- Mary, sou eu, Noah. Posso entrar? - Perguntou.
- Pode sim. A porta está entreaberta, apenas empurre. - Logo ela se abriu.- Te vi passar e você nem me notou aqui em cima.- Sorrir.
- Sou meio despercebido.
- Venha, sente- se aqui e veja essa fabulosa vista de telhados.- Caminhou até mim e sentou-se na beirada da janela.
- Parece tranquilo...- Sussurrou.
- Quando não vago por aí para espairecer ou deito naquele caos de cama, sento-me aqui e saio de mim por alguns minutos.
- Aqui é o lugar adequado para ver o pôr do Sol.
- Ah, é sim. Tem dias que me surpreendo. É tão tão espetacular... O Sol se escondendo em meio as montanhas cinzentas, desaparendo aos poucos... Dá aquele prazer na alma.
- E você, está melhor? - Olhou-me.
- Acho que sim. - Sussurrei. - O tom avermelhado está desaparecendo e a dor está ficando suportável.
- Desculpe. Jamais esperava por isso.
- Nunca esperamos por algumas coisas, magicamente acontecem. Porém você não tem culpa. Não se preocupe.
- Amber disse que foi mesmo sem querer. Ela está muuuito arrependida por seu ato. - Imitou a voz fina de sua prima.
- Não sei não...- Sorrir - Em nenhum momento vi algum brinco caído sobre o chão. Acho que ela fez aquilo por querer...
- Cheguei a questioná-la, mas ela não disse muito. Somente que o brinco era minúsculo e especial, porque era presente de um amigo. Cheguei a ver um par em sua orelha e é realmente a verdade a respeito do brinco.
- Bem, pelo menos ela se desculpou... Mas ainda acho que é ciúme.
- Ciúme?
- Sim, pelo primeiro pedaço do bolo e você...
- Não digo nada a respeito do bolo, mas agora de mim?
- Sério que não percebeu?
- O quê, por exemplo?
- Os olhares dela para ver! Sua prima está te amando.
- Não! Obviamente, não.
- Obviamente, sim!
- Não poderíamos... Além de não sentir nada por ela, senão amor de primo. Sempre estivemos juntos desde que meus tios se foram. Ela praticamente é uma irmã para mim.
- Mas ela não te ver assim. Talvez seja errado, mas, por que não dá uma chance para ela? Ás vezes é doído a não reciprocidade. Apesar dela ser um pouco patricinha demais, é bonita.
- Eu não procuro beleza. Procuro alguém que eu ame todas as manhãs quando acordar. Que faça me deixe trêmulo toda vez que tocar meus lábios.
- Que você tenha sorte para encontrar essa pessoa.- Suspirei.- Porque eu estou quase desistindo de amar.- Sussurrei.
- Talvez você só não tenha encontrado o seu amor.
- Será que um dia consigo encontrá-lo sem esforço? - Perguntei.
- Tudo que vem fácil, vai fácil.
- Ah, por que és tão complicado amor? - Perguntei sorrindo.
- Ás vezes falar de amor dá fome. Então pegue...- Entregou-me um pequeno vasilhame. - É outro pedaço de bolo, já que o anterior ficou totalmente em migalhas e não teve a oportunidade de comê-lo.
- Muito Obrigada, Noah...- Peguei-o e abri-lo logo em seguida.- Eu amo bolos de chocolate - Levei o pedaço até a boca - E este está maravilhoso!
- Espera...- passou no meu queixo - Derramou calda.
- O-Obrigada.- Sorrir. - Não q-queria um pedaço?
- Não, não. Já comi. Esse é para você.
- Obrigada.- Sussurrei.
- Mary, aconteceu algo?
- Não. Não aconteceu nada, Noah.- Coloquei a sobra dentro do vasilhame.
- Realmente?
- Foi muito nítido? - Ergui a sobrancelha.
- Sim. Empalideceu e começou a gaguejar repentinamente e pediu para vir para casa do nada.
- Tudo bem, confesso. - Suspirei. -Não sei se certamente está acontecendo algo... Mas Charlotte e Austin estão levando-me a pensar nisso. Ele desapareceu por algumas horas e o vi pela janela da sua casa, entrando rapidamente na minha. Ele não é de desaparecer assim, sem dizer para onde vai e quando retorna. Quando voltei para casa já não o vi mais e Charlotte falava em sussurros ao telefone. Está acontecendo algo, mas eles não dizem. E eu estou atordoada...
- Talvez eles...- Seu falar foi interrompido.
- Maryanne? Está aí? Poderia vir até aqui? Precisamos conversar...
- Charlotte...- Levantei-me em pulo da beirada da janela.
- Desça e esclareça suas dúvidas. Eu irei para casa, caso precise de mim, estarei por lá.
- Está bem, Noah.- Dei-lhe um abraço.- Obrigada por se preocupar comigo. Se eu não estivesse tão contida pela curiosidade e preocupação, ficaria aqui com você conversando até anoitecer sobre assuntos banais. É tão relaxante trocar palavras com você.- Soltei-me de seus braços.- Mas é que eu já não aguento esperar, entende?
- Entendo. É mesmo aguniante.
- Que bom. Agora vnha, te acompanho até a saída.- Puxei-o pelo pulso.
-Devo dizer tudo mesmo, Karla? - Escutava-se a voz de Charlotte ainda do pequeno corredor. Agora ela já falava em alto e bom tom.- Mas eu não sei como ela irá reagir... Sim, já está tudo preparado, não se preocupe. Claro, claro, já disse para ele...- Logo percebeu nossa presença.- Ela chegou, depois retornarei a chamada.- Sussurrou.
- Ah, olá Noah. Como está? - Indagou.
- Estou bem, Charlotte. E você?
- Tenho andado com algumas dores e...- A interrompi.
- Chamou-me para quê, Charlotte?
- Mas Mary...- Ignorou-me e olhou-me com os olhos arregalados.- O que houve com o seu braço? Está tão avermelhado.- O tocou.
- Ai, Charlotte! Ainda está doendo! - Murmurei.
- Ela estava em minha casa, em uma comemoração surpresa que fizeram para mim e acabou tropeçando no pé da minha prima e caindo. Mas não fique preocupada, Charlotte, foi apenas uma inchação. Não teve nenhuma fratura.
- Hoje é seu aniversário, Naoh? - Ele assentiu.- Ora, meus parabéns.- Abraçou-o.
- Obrigado- Logo soltou-se dos braços dela.- Trago para você um pedaço de bolo, mais tarde. Agora eu preciso ir, vejo que precisam conversar, até mais.
- Até mais, Noah. Dou-lhe algo depois, também.- Charlotte acenou. Voltamos a trocar passos até a porta de saída.
- Deixe que eu abro. Não faça muita força.
- Não se preocupe. Faço questão. Até porque foi o braço esquerdo, e eu uso com mais frequência o direito.
- Eu insisto...- Abriu a porta.
Saímos logo em seguida.
- Irá ficar bem, independentemente do que Charlotte disser?
- Eu tentarei não desmoronar.
- Confio em você...- Sorriu.
- Maryanne, Ande logo! Ainda temos que conversar.
- Eu tenho que entrar. Senão, Charlotte não irá nos deixar em paz. Mais tarde nos reencontramos e eu te digo tudo, está bem?
- Então nos vemos mais tarde tarde.- Assentir. Ele rapidamente retirou-se. Entrei em seguida.
- Diga o que é, Charlotte.-
Sentei-me no sofá.
- Quer um chá?
- Não. Eu não suporto chás.
Só quero que fale logo.- Murmurei.- Já que interrompeu-me várias vezes.- Revirei os olhos.
- Tudo bem, Tudo bem...- Ela sentou-se no outro sofá, de frente para mim.- É algo relacionado a Karla e seu pai.
- Meu pai veio a falecer? É isso? - Perguntei.
- Não, não é isso. Pare de dizer tolices, garota! Talvez seja algo que irá... irá mudar tudo.
- Mudar o quê?
- Mudar você, mudar sua vida. Mudar, Maryanne, mudar.
- Então diga! Não me deixe ainda mais ansiosa!
- Não posso dizer agora, devemos aguardar por Austin, ele também está no meio.
Não consigo compreender essa mulher!
- Então por que quis falar comigo sendo que Austin não está aqui? - Ela deu de ombros - Não Espere por ele, diga agora, Charlotte!
- Eu... Eu não posso! - Ela Disse. No mesmo momento a campainha tocou.
- Só pode ser ele! - Sussurrei.