Injured

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Suspirei aliviada quando finalmente vi a casa do meu tio se aproximando. A distância que eu havia andando não era tão grande assim, mas pra mim era como se eu tivesse corrido uma maratona. É nessas horas que você percebe a falta que um carro faz. Por que não comprei um ainda mesmo?

Eu devia pensar sobre isso depois. Porque agora tudo que consigo sentir é raiva.

Ok, já está mais do que claro que Axl não me deixará em paz mesmo. Ele nem começou direito com suas provocações, imagina onde isso vai parar! Eu definitivamente precisava mostrar pra ele que não se faz essas coisas com Débora Campbell. O ruivo está tentando mandar em mim, e isso não vai dar certo. Mas eu precisava de um plano... Precisava pensar em algo que eu pudesse fazer diante dessa situação...

Então, me veio uma ideia. Por que eu não vou nessa festa com ele? Tudo bem, é o último lugar que eu colocaria os meus pés na face da Terra, mas se é isso que ele quer, bom, acho que posso fazer isso. Só que é bem obvio que algumas coisas não sairão de acordo com o plano dele... Tudo bem, Axl. Você quer que eu vá com você para essa festinha. Eu vou. Mas não posso garanti que as coisas saem da forma como você planeja... Um sorriso maldoso se apossou dos meus lábios. Aquilo realmente era uma possibilidade. Adoraria ver as coisas dando errado para aquele ruivo idiota e desprezível.

Abri a porta da casa e passei pela sala. Não havia ninguém e tudo estava relativamente em silêncio por ali. Estava torcendo para que aquilo fosse um sinal de que todos resolveram sair de casa e eu estava sozinha. Seria ótimo para descansar em paz. Subi as escadas com certa pressa. Não pude deixar de rolar meus olhos quando escutei uma música, bem ao fundo, denunciando que na verdade eu não estava sozinha ali. Meus segundos de felicidade haviam terminado.

Marchei sem ânimo até meu quarto mas fui obrigada a parar. Ao passar pelo quarto de alguém, pude escutar aquela música melhor. Ela era... diferente. Diferente daquelas músicas horríveis que eles estavam acostumados a tocar. Essa era calma e a letra era linda. A porta do quarto estava meio aberta. Quando fui me dar conta, já estava escorada no batente de madeira. Era Izzy que tocava. Ele estava sentado numa cadeira com um violão no colo, de frente pra uma mesa onde havia um pequeno caderno aberto. Ele tocava e cantava um pouco e logo em seguida escrevia algo. Parava para pensar e depois continuava. Acho que é isso que os músicos fazem quando estão criando uma nova música.

Eu não conseguia tirar os olhos daquela cena, e não, não faço ideia do porquê. Só fui cair na realidade quando o moreno notou minha presença, me encarando meio surpreso. Acho que nem preciso citar a vergonha que senti com aquilo. Não era para ele ter notado que eu estava ali! Ou melhor, não era para que estar ali. Envergonhada, dei meia volta e fiz menção de ir embora correndo dali direto para o meu quarto.

— Ei! Espera, Débora. — Izzy chamou-me alto e eu paralisei. Ele ia me xingar, certeza que ia. — Não precisa ficar com vergonha. Venha cá, estou compondo uma nova música.

— Eu não quero ver. — Gritei, sem consegui encara-lo. Provavelmente eu estava vermelha como um pimentão. Ouvi sua risada baixa.

— Bom, acho que você estava me espiando porque queria escuta-la. — Riu novamente e eu olhei-o com raiva. — Não precisa ficar assim, garota. Deixa eu te mostrar o que já fiz até agora.

— Eu não...

— Deixo você falar o que achou! Se achou péssimo, eu quero escutar do mesmo jeito! — Stradlin sorriu e eu juro que queria dizer que não, mas não consegui recusar. Fiquei algum tempo parada enquanto pensava sobre aquilo, mas meus pés me comandavam para dentro daquele quarto sem que eu tivesse certeza que aquele era o certo a se fazer. Mas acho que tudo bem eu ir ouvir a música... Certo? Ela é diferente daquelas barulheiras que eles normalmente faziam.

You Could Be MineWo Geschichten leben. Entdecke jetzt