Capítulo 23:

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NI: O Capítulo tá suficientemente grande ou vocês querem que eu poste outro ainda hoje? Pra compensar meu atraso?

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Let me in the wall you're built around and we can light a match and burn them down.
Me deixe entrar nesse muro que você construiu ao seu redor e nós podemos acender um fósforo e queimá-lo. (Dust to Dust – The Civil Wars).

Não havia nenhuma solução sobre o caso de Natan. Sobre o caso de ele estar mais próximo de mim, ministrando aulas na Jimks. Então, por comando do meu pai, eu optei por ficar em casa e fazer as tarefas habituais, por vezes eu me arriscava em ir à academia do Edifício e correr alguns quilômetros e até mesmo levantar alteres de alguns quilos – dois, na verdade.

 Fechei os olhos, enquanto tentava me concentrar em um programa interativo. Henrique passou por eles automaticamente. E uma música lenta começou a soar no intervalo da programação, algo doce e romântico. Meu queixo tremeu, cedendo ao sofrimento interno. Eu sabia que quando começasse a chorar... não pararia. Eu tinha de aceitar que parte da culpa por não tê-lo mais era minha. Fora eu quem quisera esconder a verdade dele. Coisa que ele ficaria sabendo cedo ou tarde. E ainda havia tanto para contar e desvencilhar. Eu também queria compreender seus segredos.

Então, os momentos começaram a surgir em meus olhos, enquanto eu era embalada pela doce voz de sofrimento da mulher que cantava. Meu coração se apertou, sendo embalado pelo ritmo. A primeira vez que o vi, foi a memória que me tomou inicialmente e eu me deixei levar. Ele aparecendo atrás de mim e depois me levando a força para a pizzaria.  Depois ele de mãos dadas com Laila e na mesma noite ele colocando minha cabeça em seu colo, como se nos conhecêssemos há muito tempo.

Lembrei-me dos eventos em que estivemos juntos, sorrindo um para o outro e os fotógrafos pegando aquele momento estritamente verdadeiro. Seu toque era tão confortável, que eu podia jurar que ele fora feito para mim e que eu o aguardei até aquele primeiro dia.

Lembrei-me dos tapas brincalhões e dos protestos risonhos do dia do seu aniversário. Então o quarto com nossas fotografias perambulou por meus olhos, as pétalas voando em torno de mim e nossa primeira noite de amor. A forma como ele cuidou de mim enquanto tínhamos nosso primeiro momento erótico. Só de lembrar, eu me arrepiava.

Me levantei, não querendo ficar apenas com a memória do quarto e partindo em direção a garagem, para ir lá. Vê-lo de perto. Ver se ainda existia. Eu precisava daquilo.

Vinte minutos depois, eu estava dentro do quarto. E as fotos continuavam lá, os mesmo móveis, os mesmos últimos lençóis, as portas com cores diferentes. O cheiro dele também estava resguardado nos cantinhos. Caminhei bem próximo às paredes e toquei as fotos, como se com aquilo, pudesse reviver o momento, pois era tudo o que eu queria. De verdade.

A primeira que toquei foi a mais torta de todas. Sorrisos tortos, olhos brilhantes e a cabeça de Henrique bem pertinho da minha. Meu cabelo atado em um rabo-de-cavalo e ele belíssimo. Lembrei que tínhamos acabado de acordar e que, depois daquela foto, fomos assistir nossos seriados de sábado.

Outra que me tocou foi a do estacionamento, em que ele me rodopiava em um só braço. Nossos sorrisos estavam estendidos em nossas faces, meu dedo escorregou pela foto e encaminhou até outra, em que nós estávamos emaranhados em braços e pernas. Dormindo juntos no sofá, minha meia branca se destacava pelo efeito preto-e-branco.

A seguinte foto retratava o momento que ele me carregava em seu ombro, meus cabelos soltos do nó de sempre. As outras fotos eram surpresas para mim, pois nunca havia notado elas lá, de verdade. Eram de momentos tão íntimos, havia até mesmo uma em que eu estava dormindo. Escovando os dentes. Outras de eu fazendo careta para a câmera, assim como ele. Parecíamos felizes e qualquer um que entrasse lá reconheceria aquilo.

Apenas MeuWhere stories live. Discover now