Teoria do amor ao caos ✔️

By valeofdolls

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Camila ama o controle. Ama tanto que fez uma lista de todas as etapas que tem que passar até chegar na sua so... More

notas da autora
Um - A nova estrela (é um saco).
#2
Dois - Você é culpada
Três - Entre odaliscas e rivalidades
Quatro - A garota mais legal do mundo. Parte 1
Exposed #4 & #5
Cinco - A garota mais legal do mundo. Parte 2
exposed - #6
Seis - O novo casal (SQN)
Sete - Dupla do caos
Exposed #8
Oito - Diet coke, batom e maconha
Exposed 9
Nove - Amordaçada e stalkeada (o que falta?)
Exposed #10
Dez - O ritual da tartaruguinha, dois beijos, e um banho.
#0 - Seja bem-vindo a Santa Clarita
Onze - A luta de classes e a vida de merda.
Doze - Ela não tem nome e você não tem segredos :D
Treze - Verdades e caronas não fazem mal a ninguém(né?)
Quatorze - Teorias, chantagens e bandas indie (tem tudo a ver)
Exposed #15
Quinze - Todo mundo tá planejando algo (menos eu).
Exposed #16
Dezesseis - Bandaid, gols e pedidos inesperados
Bônus - Te amar trouxe consequências
Planos, tapas merecidos e legos
Dezoito - As lições que eu aprendi com você.
Exposed 19&20
Dezenove - Calabaças, aqui estamos nós. Part 2
Vinte - Raios, faíscas e feromônio
Vinte e um - Eu sinto você
vinte e dois - Lições do papai
Vinte e três - Boias para nos salvar
vinte e quatro - eu te deixei (mas não vou te abandonar)
Exposed #25
Vinte e cinco - Lolo não sabe brincar
Vinte e seis - Pare de quebrar meu coração
Vinte e sete - Não faça isso comigo
Exposed #28
Vinte e oito - A bruxa está solta.
Vinte e nove - Quente e doce.
Trinta- Ação de (des)graça
Exposed #31
Trinta e um - Cinismo, luxuria e crueldades
Trinta e dois - Constelações, beatles e magnitude
Exposed #33
Trinta e três - Feliz Natal, felizmente.
Trinta e quatro - A Borboleta levanta vôo
Tudo que ficou no passado #1
Livro dois - Capitulo Um - Ponto de Ruptura
Livro dois - Protetora
Livro dois - Tudo por ela
Livro dois - Planos infalíveis são quentes.
Namorados novos são um saco.
Recuperando corações perdidos
#2 Tudo que ficou no passado.
Livro dois - Chegamos até você.
Livro 2 - Epitáfio
Livro dois - Consequências
EXPOSED - DOIS ANOS :O
Livro 3 - Seguindo em frente
Livro 3 - Nós
Final - Teorias do amor e ensaios sobre o caos
Epilogo

Dezenove - Calabaças, aqui estamos nós.

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By valeofdolls

— Vaza, Lauren pode passar o controle para o Mike!

A voz dos primos era ouvida pela casa na noite de sábado, um dia antes de embarcarem para a viagem. No geral, Lauren evitava jogar videogame com a prima, já que Alycia era imbatível, mas como seu humor estava realmente lá em cima, não negou o pedido. Só que depois de perder a terceira partida seguida ela não estava mais tão animada em continuar jogando.

— Quem é o próximo? Oh, você mais uma vez Mike? – Debochou Alycia, dando um tapinha na almofada no chão que Lauren tinha sentado. – Vocês dois são horríveis, mas só essa carinha de cãozinho perdido vale a pena.

— Você só joga com o Real Madrid, é óbvio que ia ganhar! – Lauren retrucou.

— E você com o Barcelona, admita que é ruim e que pode ser foda com a bola nos pés, mas no videogame eu sou imbatível!

Lauren rolou os olhos, ela nunca ia admitir aquilo. Seu espírito competitivo jamais deixaria.

— Que seja Alycia. – Disse de uma vez. – Deveríamos estar descansando. Vamos pegar a estrada amanhã bem cedo.

Mike olhou Lauren com os olhinhos brilhantes ao notar que a viagem tinha sido mencionada, ele estava tentando de todas as formas convencer as duas de última hora que era adulto o suficiente para passar um feriado com elas, mas Lauren estava irredutível e incrivelmente Alycia a apoiava.

— Eu tou com fome. – Mike reclamou ficando emburrado.

— Tem pizza na geladeira. – Disse Lauren sem tirar os olhos do celular.

— Eu não quero pizza.

— E o que você quer? – Retrucou a jogadora de mau humor.

O menino sorriu maliciosamente. Se não podia ir com elas pelos menos conseguiria algumas asinhas de frango apimentadas.

— Sabe o Dropship?

— Eu não vou do outro lado da cidade comprar comida. – Apressou-se em rechaçar a ideia, Lauren.

— Você me deve isso, vou passar o feriado todo, sozinho e desolado.

— Ok. – Jauregui exalou. Lá no fundo ela estava se sentindo culpada por deixá-lo em casa sozinho por três dias. – Eu vou, mas você vai comigo.

— NÃO! – Alycia berrou segurando Mike pela perna quando ele já ia levantar.

— Por que não?

— É. Por que não? – Mike insistiu sem entender absolutamente nada.

— Porque, porque... Porque eu preciso arrumar umas coisas ainda e você jurou me ajudar pirralho, lembra?

Mike piscou ainda sem entender onde a prima queria falar, mas pode perceber ela imperceptivelmente murmurar "Camila" sem emitir qualquer som.

Olhou para Lauren dando de ombros falsamente.

— Ohhh, sim. Desculpe Lo, eu vou ficar com ela...

— Vocês dois estão muito estranhos.

A jogadora passou pelo irmão, pegando sua jaqueta de couro sobre a cama de cara feia. Ele esperou ela sair do quarto para questionar a Alycia se mordendo de curiosidade.

— Então, o que a Camila tem a ver com isso?

— O Dropship é o restaurante da família Turner, e sabe quem estava lá hoje à tarde ajudando os amigos?

— Não brinca...

— Pois é kid, com um pouco de sorte, elas vão se encontrar e quem sabe o que pode acontecer.

— Você é um gênio. – Mike deu um beijão na bochecha de Alycia.

— É eu sei. Agora se sente aí que ainda não terminei com você.

Dinah tinha pedido pra Camila cobrir seu eu turno no Dropship. No fundo Camila sabia que era apenas uma desculpa para passar a noite transando com Normani, e apesar de estar cheia de tarefas e com um humor nada bom, Camila aceitou passar a noite de sábado trabalhando no restaurante da família dos amigos.

Com o feriado a porta o restaurante sempre movimentado estava vazio e morto, às 20h do sábado. Algo incomum. Nico estava na parte de trás, conversando com o cozinheiro, enquanto Sophie tinha ido pra casa alguns minutos antes para terminar de arrumar sua mala.

Mila tentava terminar suas lições de casa e concentrar-se em não pensar no pai. Alejandro tinha ligado pela terceira vez, poucos minutos antes, querendo marcar um encontro novo para jantarem juntos. Camila pediu desculpas e mentiu dizendo viajaria. Ainda não se sentia pronta a falar normalmente com Sinu, piorou conversar com ele.

Quando a porta da entrada se abriu, Mila ergueu os olhos lentamente esperando algum cliente chato, mas antes mesmo de completar a ação seu coração já batia apressado.

Lauren Jauregui parecia muito cansada, com os cabelos amarrados em um coque bagunçado, usando um vestido com as alcinhas caídas, enquanto uma jaqueta de couro foi amarrada em sua cintura. O melhor de tudo é que ela estava sozinha. Camila sabia que Lucy adorava comer ali, e esse era um dos motivos dela evitar ajudar os amigos quando tinha alguma folga das atividades. Ia cair canivete do céu antes dela servir Lucy em qualquer esfera da sua vida.

Camila notou o jeito confuso que Lauren lhe olhou estranhando sua presença ali. Depois, ficou um pouco envergonhada em Lauren vê-la naqueles aventais brancos, sem um pingo de graça. Passado o susto de ambas, Lauren deu uma piscadinha pra ela e sentou-se em uma mesa isolada no canto do restaurante. Camila pegou um cardápio e se dirigiu a ela sorrindo, mesmo sem querer.

Quando chegou até Lauren, ela colocou o cardápio na sua frente, se perguntando se ela era capaz de notar como seu coração batia como uma bateria nas mãos de uma banda de Heavy metal.

— Oi Lauren. – Camila disse.

— Oi Camila. – Ela piscou. – Você anda se multiplicando? – Inquiriu sorrindo. – Pinta, compõe, canta, toca piano e violão, sabe matemática, é garçonete. Você me deixa deprimida em saber que meu único talento é jogar bola. Tem algo mais que saiba fazer?

Camila deu um risinho. Era verdade, Camila conseguia se dividir em muitas tarefas ao longo do dia.

— Eu sou stripper. – Brincou e o sorriso de Lauren se abriu mais ainda.

Mila notou como ela realmente parecia exausta. Tyrone Rodgers tirava de Lauren seu melhor, e isso tinha um preço.

— Como você está? Parece cansada. – Lauren franziu o cenho surpresa, dificilmente alguém notava isso.

— Eu estou bastante cansada mesmo. – Admitiu ela. – Vim buscar comida para Mike e Alycia. Umas das coisas ruins de não viver perto dos pais, a comida não se faz só, né...

Camila acenou. Tinha buscado sobre a família Jauregui-Morgado aquela manhã no Wikipédia. Os pais de Lauren eram pessoas de negócios, incrivelmente ricos. Haviam se mudado para França depois que abriram mais uma de suas franquias ligadas computadores e internet. Camila se perguntou como deveria ser pra Lauren ficar longe dos pais.

— Como está o Mike?

Lauren piscou. Um pequeno sorriso surpreso em sua expressão.

— Ele está bem. E, talvez, apaixonado por você. – "E eu por você."

Mila sacudiu a cabeça evitando pensar naquilo.

— É mútuo. Você já sabe o que vai querer? Por favor, não peça muita coisa, porque eu realmente não tenho uma coordenação motora muito boa e nem sou garçonete de verdade.

Lauren riu novamente, e Camila riu junto gostando definitivamente do raspadinho que tinha em sua voz.

— Mike e Alycia querem asinhas de frango com o molho da casa que eu não sei qual é. – Mila assentiu, mordeu o lábio para evitar pensar na risada de Lauren quando ela deveria anotar seu pedido.

— E você?

— Me recomende algo. – Ela sorriu cruzando os braços.

— Um... – Mila travou. – Do que você gosta?

— Adivinhe. – Lauren deu de ombros. – Estou te desafiando.

— Vou chutar que você come shakes de proteína e saladas de quinoa, e graças a Deus, nenhuma dessas coisas vendemos aqui, desculpe.

Lauren parecia incrivelmente divertida. – Isso é... realmente mentira. Ia perguntar se vocês têm arroz con leche.

Mila ergueu uma sobrancelha em surpresa.

— Arroz con leche?

— Meu prato favorito do mundo todo.

Mila parou pra pensar um segundo. Como nunca tinha percebido antes?

—Lauren Jauregui, – Ela murmurou. – Jauregui! – Pronunciou o sobrenome usando seu sotaque. – Você é filha de cubanos?

— Segundo o blog de curiosidades da Charlotte, minha fã número um, eu sou sim.

— Fale sério.

— Sim eu sou, – Lauren admitiu e Mila sorriu com isso também. – Meus pais nasceram na ilha, mas eu sou de Miami.

— Por que nunca me disse? – Estava chocada. Se bem que com aquelas curvas e bunda era bem-

Camila precisava controlar os seus hormônios, definitivamente.

— Não queria que você se sentisse forçada a gostar de mim por isso.

— Eu te odiaria de qualquer jeito. – Disse ela sincera, dois meses antes de Lauren pisar na cidade, Camila já não ia com a cara dela. – Arroz com leche só na minha casa, aqui temos frango grelhado.

Lauren sorriu com o convite explícito, e Camila desejou se bater por não controlar a língua.

— Está me convidando pra comer na sua casa?

— Se você quiser, minha mãe faz sempre.

Lauren concordou e as duas ficaram sérias, com a mesma expressão de lábios entreabertos, olhando nos olhos uma da outra querendo enxergar um bote salva-vidas no mar de amor.

— Eu quero demais. – Lauren respondeu com a voz em um tom mais profundo de rouco e sorriu pra ela. – Vou aceitar a salada de frango também.

Mila voltou a respirar normalmente quando saiu da presença de Lauren. Estar com ela oprimia seus pensamentos, seu sorriso a deixava presa como em uma isca para pegar peixes. Entrou na cozinha apressada e encontrou Nico cantarolando para si mesmo enquanto carregava uma caixa de guardanapos.

— Que cara é essa?

— O pedido da mesa 14. – Nico soltou uma risada.

— Sabe o que melhoraria seu humor?

— Se falar Calabaças eu juro que vou te afogar nessa pia.

— Por que não, Cami? – o garoto insistiu. – É nosso último festival do outono juntos. Vamos passar três dias comemorando nosso último ano em Alexander Maximus. Voce lembra que falamos dessa viagem desde que estávamos na oitava série?

Mila sabia disso, aquele feriado era uma de várias últimas coisas na sua vida na Califórnia. A partir do próximo ano, aquela vida seria sua vida antiga. Sua casa antiga, sua escola antiga. Seu destino estava em Nova York, em Juilliard. Pensou imediatamente se algum dia Lauren e ela voltariam a se encontrar, ou se ela também seria uma lembrança da sua antiga vida, da antiga Camila.

— Eu-

— Pense nisso, ok? Você tem até amanhã as sete para decidir. – O rapaz segurou suas mãos. – A gente só vive uma vez, Cami. – Ele deu uma espiada em Lauren por cima dos ombros largos e o olhar de Camila o seguiu – Isso se refere a ela também.

— Você estava nos espiando?

—Sim. – Ele deu de ombros sem culpa. – Dinah me deixa sempre de olho em você. Eu vejo tudo. – Brincou dando um beijo no topo da cabeça dela. – O pedido da sua garota está pronto.

Mila riu disso, Lauren Jauregui, sua garota. Será que algum dia aquela frase seria dita de maneira concreta? Balançou a cabeça pegando a bandeja e tentando ao máximo equilibrá-la sem derramar.

Quando viu Camila se aproximando imediatamente Lauren colocou o telefone de lado. Ela era tão atenciosa. Como Camila não ia se apaixonar?

— Aqui está. – Camila anunciou, colocando o prato diante dela. – Se você precisar de qualquer coisa eu estarei lá atrás. – Apontou para o balcão.

Para sua surpresa. Lauren franziu o cenho ligeiramente, e um biquinho adorável surgiu.

— Você se importaria em se juntar a mim?

— Eu... – Camila engoliu em seco. – Eu não posso. Estou trabalhando de certa forma.

— Não há ninguém aqui, Camila. Sente-se, se precisar eu converso com Nicholas Turner e digo que estava me sentindo muito carente essa noite. Por favor. – Lauren apontou para o assento em frente a ela. – Eu posso fingir lágrimas...

— Eu tenho uma leve impressão que você não sabe lidar com rejeição.

Lauren mordeu o lábio e Camila admirou como eles ficaram vermelhinhos enquanto ela os prendeu entre os dentes. – Então isso é uma rejeição?

— Não. – Camila sentou-se no assento em frente a ela. – Acho que posso sentar com a princesinha de Alexander Maximus um pouco.

— Você é a princesinha, – Lauren corrigiu mastigando tranquilamente – eu sou a estrela.

— Lucy é a princesinha. Vocês duas formam o casal clichê que ninguém pediu.

Lauren não se importou com a provocação, pelo contrário ela pareceu interessadíssima.

— Vocês duas não se dão bem antes daquela matéria idiota, por qual motivo?

— Lucy nunca falou com você sobre?

— Não. – Lauren respondeu como se fosse óbvio.

— Então pergunte a ela. – Respondeu decidida. – Eu não vou discutir isso com a sua namorada.

Lauren abaixou os olhos imediatamente provavelmente notando o veneno nas palavras de Camila.

— Você está bem? – Ela perguntou depois de um tempo em silêncio. Camila inclinou a cabeça um pouco insegura.

— Sobre?

— Você sabe... – Lauren deu um suspiro gentil. – Não quero falar sobre o outro dia na biblioteca, só preciso saber se você está bem.

Camila sentiu a raiva de minutos antes se derretendo ao notar o cuidado genuíno de Lauren.

—Eu sinto muito que tenha visto aquilo. – As bochechas de Camila se avermelharam. – Foi incrivelmente-

— Ok, – Lauren interrompeu, sacudindo a cabeça. – Não se desculpe Camila. Você não precisa me explicar nada. Ataque de pânico é uma doença como qualquer outra, e eu não te acho louca qualquer coisa assim, só fiquei preocupada. Você já me viu golpear a cara de um garoto até quase desmaiar a ele.

— Sim, pra me ajudar.

— A gente não deve se desculpar pelo que é.

Camila congelou. Mais uma vez Lauren a pegava de surpresa. Quando teve o primeiro diagnóstico, ouviu muitos "sinto muito" e "como você vai lidar com isso", ela tinha esquecido como o reconhecimento genuíno da sua doença era docemente libertador.

Mila mordeu o lábio, incrivelmente insegura sobre as próximas palavras que sairiam de sua boca.

— Você tinha razão naquele dia no seu carro. – Murmurou, com os olhos fixos nos olhos pintados no céu de Lauren. – nós começamos essa relação muito mal.

Lauren assentiu. Seus olhos brilhando com diversão. – Espero ter provado que sou mais do que uma atleta sem cérebro. Você sabia que eu recebi mais de trinta cópias de diário de um banana?

Camila sentiu suas bochechas ficarem vermelhas com isso. – Aquilo foi... tão desnecessário.

— Não, não foi. – Lauren suspirou. – Eu... ataquei um ótimo romance.

— Você acha Orgulho e preconceito um ótimo romance? – Camila ofegou com os olhinhos brilhando.

— Eu acho. – Lauren revirou olhos. – Mas isso será o nosso segredo.

— O que mais eu não sei sobre você? Além de você nunca ter andado de bicicleta.

— Muito.

Camila assentiu lentamente, respirando fundo. Ela estendeu a mão e Lauren olhou-a com curiosidade.

— Sou Karla Camila Cabello, amo a lua, música, toco violão e pinto, canto só pra mim, nunca vi o titanic, nem...

— Nem?

— Nem olhos tão lindos quantos o seu. – Lauren pegou suas mãos.

— Lauren Michelle Jauregui Morgado. Amo o sol, futebol, teorias e nunca andei de bicicleta, nem vi olhos tão viciantes quanto os seus Karla Camila.

— Sedução está dentro da pauta de amizade sem benefícios?

— Sem benefícios... – frisou Lauren.

— Você não está solteira. – Camila cantarolou.

— E se...

— Se o que?

A porta da frente da lanchonete se abriu, revelando três rapazes que Camila, que estava de frente para a porta, imediatamente reconheceu. Ela travou, com as palavras morrendo em seus lábios. Os olhos de Lauren dispararam para os meninos examinando-os. Eles não tinham notado Camila e Lauren ainda.

— Você os conhece? – Lauren perguntou. Sua voz era inquisitiva, e se Camila não estava enganada, com traços de ciúme.

— Eu namorei um deles. – Cabello respondeu simplesmente. Bem nesse momento, Nash Herrera, o rapaz com cabelo desgrenhado e sorriso irônico a encontrou.

— Você namorou Nash Herrera? – Lauren arqueou a sobrancelha olhando o rapaz com repulsa.

— Você o conhece?

— Ele participou de uma campanha publicitária da seleção sub-17 comigo uns seis meses atrás. Vocês dois não tem nada a ver.

Camila assentiu, mordendo os lábios. – É eu sei. Aquele é Ryan D'Champs, irmão da Louise. Ele me odeia.

— Por quê?

— Porque eu descobri que ele fazia coisas nada legais com garotas bêbadas no segundo ano. – O olhar de Lauren se tornou uma máscara de nojo. – A irmã dele devolveu contando a todo mundo que Nash me traia com metade da escola. E até hoje ela tenta contra-atacar. Acho que é uma forma de se vingar do irmão.

Lauren revirou os olhos.

— Como sempre apoiando o lado errado. – Camila assentiu, respirando fundo.

— Eu preciso ir.

Lauren olhou Camila com um pouco de preocupação. – Não tem outra pessoa pra lidar com eles?

— Na verdade não. Eu aceitei ficar aqui pra minha amiga passar a noite com a namorada, então acho que não tem como fugir. – Ela ofereceu a Lauren um pequeno sorriso. – Mas foi bom te ver. – Disse deslizando para fora de seu assento.

— A conta, Camz. – Mila ergueu a sobrancelha reconhecendo o apelido. – Porque está me olhando assim?

— Ninguém me chama por esse apelido. É fofo e exclusivo.

— Que bom – Lauren sorriu, – eu gosto de exclusividade. A conta...

Camila sacudiu a cabeça. – É por conta da casa.

Lauren balançou a cabeça exasperadamente em resposta, puxando sua carteira. – Bem, deixe-me pelo menos-

— Ei, querida! – Ryan chamou da sua mesa, acenando para Camila. – Estamos com pressa e com fome.

— Se me der esse dinheiro eu vou te cobrar dez vezes mais caro. – Ameaçou a cubana quando notou que Lauren fez menção de pagar mais uma vez.

— Tudo bem. Eu deveria ir logo pra casa. Vamos viajar amanhã bem cedo.

Camila assentiu, pensando se existiria real possibilidade delas se encontrarem se eventualmente ela fosse para festival do Outono.

Lauren ficou de pé antecipando sua sombra sobre Camila.

— Eu coloquei um presentinho pra o Mike ai. Diga que mandei oi e um beijo e diga a Alycia que sinto falta dela.

Lauren assentiu, com um pequeno sorriso se formando em suas feições.

— Eu já vou, Camz. Obrigada. – Lauren voltou e olhou para ela sorrindo. – você vai viajar no feriado, né?

— Eu não sei – Respondeu. – Mas meu nome está na lista... Então...

Era o dia perfeito para uma viagem de carro. O céu estava completamente azul, não fazia frio demais, e as árvores poderiam estar num folheto de propaganda do outono. Camila tinha decidido na noite de sábado que aceitaria a oferta da viagem e curtia cada momento com os amigos. Afinal, como Nico tinha feito questão de frisar, só se vive uma vez.

A viagem a cidade de Calabaças no centro-sul da Califórnia era o último grande evento presente de Alexander Maximus para seus alunos formandos. Os colocavam em contato direto com a natureza durante três dias seguidos, na reserva Iwama. Quase 90 hectares de mata preservada, rios, cachoeiras e muito verde.

— Ele chegou! – Disse Sophie. Ela acenou para o carro do irmão mais velho que tinha parecido na rua de Camila. Ele buzinou e as três colocaram a cabeça na janela acenando empolgadamente.

Desceu as escadas arrastando sua malinha de mão lotada itens necessários e desnecessários, como um livro de química, que ela sabia que ficaria escondido no fundo da mala, mas, mesmo assim, sua consciência não lhe deixou tirar. Esperou as amigas descerem animadas, para com um suspiro bater à porta do quarto da sua mãe. Sinu apareceu, olhando a filha com surpresa.

— Eu já estou indo. – Disse com os olhos vacilantes.

— Tudo bem. – A mulher afagou o rosto da filha. – Divirta-se, ninã, si? Tome cuidado.

— Eu vou. – Era uma promessa que ela esperava cumprir.

Mila desceu as escadas acompanhadas da sua mãe que da parte de dentro da casa acenou para Nicholas.

— Tchau, mama.

Os amigos saltaram na sua frente tagarelando todos ao mesmo tempo, surtando e dando pulinhos de alegria. E Camila olhou uma segunda vez para trás. Sinu ainda estava lá, por trás dos olhos cansados e os cabelos loiros presos, o rosto ainda carregavam o traço da jovialidade que ela doou toda para sua única e amada filha.

Entregar a vida. Essa é a sintetize do amor de mãe. A capacidade intrínseca de doar até o que não tem ao filho. Mila entendeu ali, o que Sinu quis dizer com "quis te proteger". Ela tinha protegido. Da sua maneira, sim.

— Vamos? – Nico chamou-as. – Temos muitos km até Calabaças e não quero perder mais horas que o suficiente. – Nico tinha optado por fazer o percurso de carro para aproveitar a companhia das pessoas que ele mais amava no mundo por mais tempo. No fundo Camila o entendia por estar tão saudosista. Ela se sentia igual.

Mila olhou para a mãe na varanda e lembrou-se de suas palavras. O perdão é uma dádiva.

— Eu preciso fazer uma coisa antes.

Seus amigos não lhe questionaram o que, nem o motivo, talvez eles já imaginassem o que Camila faria quando ela atravessou o ladrilho da sua casa e se jogou nos braços da sua mãe como se precisasse daquilo para viver.

— Eu te amo. – Murmurou com o rosto abafado pelo corpo que a acalentou em todas as fases da sua vida. – Desculpe.

— Eu te amo mais, ninã. – Respondeu com o tom mergulhado em um profundo agradecimento agarrada na filha que tinha tanto dela quanto uma personalidade incrível. – Vá, quando voltar conversamos.

O perdão era uma dádiva.

— Muito bem, temos um cd da primeira temporada de Glee. – Sophie rolou os olhos ouvindo a amiga. – Temos Adele, Beyoncé, Taylor Swift e Rihanna... Nossa! – Camila virou-se para Nico. – Lady Gaga? – O carro se inundou em gargalhadas. Nico ficou com as bochechas rosadas.

—É da minha tia. – Ele protestou. – Nunca ouvi.

— Admita que você é mais menininha que eu. – Mila o provocou.

— Não é muito difícil. – Dinah cantarolou no fundo. Erguendo os olhos do celular.

— Então coloque Rihanna. – Sophie praticamente implorou. – Work.

Foi perfeito. Pouca coisa era capaz de fazer o tempo se adiantar que uma viagem em um feriado, com os melhores amigos cantando "Work" a plenos pulmões, tentando imitar melhor o sotaque da Rihanna.

— Não é justa, a Mila também é caribenha. – Dinah retrucou depois de Nico ter dado o prêmio de melhor imitação a sua amiga. O prêmio era um pirulito.

— Lugar de chorar é na cama que é quente. – Mila a provocou e recebeu um tapa da amiga por isso.

Depois de quase uma hora de festas e risos, foram lentamente ficando quietos. Cada um em seu mundo, embalados pelo movimento do carro. Camila relaxou e ficou olhando pela janela, estava radiante de alegria, quando seu celular vibrou em seu colo.

Mila suspirou travando novamente o celular sem ler a mensagem. Brooke precisava de uma resposta e Camila não tinha nenhuma pra ela.

A segunda metade da viagem não foi nem de longe divertida. Ficaram presos no trânsito em direção a Calabaças, perderam tempo, comeram todos os salgadinhos, Dinah sentiu sede, Camila mais fome e acabaram brigando com um o motorista de um carro cheio de garotos que ficavam irritantemente cortando eles.

Mila encosta o rosto na janela observando as paisagens urbanas unindo lentamente. Aquela parte do estado fazia não fazia jus a Califórnia que passava na TV. As praias movimentas e desertos sumiam, e lentamente davam lugar ao verde lúgubre e praias completamente vazias e inóspitas. 

O caminho de Santa Clarita até a entrada principal da reserva era de uns 300km. O chalé clássico colonial no meio de uma floresta densa de pinhos e sequoias-gigantes. Camila imaginava o que estava passando na cabeça do diretor ao soltar tantos jovens formando no mesmo lugar com os hormônios a flor da pele.

Quando enfim chegaram a Calabaças metade do dia já tinha passado. Camila estava exausta, desejando uma cama gostosa e um bom banho. A cidade me si não era nada movimentada. Na verdade, ela era bem pífia e quase desértica naquela parte onde passavam. O que contava mesmo era a reserva e as atividades lá. Encontraram a fileira de ônibus estacionada na entrada e rapidamente pegaram suas coisas para se juntar a contagem.

Mila arregalou os olhos observando a parede realmente imensa de árvores, em volta de uma enorme casa colonial no topo de uma montanha. Lembrava aqueles lugares que a gente só vê em filme. Bonito e sofisticado. A bandeira símbolo do estado estava alteada do lado da bandeira dos EUA.

Camila pegou um cartão com seu nome e foto, um instrutor lhe cercou entregando as regras. Não podiam passar das 22 horas fora dos quartos, beber, fumar, nem andar de dia ou a noite pela reserva sem um acompanhante maior de idade com conhecimento do local. As 22 em ponto todos tinha que se apresentar para a chamada dos alunos podendo sofre sanções se não cumprissem as regras.

Foi reiterado que a floresta era um lugar muito fácil de se perder e a chance de topar com um animal selvagem existia e era real. Só nesse momento que Camila encontrou Lauren. Ela estava sentada ao lado de Alycia Evans no gramado, a prima batia fotos aleatórias e ela conversava rindo ao pé do ouvido de Lucy.

— Ciumes, Cami? – Sophie sussurrou aos seus ouvidos.

— Só ânsia de vômito mesmo.

Por sorte, Camila, Dinah e Sophie ficaram todas no mesmo quarto. Conversaram um pouco e o monitor bate na porta do quarto para avisar que o almoço vai ser servido.

— Vamos Mimi? – Sophie tirou-a da janela falando alto. – Parece que você se apaixonou por essa varanda. – Ela sorriu – Eu soube que eles vão ter apresentações culturais lá na frente.

A ruiva usava um poncho preto cobrindo até metade das suas coxas, prendendo os cabelos ruivos deixando apenas dois fios soltos pairando no ar. Linda. Apenas porque não existia palavra melhor pra definir sua beleza.

Sophie entrelaçou o braço no de Camila.

— Vamos começar a procura de bocas beijáveis? – Correram, rindo até a saída do quarto.

Depois do enorme almoço, regado a risadas, brincadeiras e muita conversa. Tiveram uma gama de atividades para fazer. Dinah, Nico e Nomani optam por fazer rapel, e Camila e Sophie ficam passeando pelo jardim dividindo um saquinho de doritos.

Mila não desgrudou do braço da amiga nem por um segundo, mas seus olhos estavam atentos a movimentações ao redor. Claro que ela não estava buscando Lauren entre aqueles rostos. Claro que ela não tinha confundido umas cinco vezes pessoas com gosto peculiares por roupas escuras com a garota que ela buscava até no subconsciente.

Chegaram ao centro dos jardins, guiados pelas tochas e alguns lenços coloridos balançando a favor do vento, com a aproximação da tarde o tempo esfriava lentamente. O pequeno palco tinha sido abandonado e ninguém parecia disposto a pegar o violão e cantar pra a multidão de alunos sedenta por música em volta.

— Por que você não vai? – A ruiva sugeriu empurrando Camila pelo ombro.

— Você sabe que eu não canto em público Sophie, pare com isso.

— Por que não? Você tem uma voz linda, aproveite e vá.

— O que eu vou cantar?

— Não sei. – A loira deu ombros. – Uma das suas.

— De jeito nenhum. – Mila nunca tinha feito aquilo, piorou na frente de tanta gente estranha.

— Olhe pelo lado bom, eles não estão nem ai, se for ruim nem vão lembrar. – Sophie deu um empurrãozinho em Camila. – O palco está vazio, só te esperando, vá de uma vez.

Mila deu dois passos a frente, olhando o violão sozinho, e foi atraída por ele. Que mal tinha? Além de ela ser vaiada, ou jogarem tomates nela. Talvez ela desse meia volta, se Dinah, Normani e Nico não estivessem de volta e praticamente forçassem ela a seguir em frente. Pelo menos seus amigos aplaudiriam.

Ela ergueu-se no palco com a ajuda de Nico, que mostra os polegares a ela em apoio. Mila não tinha mais tanta certeza assim, principalmente com tantos rostos conhecidos, muitos deles duvidando da sua capacidade vocal só esperando uma oportunidade para rir dela.

Aquelas caras de desdém. Isso lhe deu combustível, ninguém ia rir dela.

— Oi. – Disse timidamente, e a microfonia zumbiu deixando ela ainda mais nervosa. Pegou o violão gasto nas mãos e fechou os olhos desejando profundamente que ninguém a expulsasse do palco.

— Arrasa Cami! – Sophie berrou bem abaixo do pequeno palco.

Agora ela não tinha mais como voltar atrás.

Lauren não estava mais suportando as reclamações de Lucy. A cada vez que elas tentavam conversar e chegar a um consenso sobre o momento de parar de brigar e apenas curtir o feriado, sua namorada arrumava um motivo bobo para ser pior do que cinco segundos antes.

A briga agora era simplesmente porque Lauren tirou a tarde para conversar com o professor Rodgers sobre novas táticas para o time não pode acompanhar ela nas trilhas.

Jauregui tinha deixado Lucy sozinha no quarto do hotel e rumado para os jardins a fim de encontrar alguma distração. Alycia já tinha sumido com alguma conquista, e ela tinha que se virar como dava pra não perder cabeça de uma vez.

Tantas opções e ela só conseguia pensar em Camila. Suspirou. Acabaria apelando pra bebida igual a Alycia que tinha contrabandeado várias garrafas do veneno que ela chamava de ruivinha. Encostou-se a um bar e pediu um coquetel de frutas. O palco posicionado à esquerda atraiu uma pequena multidão à sua volta, parecia que o enfim alguém ia cantar algo.

—Você acha que essa garotinha canta alguma coisa? Deve ser mais uma dessas patricinhas que pensam que tem a voz da Mariah. – Lauren que nesse momento estava de costas para o palco olhou para onde o bartender apontava.

A garotinha no palco, não era nenhuma garotinha. Era Camila! Camila Cabello.

A cubana usava um adorável vestido branco até os pés, como uma princesa saída direto de um conto de fadas. Atrapalhava-se sem conseguir segurar o violão grande demais em seu corpo.

— Se o amor já te enlouqueceu, essa música é pra você. – Murmurou baixinho com a voz doce, ainda mais doce e etérea.

Lauren sorriu com ternura e com o coração cheio de admiração. Ela era tão atrapalhada. Observou como nervosa ela fechou os olhos, talvez para não ver as pessoas que dedicavam a ela olhares de dúvida.

Então sua voz soou pelo palco, carregada pelo som precário. E tudo em volta de Lauren parou, ela franziu o cenho em admiração.

Something must've gone wrong in my brain got your chemicals all in my veins Feeling all the highs, feel all the pain. Let go of the wheel, it's the borderlineA voz soou afinada e nenhuma alma naquele mar de gente conseguiu conter a surpresa de um corpo tão pequeno carregar uma voz com aquele poder. – Now I'm seeing red, not thinking straight blurring all the lines, you intoxicate me. Just like, nicotine, heroine morfine...

Lauren começou a cortar a multidão com aquela voz infiltrando seu cérebro, cada vez chegando mais perto do palco, até que simplesmente não tinha mais como ela avançar. Estava na metade do caminho, acompanhando com os olhos e com o coração pra onde aquela música estava levando-a.

—  It's you, babe and I'm a sucker for the way that you move, babe and I could try to run, but it would be useless you're to blame. – A voz continuava inudando todos os espaços. – Just one hit of you, I knew I'll never be the same. I never, ever, ever be the same...

Mila cantou o último trecho da música, e Lauren foi envolvida por uma onda de assobios e aplausos vindos de todos os lados. Lauren bateu palmas mais altas e mais forte do que conseguia. Enquanto uma espantada Camila encarava a multidão sem acreditar ser possível que aquilo tudo fosse pra ela.

A ponto de Lauren não saber se aquele som ansioso vinha das palmas ou das batidas do seu coração respondendo a Camila.

Camila e facilidade de fazer músicas que se encaixam completamente com a história. Quando escrevi isso a primeira vez ela canta You and i da lady gaga ( que também é um hino). Porém never be the same tem uma dona, né?

Antes de seguirem em frente para o próximo capitula que me desculpar por ter atrasado a publicação. Mas eu tive que participar de um programa de horas AAC na faculdade então tava chegando bem tarde até ontem, até tentei postar o capítulo, mas a revisão tava uma merda então eu respirei fundo e decidi postar hoje. Sei que vocês entendem porque são maravilhosas, mas gostaria de explicar

Antes que eu esqueça Calabaças é uma cidade fictícia com nenhuma ligação com Calabasas a cidade real onde os famosos do mundo todo tem uma casa kkkkk.

Seguimos esse papo no fim do próximo cap...

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