naquele momento. Não tinha nada mais homo que ter o pau de outro cara contra o seu. Ele ia pirar. Pelo menos, foi o que achei até ele gemer na minha boca e chupar minha língua como um profissional, ondulando os quadris para fazer atrito entre o tecido no meio do caminho e nossas peles.

— Continua... — pedi, com a boca quase dormente, puxando-o para que ficasse melhor entre minhas coxas, escorregando os dedos para dentro da cueca e agarrando as bandas de sua bunda, fazendo seu corpo ondular acima do meu. Eu tava tão duro que estava doendo. Precisava disso. Tentei acompanhar seu ritmo, eu podia gozar só como o vai e vem de nossos corpos um contra o outro e o atrito do tecido entre nós. Queria que ele me tocasse, seus dedos longos em volta do meu pau ou fundo dentro de mim, mas eu podia esperar até ele estar pronto pra isso. Então apertei os dedos nele com mais força, apoiando meus pés pra aumentar o atrito.

Taehyung apoiou os joelhos na cama, os antebraços ao lado da minha cabeça, a testa contra a minha, não nos beijávamos, apenas respirávamos na boca um do outro. Os lábios entreabertos, em gemidos mudos enquanto movíamos o corpo juntos, para cima e para baixo, como se ele estivesse me fodendo. Empurrei sua cueca para baixo, impaciente, tentando arrastar a minha no espaço mínimo entre nossos corpos. Não perguntei se ele queria que eu o tocasse daquela forma, tudo que conseguia fazer era uns murmúrios miados que se tornou um gemido longo quando não havia mais nada no caminho. Taehyung parou para se livrar de vez da própria cueca e chutei a minha da melhor forma que consegui. Ele estava de joelhos de novo e pela expressão ele nunca tinha visto outro pau além do seu na vida. Ou não um pau... ereto? Eu já conseguia imaginar ele pirando e eu sozinho batendo punheta no banheiro as duas da manhã.

Ele sentou-se na cama. Continuou olhando pra mim como se estivesse tendo uma crise de identidade.

É... punheta as duas da manhã.

Então bateu as mãos nas próprias coxas e acenou pra mim. Seu olhar parecia ansioso, a língua percorreu os lábios. Ele queria... Não... mas eu não conseguia tirar os olhos dele. O tamanho era bem... considerável.

— Voce não vem?

— Que? — por que eu estava tão nervoso. Assenti, me arrastando para perto. Apertei os lábios e os olhos antes de me sentar no colo dele, ele deu um suspiro satisfeito quando a glande roçou em meu tórax. Os lábios pressionaram perto da minha clavícula, um beijo casto antes de marcar com os dentes. Suas mãos foram pra minha cintura, me pressionando contra ele e fazendo também erguer o suficiente para que sua boca cercasse meu mamilo. Eu nunca achei a área muito sensível, até gemer mais alto do que esperava quando Taehyung chupou, raspando seus dentes também, como se quisesse deixar marcas de propósito. Puxei sua boca pra minha, descendo a mão entre nós, tentando estimular nós dois ao mesmo tempo. Minhas mãos estavam tremendo.

Usava meus quadris para facilitar o atrito, pressionando os corpos mais juntos, seus lábios raspavam nos meus, gemendo contra minha boca quando meus dedos se demoravam na glande, deslizando o pré-gozo pelo comprimento e voltando, sentindo sua mão em minha cintura, me ajudando a rebolar em seu colo, tornando a punheta mais bagunçada, os dois desesperados para gozar, mas nem eu, muito menos ele parecia querer que o momento acabasse. Eu queria mais. A língua de Taehyung invadiu minha boca novamente, num beijo duro e bagunçado, entre gemidos, ofegos e saliva. Com sorte não estávamos sendo tão barulhentos quanto parecia aos meus ouvidos.

— Ggukie... — ele falou muito baixinho, pressionando a testa contra meu ombro e comecei a mover a mão com mais força, focado em estimulá-lo, porque estava louco pra ver. Pressionei um beijo em seus cabelos meio úmidos de suor antes de puxar seu rosto a altura do meu, queria estar olhando pra ele quando viesse. Kim Taehyung gozando era uma obra de arte. Sua boca pressionada contra a minha se abriu e abri junto com ela, mantendo nossos lábios unidos, uma veia comprida pulsava em seu pescoço, seus olhos pareciam mais escuros, metade da franja estava grudada na testa. Era uma bagunça. Uma bagunça bonita demais pro meu próprio bem. Ele respirou fundo e me beijou, envolvendo sua mão com a minha, movendo rápido melando nos dois com lubrificação e gozo, e eu sequer ligava. Taehyung sustetou os olhos nos meus. Precisei de toda a força de vontade que tinha para não fechá-los quando gozei também, melando nos dois mais ainda. Acabei fechando os olhos de todo jeito, sentindo o corpo pesar e acho que minha mente desligou por um minuto ou dois por que quando abri os olhos novamente, estava deitado, com Taehyung passando uma toalha úmida em minhas mãos e meu tórax, terminando de me limpar. Eu poderia fazer isso, mas meus braços estavam moles, então deixei que ele fizesse o trabalho.

Eu devia me vestir?

Ouvi Taehyung rir quando tentou erguer meu corpo e foi quando notei que ele mesmo estava tentando colocar a calça do moletom em mim.

— Deixa... — falei, ele riu baixo.

— Eu que não vou dormir com você nu do meu lado.

— Muito gay pra você? — não sei se soou rude, não era pra ser, mas Taehyung parou de rir. Abri os olhos, vendo seu rosto acima do meu — Nã- — ele me beijou, um selinho longo, sem tentar mais nada.

— Desculpa, não quis p-

— Não tem que se desculpar — puxei a barra da calça do moletom até estar certa no meu corpo e peguei sua camisa do pijama, consegui colocar, mas fechar os botões era pedir muito pra mim naquele momento. Consegui um, pelo menos — Não vamos estragar isso, tá? Não precisa dizer nada. — ele assentiu, deitando ao meu lado e me puxando pra perto até que deitasse em seu peito. Todos as questões em volta disso podiam ficar pra outro dia, outra hora. Deixei que ele me cercasse num abraço assim como fazia com seus travesseiros. Ainda sentia seu peito contra minhas costas e sua respiração na minha nuca. Era o suficiente.


+++


TAEHYUNG


DIA 10 NO ACAMPAMENTO DE COMPOSIÇÃO


Quando acordei, deixei Jeongguk ainda dormindo, esparramado pela cama, vestindo a minha camisa do pijama, com quase todos os botões abertos, ele tinha tentado mesmo fechar alguns antes de apagar de sono do meu lado. Havia uma marca vermelha em sua clavícula e estava tentando não pensar que fui eu que a fiz. Havia mais uma perto de seu mamilo esquerdo e essa foi um pouco mais difícil não pensar sobre.

Peguei outra camisa de pijama e saí, porque precisava de café e precisava ficar um momento longe de Jeongguk pra organizar meus pensamentos. Era oito da manhã segundo o mostrador do microondas, então JiSoo e Heejin já tinham saído, JiSoo pra Golden Closet e Heejin para a escola. O restante não acordaria antes das dez, eu teria algum momento só pra mim até alguém acordar.

— Eu devia fazer sopa... — murmurei, porque só o som da cafeteira não era o bastante para preencher o silêncio, mas eu não ia fazer sopa, porque eu era péssimo com sopa de algas. E eu tinha medo do fogão.

— Bom dia — Jin-hyung entrou na cozinha, os olhos cansados de quem dormiu bem pouco, mas ele tinha de ir para a Golden Closet comigo mais tarde, eu tinha de ensaiar o repertório para o show da HFC Family no fim de semana — Eu vou precisar dessa jarra de café inteira pra sobreviver hoje.

— Faz sopa? — pedi.

— Se você fosse pobre ia morrer de fome.

— E se eu sofrer uma queimadura de terceiro grau? — argumentei.

— Incrível como essa maldição é específica — resmungou, pegando a caneca de café que eu tinha acabado de encher e tomando um longo gole — Eu faço daqui a pouco, preciso acordar direito — ele sentou-se do meu lado junto a bancada, me entregando uma caneca depois de ter pegado a minha, enchendo-a. Bebi um gole do café. Mais um. Olhei para o hyung. Parecia uma boa ideia falar com ele, ao menos colocar isso pra fora.

— hyung?

— O que? — eu não sabia bem o que falar, mas talvez devesse começar pelo básico.

— Eu sou bi — ele ficou em silêncio por alguns segundos, pegou o celular do bolso do moletom, digitou algo como se eu tivesse lhe dito que hoje era uma manhã ensolarada.

— Eu sei, Taetae — sorrimos um para o outro e tomei mais um gole de café, satisfeito pela reação dele — Eu ouvi — e aí, eu engasguei com o café.

— Você... — limpei a boca com o dorso da mão.

— Relaxa, vocês não foram tão barulhentos assim, eu só tinha levantado pra beber água. Se ninguém mais saiu, acho que não ouviram nada — eu não tinha certeza se isso era um bom ou mal sinal — E aí?

— O que?

— Doeu?

— Hyung!

— O que? É pesquisa de campo, preciso saber como funciona pra minha fanfic!

— Vai ver pornô!

— Eu não me prestaria a esse papel. E pra que se você pode me contar tudo? Diz logo, garoto, não tem pra que guardar segredos comigo.

— E você não acha nem um pouco estranho escrever uma fic sobre mim? — eu acharia, apesar de que não era eu e Jeongguk lá, era tipo... como interpretar um papel num filme. Mas ainda era estranho por ser Jin-hyung escrevendo. Ele estava feliz, pelo menos. Nunca gostou de ser gerente. Talvez isso fosse uma futura carreira.

— É divertido, dá mais ânimo que fazer um livro direto — ele encheu a caneca com um pouco mais de café, Jin-hyung ficou rapidinho viciado depois de duas semanas com Yoongi — Você tá gostando dele?

— Nós não... Eu não... Quer dizer, eu não gosto dele. Gosto. Não assim. Somos amigos. E ontem foi... Não fomos tão longe. — era realmente constrangedor estar falando disso com o hyung, apesar de ser um tipo de alívio admitir que eu realmente me sentia atraído por homens. Ou por um homem só. Ainda assim um homem. E tudo bem. Queria poder falar com minha família, mas se não me aceitaram como idol, não achava que a recepção seria melhor por ser idol e gay. Bi. Mas eles diriam gay porque é só o que conhecem.

Provavelmente nem toda sorte do mundo ia me salvar do julgamento deles.

— Isso... Somos amigos — falei, em voz baixa, como se quisesse convencer a mim mesmo. Mas era verdade. Só éramos amigos. Finalmente podia considerá-lo assim.

— Nada melhor pra fortalecer a amizade do que mãos solidárias — ele começou a rir e quis jogar alguma coisa nele e eu não tinha nada além do resto de café morno. O hyung bem que merecia.

— Você não era assim, hyung.

— O twitter muda as pessoas...

— Você vai escrever... sabe? O seus personagens... — eu precisava mesmo falar pra ele entender? O hyung riu.

— Claro que sim.

— Eu não vou te contar nada.

— Não preciso. Tô pesquisando e lendo livros gays, espera aqui — ele correu até a sala e voltou com o que parecia ser uma agenda, até eu olhar perceber que era só uma capa por cima da original do livro. Quando entregou o livro, tirei a capa falsa.

— Isso é sério? — tinha dois caras sem camisa e musculosos com o título em letra desenhada.

— As editoras americanas não tem muita vergonha de capas mais... quentes — comecei a rir, imaginando o hyung procurando esses livros e apagando o histórico de busca antes de JiSoo-noona ver — Eu comprei na internet — virei para a contracapa, para ler a sinopse.

— O cara se apaixona pelo amigo do filho dele?

— O garoto tem 20 anos, ok?!

— Inacreditável... — suspirei, mas abri uma página aleatória que com certeza era uma cena de sexo. Havia alguma coisa sobre boca e saliva que fez minha mente voltar pra noite anterior e preferi fechar o livro — Você pode...

— Eu te empresto. Depois. Preciso continuar minha pesquisa de campo.

— Está todo mundo na sua história?

— Quase todo mundo. Não tem a Heejin, nem a JiSoo. Na verdade eu me livrei da maioria de vocês, dá muito trabalho personagem demais.

— Eu posso ler?

— Quando eu chegar no capítulo sete, eu deixo — ele colocou uma mão sobre meu ombro quando o olhei confuso. Porque só nesse capítulo específico? — Você vai entender quando for a hora, minha jovem cria bissexual. — ri baixo.

— JiSoo-noona vai gostar de saber. Que eu tô mais confortável sobre isso.

— Claro que vai, lembra quando ela chegou do intercâmbio na Inglaterra e a mamãe achou que ela tinha "virado" lésbica porque ela defendia LGBTs o tempo todo e dizia que não queria mais casar e ia adotar os filhos dela sozinha.

— A noona nunca teve paciência pra garotos mesmo antes de ir.

— Isso é verdade. — tomou mais um gole de café — Por falar nisso, eu quero aproveitar essa deixa pr-

— Dia — Yoongi-hyung entrou na cozinha, indo até o armário pegar uma xícara e voltando sedento pelo café — Jin-hyung, você ainda vai fazer o vocal de apoio de Butterfly?

— Vou ganhar alguma coisa com isso?

— Não...

— Tô fora.

— Dois por cento. — parecia pouco, mas se a música - e o álbum - vendesse bem, era bastante dinheiro.

— Quando começamos?


+++


JEONGGUK


DIA 15 NO ACAMPAMENTO DE COMPOSIÇÃO


Não era o acampamento. Hoje era o HFC Family, o festival da empresa que reunia todos os artistas da casa num mega show que durava das três da tarde até às oito da noite, o que anulou o dia, então o fim do acampamento seria somente dali mais alguns dias, já que estávamos muito atrasados em progressos. E achava, apesar de tudo, que eu ia sentir falta de ter a casa cheia. Bogum e Yoongi pararam de brigar a cada cinco minutos, nós víamos todas as performances de Soyeon pela TV juntos e Taehyung voltou a usar o twitter para dar apoio e postar selcas de si próprio para animar as purples com o concerto se aproximando. Nós estávamos bem como casal-não-casal, mesmo que não tivesse acontecido nada mais intenso desde a última vez, cinco dias atrás. Ele ainda me beijava e tocava como se estivesse descobrindo algo novo e precioso demais, porém nunca ia mais longe. E eu não queria pressionar e estragar tudo.

Mas às vezes o universo que empurrava mais do que deveria. Tentando fazer quebrar.

— Eu não acho mesmo uma boa ideia, Tae — disse, no camarim. Ele tinha me dito sobre fazer uma brincadeira no palco, Soyeon, Yoongi estariam lá também - e Taehyung chamou Park Jimin pra ser o MC! - e eu tinha pensado em aceitar, por não ser nada sério, era um jogo musical bobo. Mas agora, ali, faltando uma hora... Eu não estava mais tão confiante — Eu nem deixo ninguém ouvir minhas demos. O show tá sendo transmitido...

— É só uma brincadeira boba. Por favor, vai ser legal. Eu vou cantar com você, mais alto se quiser esconder sua voz usando a minha — ele levantou-se da cadeira e me abraçou. Era algo que estava fazendo muito. Ele se pendurava em mim em qualquer oportunidade que tinha e definitivamente não incomodava. Jin-hyung disse que era um sinal de que ele estava confortável comigo porque Taehyung amava abraços.

— Eu não sei...

— Olha, eu e Jimin-shi começamos. Chamamos você, Yoongi-shi e Soyeon. Eles vão estar lá pra te apoiar também — ele era bom em tirar meus argumentos. Só estaria fora se realmente não quisesse de jeito nenhum.

— Você se apresenta, começa o jogo e se eu vou ou não... fica de surpresa — ele fez uma careta, já imaginando que eu não iria — Seria muita sorte se sua apresentação fosse muito boa — beijei seu rosto.

Alguém bateu na porta, a maquiadora e Seokjin tinham saído por cinco minutos a pedido de Taehyung para que ele falasse comigo, mas Yoongi estava quase finalizando sua apresentação - dava pra ouvir a plateia gritando o refrão de Tony Montana á pelos pulmões - e Taehyung iria entrar. Porém, a pessoa na porta era CEO Park.

— O ministro do turismo quer uma foto com vocês — disse, puxando um fotógrafo como se tivesse arrastado o pobre homem até ali — Uma foto de casal primeiro. — suspirei.

— CEO isso é m-

— Claro! — Taehyung disse, me abraçando de lado e dando seu sorriso de "pop star". Ele era ótimo nisso. Ótimo em me fazer lembrar o quanto daquela merda era falsa — Sorria, amor.

Coloquei um sorriso na cara, apertando os olhos quando o flash me cegou por um segundo.

— Ministro Park Yang-Woo, aqui — o CEO chamou o homem, acenando para que ele entrasse, demorei a me concentrar no rosto dele enquanto uma mancha branca passeava pela minha visão graças ao flash. O ministro parecia completamente perdido, com vários pins da nova coleção de Taegguk presos no paletó, porque a gente tinha de tudo! — Sorriam!

O flash me cegou de novo, lembrei de acenar uma reverência ao homem e dizer qualquer coisa parecido com um "boa sorte" a Taehyung quando Jin o puxou para fora, mandando-o ir pro canto do palco. Me sentei na cadeira e eu estava sozinho no camarim, alguém fechou a porta, não tinha visto quem. Olhei o celular, Bogum e Hoseok mandaram uma foto juntos, eles estavam com Adora, Namjoon e Heejin em casa, vendo pela TV. Eles mandaram uma foto das duas logo em seguida e um vídeo de Namjoon conversando com Jiji e Tannie sobre suas "filhas", os pequenos bonsais. Ri baixo, tirando uma foto de mim mesmo e enviando de volta pra eles, sem nem olhar como a foto ficou.

Se eu não tivesse conhecido Taehyung, provavelmente eu não os teria conhecido também...

Larguei o celular, recostado a cadeira e fechei os olhos, ouvindo a voz de Taehyung cantando "Even if i die". Mesmo que Taehyung já cantasse pra estádios, alguém com a voz como a dele devia ser o cantor mais famoso do mundo. A música literalmente tinha morte no nome "Even if i die", mas eu me sentia mais vivo somente de ouví-lo cantar. Se toda essa farsa valia de algo, ao menos eu faria o mundo inteiro ouvir o quão incrível ele era. Deitei a cabeça no encosto da cadeira, eu não tinha dormido bem, podia dormir ouvindo a voz de Taehyung e as purples cantando pra ele.

— Jeon... Jeon, acorda — Yoongi-hyung me sacudiu e abri os olhos, meio perdido — A gente entra em vinte minutos.

— Que? — do que ele estava falando?

— O jogo musical do Taehyung — ele esclareceu vendo minha expressão confusa que devia estar bem óbvia — Ele já tá no palco com o Jimini-min-shi — gaguejou no nome do garoto — Ele tinha dito que começava primeiro e você pediu pra chamar a gente depois — esfreguei os olhos. É, eu tinha dito isso. O show já tinha acabado? — O que foi?

— O que?

— Cê' tá com essa cara estranha.

— É a única que tenho.

— Ótima resposta. — suspirei — Taehyung fez alguma coisa?

— Não... Eu só... às vezes isso cansa. Não preciso estar de bom humor o tempo todo e ser o coelho da sorte o tempo todo — escondi o rosto nas mãos.

— E o Taehyung tá te pedindo isso?

— Não! — falei alto, mas o som foi abafado pelas minhas mãos. Respirei fundo, dando a mim mesmo alguns segundos antes de continuar — Só... Lembra quando você adoeceu, anos atrás e falei que seria muita sorte o amigo que eu amava sobreviver. E deu certo. Aquilo não foi sorte, foi um milagre... Taehyung deve esperar a mesma coisa. Um novo milagre — afastei as mãos, olhando pra ele.

— Acha que não é capaz de amá-lo?

— Não... Eu acho que posso. Mas eu não acho que ele vai ficar, depois que estiver tudo bem. Ou pior, talvez eu não possa salvá-lo de todo jeito, não vai ter um segundo milagre, e ele vai morrer.

— O universo é... cruel.

— Você também acha isso, não é? — não dava pra saber se ele concordava comigo na primeira ou na segunda opção, mas eu "perdia" nos dois cenários — Eu sinto isso tem algum tempo...

— Jeongguk... eu vou perguntar de novo, e juro por Deus, eu sou a última pessoa que vai te julgar. Tá apaixonado por ele?

— Não.

Soou como uma verdade. Mas eu não tinha certeza se sentia como uma verdade.

— Mas tá tudo muito confuso na minha cabeça agora — conclui — Ele não sabe o que sente. Eu não sei o que sinto. Não consigo ver até onde ele realmente gosta de mim ou está totalmente desesperado pra achar uma solução para si mesmo e acho que nem ele sabe dizer.

— São só mais alguns meses pro aniversário dele, confia em mim, passa voando. Quando isso acabar, vai ver que vai ficar tudo bem, mesmo que vocês dois não fiquem juntos — apertei os lábios, dando um sorriso pequeno.

— Logo você me dizendo isso... que plot twist — sorri um pouco mais, Yoongi não sorriu de volta.

Houve um longo momento de silêncio entre nós enquanto eu ouvia Jimin falar com a plateia e rir.

— Jeongguk, eu sou bi — falou, de uma vez.

— Que?

— Eu... eu não tinha coragem de dizer. Eu não sei porque. Não é como se você ou a Soyeon fossem me julgar, mas eu não conseguia ser sincero. Só que eu não quero mais mentir. Eu não tô com uma garota, eu namoro um homem. Sou apaixonado por ele desde meus 18 anos. — disse, tudo de uma vez, tão rápido que se tivesse dito um minuto antes talvez eu não tivesse ouvido graças ao sono. Ele estava até meio sem fôlego, custou mais dizer isso do que recitar um Cypher.

— Ah... — foi só o que consegui falar no primeiro momento.

— Tem mais.

Oh, meu Deus. Ele já casou em segredo e tem filhos?

O que quer que Yoongi tinha a dizer, se perdeu quando vários sons se juntaram de uma única vez. Gritos da plateia, estática e o som característico de uma estrutura muito grande desabando. O chão tremeu debaixo dos nossos pés, apoiei as mãos na cadeira e na penteadeira enquanto Yoongi segurava nas bordas da porta. Mais gritos, fiação estourando. Um minuto se passou. Dois. Pessoas começaram a gritar para evacuar o estádio, as sirenes de emergência foram ligadas. Um segurança correu para o hyung e acenou com a mão para que eu saísse.

— Precisamos evacuar, rápido — o homem disse, mais pessoas passaram correndo pelo corredor em direção a saída nos fundos provavelmente.

— O que houve? — pergunte, gritando. Era difícil se fazer ouvir no meio daquela zona. O segurança veio puxando Yoongi pelo braço com o máximo de gentileza que podia e me fazendo ir junto — O que aconteceu?

— A estrutura de cima do palco cedeu — o homem disse.

E senti algo afundar em meu peito.

— Tinha alguém lá? — perguntei enquanto ele nos fazia caminhar para fora, dava pra ver a profusão de pessoas do lado de fora, os gritos histéricos aumentando — Tinha alguém? Me solta, diz se tinha alguém!

— Senhor, precisa sair daqui. Os bombeiros cuidarão de tudo.

— Tinha alguém no palco? — gritei de volta, as luzes em volta do estádio pareciam me cegar por um momento, podia ouvir o som de sirenes, o vento frio da noite me fez encolher quando saímos pro estacionamento — Me deixa voltar.

— Não é seguro.

— Ele é o coelho da sorte! — Yoongi usou o argumento que eu ia usar.

— Coelho da sorte, não um bombeiro. Por favor, precisam cooperar — o homem parecia a ponto de perder a paciência conosco, eu não o culparia numa situação como aquela, mas eu precisava saber.

— Só me diga se tinha alguém lá. O jogo musical... ele não tinha... eles conseguiram sair, certo?

— O senhor Kim e o MC estavam lá. Eu tenho certeza que estão bem, senhor. Mas precisam dar espaço, os bombeiros usarão todas as saídas possíveis — ele acenou na direção de um grupo de pessoas e precisei de um minuto para enxergar Seokjin entre eles. Ok. "Seria muita sorte eles terem saído do palco a tempo". Ia ficar tudo bem. Tudo bem.

Como isso tinha acontecido? Eu desejei sorte a Taehyung duas vezes naquele dia. Senti Yoongi-hyung me tirar do caminho e me arrastar com ele para junto dos outros, Jin-hyung falava algo sobre ter se afastado do palco antes da estrutura cair, as sirenes da polícia e as de emergência do estádio ficaram mais altas.

Seria assim pra sempre? Meses de pesadelos até isso acabar?

— Por favor, esteja bem. Por favor, esteja bem... por favor, por favor — comecei a murmurar, sentindo o coração apertar a cada pessoa que saia do estádio e que não era ele — Por favor, por favor... — quando o fluxo de pessoas começou a diminuir, meu coração disparou. Alguém falou de ambulâncias na outra ponta do estádio. Meus olhos começaram a marejar, mas o choro ficou entalado na garganta quando ouvi o soluço de Yoongi-hyung. Ele estava chorando. Como um bebê.

— Tá tudo... tudo bem, Yoongi-shi. Eles vão ficar bem — Jin-hyung tentou consolá-lo, deixando que ele chorasse em seu ombro, parecendo tão confuso quanto eu. Ele e Taehyung tinham se aproximado tanto assim?

— V-Vai ficar tudo bem, h-hyung — murmurei e falar foi o suficiente para fazer as lágrimas que tentei conter escorrerem sem controle. Esfreguei o olhos, tentando enxergar direito. Senti uma mão em meu ombro e me virei pra JiSoo — O Tae...

— Eu não sei — ela disse, cobrindo a boca com as mãos tentando sufocar o choro.

— Tá tudo bem, tá tudo bem — garanti, mesmo que eu não tivesse mais certeza de nada.

— Ali, é o Jimin-shi! — Jin exclamou, apontando na direção da saída de emergência — O Tae deve es-

— Jiminie... — Yoongi soltou Jin-hyung, correndo até Jimin, que estava apoiado em um dos bombeiros, mas parecia bem o bastante para devolver o abraço de Yoongi, como se estivessem desesperados um pelo outro. Yoongi segurou o rosto de Jimin entre as mãos, Park sorria pra ele, parecia repetir que estava bem.

— Então a namorada dele é... o Jimin-shi? — Jin-hyung conseguiu expressar por mim.

Parecia tão óbvio agora.

— Tae! — JiSoo gritou e fez minha mente acordar novamente. Corri na direção da saída de emergência assim que o enxerguei ali, de pé, com o blazer chamuscado, uma nova cicatriz na cabeça e mancando. Mas vivo. E aparentemente bem.

O abracei, Taehyug parecia desorientado, mas devolveu o abraço, deitando a cabeça em meu ombro. Não percebi que tinha voltado a chorar, e que Jin e JiSoo estavam falando alguma coisa que soou num misto de preocupação e raiva por Taehyung ter quase nos matado do coração.

— Tudo bem... tá tudo bem — disse, provavelmente mais pra mim mesmo que pra ele. Tentei usar uma das mãos para enxugar as lágrimas, eu estava chorando muito fácil ultimamente.

— Ela estava na plateia. A vidente. — Taehyung disse, num sussurro contra meu peito — Jimin a reconheceu. Eles estavam lá também.

— Quem?

— Meus pais.

Disse num tom tão baixo que quase não pude ouvir.

— Eu.. eu os vi. E eles foram embora... e- e caiu. A coisa de ferro da iluminação caiu e tudo...tudo foi- e eu não sabia como sair e... Não sei se... se eu-eu pensei a-algo errado, eu- não... Eles estão... estão bem? Meus pais? Disseram q-que na plateia... na plateia pessoas se-se machucaram.

— Eles devem estar bem, ok? Tá tudo bem, tudo bem — abracei-o com mais força quando senti as lágrimas dele contra minha camisa — Eu vou descobrir o que aconteceu. A gente tem muito que pôr em ordem. 


++++++++++++++

gostaram? Não? Digam se curtiram o capitulo, ou achou tudo horrível, eu vou amar saber, não importa o que seja <3

amo vocês, até o próximo

xx




Continue Reading

You'll Also Like

279K 36.4K 33
Embora estudassem na mesma sala, Kim Taehyung nunca tinha reparado na existência de Jeon Jungkook antes. Mas isso muda totalmente quando Jungkook ten...
3.3K 603 8
Jeon Jungkook foi criado como um alfa por seu pai. Forte, corajoso, e confiante, porém o mesmo não era um Alfa e sim um Ômega. Por ter nascido em uma...
4.2M 199K 121
Nossas crianças cresceram assumindo o lugar de seus pais. Desafios e confusões irão aparecer e essa turma irá enfrentar com puro estilo e união 1...
348K 37.1K 37
Humor barato com base nos clichês desse site. 03/03/2018