Capítulo 32:

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NI: Parabéns, Dani!!!!!!!!!!!!!!! Esse é um minipresente pra você. Sei que não compensa todos os que você já me deu durante esses anos de amizade, mas também sei que o que importa é a intenção. Saudades!

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Henrique.

I crossed all the lines and I broke all the rules, but baby I broke them all for you, because even when I was flat broke you made me feel like a million bucks.
Atravessei todas as linhas e quebrei todas as regras, mas querido, eu quebrei todas por você, porque mesmo quando eu estava destroçada você me fez sentir como um milhão de dólares. (The Story – Brandi Carlile).

Eram exatamente três da manhã e não conseguia pregar os olhos. O lado de fora do Edifício de Agatha estava repleto de seguranças e, ao lado, em um quarto vago, o líder deles assistia as câmeras de seguranças. Ainda assim, não conseguia pregar os olhos. Agatha me deu boa noite com Júlia dormindo em seu colo e partira até o quarto. O dia fora agitado e carregado de ligações importantes para a Empresa, meu pai estava começando a empurrar cada vez mais responsabilidade para mim.

Meus olhos ardiam loucos pelo descanso, mas o destemor em meu corpo não me permitia. Minhas mãos estavam cerradas e as palmas das mesmas com cortes em meio círculo causados pelas unhas levemente compridas. Voltava a todo instante ao mesmo ponto, querendo enxergar com a tecnologia de meu laptop a placa do veículo que fugira enquanto Agatha ficara para trás com Júlia nos braços, jogada na calçada e Bruno furioso, descabelado, olhando o carro partir.

Mas, para minha infelicidade, não enxergava nada. Com o borrão da velocidade e do vídeo feito de um celular com resolução baixa, os números e letras se tornavam impossíveis de ler. Não sabia se havia um “S” ou “R”, ou até poderia ser um “Z”... só sabia que precisaria descobrir, e só sabia que não estaria em paz enquanto não descobrisse.

A porta de meu escritório foi aberta sorrateiramente e Agatha surgiu usando minha camisa jeans, seus olhos estavam grandes e seu cabelo despenteado em torno de seu rosto. Pausei o vídeo e minimizei-o, para que a mesma não ficasse ainda mais apreensiva com o fato de estar investigando. Ela não precisava saber da segurança reforçada e nem da nova tropa em seu apartamento, conversei com Bruno por telefone e o mesmo concordara.

- Eu estou sem sono. – Ela disse, com voz rouca.

Os olhos verdes dela percorriam meu rosto e aquilo me causou desespero. Desespero por mantê-la em segurança. Desespero por fazê-la feliz. Engoli em seco, reprimindo as palavras.

- Eu também amor, venha cá. – Chamei, me afastando da mesa de vidro.

Ela atravessou o escritório improvisado e se sentou em meu colo, de lado. Sorrateiramente, ela deitou sua cabeça em meu peito e as batidas do meu coração desceram para um ritmo suave. Comecei a acariciar as pontas de seus fios e ela a passar os dedos por meus braços.

- Aquilo tudo não sai da minha cabeça. Meu Deus. Se eu não tivesse chegado... Jul... ela... minha nossa. – Notei, com desespero e ira ainda maior, que Agatha não conseguia completar as frases, enquanto sua voz ia ficando cada vez mais embargada.

- Shh. – Foi o que consegui sussurrar, um dos pulsos cerrados, enquanto a dor das unhas não diminuía o fogo da ira no peito. – Já disse que vou pegá-lo, amor. E você chegou a tempo sim. Júlia está no quarto ao lado, dormindo. Está em paz. Você está em paz.

Ela acenou em positivo, incapaz de responder.

Lentamente, escorri os braços sob suas pernas e ombros e me ergui, enquanto um sorrisinho surgia no rosto de minha... namorada. Belo termo.

Percorri os corredores que sabia de cor, sem olhar o caminho de verdade. Quando cheguei à porta do quarto em que dormia com Agatha, abri-a com um pé e avistei Júlia dormindo esparramada no meio da cama, meu peito se encheu de afeto repentino e engoli em seco.

- Durma com a gente. – Agatha pediu, olhando-me de baixo, percorrendo meu rosto, como se me enxergasse por dentro, como se eu fosse um caco de vidro quebrado que ela concertaria.

Concordei com a cabeça e coloquei Agatha em um lado da cama, dando a volta na mesma e me deitando, mesmo não sentindo sono e paz o suficiente para dormir. Me deitei e cobri parte do corpo com o lençol que elas estavam cobertas. Agatha passou um dos braços sobre o corpo de Júlia, pousando as pontas dos dedos na minha cintura.

- Vem mais pra cá. – Agatha chamou, olhando com os olhos semicerrados, o cansaço me percorrendo e estranhamente o início de um sentimento que parecia-se com calma. Como se eu trouxesse calma para ela.

Cheguei mais perto. Estranhando o fato de nunca ter me deitado para colocar Júlia para dormir, instantaneamente Agatha puxou-me para perto e passei o braço por Júlia até parar com a mão no centro das costas de Agatha.

- Eu amo você. – Sussurrou antes de seus olhos se fecharem e ela mergulhar no mesmo sono apaziguado que Júlia com cabelos jogados por todos os lados.

- E eu amo vocês. E vou pegá-lo. – Jurei, dentre o silêncio.

Depois do que fora dito, dormi, mal sabia que estava tão seguro para aquilo. Dei-me conta que o sentimento de segurança vinha pelo fato de minhas duas mulheres estarem sob meu abraço.

Apenas MeuWhere stories live. Discover now