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-Não se mexa! –sussurrei pro Gui que me olhou apavorado.

-Você está louca?

-Shiii...

Dei as costas ao meu amigo que ficou paralisado e caminhei na direção deles.

-Humm gatinha esperta!

-Vem pro papai!

Estalei meus dedos e senti a fúria e a adrenalina em meu sangue.

-Ui ela é valentona... quê? acha que pode conosco?

-Se vocês não forem covardes, venham um por vez que eu mostro quem pode mais!

-Oba, adoro, uma tigresa, já vi que vamos ser unhados!

Hahahahahahahah

Naquelas risadas o meu sangue ferveu, eles vão ver quem é tigresa, um deles correu em minha direção não sei se foi a ira que me fez enxergar melhor, meus olhos arderam um pouco, mas um segundo antes dele tentar pôr a mão em mim, dei um passo para o lado e dei um empurrão nas costas dele fazendo com que ele caísse de cara no chão, então outro veio pelas minhas costas, eu fui rápida o suficiente para pegar o braço dele e jogá-lo por cima de mim, caiu em cima do outro que estava se levantando e caiu de novo.

-Sua cadela! –ladrou o primeiro que derrubei –O que estão esperando? peguem na!

-Cadela não, tigresa!

Então comecei a sentir o corpo esquentar, imaginei as chamas que haviam saído das minhas mãos no dia que sai de casa, mas não eram mãos eram garras, assim como quando eu era criança que imaginava virar animais eu acabara de me transformar em um tigre, eu estava alta, ou seja eu devia ser muito maior do que um tigre, saiu um rugido no lugar da minha voz, foi tudo muito rápido, menos de um segundo, os dois estavam vindo pra cima de mim quando tudo aconteceu, após o rugido eles arregalaram os olhos e ergueram as mãos e começaram a recuar.

-Po-po-por favor na-não nos machuque!

*Machucar? -agora eles estavam implorando *seus covardes - mais um rugido saiu, dei dois passos em direção a eles e eles saíram correndo.

-Chega ou o seu amiguinho aqui morre!

Disse o primeiro que me atacou, me virei imediatamente, ele tinha uma arma apontada para a cabeça do Gui, e a onda de raiva voltou a fluir, dei um passo pra frente e ele gritou de novo.

-Pare aí mesmo sua bruxa ou ele morre!

Então fechei os olhos e imaginei voltando ao meu corpo, senti o calor esvair do corpo, mas não dos olhos, em uma fração de segundo voltei ao normal e pedi calma com as mãos.

-Baixe a arma e vocês nada sofrerão, estão livres pra ir! -falei.

-hahahahahah!!!!!

-Eu avisei!

Olhei fixamente para a arma e imaginei ela queimando e em um segundo a arma foi de prata ao vermelho, fazendo-o largar a arma e guinchando de dor.

-Minha mão! você queimou a minha mão!

O outro largou o Gui e saiu correndo, deixando o ''amigo'' para trás, nesse momento percebi que eu poderia o que eu quisesse, estendi a mão e trouxe de volta o que estava fugindo e o outro que estava jogado no chão segurando a mão também fiz o mesmo, eu conseguia sentir a magia que fluía do meu coração em várias direções do meu corpo, eu tinha certeza que eu era capaz de fazer coisas piores com eles, eu poderia esmaga-los sem ao menos toca-los, mas minha consciência me alertava de quem eu era ou pelo menos de quem eu devia ser, puxei-os a 30 centímetros de mim e falei olhando nos olhos deles.

-Nunca mais, tentem fazer com ninguém o que iriam fazer aqui hoje, pois o que vocês virão aqui hoje não é nada comparado ao que eu posso fazer, sei quem são vocês, onde moram, e saberei se fizerem de novo ai sim não haverá piedade, entenderão?

-S-s-sim!

-Mudem de vida e avisem seus amiguinhos também, agora sumam daqui!

Os larguei e eles saíram correndo aos tropeços, comecei a rir histérica, me virei para ver se o Gui estava bem, estendi a mão para levanta-lo do chão e ele pegou minha mão sem hesitar, sem medo ele pôs as mãos em meu rosto olhando no fundo dos meus olhos.

-Tente se acalmar o perigo já passou, respire fundo e relaxe!

Senti o momento exato em que minha visão mudou, eu o abracei.

-Você está bem, eles te machucaram?

-Eu estou bem graças a você!

-Não sei o que você viu, nem o que aconteceu ao certo, mas não quero que tenha medo de mim eu jamais...

-Shhiiii está tudo bem minha querida!

-Eu nunca tinha visto algo igual, seus olhos ficaram tão lindos, mas você me assustou achei que você fosse suicida –eu ri- Eu só ouvi falar sobre a bruxaria, mas não tinha certeza de que fosse real, pelo visto tenho muito a aprender ainda!

Naquela noite conversamos muito, Gui resolveu encerrar sua jornada e aceitar o pedido de casamento do namorado e eu resolvi que estava na hora de voltar pra casa, já fazia mais de um ano que eu estava na rua com ele, aprendendo muitas coisas e conhecendo muita gente, as idas e vindas, os lugares lindos pelo qual passamos e os lugares feios onde fome e miséria andavam de mãos dadas, ser hippie não é ser vagabundo nem miserável, ser hippie é ser livre, é ser desapegado das coisas mundanas, é não ter maldade e aceitar todos como eles são, independentemente de como te tratem, o tempo é uma preciosidade onde eles usam com alegria mesmo não tendo o que comer no dia, é ser avançado espiritualmente, muitos que estão ali tem famílias com muito dinheiro e saíram para o mundo para deixar esse apego material para trás, é buscar a felicidade com muito pouco. 

Os Descendentes 1 - revelaçõesWhere stories live. Discover now