Gravidez Indesejada - Extra Green's (parte 1)

1.6K 79 39
                                    

Ah, segunda feira! Não havia dia pior, na opinião de Buttercup. Assim que escutou seu despertador tocar ao lado de sua cama a ficha caiu: a semana havia se iniciado, novamente. Sem mais noites de sono longas e tranquilas, acabou a moleza, acabou o sossego… Era hora de levantar e encarar a dolorosa realidade da vida adulta!

Apesar de odiar acordar cedo, havia se acostumado, inacreditavelmente, após tantos anos de rotina. Foi obrigada, até porquê, não era um período ou outro de aula que ela perdia agora apenas, seu chefe fazia o favor de descontar do seu salário cada minuto de atraso dela. Esse sim era um belo incentivo para sair da cama. Os boletos estavam sempre pendurados na geladeira para lembrá-la também de suas obrigações.

Às vezes sentia falta da mordomia que era ser dependente do seu pai.

Ela esticou para buscar o celular e o desligou. Sentou-se, espreguiçando algumas vezes e soltando bocejos enquanto caminhava em direção ao banheiro. O companheiro ainda estava na cama, mal havia reagido com o barulho e isso era normal. Ele tinha um sono tão pesado que chegava a assustar!

Butter chamou o namorado algumas vezes quando voltou ao quarto, cutucou-o, chacoalhou, puxou suas cobertas, tudo isso em alguns intervalos enquanto se arrumava para sair. Nenhuma reação além de murmúrios.

— Vamos logo, Butch! Você tem trabalho e eu compromisso. — Ela falou já sem paciência, não medindo força nas mãos ao chacoalhá-lo.

— Já tô indo… — Ele respondeu fazendo bico, como uma criança.

Ela revirou os olhos.

— Vou fazer café pra você. — Ela falou indo até a cozinha.

— Uhum… — Ele murmurou com a cabeça enfiada no travesseiro.

O caminho até a cozinha foi como atravessar um campo minado. Por onde ela passava encontrava roupas sujas (a maioria masculina), restos de comida e latas de refrigerante.

Alguns segundos de olhar de desgosto para a pia cheia de louça de uma semana atrás e ela então tomou coragem para desenterrar sua chaleira do fundo da pia e colocar ela com água no fogo.

A desordem nunca havia sido um problema para Buttercup. Talvez por conviver com Blossom, que sempre acabava arrumando suas coisas no estopim da paciência, ela nunca tenha realmente enfrentado o verdadeiro inferno de uma casa no mesmo estado da sua atual. Porém, agora, a ausência de uma figura organizada fazia falta na sua moradia, e a sujeira do local começara a se tornar um estorvo quando percebeu que já não encontrava mais nada naquele apartamento tão pequeno, algo completamente absurdo até para ela.

E a culpa maior tinha nome e dormia ao lado dela todas as noites. Buttercup tinha ao menos uma “bagunça organizada”, mas Butch… Ah, ele não era chamado de porco à toa. Não recolhia suas roupas, parecia inatingível pelo cheiro desagradável da comida estragada jogada nos arredores da cozinha e sequer levava seu prato para pia após comer. Blossom falava mal dela, mas não sabia o que era conviver com o Desordeiro; Se soubesse, ela agradeceria pela irmã que teve.

Quando o café já estava pronto e o cheiro forte da bebida começou a subir, Butch já apareceu imediatamente na porta, sorrindo feito bobo, esperando sua caneca cheia. O cretino era um viciado em cafeína. Tomava tanto que seus tremeliques chegavam a piorar. Butter tinha de manter um limite para que ele não extrapolasse sempre.

— Toma! — Ela entregou ao rapaz quando ele se sentou na mesa.

— Obrigada, amor! — Ele respondeu docemente, bebendo o café da mulher com gosto.

Buttercup se apoiou na mesa, bebendo um gole ou dois da sua caneca antes de olhar no relógio de ponteiro preso à parede. Observou o namorado, ainda só de cueca.

Mundos OpostosWhere stories live. Discover now