Capítulo 29:

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Now I am strong (Now I am strong), u gave me all; u gave all you had and now I am whole.
Agora eu sou forte (agora eu sou forte), você me deu tudo; você deu tudo o que você tinha e agora eu estou inteira (Sia – My Love).

Eu me senti mais leve depois do que disse ontem. Eu via a parede a minha frente tomar a cor rosa que Júlia escolheu. Sempre gostei das coisas caseiras e foi por isso que decidi pintar a única parede que teria essa cor, para depois tomar a liberdade de fazer os desenhos nas pontas das paredes em um tom bem límpido de branco.

Do que eu tinha certeza naquele momento? Que a verdade era a alteração de uma vida inteira de um relacionamento. Afinal, Henrique e eu tínhamos uma história de pouco mais de três anos e aquilo era realmente incrível de se sentir. Tê-lo em meus braços era como sentir uma calmaria constante atingir meu peito. E sentir que estava em seus braços, me trazia uma sensação ainda mais... gostosa. Porque eu sabia – e sentia – que também provocava aquilo nele. Eu também provocava a calmaria de que ele necessitava e adorava provocar aquilo em quem quer que fosse; quanto mais se esse alguém fosse Henriq... Rick. Isso, assim soa melhor dentre meus pensamentos em turbilhão.

Continuei a passar o pincel para cima e para baixo sobre a parede, fazendo o tom de rosa diferente surgir diante dos meus olhos. Meu celular estava no modo aleatório de canções. E a que começou me animou a cantar, movi os lábios delicadamente ao redor das letras cantadas e sorri ao lembrar que aquela canção me levou ao quarto que Henrique fez para mim certa noite.

Lentamente, eu comecei a me mover ao som da música, bem lentamente mesmo, porque era o que a canção nos exigia. Minha voz aumentou um pouco e me virei para afundar o pincel na tinta cor-de-rosa. Só então o notei. Olhos alegres, lábios sorridentes e maçãs do rosto erguidas.

- Está ficando muito bonita... a parede. – Henrique comentou, ainda olhando no fundo dos meus olhos, como se não existisse parede alguma para ser pintada.

- Vamos, tire a roupa e venha me ajudar. – Eu chamei, movimentando o pincel minimante seco.

Ele acenou em positivo e tirou os sapatos ali mesmo, junto com o blazer e a camisa, deixando tudo no pé da porta. Depois caminhou na minha direção, enfiando os dedos nos fios negros e bagunçando-os como se o gel o incomodasse profundamente. Ele se abaixou e tomou um pincel em mão, afundando-o no balde de tinta e passando nos pontos mais altos que eu não alcançaria sozinha.

Começamos a pincelar a parede com mais agilidade, nós não tínhamos palavras para dividir, mas um silêncio bom para compartilhar. E como era bom me sentir de tal forma com ele. Era a primeira vez que eu me sentia extremamente calma e sabendo que estava seguindo o caminho certo. Henrique já me tinha, mas eu adorava estar sendo conquistada por ele. Cada uma das suas ações, dos seus olhares e dos seus sorrisos falava isso para mim. E como era bom saber que tinha alguém lutando por você.

*

No final do dia, a parede estava pintada com a primeira mão de tinta. Henrique estava tomando banho em seu quarto e eu lendo a mensagem de Cate: estamos indo aí!

Então, tudo bem, pensei. Fazia tempo que Cate e eu não colocávamos o papo em dia. Ela nem sabia dos últimos acontecimentos! Também, com todos os preparativos do casório que estávamos planejando, nos impedia de conversas despreocupadas.

Cinco minutos depois, Cate me mostrava diversas formas de dizer que o quarto iria ficar bonito. Ela espiou o lado de fora, escutando a conversa entre Henrique, Eliot, Bruno e Emily lá em baixo, e trancou a porta do quarto com odor de tinta fresca. – O que está acontecendo aqui, hum?

Ela se aproximou ameaçadoramente de mim e eu me sentei no chão. Meus ombros despencaram enquanto eu contei tudo desde o rompimento com Gustavo e o acidente da família que se seguiu a morte de Melissa. Depois continuei com como me sentia em relação à Júlia. E disse para ela que contei sobre meu maior segredo. Naquele momento, suas sobrancelhas se ergueram.

Apenas MeuWhere stories live. Discover now