A Verdade

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Logo após Boomer sair de seu quarto e ele enfim terminar sua sopa, Brick tentou se levantar da cama. Blossom não apareceria tão cedo. Pelo que tinha entendido após todas as suas visitas, ela viria de novo só na manhã do dia seguinte, para lhe dar algo para comer novamente. E não! Ele não tomaria mais uma sopa de tomates de novo. Pretendia arrumar as coisas com ela o mais rápido possível, antes de uma possível intoxicação alimentar.

Sentou-se na cama, o que já requereu certo esforço. O corpo ainda estava dolorido. Disseram-no para não forçar o corpo, mas era necessário.

Levantou-se e caminhou com lentidão para fora do quarto, por sorte, ninguém estava lá. Provavelmente todos já estavam dormindo, era tarde da noite.

Blossom não estava também na sala, onde dormia em uma cama improvisada no sofá. Olhou a cozinha, ela também não estava, e o banheiro, estava com a porta aberta. Já sabia que, dentro daquele apartamento pequeno ela não estava.

Vestiu a blusa que estava no cabideiro ao lado da porta por cima do peito nu, deixando-a aberta, e saiu com apenas ela, a calça e os pés descalços. Poderia ter problemas sérios por estar andando por aí daquele jeito? Evidente. Mas não estava em condições para pensar nisso.

Ao sair do apartamento, seguiu até o elevador. Só poderia haver um local em que ela poderia estar: o terraço. Subiu até o último andar e assim que a porta se abriu, deparou-se com a imensidão de um céu estrelado sobre si, a cidade de Townsville por todo o seu horizonte e, bem à frente, a silhueta de uma garota sentada na beirada do parapeito.

Sentiu a brisa gelada bater contra o peito lhe causando arrepios. Esta mesma brisa balançava e agitava os longos cabelos soltos dele. Deveria ter os prendido antes de sair, sequer havia colocado o boné, agora os fios caiam em seu rosto. Passou os dedos por eles, tentando domá-los para trás.

Aproximou-se dela em sua habitual lentidão. Ela percebeu sua presença, virou o rosto levemente apenas para conferir de quem se tratava e não se surpreendeu ao ver o Desordeiro.

O rosto virou novamente em direção a cidade.

— O que está fazendo aqui? — Ela o perguntou rispidamente. Completou, segundos após: — Não pode sair do seu quarto!  

— Eu não ligo! Eu vim falar com você, e não me diga que não temos nada pra conversar. — Disse firmemente.

— Eu não quero falar com você! — Ela disse, girando seu corpo do parapeito e descendo-o.

Caminhou a passos largos em direção à saída, baixando o rosto para que não precisasse se deparar com o rosto dele quando o atravessasse. Porém, seu braço fino foi capturado pela mão grande dele, impedindo-a de prosseguir e ainda por cima a forçando a fitar as orbes vermelhas dele de perto.

Essa era a última coisa que precisava agora: estar perto dele!

— Me solta! — Ordenou.

— Eu não vou te soltar até falar comigo!

Ela franziu o cenho, ultrajada.

— Quem você pensa que é? Eu estou mandando me soltar. Vamos, Brick!

— Eu já disse que não vou! — A voz grave e firme dele sobressaiu a sua, por um instante a assustando pelo tom usado. — Você sabe muito bem que precisamos ter essa conversa.

— Não precisamos ter conversa alguma! — Ela gritou, soltando-se das amarras dele com facilidade.

Maldita fraqueza, ele pensava.

— Já chega Blossom! Para de ficar me ignorando e agindo como uma criança. Eu quero só falar com você, que droga!

Ela lhe deu as costas, caminhando até a saída a passadas largas e firmes. Brick debateu-se, estava a beira de um ataque de fúria.

Mundos OpostosWhere stories live. Discover now