Teoria do amor ao caos ✔️

By valeofdolls

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Camila ama o controle. Ama tanto que fez uma lista de todas as etapas que tem que passar até chegar na sua so... More

notas da autora
Um - A nova estrela (é um saco).
#2
Dois - Você é culpada
Três - Entre odaliscas e rivalidades
Quatro - A garota mais legal do mundo. Parte 1
Exposed #4 & #5
Cinco - A garota mais legal do mundo. Parte 2
exposed - #6
Seis - O novo casal (SQN)
Sete - Dupla do caos
Exposed #8
Oito - Diet coke, batom e maconha
Exposed 9
Nove - Amordaçada e stalkeada (o que falta?)
Exposed #10
Dez - O ritual da tartaruguinha, dois beijos, e um banho.
#0 - Seja bem-vindo a Santa Clarita
Onze - A luta de classes e a vida de merda.
Doze - Ela não tem nome e você não tem segredos :D
Treze - Verdades e caronas não fazem mal a ninguém(né?)
Exposed #15
Quinze - Todo mundo tá planejando algo (menos eu).
Exposed #16
Dezesseis - Bandaid, gols e pedidos inesperados
Bônus - Te amar trouxe consequências
Planos, tapas merecidos e legos
Dezoito - As lições que eu aprendi com você.
Exposed 19&20
Dezenove - Calabaças, aqui estamos nós.
Dezenove - Calabaças, aqui estamos nós. Part 2
Vinte - Raios, faíscas e feromônio
Vinte e um - Eu sinto você
vinte e dois - Lições do papai
Vinte e três - Boias para nos salvar
vinte e quatro - eu te deixei (mas não vou te abandonar)
Exposed #25
Vinte e cinco - Lolo não sabe brincar
Vinte e seis - Pare de quebrar meu coração
Vinte e sete - Não faça isso comigo
Exposed #28
Vinte e oito - A bruxa está solta.
Vinte e nove - Quente e doce.
Trinta- Ação de (des)graça
Exposed #31
Trinta e um - Cinismo, luxuria e crueldades
Trinta e dois - Constelações, beatles e magnitude
Exposed #33
Trinta e três - Feliz Natal, felizmente.
Trinta e quatro - A Borboleta levanta vôo
Tudo que ficou no passado #1
Livro dois - Capitulo Um - Ponto de Ruptura
Livro dois - Protetora
Livro dois - Tudo por ela
Livro dois - Planos infalíveis são quentes.
Namorados novos são um saco.
Recuperando corações perdidos
#2 Tudo que ficou no passado.
Livro dois - Chegamos até você.
Livro 2 - Epitáfio
Livro dois - Consequências
EXPOSED - DOIS ANOS :O
Livro 3 - Seguindo em frente
Livro 3 - Nós
Final - Teorias do amor e ensaios sobre o caos
Epilogo

Quatorze - Teorias, chantagens e bandas indie (tem tudo a ver)

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By valeofdolls

Desde os primórdios da raça humana o homem vive de teorias. Lauren sabe disso, porque ainda pequena era fissurada em todo tipo de teoria do universo. A que mais lhe atraia, talvez fosse a mais famosa delas: A teoria dos caos, apelidada por alguns como o efeito borboleta, diz que o mundo é regido por situações incontroláveis, formadas por pequenas ações que podem ter consequências gigantescas. Simplificando, o bater de asas de uma borboleta pode modificar as correntes de ar e causar um tufão do outro lado do mundo.

Mas nem Lauren Jauregui, apaixonada por teorias poderia imaginar que ao oferecer uma carona a Camila, ela agitava as asas da borboleta do caos.

— Vamos? Que foi? Tá esperando que eu abra pra você? – Indagou com um sorriso zombeteiro.

Não queria começar outra briga, mas era legal incitar suas respostas ácidas.

— Isso seria além da sua capacidade de educação. – Do jeito que ela tinha esperado.

— A é? – Disse Lauren divertida, a jogadora deu a volta no carro e só pra provocar abriu a porta do carona fazendo uma reverência dramática para Camila – A seu gosto, princesa?

Mila rolou os olhos, e Lauren não deixou de notar que seus lábios repuxaram pra cima em um quase sorriso. Era a primeira vez que experimentavam um clima tão leve desde que tinham se conhecido. Três semanas, em contagem de tempo no relógio parecia algo pouco, mas dado todo tipo de confusão que elas tinham se metido parecia uma rivalidade velha.

O carrão de Lauren era ainda mais impressionante por dentro que por fora. O banco de couro negro cheirando a novo afundou-se, quando Camila sentou. Mila ajeitou-se desconfortavelmente, e notou que o perfume da jogadora estava impregnado ali, e também um leve cheiro, provavelmente mascarado por odorizadores, de maconha. Havia também um chaveiro "fucktrump" balançando no espelho do carro.

— A maior estrela da escola é uma maconheira. – Provocou Lauren, e ela parou de pôr seu cinto para olhar ela.

— Eu estou quase me arrependendo por essa carona.

— Eu não dou à mínima, vamos? – Camila bateu a porta do carro com exagerada força.

— Cuidado com a Lana. – Lauren guinchou, olhando feio pra Camila. Pela sua expressão parecia que Camila tinha acabado de bater na sua face.

— Quem é Lana? – Jauregui esboçou um leve sorrisinho achando graça na expressão confusa de Camila.

— Você está dentro da Lana.

— Seu carro é Lana? – A jogadora deu de ombros. – Você deu um nome ao seu carro?

— Sim. – Ela respondeu como se não fosse nada, saindo habilidosamente do estacionamento.

Não trocaram muitas palavras depois disso. O silêncio sempre foi um aliado valioso, quando a mente trabalhava em alta velocidade. Lauren queria dizer a Camila às coisas que a assustavam sobre elas, queria que chegassem a um consenso sobre o que fazer. Mas julgava que por ser um sentimento seu, tinha que ser vivido apenas por ela, além do mais, Cabello nunca deu indícios que queria chegar a consenso algum.

Ela abre a janela do carro, e nota a maneira que a cubana sorri deleitando-se com a brisa que entra no veículo. A enorme lua cheia que banha toda a costa Californiana dá seu show a parte. Lauren podia jurar que nunca tinha visto cena mais linda na sua vida. Camila, a lua e milhões de mechas de cabelo dançando a favor do vento.

— Ela está linda hoje. – Lauren se surpreende com a voz de Camila. – Hoje como todos os dias, mas parece que seu brilho está diferente.

— Sinto que vamos ter boas conversas hoje. – Comentou despretensiosamente.

— Você também conversa com a lua? Sempre achei que fosse um habito esquisito.

— Pelo menos você não está sozinha no mundo com sua esquisitice. – Piscou pra Camila, devolvendo sua atenção a pista e completou – A lua é uma boa ouvinte, e sabe guardar segredos.

— Às vezes sinto como se ela fosse minha amiga mais confidente, você entende? Passo horas olhando pra lua, tento conversas íntimas que só ela escuta.

Desse ponto Lauren não tinha certeza se Camila estava realmente falando com ela, ou se perdida em pensamentos falou alto demais. Parecia algo muito íntimo pra ser dividido com ela que em essência era uma estranha na sua vida. Mas ninguém disse que aquela linha não poderia ser derrubada, era um bom plano inicial manter Camila longe, e só falar com ela o necessário, mas parecia um plano ainda melhor conversar e entender.

— Acho que começamos da maneira errada, Camila. – Diz finalmente, olhando rapidamente pra ela. – Sei que fui rude em alguns momentos preciosos, em outros, você exagerou, mas não há nada que uma boa conversa não resolva.

— Então está admitindo que Lauren Jauregui é arrogante e estúpida?

— Talvez. Isso só prova que você conhece Lauren Jauregui, mas não faz nenhuma idéia de quem Lauren Michele seja.

— Convença-me. – Pediu isso com um de seus olhares arrasadores, sem nem imaginar o efeito que seus olhos tinham sobre Lauren que amava desafios e estava pronta pra mais um.

— Você sabe que eu não sou o que as pessoas pensam que eu sou. Dentro do campo talvez essa coisa toda de ser a melhor – Lauren simulou aspas. – Talvez tenha algum valor, mas eu não vivo dentro de campo. Eu sou alguém que tem sentimentos, e eles ficam ofendidos quando alguém insinua que eu não deveria estar aqui. Ninguém faz idéia das coisas que eu abri mão por causa do meu sonho. Sei que o tipo de arte que você pratica é mais bonito e puro que simplesmente jogar bola, e sair arranhada, sentindo dores. Mas eu estou em dietas à maior parte do tempo, eu treino, eu sofro, eu tomo pancada, eu fico dias sem ver meu irmão quando estou com a seleção. Imagine o quão ruim seria pra você depois de uma noite em claro ouvir que sua pintura não é tão boa e que você é privilegiada porque seus pais são ricos. O futebol é minha arte, Camila, e dou meu sangue, suor e lágrimas tanto quanto você com suas telas.

Lauren parou pra ver qual seria a reação de Camila. O rosto dela mostrava mais surpresa do que qualquer coisa, contudo ela não parecia furiosa, apenas surpresa.

— Me conte algo que eu não saiba, então.

Queria dizer que achava seus olhos maravilhosos, ainda mais quando eles assumiam aquele brilho curioso. Jauregui piscou algumas vezes sorrindo nervosa.

— Nunca aprendi a andar de bicicleta. – Disse somente.

— Quê? Deixa de mentira.

— Eu juro. – Lauren insistiu. – Eu passei toda minha vida dentro de quadras e campos de futebol. Andar de bicicleta era meio que uma perda de tempo pra mim, depois, quando cresci já era um pouco tarde.

— Nunca é tarde pra coisa alguma.

Trocaram um olhar demorado.

— Sua vez, me diga algo...

— Eu nunca vi Titanic. – Camila faz uma pausa dramática. – É seriíssimo.

— Não brinca! Todo mundo já viu o Titanic.

— Todo mundo sabe andar de bicicleta.

— Eu não sei.

— E eu não vi o Titanic.

Camila nota a expressão de Lauren e ri o que só piora as coisas, porque ela, com certeza, fica mais bonita sorrindo.

Lauren para de rir porque seu celular está vibrando em seu colo.

Seu irmão nunca aprendia mesmo, Alycia era ótima em partidas online de video game. Em um segundo o aparelho é arrancado da sua mão e ela toma um baita susto, quando o encontra seguro nas mãos de Camila.

— Acho bom você ficar de olho na pista, Jauregui! Eu não quero morrer hoje.

— Ok, eu só estava respondendo meu irmão!

— Não é justificativa, foque na pista. – Camila devolve o celular a Lauren. – Mande beijo pra o Mike quando chegar em casa.

— Ele te acha à pessoa mais legal dessa cidade. – Lauren quis que ela soubesse a verdade. – Depois de mim é claro, e Alycia. – Ela acrescentou rapidamente.

— Ele é um garoto extraordinário. Nem parece que é seu irmão.

Lauren sentiu vontade de dizer a Camila, que se parasse um segundo pra prestar atenção, notaria que Mike era alguém que ela tinha praticamente educado, tinha seus jeitos, seus gostos, com o, porém que ele conseguia superar seus defeitos. Mas novamente, era algo que Camila tinha que notar.

Sem ter mais assunto pra puxar ela aumentou o volume do som do carro, notando os primeiros acordes de uma de suas músicas favoritas.

— Essa é uma banda maravilhosa! – Lauren exclamou aumentando o volume do som do seu carro mais um pouco. – The 1975 é a melhor banda do mundo.

— Eu nunca ouvi. – Mila respondeu com sinceridade. Ela preferia rocks clássicos como The Beatles, Pink Floyd e Red Hot Chilli Peppears.

— Isso é uma blasfêmia, apenas ouça.

Camila não podia negar aquela era uma música fantástica. Logo estava com a melodia gravada na sua mente, e decidida a conhecer outras canções. Porém o que mais chamava sua atenção era Lauren Jauregui cantarolando, e concentrada na letra da música, algo diferente de tudo que ela tinha visto até então.

— Eu posso fazer uma playlist se você quiser. – A jogadora ofereceu, quando a música acabou.

— Você não acha esquisito esse habito de tudo ser digital? Às vezes sinto falta de algo mais físico, parece que a música ficou mais distante depois dos celulares e essas bobagens.

Lauren pensa um pouco e conclui que ela tem razão. Desvia na rotatória da via principal do centro e estaciona o carro no primeiro posto de gasolina que encontra aberto.

— Eu que agradeço por ter me dado a chance. – Lauren entregou as chaves ao frentista mandando completar o tanque, e voltou-se pra Camila. – Vou comprar umas coisas na loja de conveniência, você vai?

— Não, vou aproveitar a parada pra ir ao banheiro.

— Não quer esperar pra que eu vá com você? – Camila arregalou os olhos.

Lauren só notou depois. A última vez que tinham estado em um banheiro com Camila acabou dando um amasso épico. E pela expressão desenhada na sua cara ela podia jurar que Camila tinha pensando a mesma coisa.

— Nos vemos daqui a pouco, Lauren.

Lauren entra na loja indo diretamente a seção de chocolates. Mike amava M&Ms, já Alycia era apaixonada por Snickers. Pegou-se imaginando que tipo de chocolate Camila gostava.

Estava tão perdida em pensamentos, que não viu que era observada:

— Lauren Jauregui! – Louise D'Champs cumprimentou com um sorrisinho. Jauregui virou o rosto, ia ignorar a presença da irritante jornalista de araque, mas a francesa insistiu. – Os deuses estão andando perto dos mortais.

— Você é muito cara de pau, não é? Não dirija a palavra a mim.

— Quais são as notícias sobre o jogo da semana que vem? – Insistiu como se não tivesse ouvido o que Lauren disse antes.

— Nada que seja da sua conta. – Rosnou. – Eu não me esqueci da sua seleção de mentiras naquele jornaleco. Agora saia da minha frente antes que eu perca a cabeça.

Lauren tentou pegar tudo o mais depressa possível, puxando vários chocolates de uma só vez. Quanto antes voltasse ao carro, evitaria que Louise visse Camila e ela junto. Não ia deixar que mais um boato estragasse tudo. Deu um olhar furtivo para trás, sem fazer questão de disfarçar, saindo da loja. Esperava que Camila já estivesse no carro esperando-a.

Foi aí que notou dois garotos olhando em volta, próximos à loja de conveniência. Estaria tudo normal se Lauren não lembrasse imediatamente de ter visto os dois juntos com DaxMulligan no dia que Mike quase foi agredido.

— Camila...

Camila passa reto pelas primeiras três cabines, que estão nojentas, ela ainda está decidindo se é melhor fazer xixi nas calças ou usar um daqueles banheiros nojentos. A parede está toda lotada de rabiscos, em um deles é possível ver em um tom rubro que Camila implora que seja tinta "Paul, eu te amo" e um coração bizarro em baixo. O amor tem efeitos colaterais estranhos.

As lâmpadas fluorescentes do banheiro são mais fracas que as de fora. Uma dela pisca sobre sua cabeça. Duas aranhas estão escondidas do lado do espelho. Fede. Grande idéia a dela de ir sozinha para o banheiro.

Mila ainda está de costas quando uma sombra se move atrás dela e chama sua atenção nos espelhos.

— Lauren?

O banheiro mergulha em silêncio.

DaxMulligan está na porta do banheiro, olhando Camila. Em geral ela era uma figura patética, mas o olhar que o rapaz carregava nos olhos fez o coração de Camila disparar e sua garganta secar.

— O que está fazendo aqui?

— Desculpa, achei que fosse o banheiro masculino.

O rapaz, usando tênis nikes e jeans desbotados, fica parado ali. Isso não é bom.

—Eu não queria te assustar. – Ele diz dando alguns passos na sua direção. – Vi você entrando aqui, e obvio que eu não me esqueci da vergonha que você me fez passar. Eu fui expulso do time de futebol, sabia?

— Bem feito, é o mínimo que poderia ter acontecido com um idiota como você.

— Você vai me pagar por isso Camila. – Dax sorrir – E depois Lauren Jauregui. Sei que foi ela que me retirou do time, vou quebrar as duas pernas daquela vadia pra nunca mais ela tocar em uma bola na vida.

Camila cerrou os punhos, ela pode ouvir seu coração batendo contra suas costelas, mas não demonstra que está com medo. Sozinha dentro daquele lugar, ela estava vulnerável.

— Com medo? – Dax tinha ficado parado bem de frente a porta, pra Camila correr teria que passar por ele antes. – Vou te fazer uma oferta, se me der o que eu quero de bom grado, eu não vou chamar meus amigos para se divertirem com sua boceta imunda e deixarei inteira.

Mila sorriu com nojo daquelas palavras.

— Eu prefiro morrer!

— Quem sabe eu não possa arranjar isso sua pu-

A frase de Mulligan fica incompleta, porque outra sombra chama a atenção de Camila para a entrada. Lauren pula em cima do garoto, jogando o corpo dele contra o balcão de granito. Camila salta para trás e grito com um susto.

Dax reconhece Lauren imediatamente e sua expressão de desdém se torna uma face de medo.

— Lembra do meu aviso sua merdinha? – Ele não responde porque está paralisado de surpresa. – Mandei você ficar longe dela!

Lauren arrasta-o pela camisa. E enterra o punho esquerdo no seu rosto. Camila escuta um barulho nojento de cartilagem esmigalhando e o sangue jorra do nariz. Mais e mais, Lauren faz chover socos no rosto de Dax, um golpe sangrento após o outro, até que ele para de lutar. Ele mal consegue manter a cabeça erguida, mas Lauren não para de dar socos. Camila sente algo muito próximo de medo da expressão de ódio que Lauren tinha no rosto.

Se continuasse batendo em Dax com tanta fúria ela iria...

— Lauren, chega. – Camila agarra seu braço, mas ela lhe empurra dando outro soco no homem. – Lauren, por favor, pare!

Só então ela parece voltar a sua consciência e solta o corpo de Mulligan completamente zonzo no chão. O rosto dele está lavado de sangue, sangue esse que expirou algumas gotas para o rosto de Lauren.

Jauregui levanta, e suspira, há algo perturbadoramente indomado na sua postura e na expressão de fúria.

Camila mal pode respirar, mas consegue dizer:

— Lauren você está bem?

Ela sai do transe e se vira bruscamente.

— Quê? – Seus olhos se estreitam incrédulos. Ela se aproxima. - Se eu estou bem? Que pergunta é essa? – Lauren aperta os antebraços da cubana e lhe olha intensamente nos olhos. – Você tá bem?

Camila tenta virar a cabeça porque a intensidade do seu olhar é avassaladora, mas ela segue seu movimento e forçando-a olhar suas esmeraldas nos olhos que agora tem um tom de verde ainda mais verde, quase viperino.

— To... to bem. – Mila diz finalmente, – graças a você. – Ela olha Dax ao seu pé. – O que vamos fazer?

— Eu não sei. – Lauren admite voltando a respirar normalmente.

Camila puxa sua mão direita, vendo como a pele de cima do punho está em carne viva e roxa em muitos pontos e sangrando em abundância.

— Precisa olhar isso. - Lauren puxa a mão.

— Eu tou bem. Pensei que tinha lhe acontecido algo.

— Esse merda bem que tentou, mas acho que agora você deu uma boa lição nele.

Lauren balança a cabeça evitando olhar pra Dax. Então o conhecido flash de celular soa e a voz de Louise D'Champs ergue-se.

— Pelo visto eu não menti no meu blog, eu só me antecipei aos fatos. – Disse olhando maravilhada para a cena. Nem em seus melhores sonhos poderia ter imaginado algo assim.

— Porra! – As duas viram-se no mesmo momento dando de cara com Louise. Parecia que ela estava em todos os lugares possíveis.

— Então, querem me contar o que está acontecendo? Uma versão dos fatos para o meu blog?

— Eu vou te dar a minha versão dos fatos! – Camila parte pra cima de Louise, e se não fosse às mãos rápidas de Lauren, Louise podia se preparar pra ser a próxima a tomar uns bons tapas.

— Camila, não!

— Louise, Dax tentou agredir Camila. – Lauren tentou explicar e segurar a cubana pela cintura. – Se eu não tivesse chegado eu nem sei o que poderia ter acontecido.

— Umas versões bem românticas devem admitir, mas o que isso iria me trazer de benefícios?

— Esse animal tentou agredir a Camila e você está mais preocupada com seus benefícios que com a verdade?

— Eu não tenho porque contar a verdade. – Admitiu. – Eu tenho que contar o que é conveniente pra mim.

— Eu vou te matar, D'Champs. – Lauren fez mais força ainda para manter Camila presa. – Me solte Lauren! Se você não apagar esse vídeo agora eu juro que vou faço você engolir esse celular.

Louise recuou, afastando o suficiente da cubana esbravejando.

— O que você quer de mim, Louise. – Lauren repetiu a pergunta que tinha feito semanas antes. Ela já estava com os braços doloridos de tanto segurar Camila.

— Sei que provavelmente meu blog explodiria em visualizações com uma bomba como essa, mas não sou boba, sua influência acabaria por tirá-lo de mim, seus fãs iam trabalhar arduamente para isso. Perderíamos as duas.

— O que seria a melhor coisa a se fazer, já que você só espalha mentiras! – Camila rosnou, virando-se pra Lauren e dizer: – Eu tou avisando Lauren, saia da minha frente!

Louise já tinha excedido a cota da paciência de Camila, ela nunca esqueceria que foi a francesa a pessoa espalhar no seu blog que Nash Herrera estava te traindo Fez até uma lista de cada pessoa que ele dormiu. No pior ano da sua vida, Louise D'Champs fez de tudo pra que fosse ainda pior.

— Me deixe resolver. – Lauren pediu mais uma vez voltando-se pra ela, – por favor, Camila – Cabello fraquejou um instante, e Lauren se aproveitou para tentar barganhar com D'Champs. – O que você quer que eu faça?

— Muito bom conversar com pessoas educadas, Lauren. – Provocou, tendo certeza que enquanto Lauren estivesse ali, Camila não lhe faria nada. – Eu sei que você e o professor, Rodgers tem uma troca mutua que ajudas, também sei que conseguiu trazer Vero pra escola e eventualmente ao time.

Camila franziu o cenho, Vero de volta ao time? O quê? Como assim?

— Diga o que quer de uma vez Louise. – Mila notou como Lauren fez uma expressão de dor, mordendo os lábios, o sangue pingava das suas mãos para o chão fazendo uma pequena poça bem do lado dos seus tênis.

— Quero que ter acesso a tudo relacionado ao time feminino, entrevistas, fotos do elenco e mais, quero acompanhar o time em todas as viagens.

Lauren afirma positivamente, mas há em seu rosto uma expressão além da raiva e da dor. Ela parece derrotada.

— Quem me garante que dessa vez será diferente?

— Dá outra vez foi só um aviso. – Disse simplesmente. – Pra você saber quem eu sou e o que posso fazer. Dessa vez, temos coisas a ganhar, confie em mim.

Mila deu uma risada debochada.

— Seria o mesmo que ela dormir em uma cama com cobras esperando não ser mordida.

— Eu não confio em você. – Lauren afirmou – Mas terá o que quer, porém ouça muito bem minhas palavras, Louise. Você não está lidando com alguém acostumado com derrotas. Se amanhã tiver uma só nota sobre isso. – Lauren dá uma olhada em Dax que continua no chão. – Eu acabo com você.

Ela manteve a intensidade quando devolveu a Louise sua atenção.

— Feito.

A mão de Louise fica pairando no ar, quando Lauren deixa o banheiro.

Camila chega até a porta e então volta, assustando D'Champs.

— Isso ainda não acabou, – Ela fingiu que ia pra cima da loira, e Louise se atrapalhou batendo na parede. – Puta mentirosa.

— Fique à vontade. – Camila anunciou, jogando a bolsa sobre o seu sofá.

Automaticamente sua mão foi até o bolso da sua calça buscando um celular que já não existia. Notou minutos depois de elas saírem do posto que o celular guardado em seu bolso não estava lá. Perder seu aparelho celular era só mais adicional para aquela noite trágica.

Lauren entrou na sua casa com os olhos atentos, parecendo desconfortável e curiosa ao mesmo tempo. Camila tinha insistido pra que ela fosse pra lá. A mão de Lauren não parava de sangrar e ela não ia ficar em paz sabendo que a jogadora dirigia um carro enquanto sangrava.

— Tem certeza que é uma boa idéia? Seus pais não se incomodam?

— Eu não vejo meu pai há dois anos. – Respondeu como se nada fosse. Mas a velha dorzinha deu as caras, era um assunto que ela preferia não tocar. – E minha mãe viajou.

Lauren sustenta o olhar em Camila o máximo que consegue, se sentindo culpada.

— Desculpe.

— Não é como se você fosse obrigada a saber. – Camila parou ao pé da escada. – Me siga, vou cuidar desse ferimento.

A casa dos Cabello era pequena e aconchegante. A decoração simplista e as flores sintéticas espalhadas pela casa deixavam tudo muito confortável e atraente porque era evidente a influência latina na decoração. Lauren pensou que aquele era um lugar onde a felicidade reinava o tempo todo. Diferente da mansão da sua família, onde as paredes brancas conversavam entre si.

Mila abriu a porta do seu quarto e indicou com a cabeça para que Lauren entrasse.

— Uau! – A jogadora exclamou dentro do quarto. – São todos seus esses quadros? – Ela se abaixou pegando uma folha que tinha voado do seu classificador e estava jogada ao chão. – Você compõe?

—Sim. – Mila tomou a folha antes que ela pensasse em ler devolvendo ao seu lugar de origem. – Se voltar a mexer em qualquer coisa no meu quarto eu vou cortar sua mão. – Lauren sorriu com desdém pra a ameaça e Mila a empurrou pelo ombro, lhe obrigando a sentar na sua cama.

— Seu quarto é bagunçado. – Lauren disse.

— Pra combinar com a minha vida. – Mila responde com sarcasmo, sem parar um segundo de transitar pelo quarto.

Ser filha de uma enfermeira tinha lhe dado um pouco de conhecimento no assunto. Lauren levantou logo que ela terminou de juntar tudo que ia precisar e a jogadora sentou-se no banquinho.

Camila pega sua mão e põe sobre o seu colo, notando que o bonito anel perolado foi dolorosamente o causador do maior corte no dedo anelar de Lauren.

— Vai doer só um pouquinho, – Ela avisa, encharcando algodão em anti-séptico. Lauren se retrai quando o remédio entra em contato com sua pele, mas depois fica mais tranquila.

— Sinto muito pelo seu celular.

— Não foi nada demais. – Mila diz. Metade porque ela sentia como se não fosse nada demais mesmo, e metade porque ela não queria pensar em como seria ficar sem celular por tempo indeterminado. Sua mãe tinha se esforçado muito pra dar a ela um bom aparelho, jamais  pediria outro. Era adeus tecnologia.

Jauregui observa com atenção Camila delicadamente limpar todo sangue seco na mão.

— Tem algo que você não saiba fazer? – Mila ergueu os olhos parando um segundo sua tarefa pra dar um risinho.

— Onde aprendeu a bater daquele jeito?

— Fiz aula de boxe pra perder peso por um tempo. – Jauregui esclareceu voltando, a evitando sustentar olhar com Camila. – Eu nunca bati em alguém antes, ele foi o primeiro e-

— Ele mereceu. - Mila piscou pra Lauren. - Obrigada

— Primeira vez que eu te salvo e você não me chama de intrometida.

— É a primeira vez que eu estava realmente precisando de ajuda. – A cubana descarta o algodão na lixeirinha. – Vamos ter que tirar esse anel. – Lauren apenas acena concordando. Qualquer coisa que aliviasse sua dor. Ela convivia diariamente com dores por ser uma atleta, mas Camila podia jurar que retirar aquele anel seria especialmente pior. – Por pouco você não quebra o dedo.

— Porra. – É a única coisa que Lauren reclama ao Camila retirar o anel com alguma dificuldade, era incrível como ela era controlada, diferente de Camila que tinha uma tolerância pequena a dor.

Uma lágrima fina rola pelos olhos de Lauren, proveniente da dor que retirar aquele anel fixo na pele causou. Mila tira uma das luvas e captura a delicada lágrima com cuidado. A aproximação de rosto é automática e praticamente em sincronia. 

Assim de perto, ela conseguia ver todas as camadas de Lauren. Por baixo dos olhos verdes, das sardas, por baixo da jogadora imensamente talentosa. Ela vai transitando sem pedir licença, usando apenas seus olhos como faca, até chegar à pessoa que a defendeu, que colocou sua carreira em risco, que devolveu a ela a oportunidade de voltar ao curso de artes. Ela se perguntou se Lauren também conseguia ver suas camadas, através daquele controle falso, até a confusão amorosa que ela era a causadora.

Camila não beijou Lauren por elas duas. Foi um ato de respeito a qualquer coisa boa que sairia dali. Como lidariam na manhã seguinte depois de uma noite de sexo? Como voltariam a enxergar nas camadas uma da outra se tudo acabasse em apenas sexo? Ninguém inteligente troca a imensidão da calma, por alguns minutos de barulho.

A Camila que gostou de sair com Brooke e achava ela a coisa mais fofa dos últimos tempos era diferente da Camila que estava ali naquele quarto, cuidando da mão machucada de Lauren, se controlando pra não ceder.

— Desculpe. – Lauren suspirou, enxergando ela própria sua parte de certeza que o beijo não era viável, mas, ainda assim, havia culpa em seus olhos. – Acho melhor eu ir pra casa.

— Como você vai dirigir seu carro? Está com a mão horrível. Fique aqui.

— Eu não tenho certeza se isso seria uma boa idéia.

— Nada que fizemos essa noite foi uma boa idéia, apenas fique.

Quando Camila acorda, ela sabe que Lauren foi embora. Talvez no meio da noite, talvez quando o sol nasceu. A ordem não importava muito. Mas ela sabia que ia sentir sua falta pelo resto do dia, ia pensar em tudo que aconteceu e pensar no beijo que não deram. Sentia como se tivesse provocado uma fera, que devolvia dando vários tapas na sua face. Era um sentimento furioso.

Lauren tinha esquecido seu anel perolado sobre sua mesinha de estudos. Camila pegou nos dedos e observou com um sorrisinho. O sangue sujando a delicada pérola, que já tinha se contorcido de dor quando ostra contrastou com Lauren. Camila era uma ostra, e Lauren a pequena areia que a transformava em pérola. O destino e sua magnitude dolorida.

A campainha tocou uma vez e ela desceu as escadas. Provavelmente sua mãe tinha esquecidos as chaves, Sinuhe era campeã nisso. Gostou dos seus quatro dias de insana liberdade, mas era ótimo tê-la de volta a casa. Estava cansada de comer macarrão instantâneo, e bananas no café almoço e jantar.

Mila abriu a porta e encarou o carteiro com uma expressão confusa.

— Bom dia, Camila Cabello?

— Cabeyo. – Corrigiu com o humor deteriorando rapidamente.

— Isso aqui é seu. – Ele entregou uma pequena caixa em suas mãos. – Assine aqui.

— Meu?

— É seu nome aqui, não? – Ele apontou para o código no fundo da caixa.

— Sim, mas...

Mila fecha a porta de casa com o pé olhando a caixa com uma expressão confusa. Não tinha pedido nada aos correios. Colocou o objeto perto do ouvido e sacudiu, tinha que ter certeza que Lucy não tinha enviado uma bomba pra ela.

Sentou-se no chão da sala e abriu sem cuidado a caixa, seu queixo foi caindo lentamente a medida que ela identificava o brilho intacto de um celular novinho, havia também um CD. Quando puxou o papel do correio, não haviam mais duvidas de quem tinha lhe enviado aquelas coisas. Ela se viu sorrindo sem querer, notando um cartão que escorregou de dentro da caixa e caiu aos seus pés.

Mila pegou e leu seis vezes sem acreditar e continuava sem acreditar na décima.

O TEAM LAUREN ACABA DE ACORDAR.

Olá galero, chegamos ao último capítulo dessa maratona.

Só pra lembrar o wattpadbugado, talvez vocês tenham notado, então tá complicado até pra responder comentários, mas eu tento. Esse capítulo era pra sair ontem, era pra sair sábado e eu fiz de tudo, passei a noite de toda tentando upar o capítulo, mas simplesmente as imagens não carregavam. Fiquei puta e deixei pra hoje.

Eu sei que depois dessa capítulo está todo mundo hearteyes pra Lauren.

Então o que acharam de tudo? E sei que o foco foi quase todo camren, mas tivemos mais uma vez participações importantes, a volta da nossa maravilhosa e maldosa francesa Louise D'Champs, cês já assistiram azul é a cor mais quente? Ela é a Adele.

Esse capítulo tá tão cheio de filosofias e referências que eu espero do fundo do meu coração que ele não tenha ficado entediante.

O nome do livro é Teoria do amor ao caos, e no início do capítulo eu citei a teoria do caos, espero que tenham se atentado porque é importante. Não deixem de notar os gestos implícitos em cada atitude delas. Quero que vocês pensem, descubram e notem as mudanças que elas vão tendo a medida que se apaixonam, nada na vida acontece do nada e amor delas também não vai brotar do acaso, paciência babys.

Pra quem é novo no fandom, the 1975 é uma banda ULTRA IMPORTANTE na vida real.

Anotei algumas curiosidades pra quem nunca ouviu falar se situar:

Primeiro: Segundo as teorias foi no show dessa banda q L&C deram o primeiro beijo, ou começaram a namorar, por motivos de que ficou evidente na época que algo muito bom aconteceu pra elas naquele show. Tem teorias no youtube de montão, mas as postagens delas na data falam por si só.

Segundo: A própria Camila disse que gostava da banda por influência da Lauren e tem várias fotos delas dividindo a mesma camisa da banda, e até hoje em dia, de vez em quando, Camila toca nesse assunto (sobre a banda) no twitter.

Terceiro: Somebody else (a musica mais famosa deles) é um hino que a Lauren esgotou durante toda época que a Camila namorava o Austin, inclusive reblogando no tumblr a parte mais famosa da música no dia que a notícia que eles namoravam vazou: "eu não quero seu corpo, mas odeio pensar em você com outra pessoa, nosso amor esfriou e você entrelaçou sua alma com outra pessoa" Quem nunca né, @Lauren?

Enfim, só curiosidades, porque sei q tem muita gente que shippa a pouco tempo e não sabe dessas teorias mais antigas.

Usei muita coisa que aconteceu no passado aqui na fic, e quando for referência nos capítulos, eu aviso aqui e relembro junto com vocês essas coisas legais. :*

Beijo amores, espero que tenham gostado dessa maratona. E nos vemos semana que vem com a programação normal. Preciso estudar ou minha mãe vai me matar, então dessa vez só volto no sábado mesmo. Não se preocupem que as mídias voltam ao normal também.

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Meraki By Rhay

Fanfiction

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