O Baile

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“Acha que eu estou no fundo do poço? Pois eu mostro pra você quem realmente está.”



— Aaaaaa! — Berrou o Desordeiro ao despertar de mais um pesadelo. Colocou a mão sobre o peito agitado, respirando com dificuldade.

Mais um; ele pensava soltando um sôfrego suspiro. Pensou que seus pesadelos haviam lhe dado uma trégua, havia semanas que não tinha um, porém, eles pareciam ter voltado, e com força total! Tudo por conta da conversa que teve com a Princesa dias atrás. O Ele havia mesmo visto uma brecha para voltar a importuná-lo.

Colocou a mão sobre o olho, sentia uma formigação no mesmo. Algo incomum, mas conhecido. De imediato pulou de sua cama, correndo até o espelho mais próximo, no banheiro de seu quarto.

Quando se deparou com o seu reflexo, não acreditou. Novamente, olhos negros e assustadores, os mesmos que viu pela primeira vez no dia das Superpoderosas.

O susto o fez quase cair para trás. Abriu a torneira desesperado e jogou a água em seu rosto. Ao olhar novamente para o espelho, seu olho havia voltado ao normal.

Apoiou-se sobre a pia e deixou sua cabeça tombar. Observava a água, ainda aberta, a cair sem parar pelo ralo.

Não havia mais jeito; pensava ele. Teria de procurar ajuda!



[...]



— Bem, seus exames dizem que está melhor, na medida do possível… — Dizia Professor Utonium enquanto caminhava de um canto ao outro de seu laboratório, lendo a prancheta em mãos.

Brick estava sentado sobre a maca, tirando as aparelhagens de si e recebendo de Blossom sua camiseta, havia sido obrigado a tirá-la para fazer os exames. Blossom permaneceu ao seu lado, também analisava as anotações que havia tirado. Os cabelos estavam presos em um coque, vestia um jaleco similar ao do Professor.

O senhor Utonium sorriu ao final de sua análise, colocando a prancheta sobre a mesa ao seu lado.

— Bem, para mim não há nada de anormal. Seus sinais estão estáveis. O Ele permanece quieto e passivo dentro de você.

Brick acenou com a cabeça. Já havia vestido a camisa, olhando agora fixamente para o chão. O semblante preocupado de Brick não passou despercebido pelo Professor.

— Blossom… — Chamou o pai. — Poderia pegar uma xícara de café para nós, por favor?

— Ah, claro, professor.

A jovem colocou suas coisas sobre a mesa, inclusive o jaleco, e se retirou com do local, deixando os dois a sós.

— Agora… — O homem continuou, recostando-se sobre a bancada em frente ao Desordeiro e cruzando os braços. O olhar era sério. — Creio que não veio até aqui apenas para um exame de rotina, não?

Brick hesitou. Tinha receio de contar a verdade. Talvez achassem que ele havia enlouquecido de vez, ou pior, que estava perdendo o controle sobre o próprio corpo. Por isso, ao vir à casa da Superpoderosa, não constatou nenhum outro motivo além de “prevenções”. Mas era claro para o homem que não era só isso. Ainda que não pudesse ter percebido nos exames, havia algo oculto que Brick estava tentando esconder.

— Temos tempo até Blossom voltar! — Assegurou ele. — Diga, aconteceu algo?

Brick suspirou, rendido. Não teria como esconder por mais tempo, afinal. Além disso, contar ao Professor era o mais seguro.

— Os sonhos, têm voltado ultimamente… e piores! Eu tenho tido pensamentos estranhos…

— Que tipos?

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