Lucky: e o Coelho da Sorte

By taemeetevil

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[CONCLUÍDO] Taehyung nasceu sob uma maldição. Pelo menos era isso que sua avó dizia desde que ele fora capaz... More

Episódio Um: Loteria
Episódio dois: Vidente
Episódio Três: Trem
Episódio Quatro: Sem sorte
Episódio Cinco: Salvo
Episódio Seis: Ano Novo
Episódio Sete: Namorado
Episódio Nove: Problemas no Paraíso pt.1
Episódio Dez: Problemas no Paraíso pt. 2
Episódio Onze: Beijos e Curativos
Episódio Doze: Lucky Magazine
Episódio Treze: Mútuo
Episódio Catorze: Acampamento pt.1
Episódio Quinze: Acampamento pt.2
Episódio Dezesseis: Purple Heart Tour
Episódio Dezessete: Sete cores
Episódio Dezoito: Passado e Presente pt.1
Episódio Dezenove: Passado e Presente pt.2
Episódio Vinte: Galinhas e Celeiros
Episódio Vinte e um: Uma constatação óbvia
Filler: Eu sonhei um sonho
Episódio Vinte e três: Daegu
Episódio Vinte e quatro: Ainda com você
Episódio Vinte e Cinco: Dejavu
Season Finale: Maldição
Episódio Bônus: Casamento da Sorte
Episódio especial: bebê da sorte

Episódio Oito: O filho do CEO

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By taemeetevil

JEONGGUK

O vovô costumava me dizer que eu era uma criança diferente. Minha mãe morreu quando eu tinha dois anos e minha avó faleceu alguns anos depois disso, eu devia ter sete, oito anos no máximo. Tinha lembranças bem claras dessa época, por terem sido os piores anos de minha vida. Lembrava de ir pra escola com fome e ficar ansioso pelo almoço servido lá e torcer para o papai trazer a sopa que serviam aos funcionários na fábrica de tecidos pro jantar. As pessoas não eram muito legais comigo por ser coreano - aparentemente era hilário meus olhos serem pequenos e eu falar esquisito, mesmo que meu inglês fosse o mesmo que o de qualquer outra criança americana -, mas eu nunca brigava, mesmo quando eram cruéis comigo.

Eu só aceitava as coisas que aconteciam, torcendo que um dia tudo seria melhor.

Com onze anos ganhei meu primeiro sorteio. Era um Playstation 3 novinho, na rifa da escola. Foi o dia mais legal da minha vida até o dia da loteria, anos depois. Eu nunca cheguei a tirá-lo da caixa, o vendi por 100 dólares - que era bem abaixo do valor dele - para um colega de sala porque meu pai tinha perdido o emprego e iam cortar nossa luz, papai brigou comigo por ter desistido de algo que queria, mas não recusou o dinheiro porque não estava em posição de recusar coisa alguma.

Foi nessa época que vovó disse que eu devia ir pra Coreia, ser cantor, usar o dom que ele dizia que herdei da mamãe. "Ela queria ser uma dessas garotas idols, foi por isso que mandei ela pra Coreia. Ela não conseguiu, mas me trouxe você" ele sempre bagunçava meus cabelos quando contava essa história e eu sempre sorria pra ele quando o fazia "Comece a trabalhar na mercearia, junte algum dinheiro" ele disse "E vá ser um idol. Lute por isso, Jeongguk, pare de aceitar tudo que a vida impõe a você"

Nunca me tornei um idol. Nunca cantei em público. Tinha dinheiro para comprar mansões, mas nunca comprei um maldito Playstation. Eu ainda aceitava praticamente tudo que a vida colocava em meu caminho, manipulando a sorte apenas algumas vezes e a maioria delas foi sempre em favor de outras pessoas, não para mim. Nunca precisei mudar nada antes, nunca o quis também.

Levando tudo isso em conta, não era estranho aceitar Kim Taehyung e um namoro que não pedi. Na verdade me preocupava o que seria dele se eu desistisse agora, se expor sua mentira para o mundo o fizesse ser atropelado por um ônibus virando uma esquina. Levando em conta tudo o que houve, não era nada improvável.

Naquele momento, eu estava sentado ao lado do garoto, na primeira "reunião" entre equipes, um dia depois do "grande anúncio". Ou a primeira briga, no caso. Yoongi estava puto por Taehyung ter me tirado do armário sem meu consentimento - não podia dizer que eu estava tão bem assim sobre isso, mas eu não sabia direito como reagir - e no momento estava gritando, não com ele, mas com sua amiga, JiSoo, que justificava o desespero de todos eles depois de Taehyung ter quase morrido naquela semana mais vezes do que seria normal. Soyeon-noona brigava com o amigo dele, Seokjin, mas os dois eram mais brandos nisso que JiSoo e Yoongi, Soyeon-noona parecia achar o garoto engraçado demais para ficar realmente irritada com ele.

Havia uma garota que olhava com olhos graúdos pra mim, Heejin. Taehyung tinha falado sobre ela. Os outros dois rapazes da equipe eu não conhecia e nem tiveram tempo de se apresentar antes da discussão começar.

— Eu não quero saber de nada dessa porra, eu só quero saber no que a merda que vocês fizeram vai interferir na vida do Jeongguk e na Golden Closet. O selo mal foi aberto e vocês jogam o nome da empresa num escândalo! — Yoongi-hyung esbravejou — Não tinham o direito de sujar o nome do Jeon pra salvar a vida desse cara! — apontou para Taehyung, que se encolheu no sofá ao meu lado.

— Ser gay não suja o nome dele! — JiSoo rebateu, um dos garotos da equipe de Taehyung bateu palmas, gritando um "Isso ai, noona", me fazendo rir um pouco — Seu melhor amigo é gay e você tá sendo um homofóbico de merda igual o resto desse país!

Isso pareceu desarmar Yoongi-hyung. Soyeon tinha certeza que Yoon era bissexual, eles eram amigos há anos, bem antes de eu chegar na vida deles, mas ela acreditava que ele reprimia a própria sexualidade, especialmente pela opinião dos pais. Nós nunca conversamos sobre isso, contudo. Ele nunca deixava o assunto florescer.

— Não foi o que eu quis dizer... — ele tinha parado de gritar.

— Foi o que pareceu. — eu gostava da atitude dela, talvez pudéssemos ser amigos — Eu sei que toda essa situação é uma merda, pouco me importa se não acredita na maldição, mas eu vi Taehyung quase morrer todo dia desde o começo desse ano na esperança de encontrar Jeongguk de novo. Não foi certo, mas não tínhamos opção.

— Se era pelo relacionamento, o Taehyung podia pedir em namoro como qualquer cara normal — Soyeon interpôs — Porque falar em rede nacional?

— O relacionamento deles é falso, pensamos que tornaria mais forte sendo um compromisso público. Eles teriam de se assumir. O Tae só adiantou o processo! — Seokjin-hyung disse.

— Isso não anula a merda do seu egoísmo de não ter dito uma palavra ao Jeongguk antes de expô-lo em rede nacional — Yoongi-hyung disse, diretamente para Taehyung.

— Eu sei... — Taehyung disse, a voz grave e baixa — Eu queria que as coisas fossem melhores, eu tive medo de ser rejeitado e morrer logo em seguida. Eu tava com medo e fui...

— Foi mesquinho e-

— Yoongi, cala a boca! — falei, não reconhecendo meu próprio tom, mas eu já estava puto o suficiente sobre tudo aquilo — Já tá feito. Eu entendi os motivos dele, agora chega! — respirei fundo, escondendo o rosto nas mãos, tentando respirar. Podia sentir as mãos de Taehyung perto, na ideia de me consolar, mas ele provavelmente pensou melhor já que não senti mais sua presença no segundo seguinte, ele na verdade se afastou um pouco mais no sofá, me dando espaço — Eu ainda preciso pensar, mas eu vi o que ele passou, eu estava lá! Provavelmente faria igual se fosse o contrário, agora chega disso. Taehyung é solista da empresa agora e tem mais doze garotos e garotas que serão trainees vindo da CF, isso que importa agora.

Ninguém disse nada por um tempo, mas era claro que havia um milhão de palavras não ditas. Taehyung vez ou outra olhava pra mim, esperando mais alguma reação. Eu mesmo esperava alguma coisa. O que aquilo iria me custar de verdade? Eu não sabia nada sobre Taehyung e estava num relacionamento público com ele. Eu não precisava aceitar isso.

— O que acontece agora? — Soyeon perguntou.

— Eu não posso ficar longe do Jeongguk. Viver juntos é uma opção — Taehyung disse, e nada sobre seu comentário me surpreendia. Parecia o caminho mais óbvio.

— Isso quer dizer que você vem morar com a gente? — Yoongi riu alto, mas sem um pingo de humor em seu tom.

— E-Ele pode morar comigo se quiser — Taehyung disse e pareceu que a realidade finalmente me atingiu. Eu iria sustentar um relacionamento e viver com um cara que sequer conhecia o suficiente. Levantei de uma vez, puxando minha mochila e caminhei em direção a saída.

— Onde você vai? — Soyeon chamou.

— Eu preciso de um tempo — disse, antes de sair, batendo a porta com mais força do que pretendia. Ninguém iria me seguir, me conheciam bem demais pra isso e os que não conheciam descobririam bem rápido, duvidava muito que Yoongi deixaria Taehyung vir atrás de mim. Eu só precisava colocar os pensamentos em ordem, longe daquela loucura, por alguns minutos.

+++

TAEHYUNG

— Alguém tem mais alguma coisa a dizer? — Soyeon, a amiga de Jeongguk disse, depois dele ter ido embora. Por um momento eu pensei em segui-lo, tentar me explicar em particular, mas ele com certeza não parecia disposto a ouvir nada, pelo menos por um tempo. Quando ninguém disse nada, a garota continuou — Então acho que a reunião acabou, vocês fazem parte da equipe da GCF agora, é o prédio adjacente, acho que não custa nada uma primeira visita.

Um a um foram se levantando, meio com receio, mas eu continuei sentado, meio intimidado pelo garoto olhando pra mim. Min Yoongi. Ele provavelmente me daria um soco se eu fosse uns dez centímetros menor. Se eu mantivesse a cara fechada tempo o suficiente ele até acreditaria que eu não estava com medo de realmente apanhar de um cara menor e mais magro que eu. Me levantei também e naquele momento ele nem parecia tão pequeno assim, talvez fosse sua postura. Provavelmente o tapa que ele queria me dar seria menos humilhante, agora.

— Vamos, Taetae — Heejin chamou, JiSoo-noona estava parada junto à porta também, esperando por mim.

— Não — Yoongi falou — Eu quero conversar com ele — esperava que JiSoo-noona conseguisse ver o pedido de socorro em meu olhar.

— Eu n-

— Não quero discutir, eu só quero... — deu um suspiro exausto — Ter uma conversa civilizada. Ao menos pra encerrar esse assunto de vez.

Noona ponderou um momento antes de concordar.

— Jin está na ante-sala. Chame se precisar — JiSoo-noona disse, diretamente para mim. Concordei, porque não havia muito o que fazer além disso. Sentei de volta no sofá pequeno que eu já estava antes, esperando Heejin e JiSoo saírem e o garoto começar a gritar comigo por ser um mesquinho e irresponsável. Ou talvez ele me desse o tapa que eu estava esperando, felizmente agora que eu era o namorado de Jeongguk provavelmente eu não iria morrer por um traumatismo craniano se ele resolvesse me bater.

A porta foi fechada. Ele se sentou numa das cadeiras vagas junto a mesa de reuniões e respirou bem fundo.

— Achou que eu ia te bater?

"Sim!"

— Não... — ri, soprado.

— Eu pensei nisso — engoli em seco — Mas seria idiota. Não quer dizer que eu esteja menos irritado, mas eu posso lidar com minha raiva sem ser um babaca... Eu só quero entender o que merda você tá fazendo. Você sequer é gay? Bi? Pan ou qualquer definição que no fim te faça beijar um homem sem repudiar isso?

Eu pensava nisso desde o dia que conversei com JiSoo-noona enquanto víamos a série gay na TV. Eu continuei lembrando de como Jeongguk me fez sentir, como eu queria beijá-lo naquele momento no banheiro. O desejo estava lá, eu sabia que sim, mas o que isso me tornava exatamente?

— Você gosta dele? — insistiu, e havia um tom raivoso ali. Talvez... ciúmes? Era por isso a raiva, no fim das contas? Fazia sentido se parasse pra pensar, Jeongguk falava muito dele e tinha dito algo enquanto estava bêbado, eu ainda conseguia me lembrar. Talvez eles fossem ex-namorados, ou tivessem assuntos mal resolvidos.

— Não... não estou apaixonado — a expressão dele suavizou quando eu disse. Eu estava certo, era ciúmes e perceber isso... me incomodou? Quer dizer, tudo bem que o namoro é falso, mas o namorado é meu!

Isso não fazia o menor sentido... Mas nada na situação fazia sentido de todo modo.

— Olha, eu ainda não entendi bem o que tá tentando fazer, mas não vai funcionar. Eu... — ele parou um momento, olhando bem pra mim, como se pudesse enxergar minha alma — Eu fiquei doente uma vez. O Jeongguk ainda não tinha percebido sobre a sorte dele, foi... bem ruim — ele parecia incomodado de falar sobre isso, como se fosse algo que ele quisesse esquecer — Quando o tratamento com... com radiação e essas merdas começaram — ele limpou a garganta — O Jeon achou um pacote de raspadinhas no chão. Aquelas de loteria, sabe? Ele me disse que estava do lado de fora, esperando por mim, e raspou todas as cartelas. E todas eram premiadas.

— Foi quando notaram? — ele assentiu.

— Nós mostramos pra Soyeon e nós meio que concordamos que a sorte dele era fora do comum. E ele usou a sorte dele em mim. "Seria muita sorte meu melhor amigo e... " ele disse algo mais, eu não me lembro — ele se lembrava sim — Bom, ele disse que seria sorte eu não morrer. Duas semanas depois eu estava miraculosamente curado. Um milagre do Coelho da Sorte, todo mundo a nossa volta descobriu, o CEO Park soube e começou a usar ele em cartazes promocionais e desde então as ações da empresa valem milhões de dólares.

— Eu vi o documentário sobre ele, eu vi que você e Soyeon se aproximaram porque achavam que ele era especial. Não sei como sabiam disso, mas ele era, e isso salvou a carreira de vocês e a sua vida. Eu só quero ter o mesmo milagre que você teve, não tem porque me julgar por fazer o mesmo.

— Eu não o expus em rede nacional. Não o obriguei a namorar comigo. Não pedi pra ser salvo. Você vai continuar agarrado na perna dele, até achar uma solução pro seu problema, mas ele nunca vai poder fazer por você o que fez por mim.

— Por que não?

— Porque ele não ama você. Tudo que tem é um relacionamento falso e piedade — eu não conhecia Min Yoongi, ele não gritava comigo, não estava debochando de mim, ele estava falando a dura verdade, que eu sabia desde que concordei com o plano de Jin-hyung. Jeongguk aceitaria aquilo por ter pena de mim, assim como fez no hotel ou no hospital ao me dar a correntinha. Talvez eu nem tivesse a chance de ter um sentimento real, por ter arruinado tudo num espetáculo midiático. Ele devia me odiar agora — Se vamos ter de aceitar você, não o magoe, não o decepcione e não faça nada pior do que já fez. — se levantou, indicando que iria embora.

— Você gosta dele? — perguntei, não sei porque — Tem sentimento pelo Jeongguk?

— Por que importa?

Me levantei também, com uma coragem que eu nem sabia que tinha.

— Posso gostar dele. Ele pode se apaixonar por mim, vamos viver juntos e passar muito tempo perto um do outro, é completamente possível.

Yoongi não riu, mas havia um sorriso de deboche bem óbvio ali.

— Jeongguk é a melhor pessoa que conheço. E você é um idol egoísta que arriscou a carreira e a vida pessoal de alguém sem pensar nas consequências além de como iria se salvar de morrer de uma gripe ou algo mais idiota que isso. Se o Jeon for esperto o suficiente, e eu acredito que seja, ele não vai se apaixonar por você.

O garoto seguiu em direção a saída e aquilo me deixou com raiva. Muita raiva.

— Ele... Eu... Só porque não foi o começo ideal não quer dizer que... Ele pode me amar, sim! — ele continuou andando, como se eu não fosse digno de atenção — Você tá com inveja, eu... ele... Guarde seu ciúmes pra você! — ele saiu, batendo a porta com força e continuei a falar, ainda mais alto, como uma criança birrenta — Nosso namoro vai ser maravilhoso, seu anão invejoso! — achei que ele fosse voltar depois de chamá-lo de anão, mas não aconteceu — Eu acho que foi o destino que nos colocou juntos no trem e eu com certeza sou totalmente bissexual e o Jeongguk... ele... ele apareceu porque tinha de aparecer! Ele é... ele é meu... ele pode me amar, sim!

A porta se abriu de novo. Jin-hyung olhou pra mim. Olhou pra sala com mais ninguém além da minha pessoa parado e gritando de forma ridícula. Olhou pra mim de novo.

— Garoto, você surtou de vez?

— Hyung, eu posso ser um bom namorado pro Jeongguk, não é? — Jin-hyung me olhou como se eu fosse um idiota.

— Moleque, 'cê' era hétero até dois meses atrás e até onde lembro teu namoro mais longo durou três semanas, ser bom namorado nunca esteve no seu currículo. E você gosta mesmo de homem?

— Eu queria beijar ele no meu aniversário! — tentei lembrar de algum outro argumento além desse — E você disse que sexualidade é fluida.

— Acho que você vai precisar de mais do que isso pra sustentar um namoro de verdade, mas é um bom começo. Agora vem — acenou para que eu chegasse perto e me arrastei derrotado até ele, o hyung abriu os braços e o abracei com força — Tudo bem, pensa que você tá a salvo agora. Só não seja um otário com o garoto, se ele for seu amigo, já é o bastante. Não precisa se forçar a nada nem forçar o garoto a nada, tá tudo bem, ele já aceitou ajudar, não foi? — assenti — Então qual o incomodo?

Exatamente. Por que eu estava incomodado?

— Eu não sei... me sinto perdido, hyung.

— Tá acontecendo muita coisa muito rápido... vamos, o CEO Park já quer marcar um photoshoot para apresentar você como novo membro da equipe — o soltei do abraço, me arrastando para fora da sala de reuniões com ele ao meu lado — Esse cara é meio esquisito, ontem tava puto da vida com o que você fez, hoje tá planejando fotos e já te colocou nos banners da empresa.

— Sério? — eu estava meio chocado, o velho estava tão zangado no dia anterior que já estava contando com mais um infarto na minha conta depois do sacerdote do universo, mas se estava tudo bem agora, provavelmente era uma coisa boa — Eu... — parei — Acha que eu devia ir atrás do Jeongguk?

— Dá um tempo pro garoto — o hyung passou um braço pelo meu ombro, me fazendo caminhar ao seu lado — Ele vai voltar logo.

+++

JEONGGUK

— Três raspadinhas premiadas e um... guarda-chuva? Mas o céu nunca esteve tão limpo — o velho atendente na loja de conveniências riu baixo, ele não podia ver meu rosto direito graças a máscara e a touca, ou provavelmente pegaria uma guarda-chuva também. Eu tinha um "faro" bom para o tempo, sempre sabia quando iria chover. Lhe entreguei as notas e ele me devolveu algumas moedas de troco — Tenha um bom dia.

— Obrigado. Tenha ótimas vendas — falei, guardando o guarda-chuva pequeno na mochila e colocando as raspadinhas no bolso, abri a porta, deixando-a aberta para um moça ao telefone passar, eu meio que conhecia seu rosto, era uma das assistentes pessoais de um dos acionistas da empresa.

— Bom dia, você por acaso vende leite de banana em grande quantidade? — a moça perguntou, o rapaz assentiu — Ótimo, eu preciso de todos que você tiver — fiquei apenas o suficiente para ver a expressão de choque se tornar num sorriso amplo antes dele atender a garota. Sai, seguindo para a cafeteria que agora estava no lugar que um dia foi o restaurante onde me encontrei com Yoongi e Soyeon, anos atrás e tivemos a primeira conversa sobre eu ser o "Coelho da Sorte". Tudo tinha mudado, é claro, o lugar era um cafeteria cara em tons variados de rosa e tinha Cooky, o coelho mascote da empresa - e uma óbvia alegoria a mim - estampado em quase tudo. O CEO Park tornou minha popularidade numa franquia milionária, e eu não podia realmente reclamar quando recebia uma boa parte desse dinheiro. Pedi um smoothie de morango e sentei numa mesa já ocupada, por um garoto meio apagado por cima dos guardanapos. Ele estava realmente cansado já que nem se moveu quando me sentei. Coloquei a mochila ao meu lado no banco, tirei um das moedas do bolso e comecei a raspar as cartelas. O valor somado delas dava uns 500 milhões de wons*. Era um bom prêmio, especialmente em raspadinhas premiadas.

Tomei um gole do meu smoothie e dessa vez quando me movi, o garoto acordou, olhando assustado pra mim antes de endireitar o corpo. No bolso da camisa estava o crachá de enfermeiro em treinamento no hospital da cruz vermelha.

— Dia difícil? — perguntei, o rapaz - que devia ser uns cinco anos mais velho que eu - arregalou os olhos, não demorando a me reconhecer sem a máscara.

— Você é o... o coelh- coel...

— Isso — adiantei pra ele, sorrindo. Provavelmente era ele quem eu vim "encontrar". Eu fazia isso ao menos uma vez por semana, ia numa loja de conveniências, comprava raspadinhas, e dava o dinheiro para quem precisasse mais. A maioria eu mesmo retirava o prêmio e doava para a caridade, mandando as doações em nome do vovô para que meu nome não fosse parar imediatamente nos sites de notícias. Eu já recebia atenção o suficiente — E então, porque está dormindo numa cafeteria?

O garoto olhou em volta como se não acreditasse que eu estava mesmo ali, ou que fosse uma pegadinha de televisão.

— Eu... Eu a-... estava de plantão. Minha irmã trabalha aqui — acenou com a cabeça pra moça no caixa.

— Está esperando ela para irem pra casa? — ele negou com um aceno, olhando pra baixo — Não tem dinheiro pra passagem? — o rapaz de olhou, os olhos arregalados.

— Como...

— Tive sorte. O estágio ainda não paga o bastante, eu presumo. Quantos da sua família vivem com você?

— S-Senhor, não precisa...

— É uma pergunta normal, não precisa responder se não quiser — continuei bebendo meu smoothie enquanto ele debatia sobre falar ou não. Costumava acontecer quando eu me dispunha a ajudar pessoas, coreanos tendiam a ser orgulhosos sobre dinheiro, eles sempre sentiam como se eu estivesse lhes emprestando e tivesse uma dívida comigo, mesmo que eu deixasse claro que estava só querendo ajudar, não iria cobrar nada deles.

— Mais quatro, além de nós dois — ele disse por fim — Mas... mas as coisas vão melhorar quando eu for efetivado — havia uma nota de esperança em seu tom, ele realmente acreditava nisso.

— Eu aposto que sim, mas até lá... — enfiei a mão no bolso, tirando as moedas. Provavelmente daria pra passagem — Vá pra casa — coloquei as moedas na mesa — Durma, e faça bom uso disso — empurrei as raspadinhas, o rapaz já estava surpreso pelas moedas, mas ao ver o valor do prêmio, seus olhos pareciam que iam sair do rosto.

— E-E-Eu n-não o que... que-

— A sorte não vai te encontrar duas vezes. Se o destino me mandou pra você, ele tem um bom motivo.

— I-Isso é sério? — assenti, dando um sorriso a ele — Eu não poss... como vou retribuir algo assim?

— Não precisa. Mas talvez seja bom ter um amigo que é futuro enfermeiro. Eu... — parei um minuto, lembrando de Taehyung — Meu namorado costuma se machucar bastante — o som da palavra pareceu estranha pra mim. Namorado. Eu tinha mesmo um namorado. E não era quem eu sempre achei que seria — É bom ter um amigo no hospital para dar apoio.

Eu esperei que ele houvesse achado estranho eu ter dito que tinha um namorado, mas sua reação foi:

— Ele se machuca tanto assim? — ri, baixo.

— Ele não tem tanta sorte quanto eu. — o rapaz sorriu de volta. Olhou pras moedas, pra cartela premiada e depois pra mim.

— Certeza que não é uma pegadinha? — assenti, ele relutou um pouco mais, parecendo com vergonha de catar as moedas na mesa e mais envergonhado ainda sobre as raspadinhas premiadas, olhando pra elas várias vezes, como para ter certeza que era aquele valor todo e não um truque de sua mente cansada — Tem certeza? É muito dinheiro.

— Eu vou ficar bem... o destino não costuma ser legal com todo mundo, só aceite, ok? — o garoto demorou um pouco mais antes de concordar, caminhando até a moça do balcão, mas olhando pra mim ainda, como se ainda tivesse receio. Talvez de ainda estar dormindo. A cafeteria praticamente vazia permitiu que eu ouvisse seus comentários completamente chocados. Demorou alguns minutos antes do rapaz dizer que iria pra casa, a garota ficou pra continuar a trabalhar, mesmo tendo acabado de ganhar muito dinheiro. A moça veio até mim, colocando uma fatia gigantesca de torta de chocolate na minha frente, fazendo uma porção de reverências profundas, quase batendo a cabeça na mesa numa delas.

Provavelmente se a sorte me mandou até eles, tinha um bom motivo, e pareciam boas pessoas.

Enquanto terminava meu smoothie, a TV no local foi ligada, exigindo um dos programas de variedade da TVN, e senti meu coração falhar uma batida quando meu rosto apareceu na tela ao lado de uma foto de Taehyung.

"— O coelho da sorte da Coreia ama um homem, o amor não escolhe onde vai acontecer — uma das apresentadoras disse — E eu acho que ele fez a melhor escolha possível com Kim Taehyung.

Era estranho ver todos os apresentadores, eram 4, sendo os outros três homens, concordando com ela, enfaticamente. E mais estranho ainda era a plateia reagir da mesma forma.

— Eu acho que eles representam a nova Coréia — um dos homens falou — Temos que dar todo apoio ao "Coelho da Sorte", ele fez muito por todo o país, o povo coreano tem o dever de apoiar o romance dele e de Kim Taehyung.

"Taegguk!" a plateia clamou bem alto e eu não sabia bem como reagir com uma foto minha e de Taehyung na coletiva exibida numa tela no programa e com um coração desenhado em volta."

— Isso é surreal... — murmurei comigo mesmo, minha sorte sempre produziu coisas bem inacreditáveis pra mim, mas a ideia de que todo mundo aceitaria numa boa meu relacionamento nunca me passou pela cabeça, até porque, mesmo nas poucas vezes que me viram com rapazes, não causou grande comoção, mas também não foi como se o país me aceitasse enquanto homem gay. E agora Taehyung e eu éramos... — Taegguk... — ri baixo — É fofo.

— Realmente... é adorável — alguém falou atrás de mim. Virei para o garoto. Cabelo loiro, roupas caras, olhar de deboche — Nunca nos vimos antes, mas é sempre bom conhecer nossas pessoas — ele não me fez uma reverência, apenas estendeu a mão, relutei um momento antes de aceitar — Park Jimin.

— Você é o... — ele sentou-se diante de mim, puxando a torta que eu ainda não tinha comido e tirou um pedaço, ele mastigou sem pressa alguma para depois continuar.

— O filho do CEO Park, mais conhecido como o seu chefe homofóbico que me chutou pra fora de casa e da empresa, mas está muito feliz em anunciar o apoio massivo da HFC a... Taegguk? Sim, sou eu — ele deu um sorriso largo e cínico, comeu mais um pedaço de torta e esperei de novo até que falasse — Ele não fala muito sobre mim, não é? Meu pai — acenei que não — Eu sou a vergonha da família, o único filho homem, que ia continuar o grande nome dos Park no futuro. Eu estava no grupo de trainees que você fazia parte, acho que não lembra de mim.

— Não, eu... não era muito atento.

O rapaz assentiu e desta vez focou somente na torta, como se eu nem estivesse ali, comendo como se fosse a melhor coisa que provou na vida e depois me empurrou o prato vazio.

— Eu fiquei pouco tempo de qualquer forma. Houve um dia que a sala de treinos estava vazia, eu estava com outro trainee, e eu beijei o garoto. Que mal tinha, certo? Era só um beijo — ele acenou para uma das atendentes da cafeteria que correu até nós — Um chocolate quente pra viagem, se me trouxer em cinco minutos eu pago o dobro — ele sorriu pra garota que retribuiu, voltando ainda mais rápido para detrás do balcão, em direção a cozinha — Meu pai nos viu, ficou puto, gritou que ia demitir o garoto. Eu não deixei, ele era um rapper bom demais pra ser descartado.

Rapper? Não havia tantos rappers no grupo de trainees, quanto mais rappers bons.

— Ele me disse pra arrumar uma namorada e esqueceria de tudo que viu. Eu não quis... e fui expulso de casa e da empresa. E agora aqui está você, Jeon Jeongguk, o coelho da sorte. Gay. O país inteiro ama você, meu pai ama você e agora ama "Taegguk", o casal da nação.

— Não somos o casal da nação.

— Vocês serão — não havia sequer um tom de possibilidade na voz dele. Era como se tivesse absoluta certeza — Todo mundo acha que eu odeio você, que a Lucky existe como uma provocação, mas não... realmente não odeio.

— Por que tá me dizendo tudo isso? Você... — empurrei o prato de torta para o lado — Você chega aqui do nada e começa um monólogo com essa cara cínica como se eu fosse seu arqui inimigo e agora diz que não me odeia?

— Não... só me incomoda muito você não perceber os privilégios que tem.

— Quer falar que entende minha sorte melhor do que eu? — ri, incrédulo. Depois de tudo que aconteceu naquela manhã, a conversa de Park Jimin era algo que eu pularia facilmente na minha programação diária.

— Você vai entender do que eu estou falando. Um dia — seu tom de voz aliviou, o garoto respirou fundo, dando um sorriso mínimo, parte do cinismo se foi — Mesmo sendo o filho rejeitado... meu pai me deu a primeira entrevista com o novo casal. Daqui duas semanas, eu acho. Vai ser ótimo passar um dia inteiro com vocês — a garota voltou com o chocolate quente e ele lhe deu uma nota de 50 mil wons — Obrigado, querida — sorriu, observou a garota se afastar antes de olhar o copo — Elas nunca percebem, não é? — virou o copo pra mim, mostrando que a garota colocou o nome dela e seu telefone — Eu acho fofo, até.

O garoto se levantou, conferindo os bolsos do casaco com a mão livre, tomou um longo gole do chocolate quente e depois olhou para a TV.

— Vocês serão assunto por meses. Será bom para a revista. E se me permite um conselho... alugue uma casa e adotem um cachorro. Vai parecer mais crível — abri a boca pra responder, mas nada saiu. O CEO Park tinha contado a ele? A Lucky era uma revista de fofocas, aquilo podia arruinar tudo — Eu não vou entregar vocês. Talvez "Taegguk" seja bom para limpar a mente dessa gente homofóbica que vive nesse país. E se não for, com certeza vocês vão ser um argumento ótimo pra jogar na cara do meu pai. Tenha um ótimo dia, Jeon.

— E... O que aconteceu com o trainee? — perguntei, antes que fosse embora, a curiosidade vindo de repente — O que seu pai viu com você, o que houve com ele?

— Ele está bem, eu o vi de novo meses atrás. — tomou mais um gole do chocolate — Espero vê-lo muito mais... se a sorte me permitir. — sorriu pequeno antes de seguir para a saída, acenando um adeus para a atendente que sorriu boba pra ele.

Pelos vidros das janelas pude vê-lo entrar num carro e partir. Foi a aparição mais estranha que já presenciei, eu só não sabia dizer exatamente o que havia de diferente ali. Respirei fundo, olhando para a TV de novo, havia um jurista falando sobre casamento homossexual e da possibilidade da Casa Azul mudar a lei para que eu e Taehyung nos casássemos no futuro.

Casar? Não... Isso duraria só um tempo, até achar um jeito de quebrar a maldição e em seguida terminar publicamente, assim como o namoro foi anunciado. Talvez Taehyung e terminássemos como bons amigos. Não teríamos vínculo mais forte que isso, provavelmente.

Voltei a olhar pra TV.

"Talvez "Taegguk" seja bom para limpar a mente dessa gente homofóbica que vive nesse país"

Taehyung e eu provavelmente não ficaríamos juntos tempo o bastante para aprovar a lei do casamento, ou algo mais sério, mas talvez houvesse um impacto positivo geral sobre nosso relacionamento. Nós ainda tínhamos tempo de pensar em tudo isso. O mais importante seriam as duas semanas até a entrevista com Park Jimin e provavelmente todas as outras que viriam em seguida.

Era um bom momento para voltar a empresa e falar com Taehyung antes que voltasse pra casa.

(...)

O tempo já estava cinzento quando alcancei o prédio da GCF. O lugar não era tão grande comparado a HFC, mas eu estava feliz, especialmente por não precisar ir nas reuniões com CEO Park todo sábado para sortear integrantes de grupos e conceitos para comeback. Eu finalmente teria alguma liberdade de criação, mesmo que como artista eu nunca produzisse nada pra mim mesmo, pelo menos poderia ajudar num grupo de trainees que trabalhei pessoalmente. Quando virei a esquina, vi a equipe de Taehyung saindo do prédio, os carros particulares esperando e tive de apressar o passo quando vi o próprio Taehyung prestes a entrar no veículo.

— Hyung! — chamei. Eu não conseguia lembrar se já o tinha chamado somente de hyung antes. Ele e JiSoo olharam em minha direção. Cheguei mais perto — Podemos conversar? — ele olhou para a amiga e depois pra mim — Eu levo ele pra casa, não precisa se preocupar — garanti a JiSoo, a garota olhou pra nós dois antes de assentir e entrar no carro. Puxei Taehyung para longe do meio fio - por motivos de melhor não arriscar - e esperei até estarmos sozinhos para falar o que precisava. Olhei para seu rosto.

"O que mesmo eu ia falar?"

— Ah... Tudo bem? — perguntei. Taehyung assentiu, ele tinha os olhos assustados, e provavelmente estava com medo que eu terminasse nosso "namoro" ali mesmo e ele seria atingido por um raio no segundo seguinte — Ok. Eu não vou terminar com você. Eu... eu quero te ajudar, de verdade. Vamos achar uma solução juntos e vamos permanecer juntos até lá. Eu não tô dizendo que as coisas vão ser fáceis, e que tá perdoado sobre tudo o que fez, então não pense que eu pus uma pedra nesse assunto porque com certeza não é o caso — deixei isso claro — mas eu quero mesmo te ajudar — completei.

— Então... estamos juntos? — assenti.

— Mas eu quero que pense numa coisa... eu não sei o quanto disso precisa ser real. Então talvez seja uma boa ideia você se conhecer melhor. Provavelmente vou ter ao menos que te beijar em algum momento e se for um problema, a gente precisa pensar numa solução o quanto antes.

— Não, eu... Naquele dia... no banheiro. Eu queria. Realmente queria, eu só... — ele não tinha coragem de me encarar ao dizer. O garoto respirou fundo e chegou um passo mais perto, me assustei com a aproximação, mas não recuei — Eu não sei dizer o que sou, mas não seria nenhum sacrifício pra mim beijar você — Taehyung olhou em meus olhos dessa vez e era realmente difícil manter o foco quando ele fazia essa... cara. Como ele conseguia ter esses olhos enormes e fofos e ao mesmo tempo parecer o homem mais sexy que já pisou nesse planeta? Era simplesmente injusto!

— Por que eu sinto que você tá me manipulando?

— Eu não estou! — ele fez que iria recuar, mas tropeçou nos próprios pés e o segurei pela camisa, puxando-o pra mim quando quase caiu.

— Você é um desastre ambulante — ele se aprumou de volta, larguei suas roupas, mas segurei sua mão — Nós vamos alugar uma casa. Ou talvez um apartamento. E vamos adotar um cachorro.

— Por que?

— Eu recebi um conselho. Parece uma boa ideia.

— Jiji tem que gostar dele — demorei um momento antes de lembrar da gata.

— Eles vão se dar muito bem — garanti, ele moveu a mão um pouco para entrelaçar nossos dedos — Eu acho qu- — como numa cena sincronizada, um trovão estourou nos céus e um segundo depois começou a chover — Ah, qual é... — eu tinha comprado um guarda-chuvas e consegui a façanha de me molhar mesmo assim — Parece que você tem algum efeito sobre a minha sorte.

— I-Isso é ruim?

Ainda estava chovendo, a água grudava o cabelo em seu rosto e molhavam suas roupas, não havia uma alma viva na rua além de nós e as pessoas em seus carros passando pela avenida, nossas mãos ainda estavam unidas e estávamos perto o bastante. Era como uma cena de filme.

— Eu ainda não sei — respondi — Quer que eu te acompanhe até em casa? — ele assentiu. — Me diz onde é, a gente pega o metrô.

— Metrô? — os olhos dele dobraram de tamanho — Tem muitas pessoas e trilhos elétricos... Será se é uma b-

— Ei, eu sou o coelho da sorte. Seu namorado da sorte — corrigi — Confia em mim.

Parei um minuto pra pensar e eu tinha dito algo muito parecido no hotel. Talvez a situação fosse até um pouco parecida, eu só tinha trocado um chuveiro pela própria chuva. Algo mais público e grandioso, como meu novo relacionamento. Pela expressão de Taehyung ele tinha lembrado também.

— Tudo bem — ele sorriu, apertando nossa mãos unidas — Confio em você.


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