Sentimentos Reprimidos

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Brick pensou por vários segundos antes de responder. Poderia muito bem negar, como já havia pensado, mas a proposta ainda o deixava confuso.

Se por um lado não queria aceitar a ajuda da garota, o desespero que tinha para se livrar do demônio ainda era imenso. Pensava que, talvez, pudesse conseguir voltar ao normal.

Balançou a cabeça algumas vezes. Não! Mesmo que Blossom não quisesse tramar algo contra ele, o Ele era poderoso demais para alguém como ela conseguir derrotar. Já havia tentado tantas vezes se separar do demônio, pelo menos reprimi-lo e claramente não conseguia, por que ela conseguiria?!

— Por que acha que conseguiria tirar esse demônio de dentro de mim? — Perguntou sem olhar nos seus olhos. Blossom espantou-se.

— Bem… Professor é um homem muito inteligente. Por anos ele estudou o Ele, até mesmo conseguiu aprisioná-lo…

— Não completamente! — Brick a interrompeu. Tira sua mão do bolso da calça apontando para a própria cabeça. — O Ele sempre conseguiu se comunicar comigo. E mesmo depois que vocês conseguiram prendê-lo no submundo, ele ainda conseguia.

Blossom assustou-se. Brick abaixou o braço, sua feição era aflita.

— Vocês sempre acham que estão a um passo à frente do Ele. Vocês não conhecem aquele cara como eu conheço. Aliás, eu, mais do que ninguém, sei do que ele é capaz! — Os olhos vermelhos e penetrantes de Brick se escureceram ganhando um tom apavorante. Fitam profundamente o rosto assustado de Blossom, a apavorando ainda mais.

A ruiva engoliu seco, sentia seu suor frio escorrer a testa. Não era hora para ter medo, pensava balançando o rosto de um lado para o outro. Respirou fundo voltando à compostura.

— Há algumas semanas eu fiquei sabendo que o portal era constantemente aberto. Isso significa que…

— O Ele não é preso apenas por correntes. Como pode notar, eu sou composto pela minha alma e também por metade da alma dele. Ele pode muito bem ter separado sua alma outras vezes para conseguir passar pelo portal.

— Acha mesmo que isso é possível? — Blossom pergunta pasma.

— Talvez. Pelo que conheço dele, não devemos nunca subestimá-lo. — Diz balançando os ombros.

— Se sabe tanto do Ele, poderia cooperar e contar tudo. Talvez, se você nos ajudar a gente pode acabar com o Ele de uma vez por todas.

— Não dá! — Esbravejou Brick, assustando a garota. Seus olhos agora não estavam como antes, Blossom podia ver nitidamente o nervosismo em que ele se encontrava. — Vocês… não são páreos contra ele. Nenhum de vocês é!

Blossom arregalou os olhos. Aquele era mesmo o Brick que conhecia? Nunca em toda sua vida imaginava que um dia o veria daquela maneira. Era como na luta que tiveram, o ruivo se mostrava amedrontado, desesperado…

Blossom apertou seu peito dolorido. Sentia pena dele, mas mais que isso, queria poder de alguma forma confortá-lo. Aproximou-se dele devagar estendendo o braço para tocá-lo. Ela para, reprimindo suas próprias vontades. Morde o lábio inferior e encolhe novamente o braço passando pelo ruivo com pressa.

— Se você quer saber… — Ela para, virando seu rosto ligeiramente para fitá-lo. — Eu ainda acho que podemos deter o Ele. Diferente de você, eu ainda não perdi minhas esperanças.

Brick bufa enfurecido.

Fraco! Era assim que se sentia. Nunca imaginou que um dia pudesse se sentir tão diminuído perto de uma Superpoderosa.

Cerrou os punhos com força enquanto rangia os dentes.

— Quando quiser pode passar lá em casa, eu e o professor estaremos sempre dispostos a te ajudar. Agora, se não quiser… — A garota prepara-se para voar, flutuando alguns centímetros do chão. — Boa sorte em tentar se livrar dessa coisa sozinho!

Mundos OpostosWhere stories live. Discover now