Restaurante

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Fiquei encarando Izzy por um longo período de tempo, um pouco surpresa. Tive até mesmo que dar uma risada baixa e curta, mas que era completamente sem humor.

— Eu não quero falar sobre mim. — Foi tudo que eu murmurei, enxugando algumas lágrimas.

— Sei que deve ser difícil ter a vida que você leva com pais que mesmo mortos, estão na mídia mas... Não vale a pena chorar por causa disso.

— Não é apenas por isso que eu estou chorando. — Respondi. Eu podia muito bem mandá-lo sair do meu quarto imediatamente, mas eu estava frágil demais para ser grossa.

— Pelo o que mais?

— Por tudo. Pela minha vida... Você não entende. Você nem me conhece.

— Você está conosco faz menos de 48 horas. — Ele riu, sem humor. — Não tem como te conhecer totalmente. Mas já percebi uma coisa.

— O que?

— Você precisa sair um pouco, se divertir. Estamos indo em um bar aqui perto, talvez não seja o lugar que você esteja acostumada a frequentar, mas é ótimo para se distrair um pouco. — Izzy abriu um sorriso reconfortante. — Vamos? — Eu fitei-o, pensando por um tempo.

— Obrigada pelo convite, mas eu ficarei por aqui mesmo. — Pegue os lençóis espalhados pela cama e cobri todo o meu corpo. Ele ficou me encarando e depois respirou fundo.

— Tem certeza? Todos nós vamos. E Nicholas não está em casa, ou seja, você ficará sozinha por aqui.

— Eu não me importo. — Rebati, suspirando.

— Você ficará bem? — Perguntou depois de um tempo, levantando-se. Eu apenas assenti com a cabeça e ele sorriu fracamente, despedindo-se e saindo do meu quarto, fechando a porta. Fechei os meus olhos e deitei-me novamente na cama. Eu até que havia me simpatizado um pouquinho com Izzy, ele parecia ser um cara legal... As vezes. Mas estava pedindo demais quando me convidou para se juntar a eles. Eu não me imaginava fazendo esse tipo de coisa, e preferia ficar sozinha ali, com os meus pensamentos conturbados.

Para não ter que chorar mais pensando em tudo, fiz de tudo para adormecer. Como ajuda, coloquei para tocar no toca discos, um disco de vinil de Beethoven, ele sempre me acalmava. E conseguiu, mais uma vez.

UMA SEMANA DEPOIS

Os dias se passavam, lentos, torturantes. E meu quarto já havia se tornado uma espécie de refúgio para mim. Desde aquele dia, eu não havia saído uma vez do quarto. Steven e Izzy sempre traziam comida para mim, pois eu também não fazia questão de descer até a cozinha para me alimentar. Ficava apenas deitada na cama, pensando, escutando algum disco, lendo revistas. Não tinha ânimo para descer até lá embaixo ou assistir televisão.

Não sei exatamente o motivo de estar assim. Eu só... me sentia dessa forma. Não era como se tivesse acontecido uma tragédia, mas ficava mal sempre que parava para pensar sobre tudo. E isso acontecia com muita frequência, ultimamente. Mais do que eu gostaria.

Era uma sexta-feira calorenta na cidade de Los Angeles, já era quase nove horas da noite. Decidi que a minha programação super animada para aquele começo de final de semana seria ler um livro e escutar Mozart. Claro, sem sair do meu pequeno refúgio particular, que ainda sim, precisava de uma decoração. Mas aquilo seria preocupação para uma outra hora. Todos os meus planos e metas para aquela longa noite foi interrompida por algumas batidas em minha porta. Respirei fundo.

— Quem é? — Perguntei encarando a porta que estava fechada. Demorou um pouco para que eu fosse respondida.

— É o Duff, e o Axl. Pode abrir aqui para nós? — Reconheci aquela voz como sendo do Duff. Bufei, tentando imaginar o que eles queriam comigo.

You Could Be MineWhere stories live. Discover now