Capítulo 15:

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- Que porra é essa? – Ela indagou, passando por Henrique e olhando ao redor.

Porque eu estava com vergonha?

- É nosso quarto. E quero que vá embora agora mesmo. – Henrique pediu, sem olhar para trás em nossa direção.

Mova sua língua! Uma voz interior ordenou. Mas eu não conseguia. Só conseguia olhar em sua direção, fita-la com olhos arregalados e me perder em toda situação.

- Não vou embora. – Ela disse, se afastando do interior e ficando frente-a-frente com Henrique. – Precisamos conversar sobre aquele assunto. – Ela ergueu as sobrancelhas, frisando sua fala.

Institivamente notei que Henrique ficou desconfortável. Olhou para mim por sobre o ombro e retornou seu olhar para Melissa. Depois suspirou.

- Me aguarde na sala. – Ele pediu, fechando a porta diante do seu rosto.

Eu não tinha o que fazer ou o que falar. É claro, eu poderia gritar, ou chorar com toda aquela dor de ser trocada ali mesmo, sentada na cama nova. Como ele podia ser tão indiferente? Então, uma imagem tomou meus olhos, me mostrando Henrique sem retribuir meu afeto das três palavrinhas. Aquele pensamento bastou para que eu levantasse e vestisse as roupas da noite anterior.

Henrique saiu bem arrumado do closet, afivelando o cinto, levantou os olhos e pareceu abalado quando me viu inteiramente vestida.

- Para onde vai? – Seu tom estava assustado, mas também controlado.

- Vou pegar minhas coisas e voltar para o apê de Bruno. – Sorri, tentando disfarçar qualquer sentimento maldoso em meu ser. Não iria para o fundo do poço novamente. Não por ele.

- Mas e o nosso quarto? – Ele indagou, se aproximando de mim.

- Ah, sim. Como eu já disse: eu amei. – Frisei a palavra, para que ele ao menos entendesse o sentindo de toda aquela atitude fula.

Ele pareceu notar. Seus ombros despencaram e seu olhar se perdeu no nada, suas mãos se chacoalharam e ele recolheu seus pertences pelo quarto.
Eu queria chorar. Queria muito chorar, mas mordi as laterais da boca, respirando fundo e segurando todo aquele choro.

- Tudo bem. – Ele concordou abrindo a porta e deixando que eu saísse primeiro.

Passei por Melissa pela sala e Cate barrou minha saída, entrando em meu caminho, como se quisesse saber o que estava ocorrendo.

- Para onde está indo? – Ela indagou, olhando-me atentamente.

- Para o apê de Bruno...

- Ele foi embora ontem, na verdade nem voltou. Como pensa que irá?

- Eu posso chamar Tomas. – Henrique se prontificou atrás de nós.

- Vou resolver algumas coisas no centro. Vou de táxi. – Respondi sem olhar em sua direção, pois eu sabia que se o fizesse me renderia aos seus olhos verdes.

Como poderíamos estar tão distantes, mesmo tão próximos?

Eu preciso sair daqui.

Cate me estudou durante algum tempo e sorri para seu rosto, ela retribuiu com um sorriso torto e se afastou do meu caminho. Sai do apartamento de Henrique muito mais decepcionada do que quando entrara.

*

Era incrível como Barueri me fazia tão bem. Talvez ver as cores daquela bela cidade se misturando em si, colocando tantos significados diferentes juntos. Minha respiração se apaziguou durante o passeio e passei quase toda a manhã por lá, retornei – de táxi – ao apê de Bruno quando minha barriga roncou em protesto por falta de comida.

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