Manter os computadores da sala funcionando era muito fácil. Difícil estava sendo ouvir a Nice se lamentando sobre todo o arrependimento que ela sentia por ter traído as pessoas que realmente a ajudaram. Lembra o que eu disse sobre ela ser quieta? Era tudo enganação!
Eu não tinha entendido ainda se foi alguma coisa que eu fiz que a encorajou a falar sem parar ou se alguém ativou alguma coisa nessa garota, mas ela simplesmente não calava a boca!
– ... Foi muito difícil viver no mesmo ambiente que o Zeca, sabendo que ele estava triste por minha causa... – Essa foi uma das partes que eu ouvi sem querer.
Bufei, externando toda a minha falta de paciência e descontentamento com a minha dupla. Por que eu fui me oferecer para ficar com essa garota?
– O que foi? – perguntou.
– Desculpa se eu não fui claro o suficiente, mas eu odeio conversas desnecessárias. Eu não sou seu amigo e não sei porque você pensou que esse assunto me interessaria – expliquei, tentando ser o mais educado possível. – Então quer fazer o favor de fazer silêncio? Toda essa conversa acaba com a minha concentração.
Ela ficou estarrecida com a minha atitude. Acho que ela nunca conheceu uma pessoa sincera na vida, porque eu duvidava muito que essa fosse a primeira vez que ela contava sua história para uma pessoa que não estava interessada em ouvi-la.
Aborrecida com o meu discurso, ela se sentou no chão do corredor e começou a batucar com os dedos na parede. Como ela conseguia ser tão irritante?
– Você não consegue ficar em silêncio por cinco minutos? – perguntei, irritado.
– Eu odeio silêncio – tornou, fazendo cara de tédio.
Num estalar de dedos fiz todos os alarmes do hospital soarem.
– Problema resolvido – tornei, sarcástico, quase aos berros para que ela pudesse meu ouvir.
Não pude conter um sorriso quando a vi revirando os olhos.
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Incomodar o Joca não é uma boa ideia :P
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Beijão e até amanhã