11 - A Novidade é Outra

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Ela me ajudou a vestir a roupa como se eu fosse um neném, enquanto seu vestido estava embolado na cintura com a bunda do lado de fora.

- Você viu minha calcinha? - procurou com a bunda pra cima e pude ver aquela buceta completamente melada. Pronto, eu já estava de pau duro novamente!

- Ah não, não vi... Deve tá ai no chão. - provoquei pra ver se ela iria empinar mais aquela bunda e assim ela fez.

- Não... - me pareceu preocupada mas aquela visão estava boa demais pra eu admitir que sua calcinha estava no meu bolso. - Ah deixa! - ergueu-se virando para o volante e ajustando o vestido no corpo.

- É... - pareci meio desajeitado quando a olhei frente a frente. - Mas o que a gente tinha pra falar?

- A gente fala disso outra hora. - talvez não fosse assim tão importante, né? - Vou te deixar no morro.

Já se passavam das três da manhã quando fui deixado em casa e não haveria chances alguma da Sandra ir no aniversário da sua filha.
Guardei aquela calcinha branca no fundo da minha gaveta, deixando embolada junto com meus pertences.
Dormi feito o bebê que eu realmente era, pude sonhar com ela e reviver aquele momento quantas vezes eu quisesse.
Parecia ainda estar sonhando quando ouvi meu celular tocar, tentei pegar ele mas parecia estar em outra dimensão.

- Fala. - curto e grosso quando vi o nome do Patrick na tela.

- Não é o Patrick, Playboy. - estranhei. - Aqui é um amigo dele... - pude sentir uma cerca ironia.

- Quem tá na linha? - sentei na beira da cama e acordei totalmente.

- Tô sabendo que você tá atrás de mim faz anos... Deixa eu te falar uma coisa, moleque. Na favela, a gente atira primeiro e pergunta depois. Não era pra acontecer aquilo naquele dia. - travei. Minhas vistas pareciam escurecer e tudo ficou devagar demais.

- Se isso for alguma zoeira sua, Patrick... Vai tomar no seu cu. Você sabe que com essa merda não se brinca! - desliguei imediatamente.

Mesmo assim eu estava em choque, aquela voz não me pareceu nem um pouco com a do Patrick mas mesmo assim teria chances dele fazer isso, não é? O cara é o maior mentiroso memo!
Mas eu não podia me deixar abalar, sendo mentira ou não... No momento, eu precisava manter o foco em outra coisa e descobrir como entregar o Patrick no pulo.
Aquele sábado não podia ter começado melhor e logo cedo essas notícias invadirem minha cabeça.
Tentei me distrair tomando um café na padaria.

- E ai, tia! - a balconista já era acostumada com minha presença ali. - O mesmo de sempre, daquele jeito que só a senhora sabe fazer!

Ela riu e pude ver suas bochechas rosadas de vergonha. As tias da padaria sempre foram nossas amigas, desde a vez que deixaram o CG esconder uma moto roubada nos fundos. Eram verdadeiras patrocinadoras do crime, mas como toda senhora trabalhadora, merecia nosso respeito e consideração.
Logo ela deixou meu café no balcão. Aquele misto quente sempre me enchia de água na boca!
Não pude deixar de ver Natacha cruzar o caminho até o caixa, pedindo um cigarro.
Tentei desviar o olhar mas era quase impossível fingir não vê-la.
Encarei o meu café e tomei um gole, até notar seus passos até mim.

- É, Playboy... Foi gostoso? - arqueei as sobrancelhas e a encarei fingindo demência. - Não banca o doido.

- Quer um café? A dona Vera faz. - dei uma mordida no misto-quente.

- Que vingança mais ridícula da sua parte, sabia? - se apoiou no balcão e tratou de me encarar.

- Porra, Natacha... Tu quer mesmo falar dessa fita? - minha boca estava cheia, talvez tenha sido desconfortável e difícil de entender. - Sabe quantos anos eu o Patrick tem de caminhada? Para de neurose.

EU VIM DA RUA - MC Kevin (Kevin Bueno)Where stories live. Discover now