EU VIM DA RUA - MC Kevin (Kevin Bueno)

17 - Ano Novo, Vida Nova

Naquele momento eu sabia que todo o plano tinha ido por ralo abaixo!
Rato parecia tranquilo mas ele não sabia o que se passava entre mim e Sandra por completo.
Tentei manter a serenidade mas o meu silêncio durante as 4 horas de trânsito (por conta do engarrafamento) os deixou intrigado.

- Caralho, Felipe... Fala alguma coisa! - CG reclamou. - Sei lá, pede pelo menos pra encher a porra do copo.

- É. Tem razão, enche essa merda! É virada do ano, vamo meter o louco memo! - estendi o copo pra trás e voltamos a plena sintonia.

Seguimos o Civic até a suposta casa, que era enorme e muito melhor que a outra. O portão de madeira parecia caber mais de dois carros entrando de uma vez só, e assim que aberto, mostrou seu gramado bem aparado e a piscina em ÓTIMAS condições.
O Civic estacionou devagar e com cuidado, Bruna foi a primeira a sair do carro.
O Corolla de Rato em seguida, com os vidros fumês levantados mantive a calma. Dylon saiu do carro e em seguida Sandra, entraram na casa conversando calmamente.
Bruna bateu no vidro me tirando do transe.

- Levanta essas bundas dai, vamos... Vou mostrar o quarto de vocês.

Ao entrar na casa, que de fora parecia ter pelo mínimo uns três andares, percebi a alegria do Rato.

- Que mansão! Porra...

- É do caralho! - pude ver CG olhar os detalhes do teto.

Bruna riu e eu acompanhei, ainda meio sambanga, a casa realmente era enorme!
Ela subiu as escadas e acompanhamos ela, sem sinal nenhum da Sandra.
No segundo andar, ela mostrou nossos quartos, banheiros e tinha até uma sala de sinuca.
Foi quando Rato ficou no seu quarto e CG também foi pro seu. Bruna me acompanhou novamente até o meu quarto.
Havia uma cama de casal grande, uma cômoda e um televisão pendurada na parede.

- Gostou? - concordei com a cabeça já que a boca estava ocupada bebendo um gole do uísque que ainda estava em minha mão, pela metade.

- Eu não sabia que sua mãe ia colar também... - sentei na cama. - Quero dizer, agradeço aquela vez que ela me levou no UPA mas pensei que eles fossem separados.

- E são... Digamos que são bons amigos agora. Parece que eles não conseguem ficar muito distantes um do outro. - encostou a lateral do braço na porta do "meu" quarto. - Parceiro na polícia, parceiros para a vida inteira.

- Claro! - ergui o copo em sinal de brinde.

- Oh, não precisa se preocupar com as malas, beleza? Tem um senhor que cuida da casa, ele vai trazer as coisas de vocês.

- Fechado! Eu vou terminar esse copo e sei lá, dar uma relaxada.

- Fume sua maconha com a porta trancada! - ela silabou e sorriu até a porta ser fechada.

Levantei até a janela de vidro e entre as cortinas pude olhar o Sol que estava torrando o gramado. Observei o senhor mexer no porta-malas do Corolla e pegar mala por mala, até sumir na direção da casa.
O quarto dos moleques eram bem ao lado, eu estava no meio e o de Bruna era na ultima porta do corredor mas enfim, pude ouvir o senhor entregando as malas até chegar a minha vez.
Tratei de arrumar as bermudas e as blusas nas gavetas da pequena cômoda.
Amassei a mala e a guardei em baixo da cama, desfiz um pequeno pedaço da paranga e bolei um baseado.
Soquei a parede, tratando de ouvir a voz do Rato no celular.

- Chama o CG, encosta aqui.

Entraram no quarto com rapidez. CG tomou a erva da minha mão e acendeu, tranquei a porta e abri a janela estreita.

- Vamo pra praia? - Rato cogitou ao desligar o celular.

- Aqui tem piscina, seu pobre! - dei uma risada e acompanhei a concordância do CG.