(Sarah narrando)
Arrumei com cuidado uma mochila, selecionando peças de roupas para mim e para Ema, antes de colocá-la no banco traseiro do carro. Ao tomar seu lugar no assento do passageiro, Ema exibiu um sorriso leve. Enquanto eu me acomodava ao volante. Com um gesto suave, acionei o mecanismo de abertura do portão, deixando para trás os confortos familiares da casa. Como protagonistas de uma história clandestina, partimos para a estrada, sem dar satisfação a ninguém. Enquanto o asfalto deslizava sob os pneus, o horizonte se abria diante de nós, repleto de oportunidades desconhecidas. Foi então, em meio ao silêncio interrompido apenas pelo murmúrio do motor, que Ema revelou nosso destino: sua antiga casa.
Enquanto dirigia pela estrada serpenteante, o silêncio dentro do carro era reconfortante. Mas logo Ema quebrou o silêncio com uma sugestão.
— Sarah, que tal fazermos uma parada em um posto de gasolina? Precisamos de água e comida.
— Claro, uma pausa para esticar as pernas também será ótima. – concordei, sorrindo.
No posto, enquanto eu abastecia o carro, Ema explorava os corredores da loja de conveniência em busca de salgadinhos e doces. Quando nos encontramos no caixa, ela já tinha uma pilha de guloseimas.
— Acha que falta algum doce? – ela sorria, mostrando o monte de pacotes em suas mãos.
— Nossa... Acho que pegou o suficiente para uma semana – respondi, sorrindo também.
— Pode pegar água? – Ema perguntou.
— Claro. – respondi, me encaminhando até o freezer. Lá, selecionei seis garrafas de água mineral e dois refrigerantes de lata. — Pronto, estamos abastecidas para a próxima etapa da viagem.
Depois de pagar, voltamos para o carro, prontas para continuar nossa jornada rumo à tranquilidade do interior. Enquanto eu dirigia, Ema abriu uma barra de chocolate e estendeu um pedaço para mim.
— Quer um pouco? – ela ofereceu, com um sorriso reconfortante.
Aceitei o chocolate, agradecendo com um sorriso.
— Obrigada, amor.
— Acho que essa viagem vai ser exatamente o que precisamos. – disse ela, com um sorriso reconfortante.
E eu sabia que ela estava certa. Juntas, precisávamos desfrutar de momentos bons ao lado uma da outra.
Chegamos a Santa Mônica no final da tarde, o sol já começava a se despedir no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. Sentamo-nos no capô do carro em frente à casa de Ema, cujas paredes desgastadas emanavam um ar acolhedor e familiar. Contemplamos o pôr do sol, suas cores vibrantes pintavam o céu como uma obra de arte em constante mudança.
Deitei-me, sentindo a brisa morna da tarde acariciar meu rosto, enquanto Ema delicadamente colocava algumas jujubas na minha boca. Seus lábios tocaram os meus em um beijo suave, e nossos olhares se encontraram em cumplicidade, compartilhando um momento de paz e conexão.
— Desculpa. – sua voz sussurrou entre os lábios como um murmúrio.
— Sem desculpas. Estamos bem e devemos nos ater ao momento. Nesse exato momento, estou muito contente. – sorri. Ema retribuiu o sorriso, seus olhos estavam refletindo a serenidade do momento, enquanto o sol se despedia lentamente no horizonte, envolvendo-nos em sua luz dourada. A calmaria daquele instante era como um abraço reconfortante, unindo-nos em harmonia com o universo ao nosso redor.
Sem as chaves da porta de entrada, Ema tentou abri-la de maneira truculenta, batendo o ombro esquerdo contra a madeira. Na segunda tentativa, a impedi, preocupada com seu estado. Ela parecia ignorar o próprio estado de saúde, deixando transparecer uma determinação que beirava à imprudência.
— Nem pense nisso, Ema. Eu vou ligar para a corretora de imóveis. Direi a ela que desistiu da venda. – saquei o celular do bolso da calça, sentindo a urgência de resolver a situação para evitar problemas futuros. O metal frio do celular contrastava com o calor da minha mão, enquanto discava o número da corretora.
Depois de algumas chamadas, finalmente consegui falar com a corretora e explicar a situação. Ela pareceu compreensiva e concordou em cancelar o processo de venda, contanto que fôssemos até o escritório dela no dia seguinte para tratar da burocracia. Com um peso tirado dos ombros, desliguei o celular e o guardei no bolso.
— Pronto, Ema. Está resolvido. Podemos aproveitar o resto do nosso tempo aqui sem preocupações. – eu disse, com um sorriso reconfortante.
Ema assentiu, um sorriso de alívio se formando em seus lábios.
— Obrigada por cuidar disso. Agora podemos nos concentrar em desfrutar deste momento juntas. – ela respondeu.
Com isso, voltamos nossa atenção ao pôr do sol. O momento era nosso, e estávamos determinadas a aproveitá-lo ao máximo.