Os Descendentes 1 - revelações

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Ele respondeu todas as perguntas educadamente, eu estava começando a ficar enjoada delas quando lembrei que tinha trazido os fones de ouvido, até o fim daquele período ouvi música a todo volume e desenhei, o segundo período foi com o professor Laercio o pior de todos os professores, ele dava um dedo para conseguir uma discórdia fervorosa com os alunos, eu mesmo já tive uma briga bem feia com ele, foram dois períodos massacrantes de suas teorias, quando o sinal tocou todos saíram correndo da aula, olhei para o Hunther e antes mesmo de dizer vamos, as garotas cercaram ele, eu não esperei, coloquei os meus fones e sai, passei no refeitório e peguei uma maça e fui para o pátio, deitei de baixo da minha árvore que eu havia plantado ali quando eu estava no jardim de infância, o tronco ainda era meio fino, mas dava para se apoiar nela, fiquei ali deitada com um antebraço no rosto e a outra mão no chão, consigo sentir as pessoas andando no pátio quando estou com a mão no solo, algumas músicas depois me sentei apoiada na árvore, de repente duas mãos frias cobriram meus olhos e tão rápido quanto as mãos, um beijo forçado, pelo qual eu jurei que jamais aqueles lábios encostariam nos meus, eu não precisava olhar para saber quem era, peguei sua mão e o puxei com força derrubando-o no chão a minha frente, assim como ele caiu, torci seu braço em suas costas, eu praticamente rosnava de raiva e nojo.

-Há qual é docinho... ai, solta um pouco, vai dizer que não estava com saudades, ai,ai...

Quanto mais ele falava mais eu torcia o braço dele e com nojo cuspi as palavras;

-Eu te disse para jamais chegar perto de mim de novo Luca!

Falei o nome dele como um palavrão.

-Qual é Ana, aí, para com isso, está me machucando!

-E vou te machucar muito mais se você não sair daqui!

-Eu só estou aqui por que a minha irmã disse que você estava com saudades de mim!

-Jamais! tenho nojo de você! vou te soltar e você vai sumir da minha vista e nunca mais chegue perto de mim ou na próxima vez quebro seu braço!

Ao me levantar prensei a cara dele contra a grama, ele se levantou e quando estava a uma distância segura me gritou;

-Você me paga por essa Ana!

-Então vem cobrar!

Dei um passo em sua direção e ele saiu correndo, mas quando olhei para trás o seu Darci, zelador da escola, estava de braços cruzados me olhando, ele fez sinal com o dedo para eu ir até ele.

-Droga! -Indaguei.

Ele me deu a mão para um soquinho e sussurrou;

- Toca aqui, adorei a lição que você deu nele, mas tenho que te levar para a secretaria igual!

-Tudo bem, sem problemas!

Ele me levou em silêncio para a secretaria, era só o que me faltava ser expulsa da escola, que ótimo, chegando lá era a professora Maria da Graça que me aguardava com as mãos em sua enorme cintura, com o rosto em reprovação, ela era minha professora preferida, foi minha primeira professora, e continuava me dando aula, ela é uma pessoa incrível, ela fechou a porta e me abraçou com muita ternura, como ela fazia quando eu era pequena.

-Como é que você está meu amor?

-Estou levando!

Ela me afastou e segurou minhas mãos, olhando nos meus olhos falou;

-Eu vi daqui de cima o que você fez com o Luca lá fora...

Eu a interrompi tentando me explicar.

-Eu estava me defendendo, ele me beijou a força ...

-Calma querida, eu vi tudo e não conte a ninguém, mas eu adorei o que você fez!

Fiquei surpresa com o que ela falou, ela sorriu docemente.

-Muitos professores tinham vontade de fazer o que você fez com ele hoje- ela gargalhou- Agora você vai ir para sua sala e finja que lhe dei um sermão e pronto, eu vou chamar o Luca para mais uma advertência e com 3 dias de suspensão por abusar de uma menina ''indefesa''.

Ela piscou para mim e eu lhe dei um abraço bem apertado, ela me deu um bilhete para o professor avisando que eu estava com ela, chegando na sala pedi licença e entreguei o papel ao professor, que fez sinal com a mão para que eu fosse para meu lugar, sentei sem olhar para ninguém, baixei a cabeça e havia um bilhete em cima do meu caderno.

{onde você estava?}

Olhei para o lado e Hunther me olhava com preocupação, não entendi, mas respondi no verso do papel.

{secretaria}

Ele riu ao ler e me passou outro papel.

{pensei que você ia me mostrar a escola, o que você fez para parar lá?

Respondi.

{pensei que tivesse companhia suficiente para isso, e eu bati em um idiota}

Ele leu e riu abaixando a cabeça, o professor se aproximou dele olhou de canto de olho para mim e seguiu contando a história, quando o professor nos deu as costas ele me passou outro bilhete.

{como assim, você bateu num cara?}

Respondi no verso.

{é uma longa história}

Quando devolvi o papel o professor se virou bem na hora, baixei a cabeça de tanta vergonha, o professor pediu o bilhete, senti os olhos de todos sobre nós, como eu não sei, mas o bilhete havia virado uma planilha de horários.

-Desculpa professor eu só tinha pedido a minha colega a planilha de horário das aulas.

Quando o professor olhou o papel ficou intrigado e eu também, como ele tinha feito aquilo, se o papel não tinha saído da mão dele o professor teria visto ele trocar o papel. As aulas chegaram ao fim, Hunther conseguiu se esquivar das garotas e me acompanhou até os armários, ele parecia com pressa.