Capítulo 2:

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Don't tear me down for all I need, make my heart a better place. Give me something I can believe, don't tear me down.
Não me deixe mal por tudo que eu preciso, faça do meu coração um lugar melhor. Me dê algo em que eu possa acreditar, não me deixe mal. (All I Need – Within Temptation).

O som de gemidos passava pela parede. Dei uma cotovelada nas costelas de Bruno, também tentando dormir ao meu lado.

- Está ouvindo esse som cem por cento irritante? – Sussurrei me virando na cama para fita-lo.

- Esse cara não cansa. – Bruno murmurou com os olhos vermelhos pelo sono. Ele parecia genuinamente impressionado e não irritado como eu.

- Bruno. – Chamei de novo, ele ergueu a cabeça com os fios castanhos escuros desgrenhados. – Vou dormir no sofá, não tem jeito. – Sussurrei dando de ombros.

- É mesmo, você nunca conseguiu dormir com sons. – Respondeu. – Vai sim, docinho. Lembra? Cate disse que ele não faz essas coisas lá.

Movimentei a cabeça concordando, enquanto pegava meu lençol e meu travesseiro. Abri a porta silenciosamente e a fechei com o mesmo cuidado.

Ao chegar à sala, arrumei o sofá como uma cama e me deitei, dando tapinhas no travesseiro para ajeitar as penas de ganso presentes.

 Meus músculos já estavam relaxados pelo silêncio. E meus olhos já estavam pesando, mas tudo foi interrompido pelo som de uma porta se abrindo, continuei com os olhos fechados e o mais quieta possível.

- Ela dormiu aqui? – Esbravejou Laila, a garota que Henrique trouxe para casa.

- Não Laila, é uma miragem. – Henrique respondeu.

Podia ouvir os saltos dela contra o assoalho; e as solas dos pés de Henrique a seguindo.

- Miragem é com coisa boa, essa garota não é uma coisa boa. – Ela respondeu, minhas costas esquentaram com suas ofensas.

- Cale a boca, está me atormentando com essa história desde a pizzaria. – Henrique respondeu entredentes.

- Tudo bem, baby. Vou anotar meu número...

- Não precisa. – Ele dispensou. Tive de apertar os lábios e segurar o riso, mas me mantive imóvel.

- Mas, baby...

- Não me chame assim. – Ele respondeu e o som da porta sendo aberta reverberou pelo cômodo. – Tchau, Laila.

E a porta se fechou. Seus pés soaram novamente, mas agora eles estavam baixos, abafados por algo. Semicerrei os olhos e vi sua silhueta diante de mim, resgatando o controle remoto e vindo em direção ao sofá. Fechei os olhos rapidamente.

A TV foi ligada e ele abaixou o som. Senti seus dedos se emaranharem em meus cabelos e erguerem minha cabeça o suficiente para ele se sentar e colocar minha bochecha contra sua perna. Para fingir que estava dormindo me remexi levemente, como em protesto dos movimentos bruscos.

Não estragaria aquele momento que havia ocorrido. E meus olhos já estavam pesando novamente. Seus dedos firmes começaram a acariciar meus fios e caí em um sono pesado e repousado com suas carícias. Eu nunca havia me sentindo com tanta paz e tão calma em um sono. Não houve pesadelos, como sempre havia.

*

Acordei com o movimento de algo abaixo do meu corpo. Me movi e consegui ver a luz em um tom vermelho com as pálpebras fechadas. Abri os olhos e me deparei com um torso nu e uma respiração branda. Puxei minha memória e me lembrei de que fingi que dormia para não incomodar ninguém. Henrique ainda dormia profundamente com um braço jogado sobre os olhos, a cabeça apoiada no encosto do sofá.

Apenas MeuWhere stories live. Discover now