Estava saindo do banho quando Tom me mandou uma mensagem dizendo que a reforma começaria hoje, fiquei feliz por eles, afinal o sonho deles estavam muito perto de se realizar. Já estava pronta pro trabalho, tomei meu cappuccino e comi umas torradas, por incrível que pareça, hoje eu acordei bem melhor. eu estava com uma sensação de paz, não sei explicar, estava me sentindo muito bem para quem passou por um turbilhão de emoções no dia anterior.
Verifiquei se os contratos estavam todos em ordem e os organizei por nomes para não correr o risco de entregar em mãos erradas, peguei as chaves do meu carro e fui em direção à garagem onde sai dirigindo rumo ao trabalho. Resolvi ir pela rua que dava acesso ao parque, queria admirar a vista, eu não estava com pressa de chegar ao escritório, era primavera e o parque ficava lindo com as flores da estação. Enquanto dirigia vi uma pic-up parada no acostamento olhei e percebi que era a pic-up do Zac, mas o que ele estava fazendo parado ali? -pensei. Quando fui chegando mais perto, vi que ele estava sem camiseta colocando algo em suas costas sua fisionomia era de dor.
Meu deus o que aconteceu? ele estava sangrando. Não pensei duas Vezes em parar e descer do carro.
—Zac? -disse do lado da porta do motorista. Ele me olhou surpreso, um tanto quanto assustado.
—Rach! - O que faz aqui? -perguntou. segurando algo nas suas costas.
—Meu deus Zac, Você está sangrando! o que aconteceu? -A princípio achei que ele tinha sofrido algum acidente.
—Eu estou indo pro pronto socorro, é que não estou conseguindo estancar o sangue enquanto dirijo. -disse ele tentando segurar
a camisa ensanguentada nas suas costas.
—Vem pro meu Carro agora, eu te levo. -disse abrindo a porta do seu carro apressada.
Zac trancou sua pic-up e a deixou ali mesmo. Abri a porta do motorista para que ele entrasse, jogando todas as minhas coisas no banco de trás, comecei a dirigir rapidamente até o hospital da cidade. Eu sabia que eu não tinha nada a ver com aquilo, mas mesmo assim resolvi perguntar o que aconteceu para ele estar naquele estado.
—Zac você caiu em algum lugar? -perguntei mesmo sabendo que ele não iria me falar a verdade.
ELE RESPIROU FUNDO.
—Foi a Kate! -Nesse momento freei o carro bruscamente. —AUU! -disse ele batendo com as costas no banco.
—O QUE???? desculpa por isso, -disse enquanto tentava dirigir normalmente.
—Como assim Zac? que história absurda é essa? -perguntei indignada.
—Estamos chegando? -disse ele desconversando. Ele não quis falar, e eu respeitei sua decisão.
Ok, eu precisava o deixar quieto, ficar fazendo questionário na situação que ele se encontrava só piorava as coisas, o olhei e ele estava de olhos fechados com a cabeça enconstada no banco, seu rosto era de agonia, Zac era meio apavorado com esse lance de sangue, não me surpreendeu vê-lo daquele jeito, embora ele tivesse sangrando muito.
Estávamos na rua que dava acesso ao hospital, entrei com o carro imediatamente no estacionamento, o ajudei pegando-o pelo braço foi aí que tirei a minha jaqueta e coloquei por cima dos seus ombros.
—O que está fazendo? -perguntou ele espantado com minha atitude.
—Você está sem camisa, fica com minha jaqueta. -disse enquanto ajeitava nas suas costas. Ele me retribuiu com um sorriso.
Entramos pela recepção, o médico plantonista percebeu o estado em que ele se encontrava e o levou imediamtamente para sala de curativos enquanto eu terminava de fazer a sua ficha.
Esperei sentada em uma poltrona que ficava no corredor, quando uma enfermeira passou perguntando:
—É seu namorado que está lá dentro?
—Não! é só meu amigo, ele esta bem? -perguntei apreensiva.
—Claro! não foi nada grave. -falou com um sorriso simpático. Se você quiser pode entrar, o DR. já está terminado de fazer a suturação. -disse ela saindo em seguida, eu a agradeci e entrei na sala de curativos, onde Zac estava sentado na maca. Ele estava apavorado em ver o médico fazendo o seu curativo, nem parecia aquele Homem com 31 anos de idade. Seus filhos com certeza eram mais corajosos.
—Já está quase pronto! precisou levar uns pontinhos aqui, o corte foi profundo, mas daqui a alguns dias você estará novo em folha! -disse o médico super cuidadoso enquanto fazia o curativo.
—Foi por pouco Zac! -falei Rindo.
—Muito engraçada! -disse ele enquanto secava o suor das mãos na calça. —VOCÊ SE ENCOMODA DE SEGURAR NA MINHA MÃO? -Zac me pediu encarecidamente.
—lógico que não! -disse enquanto vi ele agarrar minhas mãos com força. Meu coração acelerou, mas não deixei ele perceber minha tensão, ele também nao percebeu, pois estava em pânico. Ver Zac daquele jeito era muito engraçado.
—Pronto! Acabamos. Viu? você foi bem corajoso. -disse o médico tentando o acalmá-lo.
Zac respirou aliviado.
—Alguma recomendação doutor? -perguntei enquanto via Zac olhando assustado no espelho o seu curativo.
—Nada que possa usar força nos primeiros dias, AH! e o curativo precisa ser trocado todos os dias, pode molhar normalmente o local, a higiene é importante. Vou receitar um anti-biótico para evitar infecções e nada mais. -disse o médico enquanto prescrevia a receita.
—Só isso né doutor? ok, muito obrigada, tchau! -Zac disse me puxando pelas mãos, praticamente correndo.
—Zac! calma. -Obrigada por enquanto doutor. Bom trabalho. Disse me despedindo enquanto vi o doutor rir da situação. —OBRIGADO, SE CUIDEM! -disse ele.
—Eu tenho pavor de hospital Rachel, quanto menos tempo eu ficar aqui melhor. -Falou Zac apertando o passo.
Fomos em direção ao estacionamento, Eu precisava trabalhar, e não sabia o que fazer com Zac.
—Você quer que eu te deixe na sua casa? -perguntei.
—NÃO! me deixa na rua mas não me leve pra casa. -disse ele. Percebi que ele ficou bem zangado.
—Zac, por acaso foi Kate que fez isso com você? -não hesitei em perguntar.
—Vai adiantar se eu mentir pra você? -disse me olhando com arrependimento. —MAS SIM, foi ela, nós discutíamos e quando falei que eu queria o divórcio, ela simplesmente catou o abajur e arremessou nas minhas costas. -disse ele com a cabeça baixa, Zac parecia estar envergonhado.
—Ela teve coragem de fazer isso com você? com os seus filhos lá dentro? meu deus! que mulher desequilibrada. -disse revoltada.
—Eu não quero que você se preocupe com isso Rach, eu já falei que a partir de diante ela faça o que bem entender, eu só peço muita paciência porque se eu explodir eu vou acabar fazendo uma besteira com ela. Mas em respeito aos meus filhos eu vou manter a calma, eles não são obrigados a passar por isso. Eu só não vou voltar mais pra lá, vou pedir para que Tay ou Ike passe lá e peguem algumas roupas minhas, vou ficar no estúdio até me ajeitar. -Eu pude notar o constrangimento dele, me deu pena de olhar ele daquele jeito. Minha vontade era de abraçá-lo e conforta-lo, fazer qualquer coisa para aliviar o que ele estava sentindo naquele momento.
***
O clima estava muito tenso para tentar tocar no assunto de como nossa situação ficaria, eu já não sentia mais raiva do que ele me fez sentir no dia anterior e muito menos toquei no assunto da mensagem que ele havia me mandado. Minha missão agora era cuidar dele, e eu ia fazer isso.
—Zac, quero que você saiba que estou aqui para o que você precisar ok? pode contar comigo. -disse segurando suas mãos. ele colocou as suas em cima fazendo um suave carinho.
—Obrigada Rach, não sei como te agradecer pelo que você fez! -disse com um sorriso, o silencio predominou.
—BOM! você precisa trocar suas roupas, vou passar na farmácia, pegar seu remédio e te deixar no estúdio ok? assim você já aproveita e leva os contratos para voce e seus irmãos assinarem. Mais tarde eu pego lá com você. -disse enquanto dirigia a caminho da farmácia. Zac sorriu largo nesse momento.
—O que foi? qual o motivo da graça? -perguntei sorrindo de volta.
—Parece que ganhei uma babá! -disse ele balançando com a cabeça enquanto olhava o movimento pela janela do carro.
—QUE???! você tinha que me agradecer, eu sou uma ÓTIMA SOCORRISTA! -Falei dando um tapa na sua perna.
—Disso eu não tenho dúvidas! -falou encostando a cabeça no banco enquanto me observava dirigir.
Passamos na farmácia e comprei o remédio que ele precisava, Zac insistiu em me dar o dinheiro que gastei, mas não peguei, ele acabou brigando comigo CLARO que tudo na base da brincadeira, porque eu e ele éramos assim, a nossa cumplicidade era maior que qualquer coisa que abalasse nossa relação de amizade.