59 - A Vida Como Ela É

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O chão da sala parecia desconfortável e frio quando me fez acordar de madrugada e caminhar até o quarto.
Deitei nada cama sonolento mas mesmo assim fiquei encarando o teto naquela escuridão.

- Eu te odeio com todas as minhas forças, delegada. - sussurrei tentando me convencer enquanto apertava o lençol da cama.

Acendi o abajur e bolei um baseado, na intenção que me ajudasse a dormir mais rápido mas a ansiedade só prega peça na gente e assim, me fez ficar acordado por mais horas.
Quando me dei conta, estava com o celular em mãos futricando no Instagram de todo mundo, com um perfil fake que eu tinha, procurando não sei o quê aquelas horas.
Bruna e Rato já haviam casado, tudo foi tão lindo! Eu fiquei lá um bom tempo com um sorriso de saudade no rosto, vendo e revendo as fotos sem parar. Os convidados, todos bem arrumados e um buffet incrivelmente exagerado (que era a cara da Bruna) mas bonito.
Dylon com sua gravata e seu terno combinando, ele parecia um prefeito da cidade, me convenceu disso. CG fazia parte dos padrinhos, muito arrumado também e parecia super feliz com a loira em seu lado.

Finalmente, um vestígio dela... Sandra usava um vestido cor terracota, branca feito neve e com aquele cabelo curto que dava espaço pro colar brincar em seu colo. Seus olhos pareciam tão brilhantes que chegavam a me dar pavor da felicidade!
Abraçada com Bruna e Rato, se fez uma perfeita foto, que rezei pra que nunca fosse apagada e assim eu pudesse ver quantas vezes necessário, sempre que me desse esse sufoco na garganta.

O sol veio batendo na janela e me obrigou a pegar no sono, antes que eu perdesse um dia de trabalho.
No meu sonho, eu encontrava a delegada e juntos, a gente fazia o que mais sabia de melhor; foder.
Tive que controlar meu pau, que já estava duro feito um martelo.

- Que merda. - levantei e corri pro banheiro. Precisava de um banho gelado.

Já se passava das onze da manhã quando percebi que um banho do Alasca não resolveria meu problema de jeito nenhum. Eu não sei como eu tive esse ideia e também não esperava que esse momento trágico fosse chegar comigo tão jovem assim...

- Será que você vai me fazer tocar punheta, delegada? - arfei de indignação.

Juro que se ela aparecesse na minha frente por esses dias, eu enforcaria aquela mulher e faria ela me engolir inteiro.
Mas isso é um problema que (por enquanto) sei que não vou ter que lidar...
Então, tratei de colocar a flauta pra tocar mas confesso que gosto mais quando fazem em mim.

Troquei de roupa após escovar os dentes e tomei um café natural rápido o suficiente pra não me atrasar mais. Subi na moto e fui pra barbearia correndo, antes que TH me xingasse.
Quando estacionei a moto, o celular vibrou e tinha uma mensagem da Camila me desejando um bom dia ou algo assim, era aquelas mensagens fofas que a gente manda quando tá apaixonado em alguém mas eu não podia responder, não depois da burrada que fiz essa noite.

- Tá atrasado. - fui recebido por TH na recepção.

- Nem me fala... - murmurei.

- O que foi? - cerrou os olhos na minha direção.

- Péssimo dia, confia em mim. - ele virou a boca de lado e confirmou com a cabeça saindo de cena.

Eu precisava extravasar, tenho certeza que isso resolveria metade dos meus problemas, ou todos eles.

- E se a gente for no puteiro? - TH quase engasgou com a marmita.

- Que isso, Felipe? Do nada? - limpou a boca depois de tossir horrores. - Não é nem duas da tarde.

- Ah, larga de ser mole, cara. Tô falando sério. - a mesa ficou em silêncio. - Tá, eu vou sozinho.

- Mas qual? - TH sussurou meio envergonhado e eu acabei rindo dele.

- Qual você quiser, o importante é a gente ir, porra. - ele notou minha empolgação. - Pegar umas quengas, usar umas drogas, gastar o dinheiro que a gente não tem! - TH riu de timidez. - Vamo lá, gente.... Qual é. - implorei.

- Tá, eu vou. - TH concordou e depois disso mais uns dois confirmaram presença também.

Pronto, a noite já tava programada, ia ser a melhor noite da vida deles. Tenho certeza disso!
Fizemos nossa tarde produtiva, até o anoitecer, e eu ainda evitava as mensagens consecutivas da Camila.
Ao chegar em casa, ainda tive que lidar com o silêncio agonizante que também morava lá mas tomei meu banho e só pensei na distração da noite.
Coloquei minha melhor roupa e tratei de ir sem cueca pra acelerar o processo, passei um exagero de perfume e penteie bem o cabelo.

Passei na casa do TH e peguei os confirmados do evento. Nós fomos pra melhor boate da cidade, uma cerveja em lata era quase vinte conto mas beleza... Vamos gastar esse dinheirinho fácil.

- Seguinte, hoje é por minha conta. - TH abriu um puta sorriso. - Mas pega leve...

O ambiente era fresco, já que tinha um ar-condicionado bem grande que dava vazão pra todos os cantos. Tinha algumas mulheres andando pela casa sem roupa, somente de calcinha, acessórios e um salto bem grande que iria partir meu coração em algum momento. As luzes eram discretas, o que fazia o clima ficar mais sensual.

- Boa noite, rapazes. - fomos recepcionados em nossa mesa por uma morena cor de índia, cabelos longos e de belas tetas. - O que planejam essa noite?

- Com certeza dormir com você. - ela riu do jeito desajeitado do TH, eu acompanhei.

- Ah, que fofo. Eu iria adorar. - a Índia encarou TH de um jeito que até eu fiquei com tesão.

Ela saiu da mesa rebolando e TH foi respirando fundo, seu coração estava disparado de acordo com sua mão trêmula que segurava o copo de uísque.
A primeira puta a gente nunca esquece.

- Eu pagaria quinhentos reais pra ver a de quatro. - brindou em meu copo, fazendo com que eu acompanhasse sua risada.

- Sua chance, vai lá. Usa camisinha, criança.

- Cê vai pagar ela pra mim? - sua sobrancelha se curvou em piedade.

- Mas é claro! - ele afirmou com a cabeça e saiu andando na direção da índia. - E vocês dois, sai andando, vai caçar o que fazer.

Os meninos consentiram rapidamente, sobrando só eu e a velha garrafa do meu uísque favorito na mesa.
Brindei com a garrafa e degustei mais um gole do uísque cowboy, que desceu rasgando a garganta. Peguei o celular e voltei a futricar, a vida de quem eu queria longe, de novo.

- Não acredito que esse gatinho veio pra cá ficar no celular? - encarei a loira dos pés até a cabeça.

Um corpo branco que me pareceu sugestivo, os cabelos curtos e uma boca de amargar, que eu sei que me comeria vivo. Tirando as tatuagens, parecia você sabe quem...
Um salto vermelho envernizado, uma pele que parecia fofa igual as nuvens, um peito grande o suficiente que me faria engasgar, as unhas grandes decoradas de vermelho iriam me abrir no meio e eu queria muito aquela sensação de devoção.

- Vem... - pegou em minha mão e me puxou, fazendo com que eu ficasse de pé. - Vou te levar pra fazer algo divertido.

EU VIM DA RUA - MC Kevin (Kevin Bueno)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant