David

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— Débora, eu estou chapado de maconha e mesmo assim você conseguiu esgotar a minha paciência. — Axl bufou, soltando a fumaça de seu cigarro. — Você já fez a porra da mesma pergunta um milhão de vezes.

— É porque eu não sei o que fazer, tá legal? — Cruzei os braços, frustrada.

— Não é simples? — Steven arqueou as sobrancelhas. — Se você quer tanto isso, vá atrás. Simples.

— Não é simples. Eu posso me arrepender muito.

— É só uma revista. — Axl deu de ombros, fitando-me. — De uma entrevista que sua mãe deu meses atrás. Não importa mais. Se está tão curiosa para saber o que ela disse, então compre. Você vai ficar melhor se tirar essa dúvida da sua cabeça. — Ele mexeu nos cabelos ruivos brilhantes, me deixando um pouco hipnotizada. — Só pare de falar na minha cabeça. Está doendo.

— Não é culpa minha, é essa droga fedida que você está usando.

— Quer?

— Quero. — Rebati e ele sorriu para mim, oferecendo o seu cigarro. Eu sorri de volta e aceitei, tragando de forma desajeitada e tossindo logo em seguida, é claro.

Eu estava realmente frustrada.

Decidi por um instante que não ia levar a revista com a entrevista da minha mãe, mas assim que cheguei em casa e deitei a cabeça no travesseiro, isso começou a rodar na minha mente. Quer dizer, era sua última entrevista! O que será que ela tinha falado?

Tinha muitas chances de ter sido só perguntas sobre a carreira dela, sobre sua marca, coleções, se já estava se preparando para as próximas, desfiles, modelos e essas coisas todas... mas também podia ter algo sobre a vida pessoal dela.

Sobre mim.

Seria muita ingenuidade pensar isso? Talvez, mas eu precisava confirmar. Eu precisava ler aquela merda para tirar isso da minha cabeça de uma vez por todas.

— Certo. — Levantei-me da cadeira, atraindo os olhares dos dois homens para mim. — Eu vou comprar.

— Ótimo. Eu vou com você. — Steven disse, sorrindo. — Você vem, Axl?

— Oh, não. Eu preciso terminar o meu beck em paz.

— Mas eu preciso do seu carro! — Exclamei, desapontada. Axl encarou-me por um tempo, ponderando o que iria dizer. Em seguida, apenas suspirou, retirou as chaves do carro do bolso de sua calça e entregou em minha mão. — Uau, eu nem precisei implorar! — Disse, abrindo um sorriso.

— Eu estou tranquilo. Se você bater o meu carro eu ganho um melhor ainda novinho em folha. — Abriu um sorriso inebriado. É, a maconha estava fazendo efeito.

— Não será necessário, ele voltará intacto. — Rebati, pegando minha bolsa que estava em cima da mesa de centro. — Vamos, Ste.

[...]

Eu respirei profundamente com as mãos tremendo levemente. Adentrei meu quarto, joguei a bolsa de qualquer jeito na cama e fiquei paralisada por algum tempo.

— Vou deixa-la sozinha. — Ouvi Steven murmurar, mas nem me importei. Ouvi a porta ser fechada e me concentrei em abrir a revista, retirando o plástico envolto. Rachel Campbell sorria alegremente, seus olhos brilhavam. Eu já havia visto aquela expressão pessoalmente, mesmo que poucas vezes. Por isso a lembrança estava tão embaçada.

Folheei a revista com certa rapidez, a temática era basicamente moda e beleza. A entrevista se iniciou no meio da revista com uma foto gigante da minha mãe de corpo inteiro. O corpo magro de uma modelo de peso.

You Could Be MineWhere stories live. Discover now