2o Especial: OT12

Start from the beginning
                                    

— Tao...

— Não minta para mim.

— Eu não estou mentindo.

— Vocês teriam continuado?

— Sim...

Tao bufou. — É claro que sim, você é o Kris... e eu sou um idiota.

— Por quê você fica com tanta raiva? Transar com ela não significa que eu não goste de você.

Tao chorava quando respondeu. — É que eu não quero que você goste de mim, o que eu quero é que você se apaixone por mim, que tenha medo de me machucar ou de me perder; mas isso não vai acontecer: não importa o quanto a gente tenha vivido juntos, eu não sou importante para você.

— Você está chorando? Eu não beijei ela para te machucar, Tao...

— Tudo bem, Kris, sei que você não vai entender porque você é a pessoa mais insensível que eu conheço. Até o psicopata do Kyungsoo tem mais tato do que você. Você já viu o jeito como ele olha para o Jongin? Quem me dera pelo menos uma vez na vida alguém me olhar daquele jeito e eu realmente gostaria que fosse você — chorou mais —, mas parece que não será possível. Vou voltar para a China amanhã.

— Ei, Tao, eu já disse que não é pra tanto...

— Vamos deixar as coisas assim. Muito obrigado por todos os cafés que você me deu, Kris. Eu me apaixonei por você e perdi o jogo. Me deixe ir em paz. Boa noite.

Tao virou e andou a passos rápidos a procura de um hotel onde pudesse passar a noite. Kris voltou para casa, aquela em que as roupas do seu chinês milionário ocupava uma pequena parte do seu guarda-roupa. As coisas estavam limpas e arrumadas: tudo permanecia assim desde que Tao havia se mudado.

Kris se jogou em sua cama e a sentiu maior de um jeito ruim. Grande e fria igual a cama daquela clínica horrível. Pensou na imagem de Tao chorando e achou que até mesmo com lágrimas marcando o seu rosto, aquele chinês era bonito, ele não perdia a sua elegância como Kyungsoo. Tao tinha classe até para chorar. Quando enxugava suas lágrimas, ele erguia o dedo mindinho e seu rosto não desfigurava, chorava como um ator de novelas.

Suspirou porque a lembrança de Tao chorando por sua culpa o fazia sentir-se muito incômodo. Quando Kris estava internado, ele tinha meditado sobre muitas coisas e nessa noite, lembrou delas novamente. Lembrou de seu pai brigando por ele não ter tirado a nota perfeita na escola. Dele se desculpando de joelhos tendo apenas oito anos de idade. Relembrou dos momentos de riqueza em sua casa, os olhares carregados de reprovações por parte de seu pai quando ele colocava os cotovelos sobre a mesa, seu perfume, a pequena gravata que sempre apertava um pouco demais o seu pescoço, o penteado perfeito da sua mãe, as visitas diferentes, os livros, as aulas de etiqueta, as amantes de seu pai... Aquelas que se trancavam no escritório enquanto sua mãe fingia acreditar que só era trabalho, mas que para aguentar, bebia escondido de todos menos de seu filho.

— Yifan... essa mulher é mais bonita do que eu?

— Minha mãe é a dama mais distinta e bela — aprendeu a responder o correto desde novinho.

A verdade, é que na família Wu todas as coisas eram perfeitas: o respeitável pai, a refinada mãe, até mesmo o seu pequeno e educado filho. Mas quando as portas se fechavam, o respeitável pai transava com as empregadas em qualquer quarto, a refinada mãe se embriagava até desmaiar ou vomitar em qualquer canto da casa e o bom educado filho chorava sozinho no quarto.

Kris lembra muito bem daquela noite em que sua mãe vomitou em cima dele enquanto ele tentava levantá-la da cama. Ao dedicar seu tempo limpando tudo, não estudou como deveria e a nota na sua prova no dia seguinte não foi perfeita. O colega de trabalho de seu pai disse que o filho dele havia tirado uma nota maior do o pequeno Yifan, o que lhe custou umas boas palmadas.

Projeto Haema Hippocampus [Tradução PT-BR]Where stories live. Discover now