Boyfriends

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Dessa vez lembrei de avisar: esse capítulo contém descrição de cena de sexo.

***

— O que vocês querem? — A pergunta era cheia de desdém. Cruzei meus braços.

— Eu acho que já passou da hora de termos uma séria conversa, Kimberly. — Meu pai respondeu, sério.

— Minha filha, por favor... — Minha mãe murmurou, ressentida. Sua voz estava embargada e sua expressão era retorcida. — Está doendo em mim vê-la assim.

— Bom, vocês sabem muito bem o porquê. — Murmurei. Já fazia um bom tempo que eu estava ignorando ao máximo os meus pais. Mais precisamente, desde que voltei da Austrália. E agora eles estavam ali, sentados na mesa de nossa cozinha, chamando-me para uma conversa. Tudo bem.

Não era fácil ignora-los. Bem, eles eram os maus pais. Porém, esse foi o meio que encontrei para expressar meu descontentamento com suas atitudes injustas.

— Vamos conversar sobre essa sua atitude infantil de afastamento.

— Atitude infantil? — Ri ironicamente. — Esse foi o único jeito de fazê-los perceber que eu não concordo com o que estão fazendo.

— E o que você acha que estamos fazendo?

— Não estão deixando-me tomar minhas próprias indecisões. Eu sei muito bem com quem me relaciono e quem me faz bem, não sou mais uma criança. Vocês nem ao menos deram uma chance para Slash.

— Kimberly, você tem que entender que o fato dele ter aceitado fazer parte daquilo com você na Austrália já diz muito. — Minha mãe disse.

— A ideia foi minha! Ele estava receoso em aceitar, mas eu o implorei porque esse foi o meio que encontrei de passarmos alguns dias juntos. Eu o amo! — Exclamei com o tom de voz elevado. Meus pais arregalaram os olhos. — Vocês precisam entender isso!

— Esse garoto não é para você, Kimberly. Ele não é do seu tipo, não é...

— O que você sabe sobre o meu tipo, pai? — Interrompi-o. — Você está baseando naquilo que quer, você não liga para o que eu quero. Eu sei o que senti e sinto por ele, não venha querer me dizer essas coisas! — Praticamente gritei. Meu pai trincou o maxilar, claramente irritado com a minha exaltação. Minha mãe apenas suspirou, intrigada.

— O que você quer que a gente faça?

— Que tipo de pergunta é essa? — Meu pai virou-se para ela. — Não vamos fazer tudo que Kimberly quer.

— Se vocês estão se importando em vim aqui conversar comigo é porque querem resolver isso, não é? — Perguntei, me aproximando dos dois. Precisava ser mais racional. — Olha, eu quero pedir apenas uma coisa. Deixe-me trazê-lo aqui. Conheçam Slash. Tentem entender que eu o amo. Aceitem as minhas escolhas. É a minha vida e vocês são meus pais, eu não quero ter que viver com esse ressentimento para sempre. — Disse, fazendo com que meus olhos começassem a marejar. Os dois ficaram em silêncio por minutos, parecendo ponderar. Eu sabia que eles estavam mais flexíveis porque perceberam que não era uma simples birra. Imaginaram que a minha revolta duraria apenas alguns dias, não tanto tempo como estava durando.

— Olha, estamos aqui porque somos seus pais e te amamos. Isso parece ser importante para você filha, você nunca foi tão irredutível.

— É muito importante. — Concordei com a mulher. — Por favor, me deem uma chance.

Olhei meu pai. Ele me olhava duro, mas também havia alguns traços de preocupação e afeto. Depois de um tempo, o homem suspirou pesadamente e esfregou os olhos com pesar enquanto murmurava:

You Could Be MineOnde histórias criam vida. Descubra agora