Ice Cream

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Eu podia ver a fúria. A fúria e a raiva crescente nos olhos verdes de Axl. Ele me olhava de um jeito tão sombrio que eu não pude deixar de recuar alguns passos para trás. Meu coração estava acelerado e eu já estava ofegando. Ele definitivamente estava muito nervoso, mais do que nas outras vezes. Não havia comparação. E aquilo me dava muito medo.

As mãos do ruivo se levantaram em minha direção. Eu arregalei meus olhos quando ele começou a andar lentamente até mim. E seus olhos nunca se desviavam dos meus, enquanto o machucado ainda continuava a sangrar.

— Axl. — Alice sussurrou, chegando mais perto de nós. Nesse exato momento eu engoli em seco, me distanciando dele. Axl lançou-me um olhar mortal e parou de andar imediatamente, ficando um pouco pensativo, franzindo o cenho. Ele parecia pensar muito em algo. Algum tempo depois ele abaixou suas mãos e respirou fundo. Eu agradeci mentalmente por aquilo. Mas voltei a arregalar meus olhos quando ele andou rapidamente em direção a mesa, pegou um vaso de cerâmica que havia ali, e fez menção de tacar em mim. Dei um grito de medo e coloquei meus braços na frente do meu rosto, para protege-lo. Mas assim que fiz isso, ouvi o vaso sendo quebrado na parede bem atrás de mim.

Eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo. Fiquei com os olhos fechados por um tempo, minha respiração completamente acelerada e o medo se apossando de cada parte do meu corpo. Olhei para Axl e ele parecia meio assustado. Seus olhos estavam arregalados e ele me encarava ofegante. Parecia estar se sentindo culpado, e aquilo só serviu para que eu ficasse cada vez mais confusa. Passou alguns segundos e ele simplesmente saiu da cozinha, subindo as escadas apressadamente. Eu e Alice escutamos quando ele se trancou em algum quarto lá em cima, provavelmente o seu.

Nem eu e nem ela sabíamos exatamente o que dizer. Minha prima me olhava meio estranho, enquanto eu tentava normalizar minha respiração. Fechei meus olhos e suspirei de alívio. Aquele vaso podia ter acertado em mim, e com certeza faria um estrago muito grande.

— Débora, você não faz ideia. — Alice quebrou o silêncio e eu encarei-a. — Eu senti que Axl se segurou muito para não machuca-la.

— Ele ia tacar aquele vaso mesmo em mim? — Perguntei, incrédula.

— Ele pegou-o com essa intenção. Mas não a machucou. Foi por pouco. — Ela disse, suspirando. — Você não devia ter feito aquilo.

— Foi por impulso! Eu...

— O que houve aqui? — Duff e Steven chegaram na cozinha, confusos. Olharam as pedaços de cerâmica no chão e ficaram mais incrédulos ainda.

— Débora cortou o rosto do Axl com a unha e ele teve aqueles ataques dele, quase tacou um vaso de flores nela, mas se conteve e tacou na parede.

— Antes a parede do que a Deb. — Steven murmurou, me encarando. Ele se aproximou de mim. — Você está bem?

— Acho que sim. — respondi, encarando o chão. — Por que ele é tão... explosivo assim?

— Bom... — Duff coçou a nuca, se aproximando de mim. Alice pegou uma vassoura e começou a limpar a bagunça. Havia sal e cacos de cerâmica no chão. Estava uma bagunça. — Axl já passou por muita, muita coisa ruim. Você não faz nem ideia.

— Ele tem muitos traumas, Deb. — Steven completou, sua expressão estava triste. — Traumas que adquiriu principalmente na infância. — Ouvir aquilo de certa forma mexeu comigo. Eu senti uma pontada ruim no meu coração. Desde que eu havia chegado aqui, tinha percebido que o ruivo era diferente de qualquer pessoa que eu já havia conhecido. Mas foi só agora, depois de tudo isso, que eu notei que ele realmente é uma pessoa com demônios na cabeça. Porque não tem outra explicação para atitudes que ele toma, como essa que acabou de tomar minutos atrás. Rose era cheio de problemas, os quais eu não sei quais são mas imagino que são extremamente difíceis de lidar.

You Could Be MineWhere stories live. Discover now