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-Aquele dia foi o melhor e o pior dia da vida da sua mãe, seu pai havia sido... ele havia falecido no dia que sua mãe entrou em trabalho de parto, você nasceu primeiro, eu estava com você no colo segurando-a bem pertinho do rosto de sua mãe quando eles tiraram o outro bebe, ele não chorou e eles correram para outra sala com ele, foi tudo muito rápido, eles não nos deixaram ver o bebe, ela implorou para segura-lo mas o médico não permitiu, pois podia comprometera cura dela e ela tinha que curar rápido para cuidar de você, achei estranho mas eles seguraram sua mãe no hospital por uma semana, não pode nem ver o sepultamento do bebe, fiquei com ela o tempo todo, os médicos a dopavam porque ela só chorava ela estava esgotada de tanta dor, depois de sair do hospital ela passou um dia inteiro chorando em cima da lapide que era de seu pai e do bebe, ela mandou cremar os corpos porque não suportava ver aquilo, ela espalhou as cinzas em toda a fazenda num dia de ventania.

Estávamos todos emocionados, então Hunther pigarreou e falou com a voz meia embargada.

-Então há uma possibilidade desse bebe ter sobrevivido e sido roubado ou algo do tipo, ninguém o viu morto a não ser o médico!

-Onde vocês querem chegar?

-Tia olhe para Luna e Ben, olhe os olhos, o cabelo, as expressões!

-Sim eu já tinha percebido, mas no mundo todo existem pelo menos cinco pessoas com feições iguais ou bem parecidas e nem mesmo tem parentesco, são sósias!

Ela passou a mão no rosto de Ben olhando profundamente, Benjamin abriu a mão mostrando aquela chama arroxeada e fechou a mão, tia Sol olhou boquiaberta, depois ele mostrou os olhos de fogo para ela, enquanto Ben falava, a tia pôs as mãos na boca e encheu os olhos d'agua.

-E com a mesma magia também?

-Não pode ser... e seus pais?

-Sou adotado!

-Bom, vamos fazer um teste de DNA!

-Não precisa, se ele for seu irmão ele tem a marca de nascença que todos descendentes têm!

Tia Sol se levantou e puxou a gola da camiseta para olhar um pouco abaixo do pescoço, passou a mão e se entristeceu.

-Infelizmente você não tem Ben, Luna tem um sinal que todos da família dela e da mãe dela herdam quando nascem, a marca da Deusa!

Ela me puxou e fez Ben se levantar para olhar, já com os olhos cheios de lágrimas ele me olhou.

-Está vendo – disse a tia – Parece uma lua minguante a mãe da Luna tinha no mesmo lugar!

Ben começou a ofegar, achei que ele pudesse estar tendo outra crise que nem teve quando a Lóla foi embora, me virei para acalma-lo e ele falou entre lágrimas;

-Minha mãe disse que nascemos com marcas de outras vidas, principalmente quando nossa vida é interrompida, como um tiro ou uma facada, essas coisas, aparecem como sinais nas nossas reencarnações!

Ben me abraçava enquanto falava.

-Sim Ben, sua mãe é espírita, ela tem razão, mas quando temos magia no sangue ou somos descendentes dos Deuses nossa linhagem passa esse tipo de marca, geração após geração!

Ben me afastou um pouco e pegou minhas mãos ele me sentou e se ajoelhou na minha frente, passei a mão no rosto dele com tristeza, pois gostaria muito que ele fosse meu irmão, ele tirou a camisa e lá estava a lua no peito dele, bem em cima do coração, coloquei a mão em cima da lua, eu comecei a chorar e rir junto com Ben, a alegria inundou meu peito, eu o abracei tão forte, eu não queria mais larga-lo, choramos feito crianças.

-É inacreditável e ao mesmo tempo é como se eu soubesse disso o tempo todo! - falei.

-Eu sei, sinto o mesmo, desde daquele primeiro dia, aquela primeira noite que passamos juntos -Hunther pigarreou, mas Ben seguiu falando- Que você cuidou de mim, eu senti como se você fosse minha família, desde então te amo como uma irmã e não consigo ficar longe de você!

-É recíproco de minha parte, você tem cuidado de mim desde daquele dia e todo esse tempo pensei em você como um irmão, te amo Ben!

O abracei de novo, então Hunther quebrou o clima chororô fazendo-nos rir.

-Se eu não acabasse de descobrir que ele é seu irmão eu teria morto de ciúmes ou teria o matado!

Hahahahah...

-Não sei o porquê, mas acho que você quis fazer isso no momento que você me conheceu!

-Hahahahah

-Vou fingir que não sei do que estão falando – disse tia Sol.

Ela chorava e ria ao mesmo tempo a abraçamos, passamos o dia conversando, Hunther guardou Raio e Fúria depois foi se deitar.

Ben queria saber mais sobre a mamãe, olhamos alguns álbuns de fotos sentados no tapete da sala, peguei umas almofadas e assistimos alguns vídeos que a mamãe fazia meus, adormeci encostada no braço de Ben, senti quando ele me arrumou e se encostou em mim, me abracei nele, não queria que ele saísse de perto de mim, queria muito que a mamãe estivesse aqui, talvez ela esteja ...talvez não. Acordei enroscada em Ben, nos abraçávamos, alguém colocou um edredom em cima de nós, o cheiro do almoço da tia Sol fez meu estômago roncar.

-Humm - disse Ben – o cheiro da comida da tia tá me matando!

-A mim também!

Nos levantamos organizamos a sala e fomos recebidos com um grande sorriso, a cozinha tinha uma energia boa!

-Bom dia meus dorminhocos!

-Bom dia tia!

-Bom dia tia, onde está o Hunther?

-Ele estava meio estressado e saiu para cavalgar!

-Como dormiram?

-De alma leve e coração tranquilo! Respondeu Ben.

-Eu acho que ainda estou sonhando! 

Os Descendentes 1 - revelaçõesWhere stories live. Discover now