19 - Sensato é o Papa

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A meio noite veio chegando e juntos fizemos a contagem regressiva até a explosão dos fogos.
Dylon e CG se divertiram estourando o champanhe, enquanto Bruna e Rato provavelmente estavam se pegavam na beira da praia.
Sandra e suas amigas se cumprimentaram, seus respectivos maridos me desejaram tudo de bom mas quem eu queria enganar? Estava sozinho naquele inferno.

Enfiei a mão livre no bolso e caminhei até a beira do mar pra poder acompanhar melhor a queima de fogos. O copo de champanhe quente me fez refletir e acalmar os ânimos.
Precisava tomar uma posição naquilo tudo ou sair logo dessa história, tá na cara que o Patrick tinha razão e também tá na cara que eu não sirvo pra ser dono de morro, muito menos frente de boca de fumo. Agora fazia sentido...

- Ei. - mãos quentes tomaram meu ombro. - Quer conversar?

- Então a gente vai fingir que tá tudo bem agora? - Sandra me tirava do sério! Virei todo aquele goro quente de uma vez só.

- Você tá distante, Felipe! - ficamos lado a lado sussurrando.

Eu juro que se ela falasse mais alguma coisa eu iria surtar! É sério que a delegada que me deu um pé na bunda agora quer voltar atrás?
Injuriado, magoado, chateado, com raiva e até com tesão, eram esses sentimentos que eu tinha quando olhava aquela mulher.

- Porra, Sandra... Não me leva a mal, tá me tirando, né? - soquei o óbvio na cara dela. - Você esqueceu o fora que eu levei ou vou ter que ficar te lembrando toda vez que a gente se topar?

- Não significa que a gente nunca mais vai poder se falar. - aquilo não parecia uma discussão, já que tinha que ser sútil a ponto de ninguém entender nada.

- Quer dizer exatamente isso... - olhei pra água e pude ver pequenas ondas geladas engolindo meu pé. - Vamo acabar com essa tortura, fecho? Logo menos nós tá indo embora, deixando vocês em paz.

- Tá legal, só não reclama depois falando que eu não tentei.

Engoli seco a saliva ao vê-la se virar e me deixar ali sozinho, exatamente como me encontrou. Agora eu estava mais chateado do que antes!
Estava tendo um show na praia, assim que acabou a queima de fogos, era bêbado pra qualquer lado e vira e mexe alguma gostosa passava na frente ou simplesmente parava pra dançar ao som de algum funk, só que roçava a bunda no meu pau. Insano mas confesso que tava uma delícia!
Rato ficou de tititi com a Bruna e eu e CG já havíamos sacado que ali ia ter história.
Concordamos em ficar tão alcoolizados a ponto de esquecermos um do outro, já que não tinha nenhuma saída mais eficiente pra aguentar aquele povo.
Dylon parecia feliz com seu copo caro de uísque, enquanto nós, bebíamos em copos de plástico. Sandra tratou de grudar em uma das amigas e Carla, mesmo com o maridão do lado ficava me fitando dançar ao som do funk.

Foi quando uma morena de tranças passou na minha frente, sorrindo pra mim e eu não hesitei. Você sabe, né... quando fico meio alterado e destruído da cabeça preciso descontar em alguém!
Agarrei-me a sua nuca e a beijei com todo ódio que eu tinha, confesso que ela até se assustou mas logo correspondeu.
Ao terminar de beija-lá e observar sua bunda caminhar pra longe de mim, pude notar Sandra mais que nervosa e Carla louca pra ser pega daquele jeito.

- Finalmente, soldado. - apertou meu ombro. - Achei que tinha te perdido! - CG riu e respirou aliviado.

Olhei novamente pra Sandra e pude perceber sua agonia. Por conta da cachaça que já tinha ingerido (e exagerado) comecei a notar sua roupa e pude ver aquele short branco amassando suas coxas e desenhando sua bunda.
Respirei fundo como se o mundo fosse acabar, talvez fosse acabar mesmo!
A hora foi se passando e aos poucos a praia foi se esvaziando, quem foi embora de carro foi e quem sobrou estava indo de pé.

- Beijei a boca daquela desgraçada! - Rato estava pendurado em mim e eu nele.

- PERDEU O BV! - CG ria de nervoso já que não tinha beijado ninguém.

- Parabéns, irmão! Eu quero ser padrin. - o Sol estava nascendo e a cachaça não saia do nosso sangue.

Adentramos na casa falando alto e tonteando. A mesa do café da manhã estava posta e sentamos em sua volta como se nada tivesse acontecendo. Ríamos de coisas patéticas, por exemplo, pensar que o pão se parecia com o pau do Rato (torto e gordo, parecia de anão). Ps: há quem gostasse!
Dylon apareceu na porta da cozinha e se juntou a nós.

- Caralho, vocês não dormem! - ele riu. - Feliz Ano Novo, né? - brindou sua xícara de café com nossos copos de suco de laranja.

- Pra que dormir? - CG resmungou. - Esses dois ai tem que correr urgente pra UPA fazer teste de HIV.

- Sai fora, leproso! - Rato deu de ombros. - Eu sou solteiro, não vem embaçar na minha não.

Dylon e eu rimos, acabamos contanto como foi a noite. Cachaça, tímpanos entupidos, mulheres, cachaça, mulheres e mais um pouquinho (quase nada) de cachaça.
E assim foi construída a ODTM, ordem dos três mosqueteiros!

EU VIM DA RUA - MC Kevin (Kevin Bueno)Where stories live. Discover now