46 - De Volta Pro Futuro

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Seus peitos encostaram no meu, quase me deixaram sem ar, sua mão tomava meu pescoço e sua boca me fazia imaginar coisas absurdas!
Quando eu estava quase ficando duro, fui interrompido por algo tremendo em minha perna. Droga!
Precisava atender, era a Natacha!

- Alô?! - empurrei Sandra e pedi silêncio.

- Caralho, Playboy. Assim você me fode, olha a porra da hora! Você tá de sacanagem comigo?

Ela gritava tão alto que pude jurar que Sandra tinha ouvido tudo e mais um pouquinho...

- Já tô indo embora.

- Porra nenhuma! Você tá onde, Playboy?

- Tô com os moleques!

- Você é muito mentiroso, você nunca vai mudar! - agora ela nem gritava mais. - Me esquece, Playboy. Ou soma, ou some, seu merda. - e desligou.

Fiquei encarando o celular por alguns segundos.
Eu já falei que tava confuso? Confuso o suficiente pra ficar fazendo uma merda atrás da outra?!
Abaixei a cabeça e cocei a mesma, fechei os olhos e fiquei pensativo.

- Eu vou te levar embora.

A seriedade de Sandra voltou. Confesso que aquela tinha sido uma noite muito estranha, pela primeira vez eu pude ver Sandra sorrir, ela parecia tão em paz... Mas naquele momento, ali dentro do carro, ela voltou a ser a velha delegada ranzinza de sempre.
Chegando ao pé do morro, ela não moveu um músculo, ficou com o carro ligado e apenas olhando pra frente.

- Resolve a sua vida antes de decidir vir me procurar, Felipe.

- Eu não tava te caçando não, ou. Se liga.

Sai do carro e bati a porta com força. Confesso que aquela altura do campeonato, a cachaça já tinha até passado.
Fui depressa pra casa.

- O que você tá fazendo? - Natacha arrumava suas coisas com pressa.

Fingiu que eu não estava ali e apenas continuou enfiando suas coisas em uma mala pequena.

- Porra, Natacha. - segurei seu braço e ela puxou de mim.

- Você tava com ela, né? Você acha que eu sou burra?! - me empurrou pelo peitoral, me fazendo desequilibrar e dar alguns passos pra trás.

- Com quem?! - gritei mais alto.

- Não é mais fácil admitir que gosta dela? - jogou uma camisa que ela estava em mãos, no meu rosto. - Que ela te faz sentir vivo? Você adora adrenalina! Você sabe que ela vai te proporcionar isso! É o famoso clichê, Playboy! A dama e o vagabundo.

Prendi os lábios.
Não tinha o que falar, tinha? Será que se eu admitisse essa conversa e desse razão pra ela seria mais fácil? Aliás, mulher gosta de ter razão, não é?!

- Não sei do que você tá falando. - soletrei.

- Eu vou embora e dessa vez, só me deixa em paz... Pelo amor de Deus, se você não vai ficar comigo, não me enche a porra do saco.

Puxou a mala com força de cima da cama, ainda estava aberta e as roupas queriam pular pra fora.
Não fui capaz de impedir... Eu odiava quando a Natacha tinha razão.

- Me da alguma coisa pra fazer.

O sol já estava pra nascer quando eu implorei pra CG um novo cargo no morro.

- Entra aí. - abriu a porta e me viu entrar, em seguida, olhou pra fora como se estivesse procurando alguém atrás de mim. - No que tu se meteu agora, Playboy?!

Contei.

- Eu queria ter metade do seus problemas pra ver se os meus são fichinhas. - ele riu. - Volta pra ativa, sei lá... Resolve uns B.O qualquer aí, fica na atividade, vende o que tu quiser.

Coçou a cabeça e eu fiquei encarando CG.

- Simples assim, chefe? - ri de lado.

- Ah, Playboy... Tu é de casa, tu que me ensinou um tanto de fita. Não vou te ensinar a trabalhar, né meu parceiro?!

Concordei.

- Então vamos beber! - ri animado. - A vida continua!

Aquela noite foi diferente, alguma coisa dizia que ia ser uma noite fria e cheia de insônias. Ou seja, tinha voltado a ser minha vida normal...
Eu estava na lojinha, acompanhado pela Lua cheia que refletia nas poças de água pela rua, as mãos no bolso do casaco traziam um certo aconhego e calor. Enquanto a favela estava em paz, eu estava lá, acordado e, torcendo pra não ter que ir pra casa.
Eu já não sabia de quem sentia falta, confesso que naquela altura do campeonato, daria o primeiro lugar pra Bruna. Era nítido o tanto que eu tava precisando dos conselhos daquela garota mas seria um erro procurar ela agora, ou procurar ela o resto da minha vida.
Entendo agora aque não posso mais ser o Felipe pois voltei a ser o Playboy.

E, precisava voltar com tudo.

EU VIM DA RUA - MC Kevin (Kevin Bueno)Where stories live. Discover now