- Você dormiu com a Carla? - agora seus olhos já não estavam mais olhando nos meus.

- Você quer mesmo saber? - prendi os lábios e engoli a saliva. Ela concordou com a cabeça. Droga! - Sim. - mantive os lábios presos e os dentes rangendo um no outro.

- E... Como foi? - é sério, Sandra? O foda é que não consigo mentir pra ela.

- Você quer saber se eu gostei ou se foi melhor do que com você? - agora meu pau já tava mole, o tesão tinha ido pra casa do caralho.

- Eu quero saber se você pensou em mim. - afastei nossos corpos e apoiei no balcão que ficava de frente à pia.

- Não... - cerrei os olhos. - Não podia pensar em você. Não com ela. Vocês não tem nada em comum. - ela desceu da pia.

- Você tá entendendo agora? - eu a encarei e ela parecia estar realmente me dando alguma lição, mesmo assim neguei com a cabeça. - A gente não funciona juntos, Felipe. Tá errado!

- Você tem razão. - afirmei com a cabeça e depois dei um sorriso pra confundir. - Você só merece um parceiro na vida... Mas eu quero ver até onde você pode ir por ele.
Eu ganhei outro pé na bunda e acabo de me conformar com isso.
Foda-se a delegada e bem-vinda outras sensações.

- Mano, vamo embora, puta que pariu. - dei mais um trago na maconha.

- Não tô te entendendo, Playboy... - Rato me encarou com a boca entreaberta. - Tava todo felizão que ia comer a tia gostosa, agora tá todo depressivo querendo meter o pé. - tomou a maconha da minha mão.

- Desencanei, mano... Saudades do morro. - travei o maxilar.

- Essa historinha tua tá mal contada, nós vai fingir que acredita. - CG completou.

Eu estava jogado na cama, CG escorado na janela e o Rato sentado no chão. A porta do quarto estava trancada e a janela aberta pro cheiro exalar mundo a fora.

- Eu tô muito afim da Bruna, não queria sair assim de mansin, tá ligado? - eu mostrei meu melhor sorriso.

- Que bom, cara. Tô na torcida já!

- Mas anda, fala aí... Quer meter o pé porque, Playboy? - CG estava insistente naquela noite. - Se apegou ou se acostumou com a sua vingança?

- Não é isso... - encarei o teto.

- Então fala, capeta! - tomei um soco na barriga do CG que até engasguei.

- A delegada... - puxei ar e me sentei. - Não tinha como bater mais fraco, viado?!

- Não! Conta logo! - Rato interrompeu antes que CG respondesse.

- A gente tava saindo, porra... Deu encrenca, tá ligado? Nós deu uns beijos, tiramos umas roupas e agora deu merda. - Rato engasgou com a fumaça e o CG ficou tão alegre que eu estava transando com a delegada que ficou sem palavras.

- Não acredito que tu tava comendo a delegada. - Rato retomou sua fala depois de alguns segundos de tosse seca.

- Não é comendo...

- Ah, meu puta que pariu. - imediatamente CG se levantou da janela.

Pegou minha mala e começou a guardar todas as minhas roupas.
Rato e eu ficamos estagnados sem entender nada, achando que era algum tipo de surto psicótico por conta da solidão de buceta.
Enfiou minhas roupas de qualquer jeito, amassando todas as minhas camisas da Oakley.

- Toma, vamo embora agora! - CG esticou a mala pra mim.

- Que isso, ladrão? O que quê pega? - Rato se levantou do chão e o encarou dúvida.

- Tá na cara que o Playboy tá apaixonado, mano. Tô salvando ele! - Rato deu um tapão na cabeça dele.

- Quer me matar do coração, desgraçado? Eu tava quase pulando a janela! - eu fiquei fitando aquela cena e rindo.

- Brinca não, eu tô sossegado, mano... Mas eu só fico se o Rato pedir a Bruna em namoro!

Ficamos horas encorajando o Rato, ia ser divertido ver a Bruna feliz, ela parecia desde o primeiro beijo. Então, vamos continuar essa história!
Durante o jantar quase não falei nada, apenas respondi pro Dylon que tinha sido bem quente e selvagem com a Carla. É sério, usei essas palavras só pra ver a cara da Sandra mas ela não expressou nenhuma reação comprometedora.
Arrumamos a mala e ficamos na beira da piscina esperando Rato se despedir de Bruna, que melancólico.

- Vai, pega e fuma logo. - esticou a cartela de Hollywood azul, meu preferido.

- Porra, tinha esquecido como era fumar, esse faz tempo. - sorri de ansiedade.

Coloquei o cigarro na boca e acendi, soltei a fumaça suavemente e mandando tudo de ruim embora.
Fala sério, minha vida tava uma merda, eu não consegui nem realizar o que vim fazer aqui, puta que pariu.
Eu queria muito foder com o Dylon mas eu olhava pra ele e parecia tudo em paz, era uma merda.
O cigarro acabou e eu sai do transe quando Rato buzinou o Corolla pronto pra ir embora.
Tiramos os pés da água gelada, acenei um tchau rápido pra todos, menos Sandra que não estava presente.
Entrei no banco da frente e tentei estabilizar a mente durante aquela viagem de volta.

EU VIM DA RUA - MC Kevin (Kevin Bueno)Where stories live. Discover now