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By Spacegirltt

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❝ π‘πŽπ’π„ ππŽπ“π“π„π‘| desde pequena passando por maus bocados. Para todo mundo bruxo ela morreu naquela te... More

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𝐂𝐀𝐒𝐓
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𝐍𝐄𝐖 𝐄𝐑𝐀
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URGENTE!!

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By Spacegirltt

" Deixe o céu cair
Quando desmoronar
Estaremos de pé,
orgulhosos "

QUANDO OS PRIMEIROS FLOCOS DE NEVE CAÍAM NAS RUAS DE LONDRES, Rose sempre se empolgava em poder brevemente, ver os delicados flocos de neve caírem e o chão todo decorado com o branco gelo, entretanto, agora que estava no leste Europeu, onde até o próprio pólo norte sentia inveja da quantidade de neve, ela perdeu a graça e a mágica. Neve virou apenas uma coisa gelada e que congelava os pés dela.

— Rose, tenho más notícias — Desiree disse entrando no dormitório com um grande livro nos braços e uma rosquinha na boca.

— Já falei para você não entrar assim — Lavínia resmungou observando por meio de uma lupa, como a flor dos anjos reagia em contato com ácido.

—Desculpe-me, doce jasmin. Ainda não aprimorei minhas habilidades em atravessar paredes para poupar o constrangimento de alguém vir eu entrando aqui — respondeu ironicamente jogando o livro na cama de Rose e pegando a rosquinha com a ponta dos dedos.

Durante todo o mês que Rose passou em Durmstrang, ela ainda não tinha entendido como o relacionamento das duas funcionava. Lavínia parecia ter um certo receio em ficar com Desiree em público e isso afetava a garota mais do que ela queria admitir. Já Desiree não via problema em beijar Lavínia em público e muito menos em trocar carícias. Era, talvez, mais complicado do que o relacionamento de Rony e Hermione.

— A porta Desiree! — Lavínia exclamou irritada desviando os olhos do experimento somente para olhá-la com raiva.

— Eu estou cansada disso, de você e dessas suas...— o discurso foi interrompido por uma Rose com toalha da cabeça saindo do banheiro.

— O que você disse? — perguntou indo até o baú e pegando o pente prateado de dentro.

— Que ela está cansada de você e de suas idiotices, agora fecha a porcaria da porta — Lavínia ordenou pegando o conta gotas e pingando em cima da flor champanhe.

Rose franziu o cenho enquanto tirava a toalha da cabeça e fechava a porta com os quadris. Pode-se dizer que o relacionamento dela com a colega de quarto tenha se tornado pelo menos, humano. Apesar de Rose não saber se Lavínia era humana ou um demônio enviado do inferno para odiá-la.

— Mas eu nem fiz nenhuma idiotice hoje...—comentou pensativa enquanto sentia a escova de prata deslizar pelos cabelos escuros.

—Eu não estava falando com você!- Rose arregalou os olhos com a exclamação hostil de Desiree. Em geral, as três tinham fortes personalidades, e a Potter não gostava de ser tratada como merda injustamente e isso levava a calorosas discussões entre elas, em sua maioria apenas brigas de egos inflados — Caramba, estou cansada de ser tratada como lixo e ser jogada para debaixo do tapete. Você tem vergonha de mim e não tem coragem de me dar um fora.

Rose abriu a boca para argumentar, mas logo fechou a boca ao perceber que não era para ela a mensagem.

— Vá embora, Desiree. Não quero mais ficar com você, sua voz me irrita. Suas roupas, seu cabelo que não se decide entre preto e azul escuro, seu cheiro enjoativo de lavanda, seu dente da frente torto e o seu nariz desproporcional, agora saia do meu quarto — Lavínia disse de uma vez com a voz monótona de sempre. Rose arregalou os olhos e encarou Desirée que estava parada com os olhos azuis grudados na colega.

Rose esperava que Desirée saísse correndo do quarto aos prantos e enfim terminasse o relacionamento entre elas, contudo, ela simplesmente deu outra mordida na rosquinha polvilhada com açúcar e canela, logo depois deitou na cama de Rose e abriu o grande livro de capa azulada. Rose pensou que em algum livro de psicologia deveria existir uma doença para quem gosta de ser tratado como merda que nem Desiree.

— Santo Deus, vocês são as criaturas mais complicadas que eu conheci e olha que eu tenho muita propriedade para falar isso — comentou rindo.

— Ah, sim, sim, más notícias eu tenho. Ver você o diretor quer — Desiree disse trocando a ordem das palavras e com um sorriso divertido.

A Potter prendeu a respiração e arregalou os olhos. Em toda a estadia dela, o diretor nem ao menos deu as boas vindas, na verdade ela nunca tinha o visto, nem mesmo no refeitório, logo, para ele estar querendo conversar com ela...coisa boa não viria.

— Tem certeza? — perguntou com a mente viajando em várias possibilidades do que poderia acontecer no escritório dele.

"Talvez Voldemort tenha achado a chance de matá-la de uma vez" pensou mordendo o lábio inferior e olhando em volta à procura de uma fuga que não terminasse dela congelando a bunda na neve ou tendo uma concussão ao cair da enorme janela.

— Total, a professora Nix me pediu para avisá-la e disse que, inclusive, era para você ir rápido e mais alguma coisa sobre "ele não gosta de atrasos" e "já o vi quebrar o pescoço de um com apenas o dedo mindinho" — Desiree explicou com humor enquanto folheava o livro.

Rose arregalou os olhos e graniu, literalmente — Por que não me avisou antes?!

—Não pensei que você ia se interessar pelo fato dele ter habilidades extraordinárias com o dedo mindinho...

— Caramba...um pescoço apenas com o mindinho...— Lavínia entrou na conversa abrindo um sorriso enquanto observava a planta murchar sua bela pétala pela lupa.

— Será que ele colocou o pescoço entre o dedo mindinho e o anelar? Precisaria ter um longo mindinho — Desiree perguntou colocando alguns cristais de açúcar que sobrou no dedo na boca.

— Precisaria de um mindão...— Lavínia respondeu se divertindo.

Rose bufou ao perceber que as duas só estavam fazendo-a se atrasar mais com aquela conversa que não tinha embasamento, além da diversão delas ao, provavelmente, imaginar o pescoço dela sendo partido com o mindinho cabeludo e extra grande do diretor. Deu as costas para elas e saiu do quarto em uma velocidade que até o leopardo sentiria inveja.

Os corredores escuros, adornado por pedras frias, com algumas tochas sem velas e apenas uma janela no fim, tinham se tornado familiares para a garota. Mesmo que as vezes ela se sinta nas masmorras do Drácula e tenha certeza que debaixo de todas as rochas existam corpos. Seus olhos percorriam as placas prateadas com nomes cheios de "chovsk" "svandovsk " e outros estranhos à procura da sala do diretor que, como era de se esperar, ela não sabia onde ficava.

Com os músculos das pernas já doendo pela agitação da garota em chegar ao local, uma placa escrita "Diretor Karkaroff" a fez parar em frente à porta ovalada castanha escura com um trinco em argola. Passou às mãos pelos cabelos úmidos e bagunçados, depois arrumou o uniforme no perfeito tom de sangue.

— Ela não é burra, Karkaroff. É uma pequena cria de Dumbledore assim como o irmão — ouviu uma voz masculina dizer com zombaria antes dela abrir a porta.

— Eu sei o que estou fazendo Fewart, tenho tudo sob controle — outra voz, dessa vez mais grossa e engasgada disse e antes que Rose pudesse sair dali, a porta abriu e ela deu de cara com o diretor e um homem que ela não conhecia.

Ela podia dizer que não tinha ouvido a conversa ou que tinha acabado de chegar, mas todas as duas opções implicava nela se humilhando é isso não estava em seus planos. Por isso, apenas ergueu o queixo e encarou os dois homens nos olhos.

— Veja, pelo que eu ouvi, esperava que ela soltasse fogo pelos olhos ou no mínimo tivesse asas, entretanto,— O homem que ela não conhecia fez uma pausa a olhando de cima a baixo e abriu um sorriso malicioso — Parece só uma garota com olhos verdes demais.

Rose engoliu a vontade de colocar uma mão na cintura e bufar para o homem de estatura média, cabelos escuros, olhos como ônix e traços orientais.

— São em coisas pequenas como essa, onde o perigo se esconde — O diretor de Durmstrang respondeu abrindo um sorriso amarelo que embrulhou o estômago de Rose. Ele voltou o olhar para o homem que parecia ter chegado aos vinte anos a pouco tempo e o ralhou de lá com a mão — Agora saia, tenho uma conversa com a senhorita Potter.

Rose fez uma careta quando o tal passou por ela, deixando um rastro com cheiro de pólvora, musgo e magia. O cheiro era tão estranho e confortante ao mesmo tempo que ela se sentiu meio extasiada, como se seu corpo quisesse dançar na neblina que cobria o estranho.

— Srta. Potter!— Ouviu Karkaroff gritar e pela cara dele, tinha sido mais de uma vez.

Com a bochechas levemente coradas e dando um último olhar para onde o homem misterioso tinha saído, esfregou o nariz e entrou na sala em penumbra. Era uma sala totalmente diferente da de Dumbledore e ao mesmo tempo parecida, com mistérios em cada canto. Parecia uma cúpula, com o teto abobadado, prateleiras feitas de madeira antiga escuras com vários livros e potes em cima, uma janela retangular com ladrilhos de vidro e uma cortina preta cobrindo metade dela.

O diretor carregou todo seu conjunto de ossos pontudos e magros até uma poltrona preta de trás de uma mesa longa rústica marrom com adorno nas pontas e se sentou.

— Sente-se, Potter — Ordenou. Não que Rose esperasse muita etiqueta ou educação vinda dele, mas seria bom não ser tratada como um cachorro.

Rose desviou os olhos de um pote cheio de dedos humanos mergulhados em um líquido verde claro e focou em uma cadeira muito simples em comparação com a poltrona do diretor, que a bunda dele não ocupava nem 1/3. Em passos robóticos e rígidos foi até a cadeira e se sentou ainda sem olhar para o homem.

— Estranho...— ele ponderou a encarando e passando os dedos ossudos por um crânio branco amarelado que tinha em cima de sua mesa.

Respirando fundo para não sair correndo dali, Rose disse — O que é estranho, senhor?

— Ouvi dizer que você era muito mais comunicativa— respondeu com uma risada rouca e sombria.

Mantendo os olhos no quadro gigante que tinha atrás dele, Rose ponderou rir da cara dele e jogar aquele crânio pela janela, mas em todos os possíveis finais para ela, acabaria morta com o pescoço quebrado pelo mindinho dele.

— Não querendo ser indelicada, mas sobre o que o senhor gostaria de falar comigo? Suponho que não seja sobre o fato de eu ser comunicativa ou não — Zombou na segunda parte e logo se arrependeu quando de relance viu a mandíbula do homem se fechar com força.

— Você só fala quando eu disser para falar e nunca me desrespeite em minha sala— disse entredentes com as mãos em punho em cima da mesa e Rose engoliu em seco — Estamos entendidos, Potter?!

Rose assentiu.

— Sim ou não?— gritou fazendo com que gotículas de saliva pulassem animadamente na cara de Rose e ela se encolheu sem querer.

Não era a primeira vez que alguém gritava com ela e a humilhava, mas com o tempo vivendo em um território que ela não era bem vinda, como o orfanato, ela aprendeu a não se encolher, entretanto...hoje, pela primeira vez em anos, ela se encolheu e isso a assustou.

— Sim— respondeu alto o audiente para ele ouvir, mesmo quando o que ela queria fazer era jogar aquele homem pela janela e depois explodir aquele maldito castelo com as próprias mãos. Hogwarts a deixou fraca e acomodada, verdade que com muito esforço ela engoliu em seco.

— Ótimo — Karkaroff sorriu abrindo as mãos e pegando um frasco de vidro liso, com uma substância âmbar dentro e destampou, logo depois pegando dois copos dentro da gaveta e colocando na mesa — Esperava que pudéssemos conversar antes de eu ir ao ponto, mas como você é muito apressada, vou logo ao ponto.

Conversar. Ele queria conversar quando o diálogo se restringia apenas em falar quando ele mandava e dar respostas simples e respeitosas. Era a porcaria de um monólogo, isso sim. Com os dedos ossudos ele segurou a jarra e colocou um pouco de do líquido em cada um dos dois copos.

— Pegue — ordenou novamente arrastando um dos copos até o alcance de Rose e depois pegou o próprio e bebeu de uma vez fazendo uma careta ao terminar.

Rose não costumava beber coisas que os outros lhe ofereciam, principalmente quando vinha de um velho magrelo, com uma barba longa que muito provavelmente guardava ratos e em uma escola onde as pessoas são treinadas para fazer venenos. Mesmo sabendo de todas evidências e seu alarme de perigo soando agitadamente, ela pegou e rapidamente bebericou. Era hora de ver se ela tinha engolido venenos sonserinos o bastante ou ia morrer naquela sala que cheirava a enxofre.

A bebida era como fogo derretido, amarga e com um cheiro de álcool tão forte que quase a derrubou ali mesmo. Fez uma careta e agradeceu por não ser veneno.

— Muito bem, muito bem— o homem murmurou acariciando a barba e enviando enjoos por todo corpo de Rose — Você lê mentes, garota.

Rose prendeu a respiração e parecia que o tempo tinha parado. As pessoas que sabiam sobre o dom dela era poucas e como ele sabia, ainda era um enigma, mas então uma pequena lembrança de Levi, o menino que vende drogas, clareou a mente dela. Ele sabia e obviamente abriu o bico.

— Não sei como um dom desses foi parar em uma mestiça, mas aconteceu e só os deuses sabem como lamento que tenha sido desperdiçado com você — comentou com um tom arrogante e se encostando preguiçosamente não poltrona.

A Potter revirou minimamente os olhos e começou a balançar a perna com nervosismo. Essa conversa estava indo para um caminho que ela não queria que fosse.

— Antes de tudo, vamos rever seu estado, pequena mestiça — pontuou erguendo o dedo indicador no ar — Você foi expulsa por enfeitiçar uma colega e agora está sob minha piedade em Durmstrang. Nenhuma outra escola quis acolhe-la, e nós mesmo não abrigando sangue mestiço, deixamos você ficar.

Ela não era boba, sabia o que ele estava fazendo. Estava deixando claro que ela estava em uma escola, apenas por ele e com isso, tinha uma dívida. E ele iria cobrar.

— E agora, vamos ao ponto. Aquele homem que estava aqui a pouco tempo, é o professor Makus Fewart. Ele também é legitimente e irá ajudá-la com o dom que foi dado a você por acaso.

— E em troca...— Rose sussurrou com os dedos fechados em volta do copo até a ponta dos dedos estarem brancas.

— Em troca, você irá nos ajudar na guerra bruxa, que está aos poucos despontando— respondeu.

Rose nem precisava perguntar de que lado da guerra ele queria que ela estivesse. Era o lado de Voldemort. Ela estava presa em um castelo no meio do nada, com mar de cada rodeando a propriedade e sem ninguém em quem ela confie. Era a hora de Rose recorrer a quem sempre esteve por ela, é esse alguém era Rose Lilian Potter.

Respirando fundo, assentiu olhando-o nos olhos escuros e se levantou saindo da sala. Quando chegou no quarto, nem ligou para Desiree e Lavínia se beijando na cama dela, pois foi logo ao banheiro e vomitou em meio a lágrimas.

─━━━━━━⊱🐍⊰━━━━━━─

— Falta pouco, gata — Ayo cantarolou pela décima vez enquanto eles continuavam subindo a montanha escorregadia por conta da neve.

Rose fez uma careta apertando a mandíbula com força ao esticar a perna esquerda para pisar em uma rocha pontuda, ficando com duas mãos em cima da cabeça, em uma posição totalmente desconfortável com os músculos de todo corpo ardendo.

Os dias de subida na montanha não eram marcados, um aluno do último ano simplesmente aparecia nos quartos gritando e mandando todos se prepararem para subir uma montanha com mais de trinta metros de altura e neve por todo área. E Rose odiava o dia da montanha, não apenas pelo fato de ter que acordar de madrugada, mas também por ter que lidar com Niccolo Ivanov e seus sorrisos maliciosos quando ela escorregava em alguma pedra.

Ela tinha tido treinamento de quadribol com direito a muitas dores musculares mas nada se comparava a subir uma montanha, correr em volta do castelo e fazer flexões quando errava a resposta de alguma pergunta. Em um mês ela já tinha emagrecido e fortalecido muitos músculos, o que era o mínimo por ela ter que fazer tudo isso.

— Daria tudo por um banho quente depois daqui e passar o dia dormindo — Desiree arfou chegando na base da montanha e dando a mão para Lavínia pegar.

— Só que mais uma vez teremos que nos contentar em congelar nossas bundas em água gelada, e juro por Deus que nem sei mais como é banhar com água quente — Ayo respondeu abrindo um sorriso mesmo em meio ao cansaço e esticou a mão para Rose pegar.

Ela se agarrou a mão dele como se fosse o próprio Jesus Cristo saindo do céu para salvá-la e com os pés terminou de escalar. Empurrou os antebraços na base da montanha e rolou para cair de barriga no chão macio.

— A mestiça está arranjando água quente de algum lugar — Lavínia disse arrancando um pedaço de unha que quebrou no meio da escalada do dedo.

Os dois colegas olharam para a Potter com o cenho franzido.

— Não estou — mentiu com os olhos focados no céu branco. Talvez se ela se fingisse de morta eles esquecessem do assunto.

— Não minta, sua ratinha. Eu fui no banheiro antes de você sair e sabe o que eu encontrei? — fez uma pausa dramática enquanto encarava o sangue que saia do dedo — Vapor.

— Vapor? — Desiree e Ayo perguntaram surpresos como se vapor fosse a nova coca-cola de latinha.

— Era vapor de frio— Rose justificou se levantando até ficar sentada e apoiou o braço nos joelhos encarando a vista de tirar o fôlego, tanto pelo trabalho que dava para subir quanto pela beleza. Tinham pinheiros por toda extensão e logo depois o mar agitado do mais escuro azul, beirando o cinza.

— Mentirosa — a colega de quarto acusou jogando um punhado de neve na cara dela.

— Tá ok, eu estou testando uma coisinha — Rose admitiu se levantando e sacudindo o corpo para a neve cair da roupa.

— Uma coisinha...— repetiram com os olhos desconfiados.

Rose riu da cara deles e tateou o chão à procura de uma coisa sólida por de baixo de toda a neve. Seus dedos roçavam levemente até sentir uma coisa dura no chão, então enfiou a mão dentro da neve e tirou uma garrafa transparente com metade da bebida já sólida e a outra metade líquida. Destampou e deu um gole pelo gargalo, sentindo o gosto alcoólico descer pela garganta queimando e aquecendo todo seu interior. Agora ela entendia por que eles bebiam tanto, os deixava quentes e o melhor de tudo: à realidade se tornava mais suportável.

— Pega — gritou para Ayo enquanto jogava a garrafa para ele.

— Ah, é só por isso que eu subo até aqui — cantarolou rindo antes mesmo de beber.

Rose revirou os olhos colocando a mão na cintura e respirando fundo. Era estranho como em Durmstrang ela se sentia tão mal e bem ao mesmo tempo. Como se parte dela gostasse de lá. Pelo canto do olho viu um movimento em meio aos pinheiros que tinham um pouco longe de onde todos estavam e mesmo que tudo nela gritasse: não vá, ela foi.

— Estou indo ali — disse em meio a cacofonia do riso dos amigos e dos estudantes ao redor. Seria muito fácil qualquer um deles cair daquela montanha bebados.

Enquanto ia em passos calmos e meio travados pela corrida, colocou a mão no cabelo e desamarrou o rabo de cavalo que já a incomodava por estar apertado, liberando as mechas escuras em meio ao vento. Parecia que tudo estava normal no meio da pequena floresta, era capaz que o barulho tivesse sido apenas um esquilo.

Cantarolando se sentindo muito melhor por ter chegado até lá viva, parou na beirada da montanha, sentindo o cheiro de neve e pinho e o vento frio ricochetear suas bochechas rosadas. Seria uma queda nada divertida de lá, não quando tinha tanta água funda em baixo. Ouviu o barulho de um galho sendo quebrado e virou o pescoço para o lado rapidamente, vendo não muito longe dali um veado. Ela não sabia como ele tinha ido parar ali, mas lá estava, com a pelagem marrom claro e seus no mínimo um metro e meio de altura a encarando. Foi então que enquanto admirava o animal, sentiu duas mãos a empurrando para trás, e com os pés deslizando na neve escorregadia, viu apenas a face sorridente de Nico antes de cair.

Todo ar tinha fugido dos pulmões de Rose, sua mente havia entrado em colapso e os seus olhos esverdeados arregalaram tanto que quase saíram das órbitas. Por pura e expontânea força de vontade do seus corpo de viver, suas mãos se seguraram em duas rochas, arranhando a palma de suas mãos.

— Merda! — xingou fazendo uma careta e sentindo as pernas no ar e o corpo sendo segurado apenas pelas mãos que já ardiam.

Ergueu os olhos para cima e conseguia ver que estava a uns bons dois metros a baixo da beirada. Seus olhos só viam rochas cinzas e pretas. Lágrimas começaram a brotar em seus olhos e as palmas das mãos suando davam início a pequenos escorregões.

— Merda, merda, merda — soluçou arriscando a olhar por baixo da axila para o mar que se agitava não muito abaixo de onde ela estava. Só que agora a cor carvão do mar e suas ondas violentas tinha se tornado mais aterrorizantes do que de cima.

Mesmo mandando a mente focar em como ela ia sair dali viva, ela a obrigava a imaginar as possíveis mortes que ela teria. Poderia cair e ter o corpo despedaçado pelo choque entre a altura de onde ela estava e a superfície da água, ou morrer afogada ou comida por algum mostro marinho, seus pensamentos foram invadidos por tantos "ous ", que ela nem ouviu alguém chamando o nome dela lá de cima.

— Você jogou a Rose Potter daqui de cima? — Romeo gritou empurrando Nico pelo peito.

— Sim, é melhor eliminar essa sangue ruim daqui antes que nos infeste e ao que me parece que ela já o enfeitiçou — o garoto respondeu rindo abertamente e tirando a mão do outro do peito — Aposto que foi só porque ela é gostosa, mas não vale apena eu me sujar só para pegar em par de peitos...

O garoto foi interrompido de seus desvaneios por um soco no meio do nariz. Cambaleando para trás ele encarou Romeo com os olhos arregalados.

— Você está morto — Niccolo o ameaçou antes de sair correndo de lá com a mão no nariz.

Romeo abriu a mão e fechou, sentindo um leve latejar, talvez doesse mais quando seu sangue esquentasse, não que tivesse essa possibilidade nesse lugar. Correu até a beirada e se ajoelhou olhando para baixo e vendo apenas um cabelo escuro bando em sinfonia com o vento e duas mãos se apoiando em uma rocha.

— Rose! — gritou com as mãos em concha ao redor da boca.

Ela continuou de cabeça baixa e um sentimento agonizante se aponderou do estômago dele. Tornou gritar mais quatro vezes para que ela o olhasse mas não houve retorno. Soltando um palavrão, se levantou, tirou uma corda de dentro do casaco e correu até uma árvore próxima, prendendo-a ao redor da mesma. Com um terceiro nó firme, deu um puxão na corda sentindo segura e voltou até a borda, prendendo-a em um mosqueteiro e depois em um cinto próprio para o equipamento.

Sem muito esperar, começou a descer a encosta da montanha com os dois pés apoiados na parede rochosa até a garota que continuava com a cabeça baixa. Poderiam dizer que ele estava sendo louco por estar se arriscando para salvar a Rose Potter, mas ele não ligava, não no momento. Por mais que tentasse não a odiava como todos, e não só porque ela era bonita, mas por algo a mais.

— Rose, ei, olha para mim — disse perto o bastante dela.

Rose ergueu a cabeça e o encarou com os olhos marejados. Ela parecia bem frágil, Romeo pensou mordendo o lábio inferior e estendeu a mão que não estava segurando a corda para ela pegar. Ela o encarou por tanto tempo que começaram a surgir vertigens pelo corpo dele, e não era somente por estar pendurado em uma corda num penhasco. A Potter segurou a mão dele e literalmente se jogou em cima de Romeo.

— Me perdoa mas eu estou meio inútil no momento e vou ser só um peso morto para você — ela se desculpou passando os dois braços ao redor do pescoço dele e enrolando as pernas em torno de sua cintura.

Eles podiam estar quase morrendo mas mesmo assim ela estava quente contra ele e só isso o derreteu enquanto com um braço apertava a cintura dela e subia a encosta com ela nos braços.

Mesmo depois de dois minutos inteiros de volta à base da montanha, Rose se recusava a tirar os braços e pernas em volta de Romeo. Eles estavam sentando-vos em longe da beirada da montanha e ela ainda inspirava o cheiro de bergamota é um suave perfume masculino.

— Desculpa por isso — sussurrou fazendo cócegas no pescoço dele.

— Não é incômodo algum, estar com uma garota me abraçando — ele respondeu com humor.

Um minuto de silêncio quase constrangedor e ela quebrou o clima.

— Obrigada por me salvar da morte.

Sentiu os braços dele apertarem mais a cintura dela.

— Não perco a oportunidade de salvar uma bela dama indefesa — dava para sentir que ele sorria mesmo sem ver.

— Odeio Niccolo — disse com amargura enquanto conseguia com esforço desgrudar o rosto do pescoço quente dele.

— Eu também — Romeo respondeu focando os olhos castanhos intenso nos de Rose.

Com um leve sorriso ela se inclinou para perto dele e deu um beijo na bochecha pálida e macia, causando arrepios em cada centímetro dele.

— Merci beau monsieur — cantarolou suavemente e enfim abriu um sorriso — Afinal, por que você anda com cordas e essas coisas?





. . . .

╭────────────────────
╰─► [ 🥀 ] Boa noite, irmãos e
irmãs. Tudo bem com vocês? Até
que fim postei um capítulo depois
de tanto tempo. Putz, mais de dois
meses? Sei que não é um dos meus
maiores, mas foi o que eu consegui
e espero que tenham gostado.Muito
obrigada por ler e com fé é muito
chocolate no rabo,eu conseguirei
postar mais capítulos.
Até a próxima doce viagem.

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