38 - Tenho Medo da Vida, Não da Morte

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- Eu não tenho medo de morrer, delegada... Eu não tenho nada aqui. Se você me matar, vai me adiantar um tanto!

Levantei a camisa e mostrei a arma, tirei a mesma da cintura, verifiquei a munição e dei na mão dela.

- Puxa o gatilho, é moleza pra você, né? Deve ter feito isso com o Patrick, com varias pessoas... Pra tu não tem importância.

Os olhos dela pareciam ferver, eu queria irritar aquela mulher. Depois de tudo, isso era o mínimo a se fazer, era o mais correto. Não dava pra dar uma surra nela igual ela fez comigo!

- Eu achei que eu tinha visto alguma coisa em você, mas na boa? Foi meu reflexo, foi minha escuridão, delegada. No fundo você não tem nada mas ajudou me encontrar, agora eu sei quem eu sou.

Peguei em sua mão, mirei a arma no meu peito e segurei seu dedo próximo ao gatilho. Nossos corpos ficaram próximos, como se o Big Bang foi acontecer naquele ano.

- E eu sou o Playboy.

Sua mão tremeu e, por pouco, abaixou a arma devagar até cair no chão.
Tratei de pegar a arma, guardei a mesma na cintura e abaixei a blusa.

- Nossa conversa, definitivamente, acabou e eu espero nunca mais ver você no meu caminho. Agora, é guerra.

Eu confesso que a raiva tinha passado, pelo menos da minha parte, declarar guerra contra a delegada era o certo a se fazer. Aliás, ela conseguiu destruir várias coisas de uma vez só, isso doeu muito em mim.
Achei que estava programando o jogo e no fim das contas, o jogo sempre foi dela! Eu fui manipulado por ela, agora era minha vez de brilhar.
Fui na direção da porta e antes que eu pudesse encostar na maçaneta, ouvi meu nome ser chamado.

- Felipe... - foi um breve sussurro.

Respirei fundo, apertei os olhos e segurei a maçaneta com ódio. Ela tinha efeito sobre mim e isso me irritava.
Olhei pra trás e vi aqueles olhos fundos, como se a delegada malvadinha não existisse mais.
Aquela blusa branca de manga curta, se encaixava super bem no jeans justo, o salto de agulha fazia com que sua profissão fosse ressaltada com sucesso.

- O que foi?

Respondi com pressa.
Ela tirou seus saltos do pé, desabotoou a calçada com calma e em nenhum momento desviou o olhar do meu. A essa altura do campeonato, eu já tinha soltado a maçaneta, minha respiração mudou junto com meu olhar.
Sua unha vermelha se destacou ao encontra da blusa branca, que foi subindo até ser tirada pro completo.
Não sei ela, mas meu coração estava quase saindo pela boca.
Aquele sutiã de renda era o mais bonito que eu já tinha visto na minha vida inteira!

- Eu não vou cair nessa...

Ergui as sobrancelhas e disse com firmeza mas quem eu queria enganar?!
Ela segurou nas laterais da calça e abaixou, tirando ela por completo.
Minha saliva passou rasgando pela garganta, eu confesso que meus argumentos acabaram.

- Você quer conhecer minha cama? - ah, essa filha da puta...

- Tu não entendeu qual é a fita? - falei um pouco mais alto. - Ta tirando onda com a minha cara, caralho?!

- Ah, qual é, Felipe! - agora eu odiava esse nome. - Despedida?

Neguei com a cabeça.
Ela pelada era obra prima mas não sei se eu tava cem por cento confiante nessa.
Já tomei no cu e não tava muito afim de dar outro rolê em viatura.

- Sem chances, Sandra. - novamente balancei a cabeça em negação. - O que eu tinha pra falar eu já falei, não adianta tirar a roupa, fia.

Ela se aproximou de mim, enfiou as mãos quentes no meu bolso da calça, por alguns segundos até encarou meu cordão e subiu o olhar pelo meu queixo, minha boca, até fixar o olhar dentro do meu.
Que penetrante era aquilo!

- Nem se eu tirar a calcinha? - gaguejei e dei uma tossida.

- Nem assim. - mexi o ombro de um jeito envergonhado.

- Tem certeza? - agarrou meu pau de um jeito assustador. Travei.

Em segundos, sua boca fez cócegas na minha. Aqueles lábios hidratados não chegavam nem aos pés dos meus, de tão torrados de baseados.
Sua mão era leve como eu lembrava mas tinha pegada naquilo ali.
Fechei os olhos e pude sentir seus peitos fazerem pressão contra meu corpo, apertando a arma em cima do meu baço.
Eu juro que eu não vim aqui pra isso!

- Assim cê me quebra, delegada... - sussurrei, ainda de olhos fechados, rezando pra essa sensação ir embora.

Vocês já sentiram saudade?
Sem cabimento!
Junta tesão e a pressa de matar logo essa agonia , as mãos entram pelos pés, sensação boa essa de frio na barriga.
Ao devolver o beijo a altura, meu celular tocou, interrompendo qualquer situação de tesão.

- Alô?! - falei eufórico me afastando da delegada.

Era o CG na linha, com sua voz serena e calma, paciente sob qualquer circunstância.
Raramente me ligava, ainda mais agora que era chefe do morro, não precisava mais de mim.
Em poucas palavras perguntou onde eu estava e meu silêncio reinou, gagueijei já que não veio nenhuma mentira pronta.

- Já encosta aqui na loja que tem uma fita pesada rolando...

-Ah, qual foi, CG? To ocupado agora. - respirei fundo e encarei a delegada.

Ela me olhava sem entender, mesmo assim estava pronta pra quando eu desligasse. Eramos iguais, ninguém apagava o nosso fogo tão fácil! Era algo de se orgulhar...

- Essa fita não dá pra falar pelo radin, mano. - realmente ele parecia preocupado.

- Colo daqui quarenta minutos, parceiro. - desliguei.

- Onde paramos, Playboy? - e mordeu aquele lábio carnudo.

Sabemos que eu fui na casa dela atoa, todo plano foi por ralo abaixo quando ela chamou meu nome de forma frágil, algo que ela não era. Confesso que mesmo sabendo e sendo manipulado, era bom, pelo menos por ela. Exceto algumas partes, tirando aquele pau que eu tomei...
Eu não sabia o que eu tava fazendo da minha vida fazia uns três anos e continuo sem saber, lá estava eu terminando de tirar a pouca roupa que faltava.

- Eu te odeio... - sussurei baixo e bufei de ódio enquanto amassava seus peitos.

Aquela visão era linda! Olhar algo tão perigoso de perto e ainda tocar, é pra poucos!
A realidade é que eu odiava ela, só não sabia lidar com esse ódio. Pelo visto, nem ela.
Não era segredo que nosso amor era breve, só o sexo que era longo. As marcas ficavam um no outro por semanas, nos obrigando a lembrar desse ato medieval.

- Ainda me odeia?

Ela estava deitada no travesseiro do lado, após o sexo cansativo, eu estava tão derrubado quanto ela.
Apenas concordei com a cabeça e conferi as horas, era óbvio que os quarenta minutos que prometi pra CG já haviam se passado.

- To indo nessa. - levantei em um pulo. - Tem seda ai?

- Sério?! - ela fez aquele olhar de matadora de aluguel de novo.

- Folha de caderno, guardanapo, se vira, doutora. - vesti a camisa e depois o resto.

Definitivamente, eu me arrependi de dormir com ela. É sério! Sinto que cada vez que eu vou atrás pra cortar relações, venho com o dobro de sentimentos. Lógico que tá errado!
Ela vestiu seu roupão de cetim preto e me acompanhou até a sala, onde eu arranquei uma folha de um livro qualquer e comecei a bolar meu baseado.
A porta da saída se abriu, caminhei até a mesma e acendi o beck.

- Agora sabe onde me encontrar... - ela sussurrou com uma voz sexy.

- Se eu não te conhecesse, diria que amanhã essa casa já estaria vazia e a venda. - xeque mate.

- Não me conhece mesmo. - soltei a fumaça no corredor apertado.

- Conheço o suficiente pra saber que você gosta de fugir.

Ela me empurrou e bateu a porta na minha cara. Eu sorri. Beijei a porta e desci pelas escadas.
Agradeci o porteiro que abriu o portão automático e ao acelerar o carro quase atropelei a morena cabeluda.
Desci do carro em frenesi deixando tudo aberto e ligado.

EU VIM DA RUA - MC Kevin (Kevin Bueno)Where stories live. Discover now