Teoria do amor ao caos ✔️

By valeofdolls

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Camila ama o controle. Ama tanto que fez uma lista de todas as etapas que tem que passar até chegar na sua so... More

notas da autora
Um - A nova estrela (é um saco).
#2
Dois - Você é culpada
Três - Entre odaliscas e rivalidades
Quatro - A garota mais legal do mundo. Parte 1
Exposed #4 & #5
Cinco - A garota mais legal do mundo. Parte 2
exposed - #6
Seis - O novo casal (SQN)
Sete - Dupla do caos
Exposed #8
Oito - Diet coke, batom e maconha
Exposed 9
Nove - Amordaçada e stalkeada (o que falta?)
Exposed #10
Dez - O ritual da tartaruguinha, dois beijos, e um banho.
#0 - Seja bem-vindo a Santa Clarita
Onze - A luta de classes e a vida de merda.
Doze - Ela não tem nome e você não tem segredos :D
Treze - Verdades e caronas não fazem mal a ninguém(né?)
Quatorze - Teorias, chantagens e bandas indie (tem tudo a ver)
Exposed #15
Quinze - Todo mundo tá planejando algo (menos eu).
Exposed #16
Dezesseis - Bandaid, gols e pedidos inesperados
Bônus - Te amar trouxe consequências
Planos, tapas merecidos e legos
Dezoito - As lições que eu aprendi com você.
Exposed 19&20
Dezenove - Calabaças, aqui estamos nós.
Dezenove - Calabaças, aqui estamos nós. Part 2
Vinte - Raios, faíscas e feromônio
Vinte e um - Eu sinto você
vinte e dois - Lições do papai
Vinte e três - Boias para nos salvar
vinte e quatro - eu te deixei (mas não vou te abandonar)
Exposed #25
Vinte e cinco - Lolo não sabe brincar
Vinte e seis - Pare de quebrar meu coração
Vinte e sete - Não faça isso comigo
Exposed #28
Vinte e oito - A bruxa está solta.
Vinte e nove - Quente e doce.
Trinta- Ação de (des)graça
Exposed #31
Trinta e um - Cinismo, luxuria e crueldades
Exposed #33
Trinta e três - Feliz Natal, felizmente.
Trinta e quatro - A Borboleta levanta vôo
Tudo que ficou no passado #1
Livro dois - Capitulo Um - Ponto de Ruptura
Livro dois - Protetora
Livro dois - Tudo por ela
Livro dois - Planos infalíveis são quentes.
Namorados novos são um saco.
Recuperando corações perdidos
#2 Tudo que ficou no passado.
Livro dois - Chegamos até você.
Livro 2 - Epitáfio
Livro dois - Consequências
EXPOSED - DOIS ANOS :O
Livro 3 - Seguindo em frente
Livro 3 - Nós
Final - Teorias do amor e ensaios sobre o caos
Epilogo

Trinta e dois - Constelações, beatles e magnitude

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By valeofdolls


Saudade de algo que está perto é uma das sensações mais esquisitas que alguém pode passar. Como ter saudade de algo que está o tempo todo com você, como ansiar por algo que está ao alcance de mãos? Camila não pode responder com clareza essa pergunta, mas ela sabe de quem é a culpa por esses sintomas.

Lauren aparece no fim da aula de terça-feira. Camila nota como ela parece cansada. Não tiveram muita chance de conversar desde que voltaram de Nashvile. As avaliações antes das férias do Natal está pressionando todos alunos. E ela não quer parecer desesperada só porque fizeram sexo... Mesmo que ela esteja desesperada.

Simples e complicado, como a maior parte das coisas verdadeiras.

Ela nota os detalhes de Lauren antes mesmo dela parar de frente a ela nos armários. O jeito como o cabelo preto está solto sobre seu ombro, provavelmente para lhe proteger melhor do frio, o modo como suas unhas estão meio roídas e um pequeno chupão que no seu pescoço é o sinal que a noite que tiveram não foi fruto da sua mente alcoolizada.

Camila se flagrou sorrindo, quando recebeu um beijo quente no rosto. Desejou que fosse nos lábios. Simples assim. Complicado assim.

Os corredores estão quase vazios, a correria já passou. Então Lauren chegou mais perto do que antes e roubou um beijo dos lábios rosados. Um beijo que é rápido demais para saudade de ambas.

— Ei, Camz.

— Oi, Lauren.

Sorriem. O coração voltando a bater com mais tranquilidade agora.

— Eu senti sua falta. – É Lauren quem diz, mas o pensamento também passou pela mente de Camila.

— Eu também, muito. – A reação de suas palavras em Lauren são bochechas rosadas adoráveis e Camila sentiu vontade de beijar seus lábios mais uma vez. Dessa vez um beijo de verdade, então muda o rumo da conversa: – Como vai o braço?

Lauren deu um sorriso que é metade safado e metade adorável.

— Você não estava muito preocupada com ele no sábado.

— Lauren! – Camila deu um tapa em seu braço. – Cretina.

— O que importa é que acho que em breve vamos poder colocar em prática nossos treinamentos. – Lauren mordeu os lábios. – Mas na verdade, eu queria te roubar... tipo, agora.

— Me roubar? – Camila ergueu as sobrancelhas. – Pra onde vai me levar?

— Não sei ainda – respondeu ela e pegou em sua mão. – Você confia em mim?

— De olhos fechados.

Lauren mordeu os lábios gostando do tom sensual que Camila parecia transbordar a sua vontade. Era tão simples que as vezes ela pensava que ela tinha um botão que era apenas ligar e desligar.

— Só vem comigo.

Primeiro, elas caminham de mãos dadas. Depois estão correndo. Aquela corrida boba que poderia fazer parte de qualquer filme de romance que reduz tudo que não for o casal a um borrão passageiro. Estão rindo, estão brincando e felizes. Camila sentiu o ar frio, mas as mãos de Lauren pareciam muito com um casaco quente de inverno. A luz fraca do sol, as árvores e a passagem profunda e rápida do mundo não tão opressivo dos apaixonados.

Quando já estavam dentro do carro, Camila percebeu que aceitaria ir com ela pra qualquer lugar. Se Lauren quisesse ao shopping, ela seguiria. Se quisesse levá-la para sua casa, ela seguiria. Se Lauren quisesse roubá-la para qualquer lugar dentro do seu mundo, ela seguiria.

Levou uma hora para chegarem no destino escolhido por Lauren. O início de dezembro pintou a paisagem californiana de branco. Tudo parecia meio suave, desbotado. A cor mudando conforme o inverno chega. Lauren deixa que Camila escolha a música que vai tocar. Ela fica surpresa quando "And I love her" uma canção dos Beatles enche o carro com sua melodia.

Sorriem e começam cantar juntas.

Bright are the stars that shine, dark is the sky. I know this love of mine...

Camila para de cantar e encara Lauren com os lábios abertos. Nunca tinha visto Lauren cantar.

— Você sabe cantar também. – Seus olhos brilham maravilhados.

— Eu sei que foi horrível, não precisa me zoar. Nem todo mundo nasce com sua voz. – Lauren é tímida, mas, ao mesmo tempo, divertida.

— Não, é sério... Sua voz é maravilhosa...

Lauren observou Camila por um longo tempo. Então sorriu.

— Nesse caso. – Falou, girando o botão até a música voltar a soar no carro.

Logo estão cantando a plenos pulmões. Beatles combina com aquele momento. A calma. A voz de Lennon. A guitarra de Paul.

A música acaba, a próxima faixa começa e elas seguem cantando, substancial como ar, mas que eleva as duas do mesmo modo. Camila fechou os olhos pensando no seu primeiro pedido aquele dia, e é como se já tivesse sendo recompensada. O tempo relaxa ao redor delas. Então ela para de pensar na fugacidade do momento e se permite unir-se a ele.

Ela abaixou os vidros e estendeu a mão no ar. Lauren dirigiu depressa, deixando o vento assumir o controle, soprando seus fios por todos os lados. Dirigem assim durante alguns quilômetros. Falam sobre suas famílias. Falam de seu passado. Lauren conta que nunca teve um cãozinho, mas adoraria. Camila diz que cão seu peixe sempre lhe dá bons conselhos.

O mundo, naquele momento, consiste em apenas elas duas. Continuam a conversar. A cantar sem se preocupar se estão atingindo as notas corretas. Trocam olhares enquanto cantam; elas agora são um dueto. É uma forma própria de conversa.

Você pode aprender muito sobre as pessoas a partir do que sai de dentro das suas bocas, mas também pode conhecê-las pelo modo como elas trocam olhares. Em conversas de olhares não importa se você veio de uma ilha da América Central, ou se nasceu em Miami. Se vive de acordo com seu mapa astral ou se não sabe o que é ter o sol em aquário. Olhares dizem aquilo que a boca esconde.

Lauren diz a Camila pra onde estão indo. Para a praia. Não é verão, não é fim de semana. É terça-feira, está frio e ninguém além delas quer ir a praia.

Mike não notou quando de repente foi nomeado o matchmaker do seu grupo de amigos. Mas naquela manhã de dezembro todos pareciam decididos a cobrar dele um tipo de favor bizarro. A primeira foi a esquisitíssima Charlotte e sua paixão por Lauren.

Ela o enquadrou na saída da aula de Inglês e bombardeou com perguntas ridículas sobre o que Lauren comia, a loja que ela comprava roupas e o número de colheres de açúcar que colocava no seu café. Detalhes que ninguém em sã consciência precisaria ou desejaria saber.

Mike ficou três minutos ouvindo a menina tagarelar sobre Lauren, até que pensou ser salvo por Tris. Mas foi ai que seu dia ficou realmente bizarro.

— Entregue isso a Alycia. – O menino baixou os olhos para a caixa(provavelmente chocolate) cheia de corações.

— O que-

— Faça esse favor, quer dizer, se não for te causar problemas, eu apenas pensei que...

Mike sorriu falsamente e pegou o pacote em sua mão. Ele nunca tinha pensando se Tris gostava de garotos ou garotas, mas imaginou que como mulher trans ela gostasse de garotos. Nem ela resistia ao charme da sua prima.

— Tris... Hum. Você sabe que ela está namorando, não é?

Tris passou o olhar devagar pelo garoto e sorriu arrogante.

— O gato que ri trouxe em primeira mão que ela e a ruiva estavam brigando nos armários. Eu só pensei que seria uma boa...

Mike coçou o topo da cabeça, e essa agora.

— Claro... É genial...

Tris saiu correndo antes que Mike pudesse dizer mais alguma coisa, e o menino encolheu os ombros e se dirigiu em direção a lanchonete, onde ele sabia que Alycia e Lauren esperariam por ele para almoçar.

— Ei, nerd. – Alycia cumprimentou. – De quem é esse presente? Não acredito que você tem pretendentes...

— É seu. – Ele respondeu, pressionando em suas mãos a caixa de chocolates. – De Tris...

— Tris? Eu não conheço, nenhuma... Ohhh, sua amiga? Por que ela me daria um presente? Nos falamos duas vezes.

— Acho que ela está apaixonada por você. – Respondeu Mike roubando uma das batatas da prima e deslizando para sentar de frente a ela.

— O que? Aquela pirralha está apaixonada por mim? – Alycia pareceu chocada.

— Parece que o gato que rir, já entregou sua briga nos armários. Ela pensou que... – Deixou subjetivo a intenção de Tris, uma vez que nem ele se dava ao direito de pensar.

— Aquela francesa filha da pu... Da mãe. – Alycia suspirou. – Foi uma briga boba, graças a um maldito Inglês que Sophie está se comunicando para introduzi-la a universidade de Cambridge. Um tal de Joe... Joe Jonas. – Cuspiu o nome como se fosse amargo. – Quer saber, me dê esse chocolate garoto. Ela tem sua idade... – Choramingou. – Mas, pelo menos, tem bom gosto, esse chocolate é maravilhoso.

— Anime-se, Al. – Mike sorriu para sua prima pegando um chocolate pra ele também. – Pelo menos Tris te dá chocolates, pense só se fosse Charlotte...

Alycia fez uma careta na menção aquele nome. A menina tinha tentando tirar informações sobre Lauren com Alycia. Porém para seu azar, Evans podia ser muito assustadora quando queria.

— Imagine quando ela descobrir que Camila é a dona do pedaço.

— Onde está Lauren? – O garoto notou enfim, a falta da irmã na mesa.

— Se você tivesse um pouco mais de idade eu te diria... Mas por enquanto vou apenas te dizer que ela está molhando o biscoito.

— Molhando o quê? Qual biscoito? Quê? – Ela riu divertindo-se com confusão do garoto. – Pra onde você vai?

— Tenho horas na pesquisa no centro de história.

— É professora Eliza? Ela é brilhante!

Alycia estremeceu.

— Isso é meu. – Ela pegou a caixa da mão do garoto.

— Ei, deixe pelo menos um pra mim.

— Arrume sua própria Crush.

Mike suspirou comendo umas batatinhas frias, enquanto digitava na tela do celular o que diabos era molhar o biscoito. Ele não poderia ter ficado mais chocado e envergonhado quando descobriu o significado.

Precisava lembrar de nunca mais procurar os termos que Alycia usasse com ele.

O carro de Lauren é estacionado. A dupla tirou os sapatos e os guardaram dentro do carro. Elas andam até o mar.. Quando chegaram à areia, Camila se inclinou para enrolar o jeans. Enquanto faz isso, Lauren correu à sua frente. Camila capturou a cena com os olhos e corre até ela. As duas se abraçaram e rodopiaram na praia chutando areia e gritando. Tudo é liberdade. Camila arrepiou-se com o desejo repentino de guardar cada detalhe na mente. Precisava testemunhar. Lembrar.

Tem a praia para elas, o mar. Camila tem Lauren para ela e Lauren tem ela pra si. De repente estão correndo pela orla, sentindo as ondas despejarem seu balanço contra a pele dos seus pés. Lauren agarrou Camila e elas começam uma briguinha boba de jogar água uma na outra. Suas roupas ficam molhadas, mas não é importante.

Camila pediu para Lauren ajudar ela a construir um castelo, e expressa seu desejo de ensinar a Sofia cada coisinha sobre arte que ela sabe. Camila sentiu os olhos encherem de lágrimas quando notou a maneira apaixonada que Lauren elogiou e conhecia cada qualidade de Mike. Ela diz a Lauren sobre a boneca barbie ginasta enquanto põe conchinhas no seu castelo.

Camila notou como as pegadas delas juntas parecem pertencer a uma pessoa só.

— Que foi Camz? – Lauren perguntou ao ver a expressão da menina.

Camila não sentia como se fosse capaz de explicar. A única maneira que conhece é dizendo:

— Obrigada.

Lauren olhou para a cubana como se não entendesse o significado da palavra.

— Pelo quê? – perguntou.

— Por isto. Esta fuga.

— Está tudo bem. – Diz Lauren. – Tudo que fizer você feliz, Camz.

— Estou feliz – diz ela. – Estou, de verdade. Mais do que eu já fui antes...

O mar fez sua música, o vento dançou levantando seus cabelos. Elas se beijam. Os lábios se unem em uma intensidade oculta. Sem pressa, deixam cada momento ser o próximo. A pele, a respiração. Lauren passa a mão pelos seus ombros, Camila acaricia seu rosto. Beija seu pescoço. As vezes param, sorriem.

— A gente devia fazer isso todas as terças. – Disse Camila. – Todos os dias.

— Assim iriamos enjoar. – Respondeu Lauren. – Vamos ter muitos passeios para fazer, em outros lugares. Outros momentos.

Camila parou de caminhar para olhar Lauren. Ela gostou do tom de suas palavras, sugeria algo no futuro.

— Você vai mesmo me visitar em Nova York?

— Toda folga, todo momento. – Lauren tirou um fio de cabelo caindo no seu rosto. – Posso imaginar você morando em Nova York. Em como sua vida será empolgante na faculdade, e você provavelmente se tornará uma artista plástica impressionante e renomada...

— Isso tudo é maravilhoso... – A voz de Camila é sonolenta. – Mas eu posso imaginar nós duas em situações mais banais...pintando paredes de quartos, sexo no sofá... Despedidas emocionadas em aeroportos.

— Sexo no sofá, um dia... – Lauren apontou para o céu como um lembrete.

— Você só prestou atenção nisso, né?

— Humhum...

O sol se põe mais além. A temperatura caiu juntamente a ele. Camila estremeceu, então Lauren soltou sua mão e a abraçou. Ela sugeriu que voltassem para o carro, para deitarem nos bancos grudadinhas. Fitam o céu, estão tão perto que podem sentir a quentura uma da outra, o cheiro em suas roupas. Camila sente que gosta do cheiro de baseado que sempre nota nas roupas de Lauren, é algo seu que deixa seu perfume ainda mais atraente.

Se pudesse ficaria daquele jeito para sempre.

Alycia estava ansiosa. Ela não queria enfrentar tanta ansiedade, mas a cada momento que cruzou com o treinador, andando livremente pelos corredores com um sorriso de triunfo nos lábios ela precisou se controlar para não pular em seu pescoço e fazer ele admitir o ser humano lixo que era com as próprias mãos. O que descobriram em Nashvile colocaria fogo naquela escola. Um fogo alto o bastante para arrasar tronos e pseudo-reinados. Era sua maneira de sair de Alexander Maximus. Livrando as próximas gerações de garotas da presença asquerosa do professor.

Deixou a escola por volta das nove da noite, uma das muitas consequências de estar fora do time e integrando o grupo de pesquisas. Diferente do que ela pensou em um primeiro momento, o curso era bom o suficiente para suas pretensões no curso de direito em Yale. Debater sobre empirismo e relações humanas deixavam Alycia feliz. É claro, se ignorasse que Eliza Griffin estava próxima o tempo todo dela. Rondando-a, como se estivesse a ponto de dizer algo. Algo que não sabia se queria ouvir.

Suspirando, fechou o seu armário sozinha no corredor, jogou preguiçosamente por cima do ombro e depois o capuz escondendo os brilhantes cabelos castanhos. Notou que em seu celular não tinha nenhuma mensagem de Sophie. Ela provavelmente ainda estava chateada pela briga, o que ela poderia fazer? Nunca soube lidar com ciumes. Não que o tal Joe fosse grande coisa, e ele tinha um bigode patético que deixava ele a cara de Mindinho.

Quando deixou o prédio se deparou com uma chuva sem precedentes. O inverno estava deixando o clima instável na Califórnia e principalmente na cidade costeira de Santa Clarita.

Evans atravessou o campus, sentindo-se de repente muito solitária. Não havia sons, nenhuma tagarelice habitual de calouros, ou de concluentes cansados e resmungões. Nem mesmo os gritos nos campos de futebol. Enquanto as gotas cristalinas de chuva batiam em sua cabeça e encharcavam sua mochila, Alycia correu para o estacionamento, onde apenas dois ou três carros permaneciam estacionados.

Abrindo a porta com mau humor, ela jogou a bolsa no banco de trás. Ela deslizou para o banco do motorista fechando a porta enquanto ligava os faróis, girando a chave da ignição, esperando fugir para a casa da namorada para pedir desculpas.

Girou a chave no contato esperando resposta até que o painel apenas piscou uma vez e não saiu do lugar.

O rosto de Alycia se transformou em confusão e horror quando ela girou a chave na ignição com mais força, esperando que o motor do carro desse sinal de vida. Na mesma hora ela lembrou do conselho que sua prima havia lhe dado ainda aquela manhã.

"Coloque água no carburador ou vai ficar a pé"

No momento, Alycia debochou do que Lauren disse, mas agora ela estava querendo se bater por ser tão burra.

— Vamos. – Alycia resmungou em frustração, batendo o punho no painel. Ela se virou, alcançando sua bolsa para pegar o celular, para pedir um táxi ou qualquer coisa que tirasse ela daquele estacionamento.

Mas sabe aquela máxima de que quando algo tem que acontecer, simplesmente acontece? Alycia sorriu em ironia quando notou que estava sem sinal, nem mesmo um tracinho.

— Eu mereço!

Os olhos verdes de Alycia de repente se fecharam com o impacto de uma luz brilhante em seu espelho retrovisor, enquanto ela reconheceu dois faróis brancos e brilhantes. Lá, um jeep preto com a capota de couro, estava parado com Eliza Griffin estacionando seu veículo paralelamente ao seu. A loira abaixou a janela e sorriu para ela. Alycia pateticamente ergueu uma das sobrancelhas para evitar sorrir de volta.

A professora usava suas roupas sócias da mesma maneira que Alycia tinha visto minutos antes na sala de aula. O primeiro botão da sua blusa aberto e os cabelos antes presos agora soltos deixavam ela parecida com a garota desconhecida que Alycia beijou meses antes sem saber no que se metia.

— Algum problema? – Eliza perguntou, observando a aluna.

— Acho que ferrei o meu carro. – A loira sorriu dubitavelmente e Alycia revirou os olhos e completou a frase. – Tá bom eu admito... Não coloquei água no carburador e deu ruim.

— Deu muito ruim. – Ela balançou a cabeça.

— Ouça, senhorita Griffin. – Alycia suspirou. – Eu poderia, talvez... usar o seu celular? Eu preciso ligar para minha mãe, ou Sophie ou alguém nessa cidade que tenha um celular ativo...

Eliza franziu a testa, e por um momento, Alycia pensou que ela só ia subir as janelas e arrastar o carro ignorando seu surto, mas suas próximas palavras surpreenderam a garota.

— É tarde pra você ficar aqui, posso te deixar em casa.

Alycia congelou, arregalando os olhos. Em que situação bizarra ela estava se enfiando?

— Hmm... Eu acho melhor-

— Você não vai ficar aqui esperando sozinha. – Eliza disse, e saiu de dentro do veículo. Alycia piscou buscando a professora, até que a porta do seu carro abrindo te fez pular de susto.

— Vamos lá, Alycia. – Ofereceu, em pé na chuva, seus olhos brilhando pra ela.

— Eu... – Alycia sentiu quando os olhos escorregaram lentamente para o pano molhado da sua blusa que deixava o contorno ousado dos seus seios. PARE COM ISSO AGORA, ALYCIA JASMIM! – Eu acho que-

Eliza ofereceu sua mão para Alycia e sem pensar a garota aceitou permitindo ser ajudada a sair do carro. O caminho rápido até o jeep da professora foi menos úmido do que Alycia imaginou. Ou talvez seus pensamentos febris não ajudassem em nada.

— Se enxugue com isso. – Eliza murmurou colocando uma toalha no colo de Alycia quando fechou a porta. Alycia julgou se seria uma boa ideia, mas a junção de espaço pequeno e o cheiro do seu perfume não era uma escolha nem minimamente ajuizada.

— Eu agradeço.

— Tudo bem, Alycia. – Eliza retribuiu o sorriso e arrastou o carro para fora do estacionamento. – O prazer é meu.

Alycia fez o melhor que podia para não captar significados ocultos naquelas palavras. Mas o olhar demorado e o sorrisinho diziam outra coisa. Eliza tentava provocar a chama que Alycia pensou estar morta. Ela não era boba, havia muito de segundas intenções em suas últimas frases.

— Onde você mora? – A professora perguntou.

— Soa como algo que um serial killer perguntaria.

— Ou um stalker. – Eliza acrescentou, balançando a cabeça em um divertido concordar.

— Sendo assim, acho que vou preferir ir na chuva mesmo.

Quando os sorrisos terminaram e o silêncio só era interrompido pela voz do GPS ou por suspiros de desconforto.

— Eu nunca pude te dizer. – Ela disse olhando a aluna ao seu lado rapidamente. – Não trai meu noivo porque acho divertido essa coisa de enganar o outro. Duvido que você queira saber sobre minha vida, mas eu estava passando por um momento difícil. Eu nunca trai Bob antes, nem depois... – Alycia suspirou, aceitando que aconteceria de qualquer forma, mas deixou a mulher concluir. – Sinto primeiras vontades o tempo todo quando estou perto de você... É estranho porque somos desconhecidas e eu...

— Aluna e professora, né isso que você quer dizer?

— Sim. – Acenou em concordância. – mas você me faz questionar muitas vezes e se não fossemos?

— Você ainda seria casada.

— Noiva.

— Não existe diferença, você eu ainda estamos em uma relação não estamos?

— Estamos? – A mulher estranhou a fala de Alycia. Tinha ouvido boatos, e sua maneira aparentemente carinhosa de tratar Sophie Turner. No entanto, imaginou para o seu próprio bem que era apenas mais uma diversão. A fama de Alycia Evans era grande naqueles corredores. Estaria ela enganada?

Alycia acenou brevemente para o que lhe foi perguntado e desviou o olhar para fora, ela queria se importar com o que de fato a mulher dizia. Queria mesmo, mas o que ela sentia de fato? Nada? Tudo? O que era importante ali, quando ela tinha uma namorada tão linda e confiante que tinha entregado seu coração pela segunda vez a ela esquecendo todo seu retrospecto de traições e mancadas?

— Eu estou apaixonada. – Disse orgulhosamente e continuou. – Acho que pela primeira vez na minha vida eu quero fazer as coisas da maneira certa.

— Isso é bom, Alycia. – Acenou a mulher e sorriu, ainda que seu riso não chegasse aos olhos azuis brilhantes.

O resto da viagem é suficiente rápido para que as duas não precisem dizer mais nada. E Alycia está aliviada. Era uma experiência nova, mas era uma experiência necessária.

— Muito obrigada. – Disse lucidamente, jogando a mochila nas costas e sorriu para a mulher loira que novamente estava a prestes a dizer algo.

— Tchau.

— Vejo você amanhã?

— Na aula? Sim.

Alycia observa o carro se afastando com um olhar que poderia sugerir sinceridade. Ela sabe que teve sua lição. Uma coisa é amar. Outra é ser responsável por esse amor.

— Quem diria? – Lauren abre os olhos ouvindo Camila murmurar, seus lábios roçando suavemente nos seus ouvidos. – Você a estrela de futebol arrogante, e eu a pessoa que mais abomina futebol no mundo.

— Abominava. – Lauren corrigiu-a sorrindo. – Você não perdeu um só jogo do campeonato.

— Abomino. – Camila provocou, mordiscando a clavícula de Lauren, seus quadris roçando lentamente contra sua barriga.

— Você é o tipo de garota que eu esperei por toda minha vida, Camila. – Lauren sussurrou, colocando um fio de cabelo atrás da orelha de Camila.

— Eu estou feliz de ter me enganado totalmente sobre você, Karla Camila Cabello... – Lauren responde, encontrando os lábios de Camila em um beijo delicado. – Sinto que tem mais nome, mas eu não lembro. – Lauren fez um pausa erguendo-se para a cubana. – Eu acabei de notar que estou apaixonada por você e nem sei seu nome completo.

Camila riu disso, suas mãos cobrindo as bochechas de Lauren. Ela beijou a testa de Lauren. – Karla. – Beijo. – Camila. – Ela beijou as bochechas de Lauren. – Cabello. – um beijo na pontinha do nariz. – Estrabão. – Ela puxou Lauren para um beijo final nos lábios, pressionando suas testas.

— É mais nome do que Camila. – Riu. – Karla Camila Cabello Estrabão. – Ela repetiu como um mantra. – É o nome mais bonito que já ouvi na minha vida. Karla...

— Ninguém me chama de Karla. – Lauren deu de ombros, arrastando os polegares pelos lábios de Camila, mapeando o rosto dela. As pintas. A sobrancelha. A boca. – Exceto Dinah... Você acredita que ela uma vez disse que tinha uma dançarina mascarada com esse nome?

Lauren riu.

— Dançarina?

— Não leve a sério, Lauren. Eu tenho certeza que foi mais uma das tentativas da Dinah de me zoar.

— Você dançaria para mim? – Ela perguntou.

—Você tiraria a roupa pra mim? – Camila devolveu imediatamente.

Um pequeno meio sorriso que brincou nos lábios de Lauren, sugerindo que ela de fato tinha pensado na possibilidade.

Camila voltou a deitar sobre seu peito. Suas mãos gentilmente acariciando o cabelo de Lauren, as pernas emaranhadas.

— Podemos nunca sair daqui? Camila perguntou suavemente, os lábios fazendo cócegas no pescoço de Lauren. – Este é o dia mais feliz que já tive em... muito tempo.

Lauren segurou Camila o mais forte que pôde, sentindo a cubana derreter nela. Ela fechou os olhos por um momento, saboreando a sensação.

— Serio, Lauren... eu realmente estou apaixonada por você. – A última parte saiu tímida, despretensiosa. Dando asas ao coração de Lauren. Ela sabia do quanto Camila podia ser boa em ocultar seus sentimentos.

— Eu realmente gosto de você, Karla Camila... – Respondeu colocando os braços em volta da cintura de Camila.

— Você quer fazer algo totalmente clichê? – Camila perguntou de repente.

— Acho que está um pouco frio para mergulhar, mas eu faço qualquer coisa pra te ver sem roupa.

— Isso não. – Camila rolou os olhos sorrindo quando Camila deu um tapa em seu braço. – Estou falando de olhar estrelas.

— Droga. – Lauren suspirou. – Eu sabia que eu não deveria pedido dicas a Alycia de como ser romântica. Eu não sei nada sobre o cosmos... Exceto que sua beleza de perto faz a constelação de Andrômeda passar vergonha.

Camila sorriu para ela.

— Não! Sou eu que tenho cantadas horríveis, não roube isso de mim, Lo.

— Tá bom, então use uma dessas comigo...

— Ok. Sua bunda é do espaço? Porque ele me leva pra outro mundo.

Lauren franziu o cenho depois de uma gargalhada audível.

— É simplesmente.. Horrível!

— Por que você está corando, então?

— Por que veio de você. – Lauren respondeu timidamente, se inclinando para mexer no painel e abrir o buraco no teto do carro. – Pronto, olhe pra cima...

— Estou vendo algo mais bonito.

— Camz... Foi sua ideia.

— Estou olhando...Vamos começar com um fácil. – Camila murmurou no peito de Lauren. – Vê as três seguidas horizontalmente?

— Cinturão de Orion? – Lauren adivinhou.

— Sim, está certo. Bom palpite. Mas você pode ver a constelação completa? Veja. – Apontou para o alto, enxergando o céu pela capota do carro. – Lauren acompanhou com admiração, como Camila lhe instruía usando apenas a memória. – Esse é o braço dele. Bem, parte disso, de qualquer maneira. Esse é Betelgeuse.

Lauren observou, seus olhos de esmeralda absorvendo o cintilar das estrelas acima deles, enfeitando-os com a luz suave.

— Aquela é a constelação, Lyra. – Camila murmurou.

— Lyra? – Lauren repetiu insegura. – É um bonito nome.

— Aquela é Andrômeda... Elas estão a bilhões de anos-luz de distância, mas a lenda diz que partem da mesma constelação... Como amantes que nunca podem se tocar.

— Que triste. – Disse Lauren e Camila confirmou.

— Caelum é a próxima... O formão, que os deuses usam para esculpir olhos.

Lauren sorriu, sua risada enchendo Camila com uma felicidade sobrenatural.

— Viu só, você é uma conquistadora barata.

Camila inclinou-se para beijar o queixo de Lauren, provocando um gemido da morena.

— Onde você aprendeu tudo isso?

Camila afastou-se um pouco do seu corpo e franziu a testa.

— Meu pai. – Camila respondeu suavemente. – Ele gostava de me ensinar essas coisas quando ele se preocupava em ser pai. – Ela não se aprofundou mais.

Lauren entendeu a delicadeza do assunto, passou o braço ao redor do corpo de Camila e fechou o teto do carro, protegendo os corpos e protegendo Camila dos fantasmas que ainda rondavam sua cabeça. Principalmente os que eram trazidos por qualquer aproximação do seu pai.

Quantas vezes você já ouviu alguém dizer que lembra-se exatamente do instante que se apaixonou. Como uma medida tão pequena pode conter algo tão grande? As pessoas acreditam em tantas coisas para justificar que não há meio de fazer com que os anos na terra resumam seus sentimentos. O amor carrega séculos, gerações, atrás de si – Tudo isso para que a interseção incomum e inevitável possa acontecer. Seu corpo todo reage, seus olhos, seus ossos, cada célula sabe quando é amor. É como se você tivesse certeza que todas as flechas dos cupidos estavam apontando para aquela pessoa, que o universo e o próprio tempo construirão isso muito antes e então você percebe que é aquele lugar que sempre deveria ter estado.

Eu te amo, Camila.

Lauren disse sem nenhuma nota de hesitação na voz. Queria que ela soubesse, e queria que ela entendesse que isso não partia de uma obrigatoriedade de retribuição. Partia do amor e bastava.

A cubana ficou chocada quando notou que as palavras eram reais. Cobrindo as bochechas de Lauren, puxando-a para um beijo, ao mesmo tempo que se atrapalhava dentro do veículo para achar um modo de retirar sua roupa, roupas eram tão incomodas quando a pele sucumbia a chamas de tesão e amor. Expelindo sobre elas a lava quente do desejo.

—Faça amor comigo. – Pediu interrompendo o beijo desesperado. – De pra mim esse amor...

A pele tocava e deslizava, suas respirações ofegantes, seus corpos se esfregando. Os gemidos eram abafados pelo barulho da chuva que ocorreu um pouco depois, como se só esperasse o casal contemplar o céu e fazer parte do romantismo. Derramava contra o teto do carro, e as ondas que ficavam cadas vez mais ferozes, elas próprias tentando participar do show.

O corpo todo de Camila era constituído de intensidade. A mesma que ela rebolava contra os dedos e pedia por mais, e ela tinha mais e queria mais. O frio e seus corpos pegando fogo causavam condensação que reproduziam as marcas de suas mãos no vidro embaçado do carro.

Lauren escorregou os lábios pelo pescoço de Camila notando como a pele suada da cubana emanava o cheiro delas.

— Eu te amo. – Camila gemeu e prometeu. – Não pare... – Ela segurou o rosto de Lauren obrigando que ela olhasse em seus olhos. – Eu te amo... Me foda... me ame... Eu te amo.

Magnitude.

Esse gif não tem nada a ver com o capitulo, é só pq eu gosto de lembrar(sofrer) que um dia elas foram fofinhas nesse ponto. Foquem na carinha que a Lauren faz quando nota que a Camila tá olhando ela pela tela :"""""""""""""""""""""""""")

Eu amo meu casal, porra!

Mais um capítulo fofinho porque como eu disse, quero de fato que vocês sintam elas como um casal, pra doer bastante quando elas não foram mais. Mentira HAHAHA. :)

Tenho demorada um pouco mais que o normal para atualizar, mas é por causa da faculdade, depois que passar essas duas semanas iniciais eu vou poder ficar mais tranquila e voltar ao cronograma normal de att.

Quem lê minha outra fic "Profanos" captou a menção a Lyra e Andrômeda ;)

Essa cantada que a Camila falou pra Lauren é da própria Camila. Mas ela em vez de falar "bunda" fala "jeans". Sim, ela é péssima kkkkk

Bjo mores, obrigada pelo carinho a paciência de sempre, comigo e com minhas histórias. 

Ahhh eu tenho twitter, que não uso pq acho que desaprendi, mas se quiserem notar com eu sou sumida lá também me sigam. valeofdolls1 

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